Convento Escalabitano

O Convento Escalabitano (em latim: Conventus Scallabitanus) é uma das três divisões jurídicas da província romana da Lusitânia descritas por Plínio, cuja capital é Escálabis Presídio Júlio (Santarém). Sobre a cronologia da criação destes conventos não há consenso, podendo ser atribuída quer ao imperador Augusto, quer a Vespasiano (e à dinastia flávia em geral). Em traços largos, o território atribuído ao Convento Escalabitano situa-se entre o rio Douro e o rio Tejo, sendo delimitada uma fronteira a sul com o Convento Pacense e a este com o Convento Emeritense. A oeste encontra-se o oceano Atlântico.

Traçado conjectural focado nos limites do Convento Escalabitano - Baseado na interpretação (com algumas alterações) de Tranoy, A. et al. (1990)

Lista das principais comunidades cívicas editar

Limites Territoriais editar

A definição dos limites concretos do Convento Escalabitano é ainda um tópico em debate devido à ausência de dados arqueológicos, literários ou epigráficos, especialmente no que refere às suas fronteiras orientais.

Limites Norte e Sul editar

A principal fonte de informação que se refere aos conventos da Lusitânia provém de Plínio (IV, 117), porém este não menciona os limites territoriais de cada um deles. Existe, no entanto, um consenso entre os investigadores sobre os limites norte e sul. O primeiro corresponde ao curso do rio Douro até à sua confluência no oceano Atlântico. O segundo é definido em parte pelo rio Tejo, embora tal não possa ser considerado como fronteira precisa devido às várias cidades aí situadas que estendem a sul do mesmo. É o caso do município de Olisipo que incluía ainda a margem norte da península de Setúbal (onde estavam instaladas parte das suas estruturas económicas), da colónia de Escálabis cujo território ia além da margem esquerda do rio e da cidade de Arício Velho, provavelmente situada ela própria a sul Tejo. Logo, este limite seria formado pelos territórios meridionais destas três cidades, com início no Cabo Espichel, seguindo pela Serra da Arrábida até Coruche e Ponto de Sor, terminando nos arredores de Portalegre, perto da cidade de Ammaia.[2]

Limites Orientais editar

No que concerne ao limite oriental, as opiniões são muito divergentes, apresentando-se aqui os pontos de vista mais divulgados:

O primeiro sustenta que todas as terras localizadas na área da Serra da Estrela e a este desta pertencem ao Convento Emeritense. Os autores baseiam-se no argumento de que os povos registados na inscrição da Ponte de Alcântara (onde são nomeadas várias populações da Lusitânia, que sobre Trajano, ajudaram na construção da ponte; CIL II 760) pertenceriam a uma mesma unidade administrativa, o Convento Emeritense, e, por isso, o limite ocidental deste deveria incluir os territórios dos interamnienses, correspondendo à área de Viseu e dos Celarnos, que se situam presumidamente na região de Lamego. Adicionalmente, os pésures, mencionados na inscrição e referidos por Plínio (conforme esta leitura) como vizinhos dos túrdulos velhos, estariam situados a este dos túrdulos e a oeste dos Celarnos. Assim, os limites de fronteira ocidentais do Convento Emeritense seguem para nordeste em direcção a Serra de Montemuro, incluindo as regiões de Viseu, Lamego e Cárquere, resultando numa faixa horizontal para o Convento Escalabitano invulgarmente estreita, curvada para o baixo Mondego e delimitada principalmente pelos territórios de Conímbriga e Emínio.[3]

 
Traçado muito conjectural focado nos limites do Convento Escalabitano - Baseado na proposta de Amílcar Guerra

Uma das primeiras propostas para os limites do Convento Escalabitano foi enunciada no século XIX por Emil Hübner, visível em mapa no suplemento de 1892 da publicação de Inscriptionum Hispaniae latinarum, a qual se manteve incontestável durante um largo período de tempo. Só a partir da segunda metade do século XX é que surgem novas teorias que se baseavam em parte na proposta de Hübner, mas muito mais restritas, especialmente no que respeita o limite oriental.

De facto, a sugestão original necessitava de revisão pois era baseada em alguns pressupostos, em parte já superados. Emil Hübner menciona várias vezes que as divisões visigóticas poderiam ser usadas para compreender os conventos romanos. Porém esta metodologia não faria sentido dado que as origens dessas divisões eclesiásticas não eram baseadas nos conventos, mas sim na divisão de Diocleciano.[4] Por outro lado, tomou como base as fronteiras modernas de Portugal, que em nada correspondem aos limites antigos romanos. Contudo, a sua proposta para o limite oriental colocava ainda as serras da Estrela e da Lapa no Convento Escalabitano, poderia ser mais viável, de acordo com o seguinte ponto de vista.

Amílcar Guerra, assume que a leitura correcta dos textos de Plínio colocaria os pésures a sul dos túrdulos velhos e não a este destes, uma vez que esta última hipótese é baseada numa leitura incorrecta de uma inscrição rupestre. Como consequência, não faria sentido que os pésures fizessem parte do Convento Emeritense, porque tal significaria um prolongamento desse convento até à costa Atlântica, isolando os túrdulos velhos do resto do território Escalabitano. Por outro lado, não há nenhum dado que indique que os povos mencionados na inscrição da ponte de Alcântara façam parte de uma mesma circunscrição administrativa e muito menos que ela seja o Convento Emeritense. Não estão presentes na inscrição vários povos que sabemos pertencerem ao convento e que poderiam ser beneficiados pela construção da ponte. Estes povos foram os únicos mencionados porque apenas se preservou uma inscrição, haveria certamente mais placas com uma série de outros povos. Na análise da organização dos povos da inscrição da ponte de Alcântara é bastante mais provável que a sua organização não fosse feita pela circunscrição jurídica que pertenceriam, mas sim pelo percurso viário onde se situavam. Assim, é proposto que as serras de Gardunha, da Estrela e da Lapa poderiam pertencer ainda ao território Escalabitano.

