e (constante matemática)

Constante matemática; limite de (1 + 1/n)^n quando n se aproxima de infinito; número transcendente aproximadamente igual a 2,718281828
 Nota: Não confundir com a constante de Euler. Para outros sentidos de e, veja e (desambiguação).

O número e é uma constante matemática, aproximadamente igual a 2,71828, que é a base dos logaritmos naturais.

Gráfico da equação y = 1/x. Aqui, e é o número único maior que 1 que faz a área sob a curva ser igual a 1

O número e também é chamado de número de Euler (não confundir com a constante de Euler ) — nomeado em homenagem ao matemático suíço Leonhard Euler — ou constante de Neper — em homenagem a John Napier.[1][2] A constante foi descoberta pelo matemático suíço Jacob Bernoulli enquanto estudava juros compostos.[3][4]

O número e é de grande importância na matemática,[5] junto de 0, 1, π, e i. Todos os cinco aparecem numa formulação da identidade de Euler e têm papéis importantes e recorrentes na matemática.[6][7] Semelhante à constante π, e é irracional (não pode ser representado como uma razão de dois inteiros) e transcendente (não é uma raiz de nenhuma função polinomial com coeficientes racionais).[2] Com 50 casas após a vírgula, o valor de e é:[8]

2,71828182845904523536028747135266249775724709369995...

Definições editar

O número e pode ser calculado como o limite de (1 + 1/n)n quando n se aproxima de infinito, uma expressão que provem da computação dos juros compostos.[9] Também pode ser calculado como soma da série infinita[10]

 

Ele também é o único número positivo a tal que o gráfico da função y = ax tem um declive de 1 quando x = 0.[11]

A função exponencial (natural) f(x) = ex é a única função f que é igual a sua própria derivada e satisfaz a equação f (0) = 1; portanto, e também pode ser definido como f(1). O logaritmo natural, ou logaritmo de base e, é a função inversa da função exponencial natural. O logaritmo natural para um número natural k > 1 pode ser definido diretamente como a área sob a curva y = 1/x entre x = 1 e x = k, neste caso, e é o valor de k para o qual esta área é igual a 1 (ver imagem).[11] Há várias outras caracterizações.

História editar

A primeira referência à constante foi publicado em 1618 numa tabela de apêndice de um trabalho de logaritmos por John Napier. No entanto, esta obra não continha a constante em si, mas simplesmente uma lista de logaritmos na base e. Assume-se que a tabela foi escrita por William Oughtred.[4][12]

A constante em si foi introduzida por Jacob Bernoulli em 1683, para resolver problemas de juros continuamente compostos.[13][9] Em sua solução, a constante e ocorre como o limite de

em que e representa o número de intervalos em um ano em que o juros compostos é calculado (por exemplo, n = 12 para juros compostos mensalmente).

O primeiro símbolo utilizado para esta constante foi a letra b por Gottfried Leibniz em cartas a Christiaan Huygens em 1690 e 1691.[14]

Leonhard Euler começou a utilizar a letra e para a constante em 1737 ou 1728, num artigo não publicado dobre forças explosivas em canhões,[15] em 25 de novembro de 1731.[16][17] A primeira aparição de e em uma publicação impressa foi em Mechanica de Euler (1736).[18] É desconhecido o motivo por que Euler escolheu a letra e.[19] Apesar de que alguns pesquisadores usaram a letra c nos anos subsequentes, a letra e era mais comum e eventualmente tornou-se o padrão.[20]

Euler provou que e é a soma da série infinita

 

em que n! é o fatorial de n.[4] A equivalência das duas caracterizações usando o limite e a série infinita podem ser provados usando o binômio de Newton.[10]

Aplicações editar

Juros compostos editar

 
O efeito de ganhar 20% de juros anuais num investimento inicial de mil dólares a várias frequências compostas. A curva limite no topo é o gráfico y = 1000e0,2t, em que y está em dólares, t em anos, e 0,2 = 20%

Jacob Bernoulli descobriu esta constante em 1683, enquanto estudava uma questão sobre juros compostos:[4]

Uma conta começa com $ 1,00 e paga 100% de juros ao ano. Se os juros forem creditados uma vez, no final do ano, o valor da conta no final do ano será de $ 2,00. O que acontece se os juros forem calculados e creditados com mais frequência durante o ano?

