Na matemática, em especial, na topologia, um conjunto perfeito é um conjunto fechado formado apenas por pontos de acumulação.[1] Equivalentemente, um conjunto é dito perfeito se for fechado e não possui pontos isolados. Com isto temos que todo ponto de um conjunto perfeito pode ser aproximado por outros pontos deste mesmo conjunto perfeito, isto é, dados um ponto e uma vizinhança deste, existe um outro ponto nesta vizinhança.

Exemplos editar

Conjunto dos reais editar

O conjunto   dos números reais é um conjunto perfeito.

Demonstração. editar

É sabido que   é um conjunto fechado, portanto, basta mostrarmos que este não contém pontos isolados. Para tal, considere   e  , temos que   e   está na vizinhança de   com raio  . Logo, temos que   não é um ponto isolado. Portanto,   é um conjunto perfeito.

Intervalos fechados editar

Todo intervalo fechado   é um conjunto perfeito.

Demonstração editar

Dado um intervalo fechado  , temos que   não contém pontos isolados, pois caso contrário   conteria pontos isolados. Logo,   é um conjunto perfeito.

Teorema editar

Dado um ponto   de um conjunto perfeito  , temos que existe uma sequência   tal que,  , para todo   inteiro positivo e  .

Demonstração editar

Como todo ponto de   é ponto limite, o resultado segue imediatamente. Porém, podemos construir tal sequência da seguinte forma. Dado  , temos que existe  . Indutivamente, dado um inteiro positivo  , seja  , temos que existe  . Note que a sequência   converge para zero, o que implica que, para dado  , existe um inteiro positivo   tal que, para todo  ,  . Porém, como  , temos que  , o que garante que  .

Teorema editar

Se um conjunto   é perfeito em   e não é um conjunto vazio, então   não é enumerável.

Demonstração editar

Como   é perfeito, temos que   é formado por pontos limites, de modo que   é um conjunto infinito. Suponhamos, por absurdo, que   seja um conjunto enumerável. Considere, portanto,  , seus elementos. Considere  , de modo que o fecho de   é  . Considere, para os inteiros  , as vizinhanças   satisfazendo o seguinte.

(i)  .

(ii)  .

(iii)  .

O item (iii) garante que esta construção pode ser feita indutivamente.

Agora, considere  . Como   é fechado e limitado, temos que   é um conjunto compacto. Como  , temos que nenhum ponto de   pertence a  . Como  , temos que  . Porém, pelo item (iii) temos que  , pelo item (i) temos que  . Porém, isto é uma contradição.

Referências

  1. Rudin, Walter (1976). Principles of Mathematical Analysis Terceira ed. [S.l.]: McGraw-Hill. ISBN 978-0-07-054235-8