Contexto Histórico editar

O início da conquista romana e a incursão de Décimo Júnio Bruto Galaico (137-135 a.C.) no território entre o rio Tejo e o Douro vai levar à ocupação militar e ao avanço em direcção a norte. Estrabão (Geografia, III, 3, 1) refere a fortificação de Olisipo (implantação permanente no último terço do século II a.C.), que seria uma cidade essencial nas primeiras fases deste processo, como forma de abastecimento e porta para o interior. Menciona igualmente o ópido de Morón (possivelmente o sítio de Chões de Alpompé, Santarém) por ser a base de operações militares utilizada por Bruto no avanço ao longo do Atlântico, e na travessia do rio Douro, Lima e o Minho.[5]

Durante a revolta sertoriana (80 a 72 a.C.) inúmeras transformações ocorreram no território, com o abandono de várias ocupações, incluindo Morón e a reocupação do espaço sobre diferentes locais após o período de instabilidade (a presença de ânforas produzidas no Guadalquivir é tida como um marcador cronológico). Como excepção, Olisipo não deixa no seu registo nenhum sinal de perturbação durante este período pelo que se assume que não tenha sido afectada de forma significativa.[6]

A colónia de Escálabis Presídio Júlio, fundada por Júlio César, substituiu Morón na sua função de controlo do território, quer para a travessia do rio, quer no controlo da via para o norte. Contudo, antes de assumir o estatuto de colónia existiria no local um presídio ou acampamento militar que coexistia na proximidade de Morón, comprovando a importância estratégica do local.[7] O plano de restruturação e as reformas de Augusto alteram significativamente a paisagem. Além da implementação da província da Lusitânia e do ajuste das suas fronteiras, é delineado um programa viário e é fomentado o crescimento económico, com um foco na progressiva monumentalização das cidades e o seu desenvolvimento urbano. Tal também se observa a partir do reino dos Flávios, com novos planos de renovação urbanística em grande parte das cidades.[8]

A colónia de Escálabis, um polo urbano de grande importância estratégia, que recebe inclusivamente o estatuto de sede do convento jurídico, vai perdendo a sua influência ao longo do tempo devido à alteração das prioridades políticas e económicas, nunca sendo, porém, removido o seu estatuto jurídico. A partir de então, Olisipo surge como o principal centro urbano da região, realidade reflectida nos dados epigráficos. O amplo conjunto epigráfico registado no município de Olisipo (exemplo de Sintra, Torres Vedras, Mafra e da própria cidade) deve-se em parte à riqueza económica da região e ao facto dos seus cidadãos terem adquirido precocemente o estatuto de município civil romano, estimulando a sua vida política e influenciando as áreas circundantes (exemplo de indivíduos Olisiponense presentes na cidade de Escálabis - CIL II 327 CIL II 328). Quando agrupada a totalidade das inscrições do município, estas são equiparáveis ao conjunto epigráfico da capital provincial, Emérita Augusta. Por comparação, Escálabis a capital conventual, apresenta um conjunto epigráfico reduzido e de pobre qualidade, mesmo ocupando uma posição jurídica acima de Olisipo.[9]

Cronologia da criação dos conventos editar

No que remete à cronologia da criação dos conventos o debate cinge-se entre o Imperador Vespasiano e a dinastia Flávia ou o Imperador Augusto.

As teorias mais antigas sugeriam uma criação na época de Cláudio, fundamentadas nas referências de Plínio e alguns dados arqueológicos. No entanto, em épocas posteriores, a proposta mais comum e aceite (pertencente à escola francesa), data a criação dos conventos à época de Vespasiano, sustentada na cronologia do largo número de fontes (obras e epígrafes) referentes aos conventos nesse período e em parte no facto das menções de legados em épocas anteriores não serem acompanhados pela denominação de jurídicos.[10]

Críticas levantadas a esta proposta mencionam que em épocas anteriores a Vespasiano, as sedes conventuais e o seu território seriam já utilizados para fins administrativos, onde adicionalmente era praticado o culto imperial. Por outro lado, a omissão da denominação de jurídicos não indica que os legados não exerciam este tipo de funções em épocas anteriores. Por exemplo, num excerto de Estrabão (Estr. 3, 4, 20.) este relata a presença na província Citerior de um legado de categoria senatorial (entre dois legados do exército, de época Augustana), encarregado de aplicar a justiça, cargo que corresponde ao que seria um legado jurídico futuramente referido em época de Vespasiano. Não faria sentido que um cargo deste tipo fosse institucionalizado, desaparecesse e depois surgisse sobre outro nome. Adicionalmente a inscrição de C. Cetrônio Mício (CIL II 2423) datada a 25-33, indica que este ocupava o cargo de legado jurídico da Hispânia Citerior (legatus Aug(usti) [Hisp.] c[ite]rioris) sendo que de acordo com a sua titulatura, seria mais provável que fosse um legado jurídico e não apenas um legado de uma legião.[11]

O argumento a favor de Augusto é baseado também na descoberta da tabula hospitalitatis proveniente da Cidade dos Lugeiros (civitas Lougeiorum, Lugo (Galiza)) (HEp 1994, 00505). Nesta inscrição é referida a existência de um convento previamente desconhecido, o Convento Ara Augusta (conventus Arae Auguste), que quando correlacionado com a datação da inscrição ao século I (pelos cônsules mencionados), corresponde ao principado de Augusto.[12] Várias críticas foram levantadas a esta tabula pela sua inautenticidade e origem duvidosa, a sua forma rectangular simples, o uso peculiar de certas letras na escrita e de terminação irregular em pactos de hospitalidade, sendo que vários destes pontos já foram contrapostos por outros autores. A origem incerta da inscrição deve-se ao facto de este ser um achado de prospectores ilegais de tesouros, que normalmente evitam revelar os rastos das suas actividades. A tabela deveria se acompanhada por uma moldura, como demonstram os vestígios de estrias na borda, razão pela sua simplicidade. A paleografia da escrita é muitas vezes um argumento débil, excepto em casos muito específicos de características de certas épocas. Por fim, em relação à terminologia, esta é sintacticamente correcta e resulta de uma acção intencional por parte dos autores em atribuir aos territórios uma ordem descendente de importância, como é a região-convento-cidade (regio-conventus-civitas).[13] Porém o debate continua em aberto (com outras críticas e contrapontos não mencionados), sendo que a sua abordagem carece ainda de algum cuidado.

