Este é um nome chinês; o nome de família é Zhang.

Eileen Chang (chinês tradicional: 張愛玲, chinês simplificado: 张爱玲, pinyin: Zhāng Àilíng; Xangai, 30 de setembro de 1920Los Angeles, 08 de setembro de 1995), também conhecida como Zhang Ailing ou Chang Ai-ling, ou ainda pelo pseudônimo Liang Jing (梁京),[1] foi uma ensaísta, romancista e roteirista chinesa naturalizada americana. É reconhecida como uma das feministas mais célebres da história contemporânea chinesa e ícone da cultura xangaiense.[2]

Eileen Chang
张爱玲
Eileen Chang
Chang em 1954.
Nome completo Zhang Ying
張煐
Pseudônimo(s) Liang Zhang
梁京
Outros nomes Zhang Ailing
Chang Ai-ling
Nascimento 21 de setembro de 1920
Xangai, China
Morte 8 de setembro de 1995 (74 anos)
Los Angeles, Califórnia
Estados Unidos
Causa da morte Doença cardiovascular
Progenitores Mãe: Huang Suqiong
Pai: Zhang Zhiyi
Parentesco Li Hongzhang (bisavô)
Zhang Peilun (avô)
Zhang Zijing (irmão)
Cônjuge Hu Lancheng (c. 1944; div. 1947)
Ferdinand Reyher (c. 1956; m. 1967)
Alma mater Universidade de Hong Kong
Profissão Ensaísta
Novelista
Roteirista
Período de atividade 1932–1995

Chang ganhou notoriedade literária no decorrer da década de 1940, durante o período de ocupação japonesa em Xangai.[nota 1]

Vida Pessoal editar

Chang nasceu em 30 de setembro de 1920, em Xangai. É bisneta do estadista da Dinastia Qing, Li Hongzhang.[4] Aos nove anos, ingressou em uma escola de educação bilíngue, aprendendo inglês, piano e pintura a óleo.[4] Em 1939, ela foi aceita com bolsa integral para a Universidade de Londres, mas não ingressou no curso devido à Segunda Guerra. Preferiu então estudar Literatura Inglesa na Universidade de Hong Kong. Chang não concluiu o curso, pois em dezembro de 1941, ocorreu a ocupação japonesa. Ela mudou-se para Xangai.[4][5]

Em 1943, aos 23 anos, Chang conheceu o também escritor Hu Lancheng (胡兰成), que tinha 37 e era casado. Chang e Hu casaram em 1944, o quarto casamento do escritor. Hu foi declarado um traidor por colaborar com o governo de Wang Jingwei. Ele notoriamente tinha muitos casos extramaritais, até que o casal se divorciou em 1947, após ele ter casado com uma jovem de 17 anos em Wuhan, usando uma identidade falsa.[6]

Em 1952, Chang retornou para Hong Kong, onde trabalhou como tradutora. Após emigrar para os Estados Unidos, em 1955, Chang conheceu o roteirista americano Ferdinand Reyher, em New Hampshire. Reyher era quase 30 anos mais velho que Chang. Ela engravidou de Reyher, que logo em seguida propos casamento, mas insistiu que não queria a gravidez. Chang abortou e eles casaram em agosto de 1956, em Nova York. Eles se mudaram para New Hampshire. Reyher faleceu em 8 de outubro de 1967.

Chang se isolou nos últimos anos de vida, recusando convites para reuniões ou aparecer em eventos, inclusive um prêmio literário em Taiwan em 1994. Ela faleceu de causas naturais aos 74 anos em 1995 no seu apartamento em Los Angeles. Ela faleceu alguns dias antes do proprietário encontrar seu corpo, após dias sem Chang atender o telefone.[7][8]

Carreira editar

Chang começou sua carreira como roteirista de filmes.[4] Após sair de Hong Kong e mudar-se para Xangai na década de 40, Chang começa a escrever contos, ensaios e críticas de cinema para diferentes revistas e jornais — inclusive as famosas noveletas The Golden Cangue e Love in a Fallen City. A sua primeira coleção de textos seria publicada em 1944, com o título de Romances (Chuan Qi, 傳奇) e logo em seguida, a outra coletânea Written on Water (1945). Ambas foram sucessos de venda.[7] As descrições da vida urbana, a moda e a cultura em Xangai durante a ocupação se tornariam marca da sua obra e servem como registro etnográfico do período.

Obras editar

Noveleta editar

  • 1943 - 金鎖記 (pinyin: Jīn suǒ jìlit. ‘Fechadura Dourada’) - The Golden Cangue.[nota 2]
  • 1979 - 色,戒 (pinyin: Sè, jiè) - Lust, Caution.

