Dia da Reconciliação
O Dia da Reconciliação é um feriado público na África do Sul realizado anualmente em 16 de dezembro. O feriado entrou em vigor em 1994, após o fim do apartheid, com a intenção de promover a reconciliação e a unidade nacional do país. A data foi escolhida por ser significativa tanto para as culturas africânderes quanto para as africanas. O governo escolheu uma data importante para ambos os grupos étnicos por reconhecer a necessidade de harmonia racial. A celebração do Dia da Reconciliação pode incluir lembrar a história, reconhecer as contribuições dos veteranos, desfiles e outras festividades.
Dia da Reconciliação | |
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A bandeira Nacional representa, em grande parte, paz e unidade. | |
Celebrado por | República da África do Sul |
Tipo | Histórico |
Data | 16 de dezembro |
Início | 16 de dezembro de 1995 |
Frequência | Anualmente |
As origens da celebração para os africânderes remontam ao Dia da Promessa, celebrado em 16 de dezembro de 1864 em comemoração à vitória dos Voortrekkers sobre os Zulus na Batalha do Rio de Sangue. Para os africanos, a data tem sido significativa como um dos protestos pacíficos contra a injustiça racial e da fundação do Lança da Nação, o braço militar do Congresso Nacional Africano (ANC), em 16 de dezembro de 1961. Nelson Mandela e a Comissão da Verdade e Reconciliação da África do Sul escolheram um dia especial para ambos os grupos étnicos no país a fim de trabalhar na cura dos danos causados pelo apartheid.
Data e observância
editarA primeira vez que o Dia da Reconciliação foi celebrado como feriado público foi em 1995.[1] O novo governo decidiu representar a unidade nacional escolhendo uma data que tinha significado para "tanto as tradições africânderes quanto a luta da libertação".[1]
No Dia da Reconciliação, grupos culturais participam de desfiles e várias festividades que ocorrem em todo o país.[2] No Dia da Reconciliação de 2013, uma estátua de Nelson Mandela, o primeiro presidente negro da África do Sul, foi inaugurada em Pretória.[3] Durante a celebração em 2009, o presidente Jacob Zuma homenageou os heróis esquecidos do país, incluindo a inscrição de cerca de cem nomes de veteranos mortos em um mural do Parque da Liberdade.[4] Em 2008, Maki Skosana, assassinada por criminosos, recebeu uma lápide e foi lembrada.[5] Para a celebração em 2001, o Congresso Nacional Africano (ANC) recordou a invasão da polícia que levou ao Julgamento de Rivonia.[6] Algumas comunidades participam de uma caminhada que também serve como memorial de Mandela.[7] Outras partes da África do Sul optaram por enfatizar a necessidade de harmonia racial em suas comunidades.[7]
Todos os anos há um tema diferente. Por exemplo:
Origem
editarOrigens africânderes
editarPara os africânderes, 16 de dezembro foi comemorado como o Dia da Promessa,[11] também conhecido como o Dia da Aliança ou Dingaan's dag, traduzido para Dia de Dingaan.[12] O Dia da Promessa foi um feriado religioso que comemorava a vitória dos Voortrekkers sobre os Zulus na Batalha do Rio de Sangue em 1838,[1] e ainda é celebrado por alguns africânderes.[13] Naquele dia, 470 Voortrekkers foram atacados em uma batalha no início da manhã liderada pelos generais de Dingane.[12] Os Voortrekkers derrotaram os Zulus, que contaram com dez mil soldados e, durante a batalha, três mil guerreiros Zulus foram mortos.[12] O evento tornou-se um "ponto de encontro para o desenvolvimento do nacionalismo, cultura e identidade africânder".[12]
O significado religioso do evento envolve a crença de que a vitória dos Voortrekkers foi ordenada pelo Deus do Cristianismo.[12] O Sínodo Geral das Igrejas de Natal dos Africânderes escolheu 16 de dezembro como "um dia eclesiástico de ação de graças por todas as suas congregações" em 1864.[12] Mais tarde, em 1894, o Dia do Dingane foi declarado um feriado público pelo Governo do Estado Livre.[12]