Estrutura Político-Administrativa editar

Um convento não é apenas uma divisão territorial, neste e especificamente na sua sede existem uma série de funções judiciais que vão além dos magistrados das cidades individuais. Como cargo mais elevado denota-se o governador da província, que seria responsável por tais funções. Este não era nomeado pelas cidades, mas sim eleito pelo poder central como representante de Roma, com a capacidade de decretar as suas próprias leis (edicta).[14] Imediatamente abaixo estão os legados jurídicos (legati iuridici), um corpo nomeado pelo imperador que gere principalmente a justiça, mas também um amplo conjunto de actividades como a administração, as obras públicas, a realização de recenseamentos, o recrutamento militar e vários aspectos económicos. Existiria também um órgão consultivo formado por representantes das cidades constituintes cuja função era assistir o governador.[15]

A componente administrativa e a prestação de serviços não deixam a transparecer ter tido relevância no Convento Escalabitano, que por contrapartida ao Convento Emeritense nunca terá sido alvo de uma centralização da administração acentuada. De facto, a informação epigráfica do convento não evidenciou até à data nenhuma prática de serviços administrativos.[16]

O culto imperial provincial ao divino Augusto (divus Augustus) surgiu na época de Tibério, praticado e exercido na capital da Lusitania pelo flâmine augustal. As primeiras edificações de monumentos a Augusto na Hispânia surgem a um nível de culto municipal e não provincial, dado que estes eram maioritariamente utilizados para demonstrar a homenagem que o corpo municipal oferece à divindade imperial e elevar o prestígio social das elites destas mesmas cidades mais privilegiadas, mesmo não existindo um culto organizado ou sacerdotes.[17] A cronologia para a origem dos cultos municipais depende da cada cidade e do nível de informação disponível.[18] No caso de Olisipo foi descoberto um pedestal dedicado ao Divino Augusto, por dois augustais, datado a 14 d.C. (curto tempo após a sua divinização) (CIL II 182).[19] Grande parte dos indivíduos que assume os cargos de sacerdotes e flâmines era de origem indígena, factor importante para integração das comunidades na política imperial.[20]

Com a criação dos conventos, foi estabelecido também um culto intermédio que representava cada um dos conventos da província e era realizado na sua sede, através de um sacerdos. Porém, não há dados sobre este tipo de culto no Convento Escalabitano, ou devido ao facto de não ter sido aqui praticado ou por não ter sido encontrado nenhum vestígio até à data.[21]

A Rede Viária editar

Fontes e Contexto editar

As referências literárias embora escassas e não isentas de problemáticas, são de grande importância para a compreensão das vias romanas. O Itinerário de Antonino é um documento essencial e a Cosmografia do Anónimo de Ravenna, embora menos relevante, contribuí também para este estudo.[22] É igualmente importante mencionar as várias fontes medievais devido à utilização e influência que estas vias tiveram até épocas modernas.[23]

A epigrafia e especificamente os marcos miliários, são um indicador de períodos de maior actividade construtiva por estarem associados a imperadores, tendo a vantagem de dar marcadores cronológicos e de distâncias bastante precisas (se a sua contextualização for segura), ao contrário das fontes literárias. No plano arqueológico os vestígios das vias são bastante raros e muitas vezes erradamente associados ao período romano (ex. várias pontes e calçadas), sendo as próprias estações viárias difíceis de identificar. Um dos indicadores mais fiáveis da presença de vias numa dada região corresponde à malha de povoamento e cidades onde se verificaram a presença de vestígios romanos.[24] Assim, pela própria natureza das vias e as lacunas nas fontes (literárias, epigráficas e arqueológicas) a elas associadas, é extremamente difícil criar um discurso contínuo sobre o seu traçado e história de utilização.[25]

Além das vias terrestres, o rio Tejo seria uma importante via de comunicação no eixo norte-sul, especialmente no transporte de cargas e abastecimentos pesados, ideia reforçada não só pelos textos de Estrabão, mas também por obras muçulmanas. A inexistência de vestígios portuários identificados não é reflexo da sua ausência, até porque a margem do rio é constituída por uma série de abrigos naturais que permitiam a implementação de áreas de varadouros e fundeadouros. Por outro lado, o regime irregular de cheias incentiva a construção de uma via acessível e isenta de pontes ao longo do rio.[26]

O plano de restruturação de Augusto e a construção de cidades por toda a província vai naturalmente afectar a rede viária estabelecida, com especial foco nas ligações a Mérida. É neste período que o eixo entre Lisboa e Braga teria uma função de apoio à principal via da península entre Mérida e Astorga. Segue-se um período desde os Júlio-Cláudios, os Flávios, Trajano e Adriano até aos Constantinos de diferentes impactos na dinâmica das vias, passando depois o papel da manutenção e construção das vias às elites locais.[27] A manutenção e custos associados a estas vias seriam extremamente elevados.[28]

As vias editar

 
Traçado geral da rede viária do Convento Escalabitano, baseado na proposta (com algumas alterações) de Mantas, V.G. (2012)

O Itinerário de Antonino refere três vias que ligavam Olisipo à capital provincial, Emérita Augusta. Uma via meridional que sai de Olisipo em direcção sudeste, passando por Cetóbriga, Salácia (Alcácer do Sal) e Ébora até chegar a Emerita (Itinerário 416,4-418,5). As outras duas vias partilhavam parte do troço de Olisipo a Escálabis, uma mais central, dirigida por Abeltério (Alter do Chão) (It. 418,7-419,6) e a outra mais longa, por Arício Velho (Alvega) (It. 419,7-420,7).[29] De Olisipo partia uma via para Bracara Augusta (It. 420,8-422,1), sendo que a Cosmografia não fornece dados sobre esta via (RAVENN. 307,1-6), partindo imediatamente de Olisipo para Talábriga, no Vouga.[30]

