Pina Manique

magistrado português (1733-1805)

Diogo Inácio de Pina Manique (Lisboa, Santa Catarina, 3 de Outubro de 1733Lisboa, Anjos, 1 de Julho de 1805)[1], moço fidalgo da Casa Real, primeiro senhor de Manique do Intendente; 4.º senhor do morgado de São Joaquim, na vila de Coina; alcaide-mor de Portalegre, comendador da Ordem de Cristo[2], foi um magistrado português.

Pina Manique
Pina Manique
Nascimento 3 de outubro de 1733
Lisboa
Morte 1 de julho de 1805
Lisboa
Cidadania Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação magistrado, político
Assento de baptismo de Diogo Inácio de Pina Manique, datado de 13 de Novembro de 1733. Paróquia de Santa Catarina, Lisboa.
Retrato de Pina Manique (Oficina portuguesa do séc. XVIII), Palácio do Correio Velho, Lisboa.

Biografia editar

Como os pais tinham algumas poupanças guardadas, enviaram-no para Coimbra, sendo aqui que se formou em Leis pela Faculdade de Leis da Universidade de Coimbra.

Ocupou diversos cargos, antes de ser designado Intendente-Geral da Polícia. Foi juiz do crime em diversos bairros de Lisboa, desembargador da Relação do Porto (1768), desembargador dos Agravos da Casa da Suplicação (1771), superintendente-geral de Contrabandos e Descaminhos dos Reais Direitos [1775], contador da Fazenda (1776), desembargador do Paço (1786), administrador-geral da Alfândega do Açúcar, provedor dos feitos das alfândegas do Reino (1781) e chanceler-mor do Reino (1803)[3].

Homem da confiança de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, só foi, no entanto, nomeado intendente-geral da Polícia da Corte e do Reino em 1780, após a queda desse seu protetor, sob o reinado de D. Maria I de Portugal (1777-1816)[3][4].

O cargo lhe dava estatuto de ministro e assento no Conselho Real, além de ampla jurisdição sobre uma gama variada de assuntos ligados à ordem pública, saneamento e ao controle do espaço e da população urbana[3].

Em 1781, por sua iniciativa funda a Real Casa Pia de Lisboa, que começou a funcionar no Castelo de São Jorge, a seu mando, que foi destinada inicialmente a recolher ladrões, prostitutas, proxenetas, mendigos e todos aqueles que "denegriam a sociedade lisboeta" de então. Aqui, juntamente com as melhores figuras culturais da época, criava ensino e ocupação para que estas pessoas tivessem trabalho, dignidade e futuro.

Esteve também à frente da criação da Guarda Real da Polícia (1801), da introdução do primeiro sistema de iluminação de Lisboa e do Teatro de São Carlos (1793)[3].

A sua acção na força policial igualmente orientou-se para a repressão das ideias oriundas da Revolução Francesa, designadamente através da proibição de circulação de livros e publicações, e da perseguição a diversos intelectuais, especialmente maçons que ele culpava de terem conspirado a favor da referida revolução.[5] Prendeu e mandou para inquisição o poeta Manoel Maria Barbosa Hedois du Bocage, como a muitos e muitos outros suspeitos de ideias francesas, Bocage foi entregue à inquisição - que também será liquidada por Bonaparte, e não morrerá em suas masmorras, mas no mesmo ano de Pina Manique, prematuramente, em 1805. Em 1808 as tropas francesas ocuparão Portugal.

A pedido de Napoleão Bonaparte, por ter tido desavenças com o general João Lannes, embaixador francês em Portugal, o regente D. João viu-se "obrigado" a demiti-lo em 14 de Março de 1803, dos cargos de intendente-geral da Polícia da Corte e do Reino, administrador-geral da D. Maria I e feitor-mor das Alfândegas do Reino[3]

Dois anos após abandonar o cargo, faleceu depois de um atentado a caminho da sua vila de Manique do Intendente, tendo sido levado para o seu palácio da Travessa da Cruz, em Lisboa, nos Anjos. Tinha 71 anos. Foi sepultado num jazigo subterrâneo de família no Convento de Nossa Senhora da Penha de França.

Dados genealógicos editar

Filho legítimo de Pedro Damião de Pina Manique (Lisboa, , bap. 12 de Outubro de 1704 - Lisboa, Santa Engrácia, 13 de Dezembro de 1756), Cavaleiro Fidalgo da Casa Real, 3.º Senhor do Morgado de São Joaquim da Coina, Cavaleiro da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, etc. e de sua mulher Helena Inácia de Faria (Lisboa, Santa Catarina, bap. 17 de Fevereiro de 1715 - Lisboa, Santa Engrácia, 27 de Março de 1785), que contraíram matrimónio em Oeiras a 25 de Julho de 1731, neto paterno de Joaquim de Pina Manique, de ascendência Alemã pelos Manique, inicialmente Meineken, Escrivão da Executória das Commendas das Ordens, e de sua mulher Maria Josefa da Encarnação de Barroso é neto materno de José Soares de Andrade, Coronel do Mar, e de sua mulher Catarina Josefa de Almeida que, curiosamente, tinham um modo de vida muito humilde. Quando Pina Manique nasceu, viviam numa pequena casa tradicional no Beco do Carrasco.

Foi casado com Inácia Margarida Umbelina de Brito Nogueira de Matos (Lisboa, Santa Justa, bap. 31 de Julho de 1749 - Lisboa, Anjos, 10 de Outubro de 1808), com quem casou a 8 de Dezembro de 1773 na Igreja Paroquial de São Cristóvão, em Lisboa, filha sacriléga do padre Nicolau de Matos Leitão Nogueira de Andrade, Fidalgo Capelão da Casa Real, Monsenhor do Patriarcado de Lisboa, Governador do Arcebispado de Évora, membro do Conselho privado do Rei D. José I, condenado pelo Tribunal da Inconfidência e deportado para Angola por ordem do Marquês de Pombal, e de Ana Joaquina Teresa de Sampaio.

Teve quatro filhos e filhas:

Referências

  1. «Resenha das famílias titulares do reino». Google. Books.google.pt 
  2. «Pina Manique (Diogo Inácio da), Portugal». - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume V, págs. 738-740, Edição em papel de João Romano Torres, em 1904-1915, Edição electrónica de Manuel Amaral, em 2000-2010 
  3. a b c d e Diogo Inácio de Pina Manique, MAPA, 19 de Dezembro de 2016 | Última atualização em 13 de Julho de 2018
  4. Acumulou esse cargo com os de desembargador dos Agravos da Casa da Suplicação, contador da Fazenda, superintendente-geral de Contrabandos e Descaminhos e fiscal da Junta de Administração da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba.
  5. «cumentos/1223995365B5yIX7es3Wa00LB0.pdf Anglismo na Maçonaria em Portugal no limiar do século XIX, Maria da Graça Silva Dias, Análise Social, vol .XVI (61-62), 1980-1.º-2.º, pág. 402». analisesocial.ics.ul.pt [ligação inativa]

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