Durante o apartheid, 16 de dezembro continuou a ser celebrado como o Dia da Promessa[14] e o Dia da Aliança.[15] Em 1952, o Dia de Dingane foi alterado para Dia da Aliança e, em 1980, foi mudado para Dia da Promessa.[15] O Monumento de Voortrekker em Pretória foi erguido em 16 de dezembro de 1949 para comemorar o Dia de Dingane.[16][17] O ano de 1994 foi o último em que o Dia da Promessa foi celebrado pelos africânderes.[18] A transição do Dia da Promessa para o Dia da Reconciliação foi vista com emoções misturadas para africânderes.[18]
Origens africanas
editarOs africanos que não tiveram o direito de votar após a Segunda Guerra dos Bôeres protestaram contra a discriminação racial em 16 de dezembro de 1910.[12] Outros protestos contra a forma que o governo tratava a discriminação racial continuaram a ser realizados em 16 de dezembro. Em 1929, 1930 e 1934, o Partido Comunista da África do Sul (CPSA) realizou manifestações nesse dia.[12] A Convenção Africana (AAC) foi realizada durante o mesmo período em 1935, cobrindo as datas de 15 de dezembro a 18 de dezembro.[12]
Muito depois, quando os esforços de protestos passivos e resistência contra o apartheid não tiveram êxito, o Congresso Nacional Africano (ANC) decidiu formar um grupo militar ou armado.[9] A decisão de se mudar para a resistência armada ocorreu depois que o ANC foi banido pelo governo.[19] Nelson Mandela acreditava que a resistência não violenta não estava funcionando para parar o apartheid e defendia atos de sabotagem.[20] A data de 16 de dezembro é o aniversário da fundação do Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação" ou MK), a ala armada do ANC criada em 1961.[11] Naquele dia, a Lança da Nação promulgou seus "primeiros atos de sabotagem", que incluíram explosões de bombas contra edifícios governamentais em Joanesburgo, Porto Elizabeth e Durban.[12] Também em 16 de dezembro de 1961, a Liga da Nação distribuiu folhetos descrevendo como o grupo "continuará a luta pela liberdade e pela democracia via novos métodos, que são necessários para complementar as ações das organizações estabelecidas para a libertação nacional".[21]
Dia da Reconciliação
editarQuando o apartheid terminou, foi decidido manter o 16 de dezembro como um feriado público, mas infundi-lo "com o objetivo de promover a reconciliação e a unidade nacional".[14] A celebração foi criada pelo governo em 1994.[22] Nelson Mandela fazia parte do grupo de políticos que ajudaram a iniciar a ideia do feriado.[23] Em 16 de dezembro de 1995, ocorreu a primeira celebração.[1] O primeiro encontro da Comissão Sul-Africana da Verdade e Reconciliação também foi realizada em 16 de dezembro de 1995.[24] Em um discurso em 1995, o arcebispo Desmond Tutu descreveu o feriado como destinado para a necessidade de curar as feridas do apartheid.[25]
O feriado também é usado para celebrar grupos culturais minoritários na África do Sul, como o povo San.[7] Além disso, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, em 2009, enfatizou que o feriado deveria promover o "não-sexismo".[26]
Outros significados
editarO dia 16 de dezembro também é o décimo sexto dia do período de férias de verão da África do Sul. É o primeiro de quatro feriados públicos realizados no auge do verão no Hemisfério Sul, juntamente com o Dia de Natal, o Dia da Boa Vontade e o Dia de Ano Novo. Muitas pequenas empresas fecham e os funcionários entram em férias neste período.[27]
Nota
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Day of Reconciliation», especificamente desta versão.
