Dexmetilfenidato

composto químico
 Nota: Este artigo é sobre o esteroisômero (S-). Para a mistura racêmica (RS), veja Metilfenidato.
Dexmetilfenidato
Alerta sobre risco à saúde
Outros nomes d-treo-Metilfenidato
(+)-treo-Metilfenidato
40431-64-9
Identificadores
Abreviação d-MPH
Número CAS 40431-64-9
PubChem [1] 154101[1]
ChemSpider 135807
ChEBI 51860
Código ATC N06BA11
SMILES
Primeiro nome comercial ou de referência Focalin, Focalin XR, Attenade
Farmacologia
Biodisponibilidade ~11–52%
Metabolismo renal
Meia-vida biológica ~4 horas
Ligação plasmática ~30%
Excreção hepática
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

Dexmetilfenidato, também conhecido pelo nome comercial Focalin, entre outros, é um fármaco usado para tratar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).[2] Caso nenhum benefício terapêutico seja observado após quatro semanas do início do tratamento, é possível que o médico interrompa seu uso. É ingerido por via oral. Sua formulação em comprimidos de liberação imediata possui efeito estimado em até cinco horas, enquanto na formulação de liberação prolongada estes podem se estender por até doze horas.[3]

Os efeitos colaterais comuns incluem dor abdominal, perda de apetite e febre.[2] Os efeitos colaterais graves podem incluir adicção, psicose, parada cardíaca, mania, anafilaxia, convulsões e priaprismo. A segurança do uso de dexmetilfenidato durante a gravidez e amamentação não é clara.[4] O dexmetilfenidato é um estimulante do sistema nervoso central (SNC).[5] É o enantiômero mais ativo do metilfenidato.

O dexmetilfenidato foi aprovado para uso médico nos Estados Unidos em 2001. Também está disponível em forma de medicamento genérico.[2] Em 2017, foi o 189º medicamento mais prescrito nos Estados Unidos, com mais de três milhões de receitas.[6][7] Também está disponível na Suíça.[8]

Não é comercializado no Brasil[9] nem em Portugal.[10]

Usos médicos editar

O dexmetilfenidato é usado como tratamento para o TDAH, geralmente em conjunto com tratamentos psicológicos, educacionais e comportamentais. Estima-se que os estimulantes amenizem os sintomas do TDAH, tornando mais fácil para o paciente se concentrar, evitar distrações e controlar impulsos comportamentais. Ensaios clínicos controlados demonstraram que o dexmetilfenidato administrado uma vez ao dia, em forma de liberação prolongada, foi eficaz e bem tolerado comparado a placebo.[5]

As melhorias nos sintomas de TDAH em crianças foram significativamente maiores o dexmetilfenidato comparado a placebo.[5] Ele também mostrou maior eficácia do que o Concerta, que se trata do metilfenidato em forma farmacêutica de sistema de liberação osmótica de liberação controlada (OROS). No entanto, a maior eficácia somente foi observada durante a primeira metade do dia, de modo que as avaliações ao final do dia favoreceram o metilfenidato na forma OROS.

Contraindicações editar

Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) classifica o dexmetilfenidato na categoria C para pessoas grávidas, de modo que estas são aconselhadas a usar o medicamento apenas se os benefícios superem os riscos potenciais.[11] Ainda não foram realizados estudos suficientes em humanos para demonstrar com precisão os efeitos do dexmetilfenidato no desenvolvimento do feto.[12] Em 2018, um artigo científico concluiu que não foi encontrado efeito teratogênico em ratos e coelhos, e disse que o dexmetilfenidato, como o metilfenidato, "não é um importante teratógeno humano",[13]

Efeitos colaterais editar

Os medicamentos que contêm dexmetilfenidato têm um perfil de efeitos colaterais comparável aos que contêm metilfenidato.[14] Os mais comuns são perda de apetite, náusea, ansiedade e insônia.[15] Fumantes com TDAH que fazem uso do dexmetilfenidato podem aumentar sua dependência de nicotina e frequência do fumo ao começarem a usar metilfenidato, com elevação da fissura por nicotina e um aumento médio de 1,3 cigarros por dia.[16]