Se os juros forem creditados duas vezes ao ano, os juros a cada seis meses será de 50%, então o um dólar inicial será multiplicado por 1,5 duas vezes, rendendo $ 1,00 × 1,52 = $ 2,25 no fim do ano. Se for rendimentos trimestrais, renderá $ 1,00 × 1,254 = $ 2,44140625, e mensalmente será $ 1,00 × (1 + 1/12)12 = $ 2,613035... Se há n intervalos compostos, os juros de cada intervalo será 100%/n e o valor no fim do ano será $ 1,00 × (1 + 1/n)n.[21][22]

Bernoulli observou que essa sequência se aproxima de um limite com n maior e, assim, intervalos de rendimento menores.[4] Com rendimento semanal (n = 52), o valor atinge $ 2,692596..., enquanto com rendimento diário (n = 365) atinge $ 2,714567... (aproximadamente dois centavos a mais). O limite à medida que n cresce é o número que ficou conhecido como e. Ou seja, com rendimentos contínuos, o valor da conta atingirá $ 2,718281828... De maneira mais geral, uma conta que começa com um dólar e oferece uma taxa de juros anual de R, após t anos, resultará em eRt dólares com capitalização contínua. Aqui, R é a equivalência decimal dos juros expresso em porcentagem, então para 5% de juros, R = 5/100 = 0,05.[21][22]

Ensaio de Bernoulli editar

 
Grafico de probabilidade P de não observar eventos independentes cada um de probabilidade 1/n após n ensaios de Bernoulli, e 1 − P vs n ; isso pode ser observado que quando n aumenta, a probabilidade de um evento de chance de 1/n nunca parecer após n tentativas rapidamente converge para 1/e

O Número e também tem aplicações na teoria das probabilidades, de uma maneira que não está obviamente relacionada com o crescimento exponencial. Suponha que um jogador jogue uma máquina caça-níqueis que paga com uma probabilidade de um em n e jogue n vezes. À medida que n aumenta, a probabilidade de o jogador perder todas as n apostas aproxima-se de 1/e. Para n = 20, isso já é aproximadamente 1/2,789509...

Este é um exemplo de um processo de ensaio de Bernoulli. Cada vez que se joga no caça-níqueis, há uma probabilidade de uma em n de ganhar. Jogando n vezes é modelado pela distribuição binomial, que é proximamente relacionado ao binômio de Newton e ao triângulo de Pascal. A probabilidade de ganhar k vezes das n tentativas é de:[23]

 

Em particular, a probabilidade de não ganhar nenhuma vez (k = 0) é

 

O limite da expressão acima, quando n tende a infinito, é precisamente 1/e.

Crescimento e decaimento exponencial editar

O crescimento exponencial é um processo que aumenta a quantidade ao longo do tempo a uma taxa cada vez maior. Isso ocorre quando a taxa de variação instantânea (ou seja, a derivada) de uma quantidade em relação ao tempo é proporcional à própria quantidade.[22] Descrita como uma função, uma quantidade passando por crescimento exponencial é uma função exponencial do tempo, ou seja, a variável que representa o tempo é o expoente (em contraste com outros tipos de crescimento, como a ordem quadrática). Se a constante de proporcionalidade for negativa, então a quantidade diminui ao longo do tempo, e diz-se que está passando por um decaimento exponencial. A lei do crescimento exponencial pode ser expressa de formas diferentes, mas matematicamente equivalentes, usando uma base diferente, para a qual o número e é uma escolha comum e conveniente:

 

Aqui, x0 denota o valor inicial da quantidade x, k é o constante de variação, e τ é o tempo que leva para a quantidade aumentar um fator de e.

Distribuição normal padrão editar

 Ver artigo principal: Distribuição normal

A distribuição normal com média zero e desvio padrão unitário é conhecida como a distribuição normal padrão,[24] dado pela função densidade de probabilidade

 

A restrição do desvio padrão unitário (e, portanto, também da variância unitária) resulta no 12 do expoente, e a restrição da área total unitária sob a curva   resulta no fator  . Esta função possui o eixo de simetria x = 0, em que obtém o seu valor máximo  , e possui os pontos de inflexão x = ±1.

Desarranjo editar

 Ver artigo principal: Desarranjo

Outra aplicação de e, também descoberta em parte por Jacob Bernoulli junto com Pierre Rémond de Montmort, está no problema de desarranjos:[25] n convidados são convidados para uma festa e, à entrada, os convidados entregam seus chapéus ao mordomo, que por sua vez coloca os chapéus em n caixas, cada uma rotulada com o nome de um convidado. No entanto, o mordomo não perguntou as identidades dos convidados e, portanto, coloca os chapéus em caixas selecionadas aleatoriamente. O problema de Montmort é encontrar a probabilidade de nenhum dos chapéus ser colocado na caixa certa. Essa probabilidade, denotada por pn, é dada por:

 

Quando n tende a infinito, pn se aproxima de 1/e. Além disso, o número de maneiras que os chapéus podem ser colocados as caixas de forma que nenhum fique na caixa correta é de n!/e arredondado ao inteiro mais próximo, para todo n positivo.[26]

Problemas de planejamento ótimo editar

O valor máximo de   ocorre em x = e. Equivalentemente, para qualquer valor da base b > 1, o valor máximo de x-1logb x ocorre em x = e (O problema de cálculo de Steiner [en], discutido abaixo).