Referências
- ↑ a b c d «Day of Reconciliation celebrated as a public holiday in SA for the first time». South African History Online. 16 de março de 2011. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ Wa Monareng, Motsebi (16 de dezembro de 2015). «Mpumalanga Reconciliation Day celebrations display cultural diversity». SABC. Consultado em 25 de outubro de 2016. Arquivado do original em 26 de outubro de 2016
- ↑ «Nelson Mandela Statue Unveiled in South Africa on Day of Reconciliation». CTV News. 16 de dezembro de 2013. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ Bateman, Barry (17 de dezembro de 2009). «Zuma homage to the 'forgotten heroes'; Tribute paid to struggle veterans at Day of Reconciliation ceremony». The Star. Consultado em 9 de julho de 2017 – via HighBeam Research. (pede subscrição (ajuda))
- ↑ «First Necklacing Victim Gets Day of Reconciliation Burial». Cape Times. 17 de dezembro de 2008. Consultado em 9 de julho de 2017 – via HighBeam Research. (pede subscrição (ajuda))
- ↑ «South Africa's ANC Old Guard Reminisce at Site of Police Raid». The Index-Journal. 16 de dezembro de 2001. Consultado em 9 de julho de 2017 – via Newspapers.com
- ↑ a b c «SA Celebrates Reconciliation Day». SABC. 16 de dezembro de 2015. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ «Invitation to Reconciliation Day». Governo da África do Sul. 11 de dezembro de 2013. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ a b «16 December: a day to learn from the past». South Africa.info. 16 de dezembro de 2014. Consultado em 25 de outubro de 2016. Arquivado do original em 5 de dezembro de 2016
- ↑ «Day of Reconciliation 2015». Governo da África do Sul. 16 de dezembro de 2015. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ a b «Day of Reconciliation». Governo da África do Sul. Consultado em 28 de março de 2017
- ↑ a b c d e f g h i j k «December 16, the reflection of a changing South African heritage». South African History Online. 31 de março de 2011. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ Bearak, Barry (16 de dezembro de 2009). «Holiday of White Conquest Persists in South Africa». The New York Times. Consultado em 25 de outubro de 2016
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- ↑ a b «Day of Reconciliation». Encyclopædia Britannica. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ Malathronas, John (12 de setembro de 2016). «City of change: Exploring new South Africa in old Pretoria». CNN. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ «December 16, the reflection of a changing South African heritage». www.sahistory.org.za. 31 de março de 2011. Consultado em 28 de outubro de 2016
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- ↑ O'Malley, Padraig. «Umkhonto we Sizwe (MK) operations report - The O'Malley Archives». Nelson Mandela Centre of Memory. Consultado em 9 de julho de 2017
- ↑ Laing, Aislinn (5 de fevereiro de 2011). «Nelson Mandela's Spear of the Nation: the ANC's armed resistance». The Telegraph. Consultado em 9 de julho de 2017
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- ↑ Sagolla, Lisa Jo (11 de novembro de 2010). «Collaborating Across Cultures». Back Stage. 51 (45): 6 – via EBSCOhost. (pede subscrição (ajuda))
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- ↑ Daly, Erin; Sarkin, Jeremy (2007). Reconciliation in Divided Societies: Finding Common Ground. Filadélfia: University of Pennsylvania Press. 276 páginas. ISBN 9780812239768
- ↑ Wilson, Richard A. (2001). The Politics of Truth and Reconciliation in South Africa: Legitimizing the Post-Apartheid State. Cambridge: Cambridge University Press. 14 páginas. ISBN 0521001943
- ↑ «Thousands Celebrate Day of Unity». The Times. 17 de dezembro de 2009. Consultado em 26 de outubro de 2016 – via EBSCOhost. (pede subscrição (ajuda))
- ↑ «When To Go To South Africa». Go2Africa Pty (Ltd). Consultado em 16 de fevereiro de 2011"South Africans tend to take their annual holidays ... mid-December to late January"
Ligações externas
editar- Discurso do presidente Nelson Mandela no primeiro Dia da Reconciliação, em 16 de dezembro de 1995 (em inglês);
- Day of Reconciliation, em OfficeHolidays;
- Day of Reconciliation, em SA-Venues.