O início do itinerário em Lisboa percorria dois troços diferentes, um pela Porta Medieval de São Pedro de Alfama, atravessando o Rio Trancão junto ao Tejo e indo directamente até Vialonga. O outro atravessava a cidade pelo norte, por Alvalade até Loures onde havia uma bifurcação (para Eburobrício), descendo depois para Vialonga onde se unia ao primeiro. O percurso seguia até Alverca do Ribatejo onde foi descoberto um miliário (CIL II 4632) e entrava no centro de Vila Franca de Xira, como confirmam as escavações realizadas sobre parte da via, no actual Museu do Neo-Realismo. O troço corresponde à ligação Olisipo-Escálabis e foi edificado no século I com grandes blocos calcários, usados em estradas importantes e muito transitadas junto de áreas húmidas. Possuía margines (bermas) e media cerca de 5,20 metros de largura e 20 metros de comprimento, dimensões que revelam ser parte de um dos principais eixos nesta região. Paralelamente, em dois contextos distintos encontram-se vestígios de ocupação romana que datam a sua construção. Não é certo o seu desenvolvimento em época tardia, embora seja sugerido que exista uma reparação de terra batida desse período.[31] A via afastava-se depois do rio Tejo entrando em Alenquer, onde foi registado um miliário (CIL II 4633), indo até Santarém em dois ramais diferentes, um pela margem direita do Rio Tejo (por Aveiras de Cima, Pontével e Cartaxo) e outro pela margem esquerda (por Escaroupim, Muge, Benfica do Ribatejo e Almeirim). Esta via não chega, contudo, a entrar directamente em Escálabris, dado verificável pelo léxico usado no Itinerário.[32]

A via secundária que partia de Olisipo para Eburobrício, Colipo e Conímbriga não consta nas fontes literárias. Este seria originalmente um caminho proto-histórico, com vários pontos de ligação ao interior, que sofreu várias alterações por parte das cidades locais. Devido às alterações do povoamento regional e o seu efeito na estrutura viária, a reconstrução deste traçado é dificultada. O troço inicial parte de Lisboa por Loures, na já referida bifurcação, seguindo depois para norte à esquerda do Cabeço de Montachique. Atravessava Torres Vedras até atingir Eburobrício, ou directamente por Óbidos, ou pela zona da Quinta das Flores. Dai a via ia até Caldas da Rainha correndo por norte e passando por dois miliários no sítio de Ramalheiras (Cabecinhos), entrando em Colipo por Garruchas. O último troço dirigido a Conímbriga apresenta várias dificuldades na sua delimitação, em parte devido à ausência de centros urbanos e a inúmeros caminhos secundários direccionados para o Mondego e para Seílio e Conímbriga.[33]

A via que se dirigia a Bracara Augusta corresponde a três grandes secções, o percurso de entre Olisipo-Escálabis, de Escálabis-Emínio-Cale e o último fora do Convento Escalabitano de Cale-Bracara, num total de 244 milhas (361 km). Partindo de Escálabis a via acompanha o rio Tejo, indo depois directamente até Seílio, atingindo a zona ribeirinha a sul da cidade pela margem esquerda do rio Nabão. De Seílio a estrada sairia talvez do actual caminho medieval da Estrada da Soianda, passando perto do povoado de Tamazinhos, onde se encontrou o único miliário referente a esta via, entrando pela mata da Abufarda em Conímbriga. Daí seguia para Emínio, atravessando a Ribeira de Antanhol a sul de Palheira, sendo que esta ribeira poderia ser considerada a fronteira entre as duas cidades. A travessia do rio Mondego seria realizada por uma ponte (no mesmo local da Ponte Real de época medieval), embora não existam vestígios arqueológicos que o comprovem.[34]

De Emínio a via acompanhava o leito do rio Mondego, atravessando Adémia e Mealhada, ambos locais donde provêm miliários de Calígula (CIL II 4639 e CIL II 4640). A seguinte estação viária, Talábrica, apresenta vários problemas na sua localização. Tem sido tradicionalmente colocada no Cabeço do Vouga, permitindo o controlo da passagem dos rios Marnel e o Vouga. Porém, é também sugerida a sua localização nas proximidades de Albergaria-a-Nova de forma a coincidir com as milhas sugeridas pelo itinerário e os miliários. Dai o percurso ia directamente até Langóbriga, correspondendo ao Monte de Santa Maria, em Fiães um povoado de tipo castrejo. O troço seguia por Mozelo, realizando a passagem do rio em Monte da Virgem.[35] O restante percurso enquadra-se fora do Convento Escalabitano.

A Economia editar

Agricultura e Pecuária editar

Estrabão (3.1.1; 3.1.6) divide genericamente a península Ibérica em duas grandes regiões, um norte montanhoso e pobre para o cultivo, e um sul bastante mais rico e fértil (ex. Bética). Na Lusitânia esta repartição mantém-se, sendo as duas zonas separadas pelo rio Tejo. Olisipo estaria precisamente na zona de fronteira, no entanto a fertilidade da região é mencionada em várias fontes. A vinha e a oliveira da região de Olisipo eram produtos de grande destaque, despertando até a curiosidade de Plínio (15.4.17) que relata a doçura das azeitonas, que se assemelhavam a passas e a sua raridade, pois eram cultivadas além de Olisipo, apenas em Emérita Augusta e em África. A criação de gado teria a sua importância e são vários os autores que descrevem episódios ou dão concelhos sobre como manter o gado na região. Nas fases mais tardias do período imperial a produção equestre assume especial importância e Varrão (RR 2.1.19) alude à fama e ligeireza das éguas provenientes de Olisipo por serem emprenhadas pelo próprio vento, divinizado como Zéfiro ou Favónio. Outras referências de cariz mais realista confirmam a fama destes cavalos em todo o império e a sua importância para Olisipo.[36]

O rio Tejo serviu como fonte de irrigação e riqueza agro-pecuária através da lezíria formada pelas constantes inundações. O volume das águas na antiguidade seria bastante maior do que o actual Tejo, embora o regime das cheias se mantenha o mesmo.[37] Por consequência, a actividade agrícola estaria intimamente relacionada com o comércio fluvial, tanto para o autoconsumo como para a exportação.[38]

A exploração latifundiária teria o seu maior volume no Convento Pacense [39] e é aí que se registam as vilas mais icónicas do território Português, porém, também no Convento Escalabitano subsistem complexos fundiários significativos. As vilas além da prática da agro-pecuária, produziam uma ampla variedade de produtos (desde perfumes, flores, metalurgia, cerâmica, apicultura, etc.). A título de exemplo, a Vila de Casais Velhos (Cascais) possuía uma oficina de tinturaria de tecidos, enquanto a Vila de Freiria (Cascais) era constituída por lagares de azeite e vinho.[40] A Vila de Almoínhas (Loures) explorava principalmente os recursos pecuários,[41] embora também se verifiquem vários fornos de produção cerâmica e indícios da presença de actividades de tecelagem para consumo local.[42] E vários outros exemplos como, a Vila Cardillio (Torres Novas), a Vila do Rabaçal (Rabaçal), a Vila do Alto da Cidreira (Cascais) e a Vila de Frielas (Loures).

