Congresso Brasileiro de Cinema
Congresso Brasileiro de Cinema (também conhecido pela sigla CBC) é uma associação de entidades brasileiras da área do cinema e do audiovisual, fundada em 2000.[1]
Nos anos 1950, houve dois encontros nacionais da comunidade cinematográfica que se tornaram conhecidos como "Congressos Brasileiros de Cinema", embora na época a denominação oficial tenha sido um pouco diferente.[2] Meio século depois, quando um grupo de cineastas buscou retomar a ideia de um amplo encontro que pudesse encaminhar um consenso possível para o cinema do país, o nome escolhido foi este. A partir de 2000, o Congresso Brasileiro de Cinema tornou-se um encontro periódico (a princípio anual, em seguida bienal). No mesmo ano, foi decidida a criação de uma entidade estável, com sede, estatutos, diretoria e existência não restrita ao período dos encontros.
I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro
editarO primeiro "Congresso do Cinema Nacional" aconteceu entre 22 e 28 de setembro de 1952, no Rio de Janeiro, como desdobramento de um "Congresso Paulista do Cinema Brasileiro", realizado em Abril do mesmo ano. Foram discutidas teses relativas à definição de filme brasileiro, à importação de película virgem, à distribuição e exibição, à sindicalização de cineastas e técnicos, à formação de mão de obra e à organização institucional.
O cineasta Moacyr Fenelon, com atuação destacada no Congresso, defendeu que o Sindicato Nacional da Indústria Cinematográfica (SNIC) centralizasse a importação e distribuição de película virgem para todos os produtores do país, a fim de reduzir os custos. Foi também proposta a criação de uma distribuidora única de filmes brasileiros. Foi debatido o anteprojeto de criação do Instituto Nacional de Cinema, encomendado pelo governo de Getúlio Vargas e redigido por Alberto Cavalcanti, sendo sugeridas várias modificações.
Outras participações destacadas foram as de Alex Viany, Nelson Pereira dos Santos, Carlos Ortiz e Marcos Marguliés.
II Congresso Nacional do Cinema Brasileiro
editarO segundo Congresso, incorporando a palavra "brasileiro" ao nome, foi realizado no ano seguinte, entre 12 e 18 de Dezembro de 1953, desta vez em São Paulo. Presidido pelo ator Alberto Ruschel, o encontro teve participação de delegações do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Os debates aconteceram no auditório da Federação Paulista de Futebol e no Teatro Leopoldo Fróes.
Um artigo publicado pelo cineasta Flávio Tambellini no jornal "Diário da Noite" chamava atenção para o fato de que o mercado cinematográfico francês, com 6 mil salas, importava apenas 150 filmes estrangeiros por ano, enquanto o Brasil, com a metade do número de salas, havia importado 900 filmes em 1952. A partir desses dados, Alex Viany defendeu no Congresso a necessidade de limitação da importação de filmes estrangeiros, sem o que a indústria cinematográfica brasileira não teria espaço para sobreviver. Foi então proposta a taxação do filme estrangeiro e a utilização da renda obtida em apoio à produção nacional.
O Congresso começou a cindir quando foi aprovada uma manifestação de apoio ao reatamento de relações diplomáticas entre o Brasil e os países comunistas do Leste Europeu, o que gerou protesto dos delegados do SNIC, que reclamaram que os objetivos do encontro haviam sido desvirtuados. A cisão tornou-se mais pronunciada na sessão de encerramento, quando a atriz Tônia Carrero propôs um aumento no preço dos ingressos de cinema em todo o país. A proposta foi interpretada por alguns como tendo partido dos exibidores, por outros como dos grandes produtores paulistas em crise, e foi rejeitada pelo plenário.
Resultados dos Congressos dos anos 1950
editarParte das propostas aprovadas nos dois Congressos Brasileiros de Cinema realizados nos anos 1950 terminaram sendo implementadas, a médio e longo prazo: a taxação do filme estrangeiro, a criação de escolas de cinema, a organização dos cineastas e técnicos em associações. Com a crise dos grandes estúdios como a Vera Cruz, em seguida ficou claro para a comunidade cinematográfica do país que o espaço de discussão de políticas cinematográficas deveria ser cada vez mais orientado para a relação com o Estado. Não deve ser subestimada a importância destes Congressos na criação do Geicine em 1961, do INC em 1966, da Embrafilme em 1969 e do Concine em 1976.