Mecanismo de ação editar

O dexmetilfenidato é um inibidor da recaptação de catecolaminas que aumenta indiretamente a neurotransmissão catecolaminérgica ao inibir o transportador de dopamina (DAT) e o transportador de norepinefrina (NET),[17] que são responsáveis pelo fluxo de catecolaminas na sinapse, particularmente na região do estriado e sistema límbico.[18] Além disso, evidências sugerem que o dexmetilfenidato aumenta a liberação dessas monoaminas.[19]

Embora existam quatro estereoisômeros de metilfenidato (MPH), apenas os diastereoisômeros são usados na prática clínica moderna. O dexmetilfenidato (D-treo-metilfenidato) é uma preparação do enantiômero RR do metilfenidato.[20][21] Estima-se que o dexmetilfenidato possua duas vezes a força em relação ao metilfenidato, seu produto racêmico.[17][22]

Perfil de ligação editar

Fármaco[23] DAT (Ki) DA (IC50) NET (Ki) NE (IC50 )
D-TMP 161 23 206 39
L-TMP 2250 1600 > 10K 980
DL-TMP 121 20 788 51

Farmacologia editar

O dexmetilfenidato tem efeito estimado de 4 a 6 horas. Já em sua formulação de ação prolongada, pode se estender por 12 horas.[24][25] Foi demonstrado ser um medicamento eficaz em reduzir os sintomas de TDAH em crianças[26] e adultos.[27] O dexmetilfenidato tem um perfil de efeitos colaterais semelhante ao metilfenidato.[14] Pode ser administrado acompanhado ou não da ingestão de alimentos.[28]