Isto é útil em problemas de um graveto de comprimento L que foi quebrado em n partes iguais. O valor de n que maximiza o produto de seus comprimentos é[27]

  ou  

A quantidade x-1logb x também é uma medida de informação extraído de um evento que ocorre com probabilidade 1/x (aproximadamente 36,8% quando x = e, de modo que essencialmente a mesma divisão ótima aparece em problemas de planejamento ótimo, como o problema da secretária.

Assintóticos editar

O número e ocorre naturalmente em conexão com diversos outros problemas envolvendo assintóticos. Um exemplo é a Fórmula de Stirling para os assintóticos da função fatorial, no qual ambos os números e e π aparecem:[28]

 

Consequentemente,[28]

 

Propriedades editar

Cálculo editar

 
Os gráficos das funções xax para quando a = 2 (pontilhado), a = e (azul), e a = 4 (tracejado). Todos eles passam pelo ponto (0,1), mas a reta vermelha (cujo declive é 1) somente é tangente de ex neste caso
 
O valor da função logarítmica natural para o logaritmando e, isto é, ln e, é igual a 1

A principal motivação para a introdução do número e, particularmente no cálculo, é para realizar cálculos diferenciais e integrais com funções exponenciais e logarítmica.[29] A função exponencial geral y = ax tem uma derivada, dada pelo limite:[11]

 

O limite entre parênteses à direita é independente da variável x. Seu valor acaba sendo o logaritmo de a na base e. Portanto, quando o valor de a é igual a e, o limite é igual a 1, e assim chega-se à seguinte simples identidade:[11][30]

 

Consequentemente, a função exponencial de base e é particularmente adequada para fazer cálculo. Ao escolher e (diferente de qualquer outro número) como base da função exponencial faz os cálculos envolvendo derivadas muito mais simples.[11]

Outra motivação vem ao considerar a derivada do logaritmo de base a (ou seja, loga x),[29] para x > 0

 

em que foi feita a substituição u = h/x foi feita. O logaritmo de base a de e é 1, se a for igual a e.[11] Então, simbolicamente,

 

O logaritmo com esta base especial é chamado de logaritmo natural, sendo denotado como ln; ele se comporta bem ao diferenciar, pois não há limite indeterminado para realizar os cálculos.

Assim, há duas maneiras de selecionar tais números especiais a. Uma maneira é definir a derivada da função exponencial ax sendo igual a ax e resolvendo para a. A outra maneira é definir a derivada do logaritmo de base a como 1/x e resolver para a. Em cada caso, chega-se a uma escolha conveniente de base para fazer cálculo. Acontece que essas duas soluções para a são, na verdade, a mesma: o número e.

 
As cinco regiões coloridas possuem a mesma área, e definem unidades de ângulo hiperbólico junto com a hipérbole xy = 1.

A série de Taylor para a função exponencial pode ser deduzida de fato que essa função é a sua própria derivada e que é igual a 1 quando avaliada em 0:[31]

 

Definindo x = 1 recupera a definição de e como a soma de séries infinitas.

A função logaritmo natural pode ser definida como a integral de 1 a x de 1/t, e a função exponencial como a função inversa do logaritmo natural. O número e é o valor da função exponencial avaliada em x = 1, ou, equivalentemente, o número no qual o logaritmo natural é 1. Disso segue que e é o único número real positivo que

 

Porque ex é a única função (salvo pelas multiplicações por uma constante K) que é igual a sua própria derivada:

 

e, portanto, também por sua própria antiderivada:[32]

 

Equivalentemente, a família de funções

 

em que K é qualquer número real ou complexo, é a solução completa para a equação diferencial

 

Desigualdades editar

 
As funções exponenciais y = 2x e y = 4x intersectam o gráfico de y = x + 1, respectivamente, em x = 1 e x = -1/2. O número e é a única base tal que y = ex intersecta apenas em x = 0. Podemos inferir que e está entre 2 e 4

O número e é o único número real tal que

 

para todo x positivo.[33]

Também, tem-se a desigualdade

 

para todo x real, com a igualdade se e somente se x = 1. Além disso, e é a única base da exponencial que para a desigualdade axx + 1 se mantém para todo x.[34] Este é um caso limite da desigualdade de Bernoulli.