A produção de vinho alcançou o seu auge na Hispânia em meados do século I, sendo cada vez mais frequente a produção local para o autoconsumo e raras as importações de ânforas de vinho itálicas e gaulesas. O tipo de ânfora Lusitana 3 foi produzida (fim do século I e começo do século seguinte) em vários centros oleiros de Portugal, como Porto dos Cacos e transportava muito provavelmente vinho Lusitano. Vestígios desta ânfora podem ser observados em Lisboa, na Praça da Figueira e nas termas dos Cássios e em Seílio e Conímbriga, locais de consumo por excelência, considerando que não teriam nas suas imediações produção suficiente para satisfazer as necessidades da população local. Em espaço rural, a Lusitana 3 foi registada na villa de Cardillio (Torres Novas). Em época tardia, no século IV, as importações vinícolas regressam, com ânforas do norte de África e pequenas ânforas do mediterrâneo oriental, de valor elevado (vestígios em Olisipo e Conímbriga). A produção local mantem-se na forma da ânfora Lusitana 9, fabricada provavelmente nos mesmos centros oleiros que a Lusitana 3.[43]

Recursos marítimos editar

A costa atlântica do Convento Escalabitano apresenta excelentes condições para a exploração dos seus recursos marítimos, indústria esta que seria acompanhada de várias olarias de fabrico sazonal de ânforas e de salinas. Os dados mais concretos que evidenciam uma produção a larga escala de preparados piscícolas (garo), datam ao século I, porém esta já deveria existir em menor grau desde os fins do século I a.C. O registo anfórico indica ainda uma perturbação generalizada da exportação de garo durante a viragem do século II-III d.C., com um rápido retorno das actividades durante o primeiro terço do século III[44] A informação que nos chega dos autores clássicos é limitada, sendo que são poucos os que descrevem o litoral português e ainda menos os que mencionam as actividades económicas aqui praticadas (excepção de Estrabão e Plínio), tornando o recurso à arqueologia indispensável.[45]

No estuário de Tejo e na área urbana de Olisipo encontram-se uma das maiores áreas de produção de garo do convento, com grandes complexos em ambas as margens da foz do rio. A título de exemplo na margem norte situa-se uma grande concentração de cetárias na Casa do Governador da Torre de Belém e as na Rua Augusta, assim como um pequeno núcleo em Cascais. Na margem sul a situação é semelhante, com núcleos na área de Porto Brandão, Cacilhas e Almada. Estes seriam abastecidos por centros oleiros instalados a montante do estuário, exemplo de Porto dos Cacos (Alcochete), Olho da Telha (Palmela), Garrocheira (Benavente), Quinta do Rouxinol (Seixal).[46]

A norte do Tejo, embora de terreno acidentado, denota-se um complexo portuário de relevância. São exemplo as produções anfóricas do Morraçal da Ajuda, em Peniche e até de Eburobrício, uma cidade que teria acesso ao mar em época romana e uma suposta função portuária e de produção de garo bastante significativa (embora sem vestígios). Existiria também um importante complexo portuário na lagoa da Pederneira, com porto em Paredes e em S. Martinho, com porto em Alfeizerão. As vilas romanas de S. Gião da Nazaré, situada entre o mar e a desaparecida lagoa da Pederneira, teria também uma função de exploração de recursos marítimos.[47] Mais a norte é desconhecido o papel e importância do estuário do Mondego e do Vouga em época romana, embora seja claro o seu potencial portuário.[48] De facto, na zona de influência de Emínio seria muito provável existirem estabelecimentos relacionados com a exploração de recursos marítimos, tendo em conta a facilidade da navegação do rio Mondego até à cidade.[49]

Ouro e Pedras semipreciosas editar

O interesse na exploração mineira da futura área do Convento Escalabitano parece ter surgido já nas primeiras fases da campanha de Décimo Júnio Bruto, onde a localização estratégica de acampamentos militares, como Escálabis e a presença militar serviria como uma forma de avaliar, prospectar e estabelecer as bases para a futura indústria. Um dos autores clássicos mais tardios que reforça esta ideia de um Tejo aurífero é Catulo (29,18-20), numa crítica a Júlio César.[50] Tanto Plínio como Estrabão têm passos que referem fácil extracção do ouro aluvial e o tema é abordado por inúmeros outros. Dentro dos limites do convento, esta indústria está principalmente focada na foz do rio Tejo, tendo o seu auge durante um curto período de tempo no século I a.C., perdendo força logo a partir do século II d.C., embora devido à sua natureza se tenham prolongado até épocas bastante recentes.[51]

A indústria de pedras semipreciosas obteve uma exploração considerável na região de Belas, precisamente na mina de granadas do Monte Suímo, mencionadas por Cornélio Boco e posteriormente por Plínio e Pompónio Mela. Em períodos posteriores a sua exploração terá continuado, embora em bastante menor escala.[52]

Os vestígios deixados pelas explorações marcam-se por sítios com um elevado número de seixos rolados (conhos) possivelmente associados a pequenas barragens de terra, pois a água abundante era um recurso essencial. É exemplo o concelho de Vila de Rei, nas ribeiras de Codes, Codeçoso e parte do rio Zêzere, onde se registam cerca de 28 Conheiras.[53]

Outras técnicas de exploração envolviam a escavação através de picos de mineiro de estreitas galerias subterrâneas (menos de 1m de altura) iluminadas por lucernas. São exemplo as galerias do Vale de Gatos (Seixal) e outras na margem litoral da península de Setúbal.[54]

