Diego Irarrazaval nasceu em 8 de dezembro de 1942[1] em Santiago, Chile. É um escritor e teólogo chileno.

Biografia editar

Entre 1966 e 1969, obteve a licenciatura em teologia pela Universidade Católica do Chile. Entre 1974 e 1975, cursou o mestrado em estudos da religião, pela Universidade de Chicago. Em 1984, foi ordenado sacerdote em Chucuito (Peru)[2]. Em 2002, passou seis meses estudando Investigação Bíblica no Instituto Ecumênico Tantur em Jerusalém. Sacerdote católico e integrante da Congregação de Santa Cruz, entre 2004 e 2008, foi vigário da Paróquia de San Roque em Santiago. Entre 1996 e 2006 foi vice-presidente e presidente da Associação de Teólogos do Terceiro Mundo, foi integrante da Sociedade Chilena de Teologia e de Ameríndia. Entre 2005 e 2009 foi integrante do Conselho Editorial da Revista Concilium. Entre 2007 e 2011 foi integrante do Conselho Editorial da Revista Studies in World Christianity and Interreligious Studies. Entre 2004 e 2008 foi integrante do Diretório do Instituto de Cultura e Tecnologia Andina e da Associação Sulamericana de Filosofia e Teologia Intercultural. Entre 2005 e 2008 foi integrante do Centro Manuel Larraín da Universidade Alberto Hurtado e da Facultade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de Santiago, Chile. Ensinou teologia em vários países da América Latina, tendo sido: entre 2007 e 2008, professor adjunto no Instituto de Ciências Religiosas, da Universidade Católica Silva Henriquez em Santiago; entre 1971 e 1973, professor e diretor do Departamento de Estudos Teológicos para Leigos da Universidade Católica do Chile. Entre 1975 e 1981, foi integrante do Instituto Bartolomé de las Casas, em Lima (Peru). Entre 1981 e 2004, foi Diretor do Instituto de Estudos Aymaras no Peru e editor do Boletim do Instituto Aymara. Entre 1981 e 2003, foi professor de Filosofia e de Teologia no Seminário Interdiocesano Nossa Senhora de Guadalupe. Durante três décadas foi assessor em seminários e cursos do Instituto de Pastoral Andina (IPA), no Peru. Participou dos Encontros Latinoamericanos de: Teologia Indígena, nos anos de 1990, 1993, 1997, 2001, 2006; de Teologia Feminista em 1999; de Teologia Afro-latino-americana-caribenha em 2003. Ministrou cursos na Facultade de Teologia da Arquidiocese de São Paulo, em 1992; no Instituto Ecumênico de Estudos Teológicos Andinos, de La Paz (Bolivia), em 2000; no Instituto da Missão Maryknoll, em Nova Iorque, em 2000, na Universidade Bíblica Latinoamericana (UBL), na Costa Rica, em 2001; e em Lima, em 2004. Entre 2004 e 2008, foi professor do Instituto Superior de Teologia e Pastoral em Santiago (Chile).

Diego entendia a fé como contemplação da realidade divina e acreditava que a melhor forma de honrar à Deus seria por meio do silêncio, uma vez que seriamos incapazes de compreendê-lo. Portanto, haveria três enfoques:

  1. o da revelação: o Mistério do Reino de Deus nos seria manifestado a partir de Cristo;
  2. o simbólico: a maior negação do Mistério ocorreria por meio da idolatria, e não por meio do ateísmo;
  3. a perspectiva de gênero: as teologias feministas entenderiam o Mistério como Poder-Relacional, o Mistério do amor as empoderaria.

Diego dizia que era uma voz em favor de redes eclesiais que faziam teologia a partir do pobre. O ponto de partida de sua militância foi a indignação diante das injustiças. Sua atividade eclesial teve como centro o trabalho com populações marginalizadas e foi influenciada pelo Concílio Vaticano II e pelas ideias de Paulo Freire

Na década de 1970 teve que sair do Chile, diante da situação de terror instalado pela Ditadura de Pinochet e foi atuar no Porto de Chimbote, onde manteve-se ligado ao Centro Bartolomé de las Casas, Lima, que era dirigido por Gustavo Gutiérrez.

Diego estudou a religiosidade popular no Peru e no conjunto do continente latinoamericano. Entre as conclusões de seu primeiro livro sobre este tema cabe destacar que:

  1. a do povo não estaria ligada suficientemente com a ação libertadora; e
  2. muitas de suas imagens e práticas não eram criações próprias, mas procediam dos dominadores.

Posteriormente, afirmou que aquela primeira avaliação era muito esquemática, que foi superada quando descobriu o universo simbólico andino.

Participou ativamente do despertar das novas teologias na América Latina: a indígena, a afrolatinoamericana, a feminista, a camponesa, a ecológica, que têm a espiritualidade como alma, raiz e alimento.

Destacou os aspectos culturais e religiosos como portadores do sofrimento e dos projetos de vida da humanidade marginalizada.

Analisou com rigor antropológico e teológico as culturas do pobre e as representações andinas de Deus e as apresentou respeitosamente.