Função do tipo exponencial editar

 
O máximo global de x ocorre em x = e

O problema de cálculo de Steiner [en] questiona o máximo global da função

 

Este máximo ocorre precisamente em x = e.[35] (Pode ser verificado que a derivada de ln e é zero somente neste valor de x.)

Similarmente, x = 1/e é onde ocorre o mínimo global da função[35]

 

A tetração infinita

  ou  

converge se e somente se x ∈ [(1/e)e, e1/e] ≈ [0.06599, 1.4447] ,[36][37] mostrado por um teorema de Leonhard Euler.[38][39][35]

Teoria dos números editar

O número real e é irracional. Euler provou isso ao mostrar que a expansão de sua fração contínua não termina.[40] (Ver também a Prova de Fourirer que e é irracional.)

Além disso, pelo teorema de Lindemann–Weierstrass, e é transcendente, o que significa que ele não uma solução para uma equação polinomial não nula com coeficientes racionais. Foi o primeiro número a ser provado ser transcendente sem ter sido construído especificamente para esse fim (compare com os números de Liouville); a prova foi dada por Charles Hermite em 1873.[41]

É conjurado que e seja normal, o que significa que quando e é expresso em qualquer base, os possíveis dígitos nesta base são distribuídos uniformemente (ocorre com mesma probabilidade em qualquer sequência de um dado comprimento).[42]

Na geometria algébrica, um período é um número que pode ser expresso como uma integral de uma função algébrica sobre um domínio algébrico. A constante π é um período, mas é conjurado que e não seja.[43]

Números complexos editar

A função exponencial ex pode ser escrita como uma série de Taylor

 

Já que esta série é convergente para todo valor complexo de x, é comumente utilizada para estender a definição de ex para os números complexos.[44] Isto, junto com a série de Taylor para sen e cos x, permite que seja derivado a fórmula de Euler:

 

que vale para todo complexo x.[44] O caso especial com x = π é a identidade de Euler:

 

que é considerado um exemplar de beleza da matemática, já que exibe uma profunda conexão entre os números mais fundamentais da matemática. Em adição, é diretamente utilizado numa prova que π é transcendente, que implica na impossibilidade da quadratura do círculo.[45][46] Além disso, a identidade implica que, no principal ramo do logaritmo,[44]

 

Ademais, usando as propriedades da potenciação,

 

para qualquer inteiro n, que é a fórmula de De Moivre.[47]

As expressões cos x e sen x em termos da função exponencial pode ser deduzido como a série de Taylor:[44]

 

A expressão cos x + sen x às vezes é abreviado como cis x.[47]

Representações editar

 Ver artigo principal: Lista de representações de e

O número e pode ser representado de diversas maneiras: como uma série infinita, um produtório infinito, uma fração contínua, ou um limite. Em adição aos limites e séries dados acima, há também a fração contínua

 [48][49]

que escrito é

 

O seguinte produtório é avaliado como e[27]

 

Diversas outras representações de e como séries, produtórios, frações contínuas e limites já foram provados.

Representações estocásticas editar

Em adição às expressões analíticas exatas para representar e, há técnicas estocásticas para estimar e. Uma dessas aproximações inicia com a sequência infinita de variáveis aleatórias X1, X2..., dados da distribuição uniforme em [0, 1]. Seja V o menor número n tal que a soma das primeiras n observações exceda 1:

 

Então o valor esperado de V é e: E(V) = e.[50][51]

Dígitos conhecidos editar

O número de dígitos conhecidos de e aumentou substancialmente durante a última década. Isso foi devido tanto ao aumento do desempenho dos computadores quanto a melhorias nos algoritmos.[52][53]

Número de dígitos decimais conhecidos de e
Data Dígitos decimais Computação realizada por
1690 1 Jacob Bernoulli[13]
1714 13 Roger Cotes[54]
1748 23 Leonhard Euler[55]
1853 137 William Shanks[56]
1871 205 William Shanks[57]
1884 346 J. Marcus Boorman[58]
1949 2,010 John von Neumann (no ENIAC)[59]
1961 100,265 Daniel Shanks e John Wrench[60]
1978 116,000 Steve Wozniak no Apple II[61]

Desde 2010, a proliferação de computadores pessoais modernos de alta velocidade, tornou-se viável que amadores computassem trilhões de dígitos de e numa quantidade aceitável de tempo. Em 5 de dezembro de 2020, um cálculo recorde foi feito, tendo sido calculado 31 415 926 535 897 (aproximadamente π ×1013) dígitos de e.[62]

Computar os dígitos editar

Uma maneira de computar os dígitos de e é com a série[63]

 

Um método mais rápido que envolve duas funções recursivas p(a, b) e q(a, b). As funções são definidas como

 

A expressão

 
produz a n-ésima soma parcial da série acima. Este método utiliza divisão binária [en] para computar e com menos operações aritméticas de dígito único e, portanto, reduzindo a complexidade por unidades. Combinando com métodos baseados na transformada rápida de Fourier de multiplicar inteiros deixa a computação dos dígitos bem rápida.[63]

Na cultura computacional editar

Durante o surgimento da cibercultura, ocasionalmente indivíduos e organizações prestam homenagem ao número e.