III Congresso Brasileiro de Cinema
editarMais de quarenta anos após a realização do segundo Congresso, somente no final dos anos 1990 voltou-se a discutir a possibilidade de um encontro amplo, que buscasse assumir os interesses do cinema brasileiro como um todo. Este debate teve início e tomou corpo na lista de internet CinemaBrasil,[3] projeto que fomentou a criação da Subcomissão de Cinema no Senado Federal, com a indicação coletiva de 53 nomes a serem ouvidos pelos senadores[4] em 1999, entre os nomes, Adriana Rattes (exibição), Maria Dora Mourão (escola de cinema), e os cineastas Roberto Farias, Nélson Pereira dos Santos, Gustavo Dahl e Marcos Manhães Marins, também coordenador da lista de debates e site CinemaBrasil.org.br, que participaram da primeira audiência pública da comissão no Senado, apoiados por 3000 entidades e personalidades.[5]
O terceiro Congresso Brasileiro de Cinema, por sugestão do cineasta gaúcho Giba Assis Brasil a partir de sua participação na lista de debates CinemaBrasil[6] acabou acontecendo em Porto Alegre, entre 28 de Junho e 1º de Julho de 2000, por ação do Coordenador do Comitê Executivo de Políticas Publicas Audiovisuais da Secretaria de Estado da Cultura RS, Paulo Zílio[1], e organizado pela Fundacine (Fundação Cinema RS), com apoio financeiro do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.[7]
Por desistência de Roberto Farias, o primeiro convidado pela comunidade cinematográfica, foi presidido pelo cineasta Gustavo Dahl e contou com 70 delegados representando 31 entidades de cinema de 9 estados brasileiros, além de mais de 150 observadores sem direito a voto. Pela primeira vez, participaram não apenas cineastas, produtores e técnicos (além de críticos e pesquisadores), mas também exibidores, distribuidores e representantes de emissoras de TV públicas e privadas.
O documento final aprovado pelo terceiro Congresso apontava 69 resoluções, entre elas a continuidade do CBC como entidade permanente e o apoio à criação, no âmbito do Governo Federal, de um órgão gestor da atividade cinematográfica, que viria a ser a Ancine, constituída em Setembro de 2001.
Constituição do CBC-entidade
editarA transformação do Congresso Brasileiro de Cinema em entidade permanente, conforme havia sido proposto no 3º encontro, aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de Outubro de 2000, com a aprovação de um estatuto provisório e a eleição de uma primeira diretoria, também provisória, que seria referendada no Congresso seguinte. O primeiro presidente do CBC foi Gustavo Dahl. 23 entidades assinaram a ata de criação do CBC.
IV Congresso Brasileiro de Cinema
editarO quarto Congresso foi realizado no Rio de Janeiro, de 14 a 17 de Novembro de 2001.[8] Novamente foi presidido por Gustavo Dahl, que já era apontado como nome preferencial para assumir a diretoria da Ancine, que havia sido criada por Medida Provisória do Governo Federal dois meses antes.
O encontro foi uma grande revisão da pauta estabelecida no ano anterior, marcada pela expectativa em relação à Ancine, criada no papel, mas ainda sem existência concreta, e as possibilidades de interlocução com o governo federal que deveriam surgir a partir daí. A aprovação em plenário do estatuto e a eleição da primeira diretoria com mandato de 2 anos referendaram a criação do CBC-entidade, que já havia ocorrido em Outubro de 2000. A produtora paulista Assunção Hernandes foi eleita presidente do CBC.
Ainda durante o encontro, foi assinada uma carta de compromisso entre a FENEEC (Federação Nacional das Empresas de Exibição Cinematográfica) e a ABD (Associação Brasileira de Documentaristas) para a volta da exibição de curtas-metragens nos cinemas brasileiros, interrompida desde que o governo Collor extinguiu os órgãos que cuidavam da operação da Lei do Curta.