Afirmou que nem Cristo nem seu Espírito seriam etnocêntricos, pois Deus falaria polifônicamente em diversas línguas e por meio de obras humanas e que o mundo indígena o ensinou muito sobre o Mistério de Deus[3].

Estudo sobre as festas religiosas editar

Diego afirmou que as festas religiosas teriam um caráter ambíguo, pois teriam elementos libertadores e fatores desumanizantes. Tais festas:

  1. seriam reflexos das buscas e das penúrias humanas, sintetizariam as sensibilidades, trajetórias, vivências e visões da fé;
  2. teriam como principal objetivo o desfrute da liberdade em plenitude;
  3. se moveriam dentro da tradição de resistência social e da imaginação de um mundo melhor, mais justo e solidário;
  4. teriam dentre suas características a criatividade simbólica do povo capaz de transformar a história;
  5. potencia a práxis comunal e a coesão social e familiar;
  6. congrega e fortalece as relações de parentesco, renovando os laços familiares;
  7. fortalece a identidade comunal e estreita vínculos com outras comunidades que participam das festas populares; e
  8. ajudam a superar a dispersão e o individualismo da vida cotidiana.

Em um escrito denominado "Un Jesús Jovial", examinou 144 trechos do Novo Testamento que demonstrariam o bom humor de Jesus e de seus seguidores. Em escritos posteriores denominados: "Gozar la espiritualidad" e "Gozar la ética", afirmou que:

  1. Jesus seria um gozador, que não difundia conceitos e regulamentos, mas que se dedicava ao anúncio da Boa Nova, como no discursos das Bem aventuranças, no qual iniciava as frases com a expressão "Felizes", foi crucificado, porém, depois da Ressurreição, seu Espírito trouxe alegria para a comunidade; e
  2. nas comunidades cristãs da América Latina, a palavra de Deus seria lida de modo orante, militante e festivo, a comunicação do Evangelho seria jovial e com alegria capaz de transformar o mundo marcado pela depressão pessoal e pela injustiça social[3].

Obras editar

  • "Religión del pobre y liberación (en Chimbote)" (CEP, Lima, 1978);
  • "Hacia una teología de los pobres" (em co-autoria com Maximiliano Salinas) (CEP, Lima, 1980);
  • "Religión y política en América Central" (em co-autoria com Pablo Richard) (DEI, San José, 1981);
  • "Navidad en la tradición de los pobres" (CEP, Lima, 1981);
  • "Sacramentos de iniciación, agua y espíritu de libertad" (em co-autoria com Victor Codina) (Paulinas, Madri, 1987; ed. em português: Vozes, Petrópolis, 1988);
  • "Tradición y porvenir andino" (Tarea, Idea, Lima, 1992);
  • "Catolicismo popular: historia, cultura, teologia" (Vozes, Petrópolis, 1993);
  • "Rito y pensar cristiano" (CEP, Lima, 1993);
  • "Culturas y fe latianoamericana" (Rehue, Santiago, 1994);
  • "Medicina aymara" (em co-autoria com Domingo Llanque e Santiago Mendoza) (Hisboil, La Paz, 1994);
  • "Inculturación. Amanecer eclesial en América Latina" (CEP, Lima, 1998; Abya Yala, Quito, 2000);
  • "La fies-ta, símbolo de libertad" (CEP, Lima, 1998);
  • "Un cristianismo andino" (Abya Yala, Quito, 1999);
  • "Teología de la fe del pueblo" (DEI, San José, 1999);
  • "Renacer masculino, género en la acción teológica" (2000);
  • "Mística y acción de género" (2001);
  • "Audacia evangelizadora, entre culturas y entre religiones" (Verbo Divino, Cochabamba, 2001);
  • "Mística y acción de género" (Chucuito, Perú, 2001);
  • "Misión inculturada e interreligiosa" (2001);
  • "La cuestion incultural" (2002);
  • "Felicidad masculina, una propuesta ética" (2002);
  • "Un Jesús jovial" (Paulinas, Lima, 2003);
  • "Raíces de esperanza" (CEP, Lima, 2004);
  • "Gozar la espiritualidad" (San Pablo, Buenos Aires, 2004);
  • "Gozar la ética" (San Pablo, Buenos Aires, 2005);
  • "Evangelio inculturado y universal" (2005);
  • "Evangelización en culturas mestizas en Chile" (2006),
  • "Interculturalidad y teologia" (2007);
  • "Da baixo e de dentro. Creencias Latinoamericanas" (Nhanduti Editora, São Bernardo do Campo, 2007);
  • "Lo andino-cristiano. Inculturación del cristianismo" (Iecta, Iquique, 2007). [3]

Referências

  1. Diego J. Irarrazaval, em inglês, acesso em 07 de julho de 2016.
  2. Un misionero chileno en Perú, em espanhol, acesso em 07 de julho de 2016.
  3. a b c La Teologia de La Liberacion Juan Jose Tamayo, em espanhol, acesso em 06 de julho de 2016.