Ferro, Chumbo editar

A exploração do ferro era uma prática difundida por grande número de vilas e vicos, porém numa escala local e de pequena dimensão. No território de Marinha Grande, Arnal, Leiria, Alqueidão da Serra e Porto de Mós esta exploração teve uma importância mais elevada, com produção em bruto que tinha destino a mercados externos, confirmado pelas barras de ferro com tamanho considerável ali encontradas. Igualmente, no concelho de Chamusca, a mina de Cova da Moura esteve activa no período romano sendo o ferro fundido no Casal das Ferrarias.[55]

A fundição do metal em si existiria em grande parte dos núcleos urbanos e vilas, exemplo de Conímbriga onde esta indústria está atestada através de achados de cadinhos (para cobre e estanho/zinco), alguns algaravizes de barro, moldes e uma armela incompleta.[56] Exploração de chumbo foi praticada em Malhada (Sever do Vouga) em época romana, comprovada pela presença de vários poços profundos onde se registaram lucernas do século I-II[57]

Materiais de construção, cantarias e rochas ornamentais editar

Com o principado de Augusto desenvolveu-se toda uma indústria que procurava responder á necessidade dos novos materiais de construção e de rochas ornamentais usados para edificar os novos centros de poder administrativo e os seus espaços públicos.[58] Por outro lado, grande parte destas actividades existiram apenas no período romano devido ao abandono das actividades mineiras e à generalização em épocas posteriores do reaproveitamento e reutilização de materiais de estruturas romanas.[59]

Nos arredores de Lisboa e especificamente em Sintra, existiria um núcleo de exploração de rochas ornamentais, principalmente calcários conhecidos como mármores de Pêro Pinheiro, mármore lioz ou pedra lioz, utilizados na marmorização da cidade. No sítio de Colaride (Sintra), foi registada uma pedreira romana formada por três níveis escavados directamente no calcário. O último nível é marcado por duas cunhas talhadas paralelamente para a extracção de blocos.[60] De Cascais provinham também mármores avermelhados e da Serra da Arrábida mármores roseados.[61] Vários destes calcários parecem ter sido exportados para Emérita Augusta e para partes da península Itálica.[62]

A abundância desta matéria prima de excelente qualidade permitiu ainda o desenvolvimento de uma rica indústria epigráfica e de um largo número de epígrafes que usufruíram deste material como suporte.[63] As oficinas epigráficas estariam situadas no perímetro urbano das cidades e nos seus arredores, sendo que no caso de Olisipo os seus lapidários adoptaram modelos tipológicos semelhantes aos observáveis em certas regiões da península Itálica.[64]

A cidade de Conímbriga importava calcários brandos da região de Ançã (dentro da área da cidade de Emínio) que ficava a 30 km de distância e calcários maciços de pedreiras de Porto dos Mós (dentro da área da cidade de Colipo ou de Sélio) que ficava a 70 km de distância. Importava também mármores das minas de Vila Viçosa. Na própria cidade de Conímbriga existiria uma oficina de canteiro comprovada pela seguinte inscrição “ex officina Flavi / Tuci f(ilii)” (AE 1975, 00481).[65]

Referências

  1. (Alarcão, 2002, p. 44; Alarcão, 2004)
  2. (Tranoy et al, 1990, p.327)
  3. (Tranoy et al., 1990, p.325-328)
  4. (Eugène, 1923, p.83-85)
  5. (Alarcão, 2002, p.22; Fabião, 2014, p.9-11)
  6. (Fabião, 2014, p.17-22)
  7. (Alarcão, 2002, p.26)
  8. (Alarcão, 2005, p. 28-30 e 268)
  9. (Dias, et al., 2001, pp.10-11; Guerra, 2006, p.272)
  10. (Dopico Caínzos, 1986, p.277-278)
  11. (Ozcáriz Gil, 2006-2007, p.529-532)
  12. (Dopico Caínzos, 1986, p.278-282)
  13. (Rodríguez Colmenero, 1997, p.214-2015)
  14. (Dopico Caínzos, 1986, p.270-274)
  15. (Alarcão, 2002, p. 58-59)
  16. (Alarcão, 2002, p. 59-61)
  17. (Reis, 2014, p.104)
  18. (Alarcão, 2002, p. 178)
  19. (Reis, 2014, p.114)
  20. (Dopico Caínzos, 1986, p.275-276)
  21. (Alarcão, 2002, p. 180)
  22. (Mantas, 2012b, p. 82-83; Roldán Hervás, 1975, pp.111-124)
  23. (Mantas, 2012b, p.106-108)
  24. (Mantas, 2012b, p.43-44; Guerra, 2012, pp. 24-28)
  25. (Mantas, 2012b, p.44)
  26. (Guerra, 2000, pp.32-36; Mantas, 2012b, p.161-162)
  27. (Mantas, 2012b, p.42-44)
  28. (Mantas, 2012b, p. 52-53)
  29. (Mantas, 2012b, p.146-147; Roldán Hervás, 1975, pp. 63-68)
  30. (Mantas, 2012b, p. 162-164)
  31. (Mantas, 2012a, p. 19; Pimenta e Mendes, 2007, p.190-223)
  32. (Guerra, 2012, pp. 31; Mantas, 2012a, p.19; Mantas, 2012b, p. 175-178; Pimenta e Mendes, 2012, pp. 46-47)
  33. (Mantas, 2012b, p.253-259)
  34. (Mantas, 2012b, p.181-194)
  35. (Mantas, 2012b, p.194-198)
  36. (Delicado, 2011, p. 47)
  37. (Mantas, 2012a, p. 9)
  38. (Guerra, et al, 2000, p.19)
  39. (Alarcão, 2002, p.107)
  40. (Carneiro, 2010, p. 231-232)
  41. (Costa, 2011, p.587)
  42. (Brazuna e Coelho, 2012, p.105-112)
  43. (Fabião, 1998, p.182-187)
  44. (Fabião, 2009, p.569-572)
  45. (Mantas, 1999, p.137-139)
  46. (Fabião, 2009, p.561-570)
  47. (Mantas, 1999, p.154)
  48. (Fabião, 2009, p.563-564)
  49. (Mantas, 1999, p.153)
  50. (Delicado, 2011, p. 77)
  51. (Cardoso et al., 2011, p.171-173 e 178)
  52. (Alarcão, 2002, p. 140; Cardoso et al., 2011, p. 179)
  53. (Cardoso et al., 2011, p. 173-177)
  54. (Cardoso et al., 2011, p. 177-178)
  55. (Alarcão, 2002, p. 132-133)
  56. (Alarcão, 2002, p. 134)
  57. (Alarcão, 2002, p. 132)
  58. (Cardoso et al., 2011, p.179-181)
  59. (Cardoso et al., 2011, p.179-186; Delicado, 2011, p.71-75; Guerra, 2003, pp. 126-129)
  60. (Coelho, 2002, p.289-291)
  61. (Caessa e Encarnação, 2012, p. 474)
  62. (Cardoso et al., 2011, p.185-186)
  63. (Guerra, 2006, p.272)
  64. (Caessa e Encarnação, 2012, p. 475)
  65. (Alarcão, 2002, p. 135-136)

