Dom Roberto (1962) é um filme português de José Ernesto de Sousa, a sua única longa metragem. É, com Os Verdes Anos, de Paulo Rocha, uma das obras fundadoras do Novo Cinema português.

Dom Roberto
Portugal Portugal
1962 •  pb •  102 min 
Género drama, comédia
Direção José Ernesto de Sousa
Roteiro Leão Penedo
Elenco Raul Solnado
Glícinia Quartin
Nicolau Breyner
Rui Mendes
Luís Cerqueira
Fernanda Alves
Distribuição Marfilmes
Lançamento 30 de Maio 1962
Idioma português

É uma obra inovadora em que se fundem tendências do neo-realismo e da Nouvelle Vague francesa, movimento vanguardista do cinema com o qual Ernesto de Sousa esteve em contacto directo, tendo travado conhecimento com alguns dos seus mais ilustres representantes, em Paris.

O filme foi estreado no cinema Império a 30 de Maio de 1962.

Ficha sumária editar

Sinopse editar

O tema central é a vida miserável de um vagabundo sonhador da cidade de Lisboa, João Barbelas, a quem os garotos deram a alcunha de "Dom Roberto" por o verem deambular com o seu teatro ambulante de fantoches pelas ruas da cidade. Barbelas tem um romance de amor com uma rapariga de triste passado, a Maria, que ingenuamente acredita ter conseguido arranjar casa para consumar o amor que por ele sente e com ele partilhar a alegria de viver.

A felicidade é traiçoeira. Perdem ambos a casa mas conservam a esperança e a ternura, tendo a fome como fatalidade.

Enquadramento histórico editar

Na sua estreia no cinema Império, a maior sala de Lisboa, o filme foi ruidosamente anunciado como sendo um filme novo de um novo cinema. Foi seleccionado para o Festival de Cannes (1963 - Menção Especial do Júri do Melhor Filme para a Juventude), mas Ernesto de Sousa foi impedido pela PIDE de nele comparecer, tendo sido perseguido e preso.

Existem divergências entre críticos e historiadores no que toca o lugar deste filme na história do cinema português, filme considerado por alguns como a primeira obra do chamado Novo Cinema em Portugal e por outros como simples expressão neo-realista de um tema já explorado (Saltimbancos de Manuel Guimarães). Tornou-se lugar-comum afirmar-se que Verdes Anos é "mais novo cinema" que Dom Roberto. Seria talvez mais rigoroso dizer-se que é menos neo-realista. A comparação nessa perspectiva poderá tornar-se mais esclarecedora.

É no entanto óbvio que este filme marca uma rotura com a tradição anterior visto assumir-se simultaneamente como filme "político" no auge do Estado Novo e como filme de vanguarda pela sua abordagem formal, por um novo tratamento cinematográfico e pelo seu modo de produção, improvisado e precário. Dom Roberto foi produzido sem apoios do Estado, com fundos obtidos pelo movimento cine-clubista, de que Ernesto de Sousa foi fundador, através da revista de cinema Imagem, de que também foi iniciador e principal redactor. Com o filme Os Verdes Anos (1963) de Paulo Rocha, em que a questão política e a influência neo-realista é menos explícita, Dom Roberto marca de facto o início de uma viragem formal, estética e ideológica na história do cinema de Portugal.

Ficha artística editar

Ficha técnica editar

  • Realizador - Ernesto de Sousa
  • Produtor - Rafael Pena e Costa
  • Director de fotografia - Abel Escoto
  • Iluminação - João de Almeida
  • Robertos - António Dias
  • Montagem - Pablo del Amo
  • Director de som - Augusto Lopes
  • Laboratório de imagem - Ulyssea Filme
  • Género: ficção (drama social)
  • Duração: 102'
  • Distribuição: Imperial Filmes
  • Estreia: Cinema Império, em Lisboa, a 30 de Maio de 1962

Festivais editar

Ver também editar

Ligações externas editar

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