Um antigo exemplo é do cientista da computação Donald Knuth fez que o número da versão do seu programa Metafont se aproximasse de e. As versões eram 2, 2.7, 2.71, 2.718, e assim por diante.[64]

Noutra instância, a oferta pública inicial do Google em 2004, em vez de um valor redondo de dinheiro, a empresa anunciou que a intenção era de aumentar 2 718 281 828 USD, que é o arredondamento de e bilhões de dolares.[65]

O Google também foi responsável por um outdoor[66] que apareceu no coração do Vale do Silício, e posteriormente em Cambridge, Massachusetts; Seattle, Washington; e Austin, Texas. Ele dizia "{first 10-digit prime found in consecutive digits of e}.com" (lit. primeiro número primo de 10 dígitos encontrado em dígitos consecutivos de e). O primeiro número primo de 10 dígitos em e é 7427466391, que começa no 99º dígito.[67] Resolver esse problema e visitar o site anunciado (agora desativado) levou a um problema ainda mais difícil de resolver, que consistia em encontrar o quinto termo na sequência 7182818284, 8182845904, 8747135266, 7427466391. Descobriu-se que a sequência consistia em números de 10 dígitos encontrados em dígitos consecutivos de e, cuja soma dos dígitos era 49. O quinto termo na sequência é 5966290435, que começa no 127º dígito.[68] Resolver esse segundo problema levou finalmente a uma página da Google Labs onde o visitante era convidado a enviar um currículo.[69]