Bibliografia editar

AE = Revista L’Année Épigraphique, Paris

CIL = Corpus Inscriptionum Latinarum

HEp = Revista Hispânia Epigraphica, Madrid

  • ALARCÃO, J. (1998) - Três níveis de aglomerados populacionais romanos. In O Arqueólogo Português, Série IV, 16, p. 175-186.
  • ALARCÃO, J. (2002) - O domínio romano em Portugal. Lisboa: Europa-América. 244 p.
  • ALARCÃO, J. (2004) - Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia – II. In Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 7, nº 2. p. 193-216.
  • ALARCÃO, J. (2005) - As cidades da Lusitânia: imagens de um processo cultural. In NOGALES BASARRATE, T. (Ed.), Augusta Emerita: Territorios, Espacios, Imágenes y Gentes en Lusitania Romana. Mérida. p. 261-273.
  • ALARCÃO, J. (2006) - As Vias Romanas de Olisipo a Augusta Emerita. In Conimbriga, XLV. p. 211-251
  • ALARCÃO, J. (2007) – Portugal: um estado não predestinado. Revista de Historia das Ideias. Vol. 28. p. 9-15.
  • ALMEIDA, J. (2011) - Contributo para o conhecimento das elites Olisiponenses. Dissertação de Mestrado em História Antiga apresentada à Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, orientado pelo Prof. Doutor Amílcar Guerra.
  • ARRUDA, A.M. e ALMEIDA, R.R. (1999) – As importações de vinho itálico para o Território actualmente português: contextos, cronologias e significado. In Économie et territoire en Lusitanie romaine. Madrid. P. 307-337.
  • BOMBICO, S.A.R. (2017) – Economia Marítima da Lusitânia Romana: exportações e circulação de bens alimentares. Tese de Doutoramento em História, especialidade de Arqueologia, apresentada à Universidade de Évora, orientada pelos Profs. Doutores Filipe Barata e Carlos Fabião.
  • BRAZUNA, S., COELHO, M. (2012) – A Villa das Almoínhas (Loures). Trabalhos Arqueológicos de Diagnóstico e Minimização. In Cira Arqueologia, Atas da Mesa Redonda de Olissipo a Lerabriga. Nº1. Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. p. 103-113.
  • CAESSA, A. e ENCARNAÇÃO, J. (2012) - Epigrafia de Olisipo: 66 anos depois!. In L’Officina Epigrafica Romana: in ricordo di Giancarlo Susini [Atti del Convegno di Bertinoro]. Faenza. p. 403-420.
  • CARDOSO, J. L.; GUERRA, A. e FABIÃO C. (2011) – Alguns aspectos da mineração romana na estremadura e alto Alentejo. Lucius Cornelius Bocchus: Escritor Lusitano da Idade de Prata da Literatura Latina. Lisboa-Madrid: Academia Portuguesa da História; Real Academia de la Historia, pp. 169–189.
  • CARNEIRO, A. (2010) - Em Pars Incerta. Estruturas e dependências agrícolas nas Villae da Lusitânia. In Conimbriga, 49, p. 225-250.
  • CARVALHO, A. (1999) – Evidências arqueológicas da produção de vinho nas villae romanas do território português: grainhas de uva, alfaias vitícolas e lagares de vinho. In Économie et territoire en Lusitanie romaine. Madrid. P. 361-390.
  • CARVALHO, A. M. F. de; ALMEIDA, F. J. N. da S. (1996) – Aspectos económicos da ocupação romana da foz do Tejo. In Ocupação romana dos estuários do Tejo e Sado. Lisboa. Publicações D. Quixote-Seixal; Câmara Municipal do Seixal, pp. 137–155.
  • CARVALHO, P.C. (2014) - A estalagem romana da Raposeira (Mangualde). Câmara Municipal de Mangualde. Arqueohoje. 38 p.
  • CEPAS PALANCA, A. (1995-96) - La organización administrativa del territoório de la Hispania romana. In Studia historica. Historia antigua. Nº 13-14. p. 143-151.
  • COELHO, C (2002) - Estudo preliminar da pedreira romana e outros vestígios identificados no sítio arqueológico de Colaride. In Revista Portuguesa de Arqueologia. Vol. 5. Nº 2. p. 277-323.
  • COSTA, C. (2011) – A Fauna Malacológica da Villa Romana das Almoínhas (Loures). In o Arqueólogo Português, Ser.V,1, 2011, Lisboa, pp. 561 – 589.
  • DELICADO, A. (2011) - Contributo para a caracterização do mundo rural olisiponense. Dissertação de Mestrado em História Antiga apresentada à Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, orientada pelo Prof. Doutor Amílcar Guerra.
  • DIAS, M.M.A., et al. (2001) - Epigrafia Latina do Museu Municipal Hipólito Cabaço (Alenquer). Epigrafia do Território Português I. Lisboa: Centro de Estudos Clássicos. 31 p.
  • DOPICO CAÍNZOS, M.D. (1986) - Los conventus iuridici. Origen, cronología y naturaleza histórica. In Gerión, 4. Editorial de la Universidad Complutense de Madrid. p. 265-283.
  • EUGÈNE, A. (1923) - Les divisions administratives de l'Espagne romaine. Paris, VII. 137p.
  • FABIÃO, C. (1998) - O vinho na Lusitânia: reflexões em torno de um problema arqueológico. In Revista Portuguesa de Arqueologia. Vol. 1, Nº1. p. 169-198.
  • FABIÃO, C. (2004) - Centros Oleiros da Lusitania: balanço dos conhecimentos e perspectivas de investigação. In Actas del Congreso Internacional FIGLINAE BAETICAE. Talleres alfareros y producciones cerámicas en la Bética romana (século II a.C.VII d.C.). Universidad de Cádiz. pp. 379–410.
