Controle Total é o primeiro single da banda brasileira Camisa de Vênus, gravado nos Estúdios WR em Salvador, em meados de 1982, e lançado em formato de Compacto simples pelo selo fonográfico independente NN Discos, na mesma época. O disco seria lançado nacionalmente pela gravadora RGE Fermata em março de 1983.

"Controle Total"
Controle Total
Single de Camisa de Vênus
Lado B Meu Primo Zé
Lançamento 1982 (1982) (independente)
março de 1983 (1983-03) (nacional)
Formato(s) Compacto simples
Gravação Meados de 1982
Estúdio(s) Estúdios WR, em Salvador
Gênero(s) Punk rock
Duração 6:09
Lado A: 3:41
Lado B: 2:28
Gravadora(s) NN Discos (independente)
RGE Fermata (nacional)
Composição Gustavo Mullem / Marcelo Nova
Produção Camisa de Vênus
Cronologia de singles de Camisa de Vênus
"Eu Não Matei Joana D'Arc"
(1985)

O compacto representou um passo adiante na carreira da banda baiana que era conhecida apenas por fazer shows na região da capital baiana. Com o lançamento do compacto, as duas principais estações de rádio FM do estado na época - a Itapoan FM e a FM Aratu - começaram a tocar ambas as faixas em sua programação, tornando o compacto um sucesso local. Com o lançamento nacional, o compacto venderia 8 mil cópias em menos de 30 dias e acabaria chegando a rádios do Rio de Janeiro e de São Paulo, recebendo boa radiodifusão naquelas capitais.

Antecedentes editar

O Camisa de Vênus havia se formado ainda no final de 1980,[1] mas tivera de dar uma parada quando Karl Hummel foi passar um ano na Europa. Os outros membros da banda tentaram substituí-lo e continuar, mas, após audições de vários músicos, perceberam o som da banda mudava muito com outra pessoa tocando no lugar de Karl.[2] Sendo assim, a banda ficou em um hiato e só voltou em março de 1982, quando passaram a fazer constantes apresentações na região de Salvador. Essas apresentações tornaram a banda muito conhecida na cidade, com uma quantidade muito grande de apoiadores - entre os seus fãs - e detratores - a elite cultural baiana.[1]

Gravação e produção editar

Com o barulho gerado com os shows na capital baiana, Marcelo Nova recebe uma pessoa chamada Antônio Britto na rádio em que trabalhava como radialista, a FM Aratu, oferecendo a chance de a banda lançar um compacto pelo seu selo independente, a NN Discos. Marcelo Nova aceita a proposta e a banda registra duas canções em um estúdio de 8 canais chamado Estúdios WR,[nota 1] em Salvador, em meados de 1982. Os técnicos de estúdio ficaram preocupados com o impacto para a carreira deles, porque o nome dos engenheiros de som constaria na ficha técnica do compacto.[4]

Resenha musical editar

O compacto abre com "Controle Total", canção inspirada na música "Complete Control" da banda de punk rock inglesa The Clash - o que é admitido por uma nota presente na ficha técnica do compacto. A banda modificou levemente melodia, harmonia e ritmo da canção original, além de escrever uma letra que nada devia à original, sendo completamente focada em problemas que Nova e Mullem viam na sua realidade baiana.[4]

Já o lado B fecha o disco com "Meu Primo Zé", inspirada na canção "My Perfect Cousin" da banda de punk rock norte-irlandesa The Undertones. Assim como na faixa do lado A, aqui a banda também utilizou leves modificações em melodia, harmonia e ritmo, entretanto escreveu uma letra com o mesmo tema da canção original, embora com diversas diferenças de modo a adaptar a música à realidade brasileira.[4]

Lançamento e recepção editar

A canção foi lançada em meados de 1982 pelo selo independente NN Discos, ficando restrito à região da capital baiana. Devido ao clima que já estava instalado em Salvador ao redor da polêmica que a banda havia gerado com os seus shows, ambas as canções passaram a receber atenção das principais rádios FM da capital baiana. Primeiramente, Ricardo Henrique - disco-jóquei da rádio Itapoan FM, concorrente da rádio na qual Marcelo Nova trabalhava - passou a tocar a canção na sua rádio. Em seguida, a própria Aratu FM começou a tocar a canção. Com o sucesso radiofônico, em menos de um mês a banda já havia vendido todas as cópias do seu compacto de estreia.[4][5]

Em março de 1983, o compacto foi relançado nacionalmente pela RGE Fermata.[6] O disco venderia 8 mil cópias em menos de 30 dias, chegando também a rádios de São Paulo e Rio de Janeiro - como a rádio Fluminense FM - e recebendo boa difusão naquelas capitais, o que acabaria pavimentando o caminho da banda até o Sudeste.[7]

Faixas editar

Lado A
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Controle Total"  Gustavo Mullem / Marcelo Nova 3:41
Lado B
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Meu Primo Zé"  Karl Hummel / Marcelo Nova 2:28
Duração total:
6:09

Créditos editar

Créditos dados pelo Discogs.[8]

Músicos editar

Ficha técnica editar

Notas

  1. O estúdio ficaria conhecido por gravar os principais grupos do que viria a ser conhecida como música axé, na década seguinte.[3]

Referências

  1. a b Dapieve, 1995, pp. 160-162.
  2. Cerqueira, 1983.
  3. Chico Castro Júnior (31 de outubro de 2015). «40 anos: Estúdios WR sofrem com crise, mas fazem história». A Tarde. Consultado em 8 de abril de 2019 
  4. a b c d Barcinski e Nova, 2017.
  5. Santos, 2012, pp. 8 e 10.
  6. Bahiana, 1983.
  7. «Camisa de Vênus, o rock em ácida versão baiana». O Globo. 23 de abril de 1983 
  8. «Camisa de Vênus - Controle Total». Discogs. N.d. Consultado em 8 de abril de 2019 

Bibliografia editar

  • ALEXANDRE, Ricardo. Dias de Luta: O rock e o Brasil dos anos 80. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2017.
  • BAHIANA, Ana Maria. Sacudindo as pilastras. Publicado em O Globo, em 05 de março de 1983, p. 31.
  • BARCINSKI, André e NOVA, Marcelo. O galope do tempo: conversas com André Barcinski. São Paulo: Benvirá, 2017.
  • CERQUEIRA, José. Camisa de Vênus, a explosão do punk na Bahia. Publicado em O Glovo, em 18 de outubro de 1983, p. 27.
  • DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. São Paulo: Editora 34, 1995.
  • SANTOS, Wellington Camargo dos. Correndo o risco: identidade punk nas músicas da banda Camisa de Vênus. Revista Noctua, n. 5, 2012.
  • Camisa de Vênus, o rock em ácida versão baiana. Publicado em O Globo, em 23 de abril de 1983, p. 26.