Referências

  1. «Número de Neper». Dicionários Porto Editora. Infopédia 
  2. a b Weisstein, Eric W. «e». mathworld.wolfram.com (em inglês). Consultado em 10 de agosto de 2020 
  3. Pickover, Clifford A. (2009). The Math Book: From Pythagoras to the 57th Dimension, 250 Milestones in the History of Mathematics (em inglês) illustrated ed. [S.l.]: Sterling Publishing Company. p. 166. ISBN 978-1-4027-5796-9  Extract of page 166
  4. a b c d e O'Connor, J J; Robertson, E F. «The number e» (em inglês). MacTutor History of Mathematics 
  5. Sawyer, W. W. (1961). Mathematician's Delight  (em inglês). [S.l.]: Penguin. 155 páginas 
  6. Wilson, Robinn (2018). Euler's Pioneering Equation: The most beautiful theorem in mathematics (em inglês) illustrated ed. [S.l.]: Oxford University Press. (prefácio). ISBN 978-0-19-251405-9 
  7. Posamentier, Alfred S.; Lehmann, Ingmar (2004). Pi: A Biography of the World's Most Mysterious Number (em inglês) illustrated ed. [S.l.]: Prometheus Books. p. 68. ISBN 978-1-59102-200-8 
  8. Sloane, N. J. A. (ed.). «Sequência A001113 (Decimal expansion of e. On-Line Encyclopedia of Integer Sequences (em inglês). OEIS Foundation 
  9. a b Carl Boyer; Uta Merzbach (1991). A History of Mathematics  (em inglês) 2.ª ed. [S.l.]: Wiley. p. 419. ISBN 978-0-471-54397-8 
  10. a b Rudin, Walter (1976). Principles of Mathematical Analysis (em inglês) 3.ª ed. [S.l.]: McGraw–Hill. pp. 63–65. ISBN 0-07-054235-X 
  11. a b c d e f Stewart, James (2015). Calculus: Early Transcendentals (em inglês) 8.ª ed. Boston, MA, EUA: Cengage Learning. pp. 177–179. ISBN 978-1-285-74155-0 
  12. Bruins, E. M. (1983). «The Computation of Logarithms by Huygens» (PDF). Constructive Function Theory (em inglês): 254–257 
  13. a b Jacob Bernoulli considerou o problema da composição contínua de juros, o que levou a uma expressão em série para e. Ver: Jacob Bernoulli (1690) "Quæstiones nonnullæ de usuris, cum solutione problematis de sorte alearum, propositi in Ephem. Gall. A. 1685" (Algumas questões sobre juros, com a solução de um problema sobre jogos de azar, proposto no Journal des Savants (Ephemerides Eruditorum Gallicanæ), no ano de 1685.**), Acta eruditorum, pp. 219–23. Na página 222, Bernoulli poses the question: "Alterius naturæ hoc Problema est: Quæritur, si creditor aliquis pecuniæ summam fænori exponat, ea lege, ut singulis momentis pars proportionalis usuræ annuæ sorti annumeretur; quantum ipsi finito anno debeatur?" (Este é um problema de outro tipo: A pergunta é se algum credor investisse [uma] soma de dinheiro [com] juros, deixasse acumular, de modo [que] a cada momento recebesse [uma] parte proporcional dos juros anuais; quanto seria devido [ao] final do ano?) Bernoulli constrói uma série de potências para calcular a resposta e, em seguida, escreve:" … quæ nostra serie [expressão matemática para uma série geométrica] &c. major est. … si a=b, debebitur plu quam 2½a & minus quam 3a." ( … que nossa série [uma série geométrica] é maior [do que]. … se a = b, [o credor] terá a receber mais do que a e menos do que 3a.) Se a = b, a série geométrica se reduz à série para a × e, então 2.5 < e < 3. (** A referência é a um problema que Jacob Bernoulli propôs e que aparece no Journal des Sçavans de 1685, ao final da página 314.)
  14. Leibniz, Gottfried Wilhelm (2003). «Sämliche Schriften Und Briefe» (PDF) (em alemão). look for example letter nr. 6 
  15. Euler. «Meditatio in experimenta explosione tormentorum nuper instituta» (em latim). Scribatur pro numero cujus logarithmus est unitas, e, qui est 2,7182817… (português: Escrito para o número cujo logaritmo tem a unidade, e, que é 2,7182817…") 
  16. Lettre XV. Euler à Goldbach, datado 25 de novembro de 1731 em: P.H. Fuss, ed., Correspondance Mathématique et Physique de Quelques Célèbres Géomètres du XVIIIeme Siècle … (Correspondência matemática e física de alguns geômetras famosos do século XVIII), vol. 1, (São Petersburgo, Russia: 1843), pp. 56–60, ver especificamente p. 58. Da p. 58: " … ( e denotat hic numerum, cujus logarithmus hyperbolicus est = 1), … " ( … (e denota aquele número cujo logaritmo hiperbólico (isto é, logaritmo natural) é igual a 1), … )
  17. Remmert, Reinhold (1991). Theory of Complex Functions (em inglês). [S.l.]: Springer-Verlag. p. 136. ISBN 978-0-387-97195-7 
  18. Leonhard Euler, Mechanica, sive Motus scientia analytice exposita (São Petersburgo (Petropoli), Russia: Academy of Sciences, 1736), vol. 1, Capítulo 2, Corolário 11, parágrafo 171, p. 68. Da página 68: Erit enim   seu   ubi e denotat numerum, cuius logarithmus hyperbolicus est 1. (Então isto [ou seja, c, a velocidade] será   ou  , em que e denota o número pelo qual o logaritmo hiperbólico [isto é, natural] é um.)