  • FABIÃO, C. (2009) – Cetárias, Ânforas e Sal: a exploração de recursos marinhos na Lusitania. Estudos Arqueológicos de Oeiras. 17. Câmara Municipal de Oeiras, pp. 555–594.
  • FABIÃO, C. (2010) – Modelos Forenses nas Cidades da Lusitania: Balanço e Perspectiva. NOGALES BASARRATE, T. (Ed.) Ciudad y foro en Lusitania Romana. Mérida, pp. 344–356.
  • FABIÃO, C. (2014) - Por Este Rio Acima: conquista e implantação romana no ocidente da península ibérica. In Cira Arqueologia Nº3 - Atas Congresso Conquista e Romanização do Vale do Tejo. p. 9-24.
  • FERNANDES, L.S. (1996) - A Presença da Mulher na Epigrafia Romana do Conventus Scallabitanus. Dissertação de Mestrado em Arqueologia, apresentada à Faculdade de Letras, Universidade do Porto.
  • GUERRA, A. et al (2000) - Senhor da boa morte: mitos, história e devoção: exposição. Vila Franca de Xira. Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, pp. 17–41.
  • GUERRA, A. (2002) - A Epigrafia de Scallabis. In De Scallabis a Santarém. p. 179-184.
  • GUERRA, A. (2003) - Algumas notas sobre o mundo rural do território Olisiponense e as suas gentes. In Mundo Antigo: Economia Rural. Lisboa: Edições Colibri, pp. 123–150.
  • GUERRA, A. (2006) – Os mais recentes achados epigráficos do Castelo de S. Jorge, Lisboa. In Revista Portuguesa de Arqueologia. Vol. 9. Nº2, pp. 271–297.
  • GUERRA, A. (2007) - Sobre o Território e a Sede dos Lancienses (Oppidani e Transcvdani) e outras questões conexas. In Conimbriga. XLV. P.161-206.
  • GUERRA, A. (2012) – O troço inicial da Via Olisipo-Bracara e o problema da localização de Ierabriga. In Cira Arqueologia I - Atas Mesa Redonda de Olisipo a Ierabriga. Vila Franca de Xira. Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, pp. 24–40.
  • MANTAS, V. G. (1990) - A rede viária do convento escalabitano. In La Red Viaria en la Hispania Romana. Saragoça, pp. 219–239.
  • MANTAS, V. G. (1999) – As villae marítimas e o problema do povoamento do litoral português na época romana. In Économie et territoire en Lusitanie romaine. Madrid. P. 135-156.
  • MANTAS, V. G. (2012a) – A estrada romana de Olisipo a Scallabis. Traçado e vestígios. In Cira Arqueologia I - Atas Mesa Redonda de Olisipo a Ierabriga. Vila Franca de Xira. Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, pp. 7–23.
  • MANTAS, V. G. (2012b) – As vias Romanas da Lusitânia. Mérida. Museo Nacional de Arte Romano. 325 p.
  • MARTÍN GONZÁLEZ, S. (2012) – A Propósito del Conventus Emeritensis: consideraciones geográficas, arqueológicas y culturales. Antesteria, nº1, p. 463-474.
  • NAVARRO CABALLERO, M. e RAMÍREZ SÁDABA, J.L. (2003) – Atlas antroponímico de la Lusitania romana. Mérida: Grupo Mérida, pp. 427.
  • OZCÁRIZ GIL, P. (2006-2007) - Los iuridici de la província Hispania citerior: cuestiones acerca de su origen y naturaleza. In Espacio, Tiempo y Forma. Serie II, Historia Antigua, t. 19-20. págs. 525-533.
  • PÉREZ CENTENO, M. del R. (1995-97) – Evolución urbana en el Conventus Scallabitanus durante el siglo III d. C. In O Arqueólogo Português. Série IV, volume 13/15, p. 299-312.
  • PIMENTA J. e MENDES, H. (2007) - A escavação de um troço da via romana Olisipo-Scallabis em Vila Franca de Xira. In Revista Portuguesa de Arqueologia. Lisboa. Vol. 10, Nº 2, pp. 189–228.
  • PIMENTA, J. e MENDES, H. (2012) – Sobre o povoamento romano ao longo da via de Olisipo a Scallabis. In Cira Arqueologia I - Atas Mesa Redonda de Olisipo a Ierabriga. Vila Franca de Xira. Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, pp. 41–64.
  • REIS, S. H. dos (2014) - Religião e Sociedade no Municipium Olisiponense. Dissertação de Mestrado em Arqueologia, apresentada à Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, orientada pelo Prof. Doutor Amílcar Guerra.
  • RIBEIRO, J. C. coord. (2002) - Religiões da Lusitânia: Loquuntur Saxa. Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia. 578p.
  • RODRÍGUEZ COLMENERO, A. (1997) - La Nueva Tabula Hospitalitatis de la Civitas Lougeiroum: problematica y contexto historico. In Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, 117. p. 213-226.
  • ROLDÁN HERVÁS, J. M. (1975) – Itineraria Hispana: fuentes antiguas para el estudio de las vías romanas en la Península Ibérica. Departamento de Historia Antigua. Universidad de Valladolid e Granada. 279 p.
  • TRANOY, A.; SILLIÈRES, P.; SALINAS de FRÍAS, M.; MANTAS V.G.; GORGES, J.G.; ALARCÃO, J. (1990) – Propositions pour un nouveau tracé des limites anciennes de la Lusitanie romaine. In Les villes de Lusitanie romaine: hierarchies et territoires, table ronde internationale du CNRS. Paris, Centre National de la Recherche Scientifique. P. 319-329.