Ver também editar

Referências

  1. PubChem. «Dexmethylphenidate». pubchem.ncbi.nlm.nih.gov (em inglês). Consultado em 3 de fevereiro de 2021 
  2. a b c «Dexmethylphenidate Hydrochloride Monograph for Professionals». Drugs.com. American Society of Health-System Pharmacists. Consultado em 15 de abril de 2019 
  3. Mosby's Drug Reference for Health Professions - E-Book. Elsevier Health Sciences. [S.l.: s.n.] 2013. ISBN 9780323187602 
  4. «Dexmethylphenidate Use During Pregnancy». Drugs.com. Consultado em 15 de abril de 2019 
  5. a b c Moen MD, Keam SJ (dezembro de 2009). «Dexmethylphenidate extended release: a review of its use in the treatment of attention-deficit hyperactivity disorder». CNS Drugs. 23: 1057–83. PMID 19958043. doi:10.2165/11201140-000000000-00000 
  6. «The Top 300 of 2020». ClinCalc. Consultado em 11 de abril de 2020 
  7. «Dexmethylphenidate Hydrochloride - Drug Usage Statistics». ClinCalc. Consultado em 11 de abril de 2020 
  8. «Focalin XR». Drugs.com. Consultado em 15 de abril de 2019 
  9. maio 10, Publicado por ABDA |; TDAH |, 2017 | Sobre (10 de maio de 2017). «Tratamento». Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Consultado em 6 de maio de 2022 
  10. Ferreira, Raquel Leitão Madureira (2019). A perceção dos professores do 1º ciclo relativamente à terapêutica da perturbação da hiperatividade e défice de atenção (PDF) (Dissertação). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 
  11. "Methylphenidate: Use During Pregnancy and Breastfeeding". Drugs.com. Archived from the original on 2 January 2018.
  12. Humphreys C, Garcia-Bournissen F, Ito S, Koren G (2007). "Exposure to attention deficit hyperactivity disorder medications during pregnancy". Canadian Family Physician. 53 (7): 1153–5. PMC 1949295. PMID 17872810.
  13. Ornoy, Asher (6 February 2018). "Pharmacological Treatment of Attention Deficit Hyperactivity Disorder During Pregnancy and Lactation". Pharmaceutical Research. 35 (3): 46. doi:10.1007/s11095-017-2323-z. PMID 29411149. S2CID 3663423.
  14. a b Keating GM, Figgitt DP (2002). «Dexmethylphenidate». Drugs. 62: 1899–904; discussion 1905–8. PMID 12215063. doi:10.2165/00003495-200262130-00009 
  15. "Ritalin LA® (methylphenidate hydrochloride) extended-release capsules" (PDF). Novartis. Archived from the original (PDF) on 20 July 2011.
  16. Bron TI, Bijlenga D, Kasander MV, Spuijbroek AT, Beekman AT, Kooij JJ (2013). "Long-term relationship between methylphenidate and tobacco consumption and nicotine craving in adults with ADHD in a prospective cohort study". European Neuropsychopharmacology. 23 (6): 542–554. doi:10.1016/j.euroneuro.2012.06.004. PMID 22809706.
  17. a b Markowitz JS, Patrick KS (junho de 2008). «Differential pharmacokinetics and pharmacodynamics of methylphenidate enantiomers: does chirality matter?». Journal of Clinical Psychopharmacology. 28: S54-61. PMID 18480678. doi:10.1097/JCP.0b013e3181733560 
  18. Schweri MM, Skolnick P, Rafferty MF, Rice KC, Janowsky AJ, Paul SM (outubro de 1985). «[3H]Threo-(+/-)-methylphenidate binding to 3,4-dihydroxyphenylethylamine uptake sites in corpus striatum: correlation with the stimulant properties of ritalinic acid esters». Journal of Neurochemistry. 45: 1062–70. PMID 4031878. doi:10.1111/j.1471-4159.1985.tb05524.x 
  19. «Focalin XR- dexmethylphenidate hydrochloride capsule, extended release». DailyMed. 27 de junho de 2020. Consultado em 15 de novembro de 2020 
  20. 6 (maio de 1997). «Chiral drugs: comparison of the pharmacokinetics of [11C]d-threo and L-threo-methylphenidate in the human and baboon brain». Psychopharmacology. 131: 71–8. PMID 9181638. doi:10.1007/s002130050267 
  21. 6 (setembro de 2004). «Brain kinetics of methylphenidate (Ritalin) enantiomers after oral administration». Synapse. 53: 168–75. CiteSeerX 10.1.1.514.7833 . PMID 15236349. doi:10.1002/syn.20046 
  22. Davids E, Zhang K, Tarazi FI, Baldessarini RJ (fevereiro de 2002). «Stereoselective effects of methylphenidate on motor hyperactivity in juvenile rats induced by neonatal 6-hydroxydopamine lesioning». Psychopharmacology. 160: 92–8. PMID 11862378. doi:10.1007/s00213-001-0962-5 
  23. Williard RL, Middaugh LD, Zhu HJ, Patrick KS (fevereiro de 2007). «Methylphenidate and its ethanol transesterification metabolite ethylphenidate: brain disposition, monoamine transporters and motor activity». Behavioural Pharmacology. 18: 39–51. PMID 17218796. doi:10.1097/FBP.0b013e3280143226 
  24. McGough JJ, Pataki CS, Suddath R (julho de 2005). «Dexmethylphenidate extended-release capsules for attention deficit hyperactivity disorder». Expert Review of Neurotherapeutics. 5: 437–41. PMID 16026226. doi:10.1586/14737175.5.4.437 
  25. Silva R, Tilker HA, Cecil JT, Kowalik S, Khetani V, Faleck H, Patin J (2004). «Open-label study of dexmethylphenidate hydrochloride in children and adolescents with attention deficit hyperactivity disorder». Journal of Child and Adolescent Psychopharmacology. 14: 555–63. PMID 15662147. doi:10.1089/cap.2004.14.555 
  26. 6 (inverno de 2004). «A double-blind, placebo-controlled withdrawal trial of dexmethylphenidate hydrochloride in children with attention deficit hyperactivity disorder». Journal of Child and Adolescent Psychopharmacology. 14: 542–54. PMID 15662146. doi:10.1089/cap.2004.14.542 
  27. Spencer TJ, Adler LA, McGough JJ, Muniz R, Jiang H, Pestreich L (junho de 2007). «Efficacy and safety of dexmethylphenidate extended-release capsules in adults with attention-deficit/hyperactivity disorder». Biological Psychiatry. 61: 1380–7. PMID 17137560. doi:10.1016/j.biopsych.2006.07.032 
  28. Teo SK, Scheffler MR, Wu A, Stirling DI, Thomas SD, Stypinski D, Khetani VD (fevereiro de 2004). «A single-dose, two-way crossover, bioequivalence study of dexmethylphenidate HCl with and without food in healthy subjects». Journal of Clinical Pharmacology. 44: 173–8. PMID 14747426. doi:10.1177/0091270003261899 


  Este artigo sobre fármacos é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.