  19. Calinger, Ronald (2016). Leonhard Euler: Mathematical Genius in the Enlightenment (em inglês). [S.l.]: Princeton University Press. p. 124. ISBN 978-0-691-11927-4 
  20. Miller, Jeff. «Earliest Uses of Symbols for Constants». MacTutor (em inglês). University of St. Andrews, Scotland. Consultado em 31 de outubro de 2023 
  21. a b Gonick, Larry (2012). The Cartoon Guide to Calculus (em inglês). [S.l.]: William Morrow. pp. 29–32. ISBN 978-0-06-168909-3 
  22. a b c Abramson, Jay; et al. (2023). «6.1 Exponential Functions». College Algebra 2e (em inglês). [S.l.]: OpenStax. ISBN 978-1-951693-41-1 
  23. Kardar, Mehran (2007). Statistical Physics of Particles (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. p. 41. ISBN 978-0-521-87342-0. OCLC 860391091 
  24. Illowsky, Barbara; Dean, Susan; et al. (2023). «6.1 The Standard Normal Distribution». Statistics (em inglês). [S.l.]: OpenStax. ISBN 978-1-951693-22-0 
  25. Grinstead, Charles M.; Snell, James Laurie (1997). Introduction to Probability (published online under the GFDL) (em inglês). [S.l.]: American Mathematical Society. p. 85. ISBN 978-0-8218-9414-9. Cópia arquivada em 27 de julho de 2011 
  26. Knuth, Donald (1997). The Art of Computer Programming (em inglês). I. [S.l.]: Addison-Wesley. p. 183. ISBN 0-201-03801-3 
  27. a b Steven Finch (2003). Mathematical constants  (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. p. 14. ISBN 978-0-521-81805-6 
  28. a b Gbur, Greg (2011). Mathematical Methods for Optical Physics and Engineering (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. p. 779. ISBN 978-0-521516-10-5 
  29. a b Kline, Morris (1998). Calculus: An Intuitive and Physical Approach (em inglês). Mineola, Nova Iorque, EUA: Dover Publications. pp. 337—341. ISBN 0-486-40453-6 
  30. Davis, Anton Bivens (2014). Cálculo. 1. Traduzido por Doering, Claus Ivo 10.ª ed. Porto Alegre, RS, Brasil: Bookman. pp. 198–199, 218. ISBN 978-85-8260-226-3 
  31. Strang, Gilbert; Herman, Edwin; et al. (2023). «6.3 Taylor and Maclaurin Series». Calculus, volume 2 (em inglês). [S.l.]: OpenStax. ISBN 978-1-947172-14-2 
  32. Strang, Gilbert; Herman, Edwin; et al. (2023). «4.10 Antiderivatives». Calculus, volume 2 (em inglês). [S.l.]: OpenStax. ISBN 978-1-947172-14-2 
  33. Dorrie, Heinrich (1965). 100 Great Problems of Elementary Mathematics (em inglês). [S.l.]: Dover. pp. 44–48 
  34. Um exercício de cálculo padrão que utiliza o teorema do valor médio; ver, por exemplo, Apostol, Tom M. (1967). Calculus (em inglês). Waltham, Massachusetts, EUA: John Wiley & Sons. § 6.17.41. ISBN 0 471 00005 1 .
  35. a b c Anderson, Joel (2004). «Iterated Exponentials». The American Mathematical Monthly (em inglês). 111 (8): 668–679. ISSN 0002-9890. JSTOR 4145040. doi:10.2307/4145040 
  36. Sloane, N. J. A. (ed.). «Sequência A073230 (Decimal expansion of (1/e)^e)». On-Line Encyclopedia of Integer Sequences (em inglês). OEIS Foundation 
  37. Sloane, N. J. A. (ed.). «Sequência A073229 (Decimal expansion of e^(1/e))». On-Line Encyclopedia of Integer Sequences (em inglês). OEIS Foundation 
  38. Euler, Leonhard (1783). «De serie Lambertina Plurimisque eius insignibus proprietatibus». Acta Acad. Scient. Petropol. 2 (em latim): 29–51.  Reimpresso em Euler, Leonhard (1921). Opera Omnia, Series Prima (PDF) (em latim). 6 Commentationes Algebraicae. Leipzig, Germany: Teubner. pp. 350–369. 
  39. Knoebel, R. Arthur (1981). «Exponentials Reiterated». The American Mathematical Monthly (em inglês). 88 (4): 235–252. ISSN 0002-9890. JSTOR 2320546. doi:10.2307/2320546 
  40. Sandifer, Ed (fevereiro de 2006). «How Euler Did It: Who proved e is Irrational?» (PDF) (em inglês). MAA Online. Consultado em 18 de junho de 2010. Arquivado do original (PDF) em 23 de fevereiro de 2014 
  41. Gelfond, A. O. (2015) [1960]. Transcendental and Algebraic Numbers. Col: Dover Books on Mathematics (em inglês). Traduzido por Boron, Leo F. New York: Dover Publications. p. 41. ISBN 978-0-486-49526-2. MR 0057921 
  42. Khoshnevisan, Davar (2006). «Normal numbers are normal» (PDF). Clay Mathematics Institute Annual Report 2006 (em inglês). [S.l.]: Clay Mathematics Institute. pp. 15, 27–31 
  43. Kontsevich, Maxim; Zagier, Don (2001). «Periods» (PDF) (em inglês) 
  44. a b c d Dennery, P.; Krzywicki, A. (1995) [1967]. Mathematics for Physicists (em inglês). [S.l.]: Dover. pp. 23–25. ISBN 0-486-69193-4 
