Nota: Para outros significados, veja Crosta (desambiguação).

Crosta é a camada mais externa da litosfera de um planeta ou corpo celeste. Trata-se de uma camada de rocha sólida que é em geral, menos densa do que as camadas inferiores. Em planetas parcialmente fundidos, como a Terra, a crosta flutua sobre camadas inferiores de rocha fluida e, se for suficientemente fina, quebra-se em placas que se movem relativamente umas às outras. A parte superior da crosta terrestre é constituída principalmente por granito, uma rocha ígnea composta essencialmente por quartzo e feldspatos, e a sua parte inferior por basalto também uma rocha ígnea eruptiva, constituída principalmente de plagioclásio e piroxênio e em muitos casos, de olivina.[1]

Estrutura da crosta terrestre editar

Para compreender a estrutura da crosta terrestre é necessário considerar o processo de formação aceite para o nosso planeta. Este ter-se-á formado a partir de uma nebulosa de gás e poeiras que se movimentava em torno do Sol. Devido a um processo denominado acreção, as poeiras aglomeraram-se em corpos sucessivamente maiores, dando origem aos protoplanetas. Este processo foi responsável pela formação do globo terrestre há cerca de 4 550 milhões de anos. Pensa-se que neste período a Terra se terá começado a fundir parcialmente sob o efeito da desintegração dos elementos químicos radioactivos que abundavam na matéria primitiva. bem como pelo impacte de corpos celestes e pela sua própria contracção. Ocorreu então um processo de diferenciação do globo em diferentes camadas, durante o qual o ferro líquido, muito denso, migrou para o centro da Terra e deu origem a um núcleo metálico. Os elementos químicos mais leves, tais como o silício, oxigénio, alumínio, cálcio, potássio, entre outros, subiram à superfície, formando uma camada que arrefeceu rapidamente, solidificando: a crosta. Entre estas duas camadas (núcleo e crosta), surgiu o manto. A crosta é uma camada rica em silicatos.[2]

Crosta oceânica e crosta continental editar

 
1 - Crosta continental // 2 - Crosta oceânica // 3 - Manto Superior
 Ver artigos principais: Crusta oceânica e Crusta continental

A crosta terrestre apresenta duas formas muito diferentes: a crosta oceânica e a crosta continental. A crosta oceânica encontra-se sob vários milhares de metros de água e sob espessos depósitos sedimentares, sobretudo junto dos continentes. Resulta da solidificação de lavas basálticas oriundas das dorsais oceânicas. É mais densa que a crosta continental (cerca de 3 g/cm3), tem uma profundidade média de 6 a 7 quilómetros e é mais recente, com uma idade que não ultrapassa os 200 milhões de anos. A crosta continental tem uma espessura média de 35 km, podendo atingir os 70 km sob as grandes cadeias montanhosas. Tem natureza granítica, é menos densa que a crosta oceânica e é mais antiga, algumas zonas com cerca de quatro mil milhões de anos.[2][3]

Origem dos continentes editar

Os continentes são constituídos por uma mistura heterogénea de materiais leves, que flutuam e sobre o manto terrestre, mais denso. Os gnaisses de Amitsoq, que afloram no cratão da Gronelândia, são as rochas mais velhas que se conhecem. Na maioria dos cratões encontram-se rochas com a mesma idade. Com idades entre 2 500 e 3 500 milhões de anos (Pré-Câmbrico), estas regiões constituem o mais antigo núcleo dos continentes. Contudo, é provável que a crosta continental se tenha formado mais cedo, desde o início do Arqueozóico. Foram descobertos grãos de zircão com 4 400 milhões de anos, na Austrália. Este mineral é muito resistente e forma-se nos magmas graníticos. Nesta época, a Terra era muito mais quente e a sua jovem crosta constantemente bombardeada por meteoritos. Apenas os grãos de zircão, encontrados nos sedimentos, resistiram a essas condições. A crosta continental constitui-se à custa do manto terrestre. Sabe-se que há entre 3 500 a 1 800 milhões de anos lavas extremamente quentes e fluidas, os komatiitos, brotaram do manto. Muito ricas em magnésio e relativamente pobres em silício, alumínio e potássio em relação aos basaltos atuais, estas lavas resultariam do funcionamento de plumas mantélicas. Os investigadores apresentaram a hipótese de enormes bolsas de materiais quentes terem subido desde as profundezas da Terra e terem embatido na base na litosfera, atravessando-a e derramando na superfície grandes quantidades de lava. Ter-se-iam assim originado imensos planaltos, com vários quilómetros de espessura. A sua união poderia explicar a crescimento das primeiras massas continentais.[4]

Camadas geológicas da Terra[5]
 

Corte do interior terrestre, do núcleo para a exosfera. Sem escala.
Profundidade[6]
km
Camada Densidade
g/cm³
0–60 Litosfera[7]
0–35 Crosta[8] 2.2–2.9
35–60 Manto superior 3.4–4.4
35–2890 Manto 3.4–5.6
100–700 Astenosfera
2890–5100 Núcleo externo 9.9–12.2
5100–6378 Núcleo interno 12.8–13.1

Referências

  1. knoow.net. «Conceito de Crusta Terrestre». Consultado em 31 de julho de 2011. Arquivado do original em 20 de dezembro de 2010 
  2. a b Anne Debroise, Lisa Garnier e outros, Enciclopédia de Ciências Larrouse - O Planeta Terra, 5629, Rio de Mouro, Printer Portuguesa, Maria do Céu Baiôa, ISBN 972-42-3340-5, Dezembro 2004, p.21.
  3. «Crosta». Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora. Consultado em 29 de outubro de 2012 
  4. Anne Debroise, Lisa Garnier e outros, Enciclopédia de Ciências Larrouse - O Planeta Terra, 5629, Rio de Mouro, Printer Portuguesa, Maria do Céu Baiôa, ISBN 972-42-3340-5, Dezembro 2004, p.62-63.
  5. Jordan, T. H. (1979). «Structural Geology of the Earth's Interior». Proceedings National Academy of Science. 76 (9): 4192–4200. PMID 16592703. doi:10.1073/pnas.76.9.4192. Consultado em 14 de março de 2007 
  6. Robertson, Eugene C. (26 de julho de 2001). «The Interior of the Earth». USGS. Consultado em 24 de março de 2007 
  7. Variação entre 5 e 20 km.
  8. Variação entre 5 e 70 km.
 
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