V Congresso Brasileiro de Cinema
editarO quinto Congresso aconteceu em Fortaleza, de 7 a 10 de Novembro de 2003.[9]
VI Congresso Brasileiro de Cinema
editarO sexto Congresso ocorreu em Recife, de 7 a 10 de Dezembro de 2005.[10]
VII Congresso Brasileiro de Cinema
editarO sétimo Congresso foi realizado na cidade de São Roque (São Paulo) entre os dias 5 a 9 de dezembro de 2007, com o nome de "VII Assembleia Geral do Congresso Brasileiro de Cinema".[11]
VIII Congresso Brasileiro de Cinema
editarEm sua oitava edição, o Congresso Brasileiro de Cinema voltou a ser realizado em Porto Alegre, de 12 a 15 de setembro de 2010.[12]
Como desdobramento deste encontro, uma Assembleia Geral da entidade, realizada durante o Festival de Atibaia, entre 12 e 14 de maio de 2011, elegeu a sua nova diretoria para o período 2011-2012: Presidente, João Batista Pimentel; Vice-presidente, Orlando Bonfim; Secretária, Cynthia Falcão; Tesoureira, Edina Fuji; Diretor executivo, Geraldo Veloso; Diretora de Relações Institucionais, Maria Clara Fernandez; Diretoras de Comunicação, Sylvia Palma e Carla Osório ; Diretor de Projetos e Captação de Recursos, Antonio Leal.[13]
Presidentes do CBC
editar- 2000-2001: Gustavo Dahl
- 2001-2003: Assunção Hernandes
- 2003-2005: Geraldo Moraes
- 2005-2007: Paulo Boccato
- 2007-2009: Paulo Rufino
- 2009-2010: Rosemberg Cariry
- 2011-2014: João Batista Pimentel
As 23 Entidades Fundadoras do CBC e seus representantes
editar- ABC - Associação Brasileira de Cinematografia (Carlos Ebert)
- ABD - Associação Brasileira de Documentaristas (Paulo Halm)
- ABDC - Associação Brasileira de Diretores de Comerciais (Jacques Deheinzelin)
- ABDeC/RJ - Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas (Mario Diamante)
- ABEICA - Associação Brasileira das Empresas de Infra-Estrutura Cinematográfica e Audiovisual (Silvia Rabello)
- ABRACI - Associação Brasileira de Cineastas (José Joffily)
- ACC/RJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (Myrna Silveira Brandão)
- AMC - Associação Mineira de Cineastas (Geraldo Veloso)
- APACI - Associação Paulista de Cineastas (Luiz Alberto Pereira)
- Cinemateca Brasileira (Carlos Roberto de Souza)
- Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Gilberto Santeiro)
- CPCB - Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (Carlos Augusto D. Brandão)
- FEISAL - Federação Ibero-americana das Escolas de Imagem e Som (Maria Dora Genis Mourão)
- Fórum Cinema Brasil (Marcos Manhães Marins)
- Fórum dos Fornecedores (Edina Fujii)
- Fórum dos Festivais (Antonio Leal)
- FUNDACINE - Fundação Cinema RS (Luis Alberto (Beto) Rodrigues)
- SATED/RJ - Sindicato dos Artistas e Técnicos em Esmpetáculos de Diversões (Jayme Carlos Del Cueto)
- SINDCINE - Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo (Antonio Ferreira de Sousa Filho)
- SICESP - Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo (Assunpção Hernandes M. Andrade)
- SNIC - Sindicato Nacional da Indústria Cinematográfica (Bruno Stroppiana)
- SOCINE - Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema (Maria Dora Genis Mourão)
- STIC - Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cinematográfica do Estado do Rio de Janeiro (Geraldo Pereira dos Santos)
Fonte:[14]
As Diretorias da Entidade CBC
editarReferências
editar- ↑ «Sítio oficial do CBC». Consultado em 9 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 29 de setembro de 2007
- ↑ "Enciclopédia do cinema brasileiro", org. Fernão Ramos e Luiz Felipe Miranda, editora SENAC, 2000, pp. 151-153
- ↑ http://www.aptc.org.br/site_antigo/informativos_det.php?id=44 APTC-RS informativo
- ↑ http://www.cinemabrasil.org.br/indicole.html Indicação Coletiva Subcomissão de Cinema
- ↑ http://legis.senado.leg.br/mateweb/servlet/PDFMateServlet?m=40481&s=http://www.senado.leg.br/atividade/materia/MateFO.xsl&o=ASC&o2=A&a=0[ligação inativa] Senado Federal
- ↑ http://www.readoz.com/publication/read?i=1029481&pg=47 Revista de Cinema - Edição Especial CBC
- ↑ «Documentos sobre o 3º CBC». Consultado em 9 de janeiro de 2010
- ↑ «Documentos sobre o 4º CBC». Consultado em 9 de janeiro de 2010
- ↑ «Resoluções do 5º CBC». Consultado em 9 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 18 de maio de 2004
- ↑ «Resoluções do 6º CBC». Consultado em 9 de janeiro de 2010
- ↑ «Resoluções do 7º Congresso». Consultado em 9 de janeiro de 2010[ligação inativa]
- ↑ «Resoluções do 8º Congresso Brasileiro de Cinema». Consultado em 1 de outubro de 2010
- ↑ «Notícia sobre eleição da nova diretoria do CBC no sítio Cultura Digital». Consultado em 17 de maio de 2011
- ↑ http://culturadigital.br/cbcinema/?page_id=21