  45. Milla, Lorenz (2020). «The Transcendence of π and the Squaring of the Circle» (em inglês). arXiv:2003.14035  [math.HO] 
  46. Hines, Robert. «e is transcendental» (PDF). University of Colorado (em inglês). Cópia arquivada (PDF) em 23 de junho de 2021 
  47. a b Sultan, Alan; Artzt, Alice F. (2010). The Mathematics That Every Secondary School Math Teacher Needs to Know (em inglês). [S.l.]: Routledge. pp. 326–328. ISBN 978-0-203-85753-3 
  48. Hofstadter, D.R. (1995). Fluid Concepts and Creative Analogies: Computer Models of the Fundamental Mechanisms of Thought (em inglês). [S.l.]: Basic Books. ISBN 0-7139-9155-0 
  49. Sloane, N. J. A. (ed.). «Sequência A003417 (Continued fraction for e. On-Line Encyclopedia of Integer Sequences (em inglês). OEIS Foundation 
  50. Russell, K.G. (fevereiro de 1991). «Estimating the Value of e by Simulation». The American Statistician (em inglês). 45 (1): 66–68. JSTOR 2685243. doi:10.1080/00031305.1991.10475769 
  51. Dinov, ID (2007). «Estimating e using SOCR simulation» (em inglês). SOCR Hands-on Activities. Consultado em 26 de dezembro de 2007 
  52. Sebah, Pascal; Gourdon, Xavier (14 de dezembro de 2001). «The constant e and its computation». Numbers, constants and computation (em inglês) 
  53. Gourdon, Xavier (14 de outubro de 2003). «Reported large computations with PiFast». Numbers, constants and computation (em inglês) 
  54. Cotes, Roger (1714). «Logometria». Philosophical Transactions of the Royal Society (em latim). 29 (338): 5–45. JSTOR 103030 ,  ver especificamente no final da página 10. "Porro eadem ratio est inter 2,718281828459 &c et 1, … " (Além disso, da mesma forma, a relação é entre 2.718281828459… e 1, … )
  55. Euler, Leonhard (1748). Introductio in Analysin Infinitorum (em latim). 1. Lausanne, Suiça: Marc Michel Bousquet & Co. p. 90 
  56. Shanks, William (1853). Contributions To Mathematics, Comprising Chiefly the Rectification of the Circle (em inglês). Londres, Inglaterra: G. Bell. p. 89 
  57. Shanks, William (1871). «On the numerical values of e, loge 2, loge 3, loge 5, and loge 10, also on the numerical value of M the modulus of the common system of logarithms, all to 205 decimals». Proceedings of the Royal Society of London (em inglês). 20: 27–29 
  58. Boorman, J. Marcus (outubro de 1884). «Computation of the Naperian base». Mathematical Magazine (em inglês). 1 (12): 204–205 
  59. Reitwiesner, George W. (2000). «An ENIAC Determination of pi and e to more than 2000 Decimal Places». Pi: A Source Book. New York, NY: Springer New York. pp. 277–281. ISBN 978-1-4757-3240-5. doi:10.1007/978-1-4757-3240-5_34 
  60. Daniel Shanks and John W Wrench (1962). «Calculation of Pi to 100,000 Decimals» (PDF). Mathematics of Computation (em inglês). 16 (77): 76–99 (78). JSTOR 2003813. doi:10.2307/2003813. We have computed e on a 7090 to 100,265D by the obvious program 
  61. Wozniak, Steve (junho de 1981). «The Impossible Dream: Computing e to 116,000 Places with a Personal Computer». BYTE (em inglês). 392 páginas. Consultado em 18 de outubro de 2013 
  62. Yee, Alexander. «e» (em inglês). Consultado em 20 de novembro de 2023. Cópia arquivada em 24 de setembro de 2023 
  63. a b Finch, Steven R. (2005). Mathematical constants (em inglês). [S.l.]: Cambridge Univ. Press. ISBN 978-0-521-81805-6. OCLC 180072364 
  64. Knuth, Donald (3 de outubro de 1990). «The Future of TeX and Metafont» (PDF). TeX Mag (em inglês). 5 (1): 145. Consultado em 17 de fevereiro de 2017 
  65. Roberge, Jonathan; Melançon, Louis (junho de 2017). «Being the King Kong of algorithmic culture is a tough job after all: Google's regimes of justification and the meanings of Glass». Convergence: The International Journal of Research into New Media Technologies (em inglês). 23 (3): 306–324. ISSN 1354-8565. doi:10.1177/1354856515592506 
  66. «First 10-digit prime found in consecutive digits of e». Brain Tags (em inglês). Consultado em 24 de fevereiro de 2012. Cópia arquivada em 3 de dezembro de 2013 
  67. Kazmierczak, Marcus (29 de julho de 2004). «Google Billboard» (em inglês). mkaz.com. Consultado em 9 de junho de 2007 [ligação inativa] 
  68. «The first 10-digit prime in e». Explore Portland Community (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 11 de abril de 2021 
  69. Shea, Andrea. «Google Entices Job-Searchers with Math Puzzle». NPR (em inglês). Consultado em 9 de junho de 2007 

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre e (constante matemática)