Destruição criativa

conceito de Joseph Schumpeter, utilizado por diferentes abordagens desde a economia até a sociologia
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Em economia, destruição criativa ou destruição criadora (em alemão, schöpferische Zerstörung) é um conceito derivado do trabalho de Marx e popularizado pelo austríaco Joseph Schumpeter, em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, publicado nos Estados Unidos, em 1942.[1]. O conceito se popularizou no campo do pensamento econômico e, posteriormente da administração de empresas, a partir dos anos 1950. Ganhou força no contexto de ascensão do neoliberalismo e do neoconservadorismo.[2]

"Esse processo de destruição criativa é o fato essencial do capitalismo. O capitalismo consiste nesse processo e é nele que toda empresa capitalista tem de viver." (Joseph A. Schumpeter) [3]

Ainda que visse as diferentes formas criadas pelo capitalismo, Schumpeter atesta que o sistema estaria fadado a ruir — por meio do mesmo processo que o faz se transformar.

Karl Marx tratou largamente da necessidade de movimento constante que rege o capitalismo, de destruir o antigo para criar o novo, a todo tempo recriar suas bases.[4][5] [6] Sua formulação se conecta com uma tradição filosófica muito popular no pensamento alemão, que poderia remontar a Hegel e seu conceito de aufhebung), no qual as categorias são superadas dialeticamente a partir de uma contradição interna, imanente. Uma semente, por exemplo, contém tudo que é necessário para sua transformação, a potência para germinar e deixar de ser uma semente — tornando-se uma planta que voltará a carregar sementes.[7]

De forma análoga, Schumpeter compreende que a superação de um ciclo econômico ou paradigma técnico no mercado está dado no seu proprio desenvolvimento. Esse processo de superação, entretanto, acontece através da falência de diversas empresas, setores e iniciativas. Ou seja, as novas criações e inovações surgem ao destruir o que está estabelecido, como uma força incontrolável.

A primeira parte da obra de Schumpeter é uma introdução simples e resumida da teoria marxiana, que apresenta para posteriormente tecer suas críticas. Apesar das discordâncias, a ideia de uma transformação necessária permanece no autor austríaco, como vimos, mesmo não sendo marxista. Descreve um processo de inovação e os ciclos econômicos que têm lugar numa economia de mercado em que novos produtos destroem empresas velhas e antigos modelos de negócios. Para Schumpeter, as inovações dos empresários são a força motriz do crescimento econômico sustentado a longo prazo, ainda que destrua empresas bem estabelecidas nessa necessidade. Um efeito positivo disso seria a maior de dificuldade na formação de monopólios privados.

Werner Sombart, outro pensador alemão, é uma das influências diretas para a ideia em Schumpeter. Sombart cunhou a expressão capitalismo tardio (Spätkapitalismus), usada pela primeira vez em sua obra Der Moderne Kapitalismus (1902), na qual distinguia três fases do capitalismo: o capitalismo primitivo, o auge do capitalismo e o capitalismo tardio.[8]

Referências

  1. Reinert, Hugo; Reinert, Erik S. (2006). Backhaus, Jürgen G.; Drechsler, Wolfgang, eds. «Creative Destruction in Economics: Nietzsche, Sombart, Schumpeter». Springer US (em inglês): 55–85. ISBN 978-0-387-32979-6. doi:10.1007/978-0-387-32980-2_4. Consultado em 11 de dezembro de 2020 
  2. «The new creative destruction». www.atimes.com 
  3. SCHUMPETER, J.A. Capitalismo, socialismo e democracia. Tradução de Luiz Antônio de Araújo. Editora da Unesp, 2017.
    Citação do original, em inglês: This process of Creative Destruction is the essential fact about capitalism. It is what capitalism consists in and what every capitalist concern has got to live in. (Capitalism, Socialism and Democracy. Taylor & Francis e-Library, 2003, p. 83)
  4. Marx, Karl, 1818-1883. (1993). Grundrisse : foundations of the critique of political economy (rough draft). London: Penguin Books in association with New Left Review. OCLC 31358710 
  5. Marx, Karl; Engels, Friedrich (2002). The Communist Manifesto (1848). Moore, Samuel (trad. 1888). Harmondsworth, UK: Penguin. p. 226. ISBN 978-0-14-044757-6 
  6. Marx, Karl (1969). Theories of Surplus-Value: "Volume IV" of Capital (1863). 2. London: Lawrence & Wishart. pp. 495–96. ISBN 9780853151944 
  7. Kelm, Holden (11 de janeiro de 2015). «With Hegel against Hegel?». Hegel-Jahrbuch (1). ISSN 2192-5550. doi:10.1515/hgjb-2015-0151. Consultado em 11 de dezembro de 2020 
  8. Sombart, Werner. Works by Sombart. Supplementary Bibliography. International Encyclopedia of the Social Sciences, 1968. Encyclopedia.com.

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