Dionísio Periegeta

poeta em grego do século IV romano

Dionísio Periegeta (Dionysius Periegetes, em latim, ou Διονύσιος ὁ Περιηγητής, em grego, o que literalmente significa Dionísio, o da Descrição) foi o autor de uma Περιήγησις τἣς γἣς (Descrição da Terra) em versos hexâmetros que se conservou até ao presente.

Dionísio Periegeta
Dionísio Periegeta
Mapa do Mundo segundo Dionysios Periegetis na obra Mapas do Mundo (1898) de Konrad Miller
Nascimento 290 ?
Morte 310 ?
Ocupação Poeta de língua grega; Geógrafo

Vida editar

Sobre a época e o país natal de Dion̟ísio houve muitas conjeturas, apesar de todos os estudiosos concordarem em situá-lo já na era cristã, ou no Império Romano, como deve, necessariamente, inferir-se a partir de certas passagens da própria Descrição da Terra, como no v. 355 onde o autor fala dos seus ἄνακτες, ou seja soberanos, título que só pode ser aplicado aos imperadores. Subsistia a questão de a quais imperadores aludia Dionisio, havendo respostas muito diversas: alguns autores situavam-no no reinado de Augusto, outros no de Nero, e outros ainda no de Marco Aurélio e Lúcio Vero, ou no de Septímio Severo e dos seus filhos. O própio Eustácio de Tessalônica, seu comentador, duvidava sobre a época em que Dion̟ísio viveu.

Todas as dúvidas foram disipadas por Gottfried Bernhardy, um editor de Dionísio, que estabeleceu com muita probabilidade, em parte pelos nomes dos países e nações mencionados na Descrição da Terra, em parte pela menção dos hunos[1] e em parte pelo carácter geral do poema, que o seu autor deve ter vivido no final do século III ou no princípio do século IV.

No que respeita ao seu país de origem, a Suda infere pela forma entusiástica com que Dionísio fala do rio Rhebas[2] que ele nasceu em Bizâncio o nalgum lugar próximo, mas Eustácio[3] e o Escólio sobre Dionísio Periegeta consideram-no africano.

A Periégesis editar

A Periégesis de Dionísio contem uma descrição de toda a Terra até onde era conhecida na sua época. O autor parece seguir principalmente os pontos de vista de Eratóstenes. A obra está escrita num estilo seco e claro, tendo gozado de grande popularidade no final da era romana, comprovado pelo facto dos romanos terem feito duas traduções da obra: uma por Rufo Festo Avieno e outra pelo gramático Prisciano. Eustácio de Tessalônica escreveu um comentário muito valioso sobre a obra que subsistiu até aos nossos dias.

Edições editar

A primeira impressão da Periegesis surgiu em Ferrara em 1512.[4] Aldo Manucio imprimiu-a em Veneza em 1513 em conjunto com obras de Píndaro, Calímaco e Licofron[5] e Henri Estienne incorporou-a no seu Poetae graeci principes heroici carminis (1566, París).[6]

Uma das mais úteis edições seguintes é a de Edward Thwaites (Oxford, 1697) que inclui o comentário de Eustácio de Tessalónica e a paráfrase e escólio gregos.[7] Também foi incluida no quarto volume de Geographiæ minores de John Hudson (1712),[8] a partir da qual seria reimpressa separadamente (Oxford, 1710 e 1717).

Existe finalmente a edição valiosa de Gottfried Bernhardy (Leipzig, 1828),[9] que constitui o primeiro volume duma coleção de geógrafos griegos menores. É completada por uma disertação excelente e muito erudita e pelos comentários antigos.

Outras obras editar

Além da Periegesis, Eustácio afirma que também se atribuiam a Dionisio, outras obras, concretamente Λιθικά (Sobre as Pedras),[10] Ὀρνιθικά (Sobre os Pássaros) e Βασσαρικά (Báquicas). Esta última, que significa o mesmo que Διονυσιακα (Dionísiacas),[11] é frequentemente citada por Estêvão de Bizâncio.[12]

Notas editar

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Dionisio Periegeta».
  1. Dionisio Periegeta v.730.
  2. Dionisio Periegeta v. 793 e seg.
  3. Eustácio de Tessalônica, Sobre Dionisio Periegeta v.7.
  4. Dionisio Periegeta, Dionysii Afri De situ orbis studiosis necessariū, quo gentes, populi, urbes, maria, flumina explicantur, græce scriptū Idem in latinitatē a Rhemnio grāmatico trāslatū, falso hactenus Prisciano adscriptum, in quo propè ducēta loca castigauimus, quæ et Plynio et reliqs geographis plurimum accōmodabunt. In idem annotamenta Græcorū more latine scripta, in quibus aliquot autorum castigationes continentur, Ferraraː Ioānes Maciochus Bondenus (1512), OCLC 101819395
  5. Píndaro, Calímaco, Dionísio Periegeta, Licofron, Pindarou Olumpia, Puthia, Nemea, Isthmia, Venezaː Aldi, et Andreae Asulani soceri (1513) OCLC 71515288
  6. Stephanus, Henr (1566), Poetae graeci principes heroici carminis et alii nonnulli: fragmenta aliorum, Excud. H. Stephanus, ill. viri Huldrichi Fuggeri typographus, OCLC 65058062
  7. Thwaites, E. (ed.) (1697), Dionysii Orbis descriptio: cum veterum scholiis, et Eustathii commentariis: accedit Periegesis Prisciani, cum notis Andreæ Papii, Oxfordː E Theatro Sheldoniano, OCLC 16307623
  8. Hudson, J. (ed.) (1698-1712), Geographiæ veteris scriptores græci minores cum interpretatione latina, dissertationibus, ac annotationibus, Oxfordː E Theatro Sheldoniano, OCLC 12281166
  9. Bernhardy, G. (ed.) (1828), Dionysius Periegetes Graece et Latine cum vetustis commentariis et interpretationibus ex recensione et cum annotatione Godofredi Bernhardy, Leipzigː Libraria Weidmannia, OCLC 3322124
  10. Sobre esta obra, veja-se o Escólio sobre Dionisio Periegeta v. 714; Máximo, o Confessor, Sancti Dionysii Areopagitae Opera omnia qvae extant 2; Bernhardy (1828), 502.
  11. Suda, s. v. Σωτήριχος.
  12. Ver Bernhardy (1828), 507 e sig., 515.