Conto editar

  • 1943 - 沉香屑·第一炉香 (pinyin: Chénxiāng xiè·dì yī lú xiānglit. ‘Lascas de Agarwood: O primeiro incenso’) - “Scraps of Agalloch Eaglewood —The First Charge in the Incense Burner”.[4]
  • 1943 - 傾城之戀 (pinyin: Qīngchéng zhī liànlit. ‘Fascínio do amor’) - Love in a Fallen City.
  • 1944 - 紅玫瑰與白玫瑰 (pinyin: Hóng méiguī yǔ bái méiguīlit. ‘Rosa Vermelha e Rosa Branca’) - Red Rose White Rose.
  • 1948 - 半生緣 (pinyin: Bànshēng yuánlit. ‘Meia Vida’) - Half a Lifelong Romance.[10]

Coletâneas de ensaios e contos editar

  • 1944 - 傳奇 (pinyin: Chuan Qi) - Romances
  • 1945 - 流言 (pinyin: Líu Yán') - Written on Water[11]

Obras Adaptadas editar

Cinema editar

  • 1984 - Amor Numa Cidade Caída - direção de Ann Hui.[12]
  • 1994 - Red Rose White Rose.[13]
  • 1997 - Eighteen Springs - direção de Ann Hui.[12]
  • 2007 - Desejo e Perigo - adaptação de Ang Lee para a obra 色, 戒.[14][15]
  • 2020 - Love After Love - adaptação da diretora Ann Hui para o conto 沉香屑·第一炉香.[12][16]

Teatro editar

  • 2020 - Red Rose White Rose.[17]
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Eileen Chang

Influência editar

Mesmo após emigrar para os EUA, Chang permaneceu uma figura influente entre falantes de mandarim (ainda que suas obras estivessem proibidas na China até a década de 80), principalmente na cena cult em Hong Kong e Taiwan.[18] Uma série de autores inspirados na sua obra surgiu na década de 1970.[7]

Notas

  1. Li Ziyun, The Disappearance and Revival of Feminine Discourse, 2002. p.120.[3]
  2. Traduzido para o inglês pela autora da obra, Eileen Chang, e presente na compilação editoriada pelo crítico literário C. T. Hsia, Modern Chinese Stories and Novellas, 1919-1949 (1981).[9]

Referências

  1. LEE, Lily Xiao Hong; WILES, Sue. Biographical Dictionary of Chinese Women, Volume 2. Editora Routledge, 2015, p.668. ISBN 978-0765643148. Consultado em 18 de dezembro de 2021
  2. RABUT, Isabelle. Nicole Huang, Women, War, Domesticity. Shanghai Literature and. Popular Culture of the 1940s, 2005. (Compte-rendu) In: Études chinoises, n°24, 2005. pp. 554-556. Paris: Association Française d’Études Chinoises. Consultado em 18 de dezembro de 2021
  3. LI, Ziyun.The Disappearance and Revival of Feminine Discourse. In: CHEN, Peng-hsiang; DILLEY, Whitney C. (Ed.), Feminism/femininity in Chinese Literature, 2002. pp. 117-144. Editora Brill Rodop, ISBN 90-420-07273. Tradução de Qigang Yan. Consultado em 18 de dezembro de 2021
  4. a b c d e «Zhang Ailing». Encyclopædia Britannica. Consultado em 5 de janeiro de 2022 
  5. CHAN, Roy Bing (1 de janeiro de 2017). «Homeless in the world : war, narrative, and historical consciousness in Eileen Chang, György Lukács, and Lev Tolstoy». Journal of Modern Literature in Chinese 現代中文文學學報 (em inglês) (1). ISSN 1026-5120. Consultado em 5 de março de 2022 
  6. WANG, David Der-wei (2015). The Lyrical in Epic Time: Modern Chinese Intellectuals and Artists Through the 1949 Crisis [O Lírico em Tempo Épico: Intelectuais e Artistas Chineses Modernos Através da Crise de 1949] (em inglês). [S.l.]: Columbia University Press. p. Chapter Four: A Lyricism of Betrayal. 496 páginas. ISBN 9780231538572. Cópia arquivada em 14 de março de 2022 
  7. a b c JIANG, James (29 de setembro de 2020). «Love and Desolation: Remembering Eileen Chang | James Jiang» [Amor e Desolação: Lembrando Eileen Chang]. Sydney Review of Books (em inglês). Consultado em 5 de março de 2022. Cópia arquivada em 5 de março de 2022 
  8. Jr, Robert Mcg Thomas (13 de setembro de 1995). «Eileen Chang, 74, Chinese Writer Revered Outside the Mainland». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 5 de março de 2022 
  9. LAU, Joseph S. M.; HSIA, C. T.; LEO, Ou-Fan. Modern Chinese Stories and Novellas, 1919-1949. Columbia University Press, Setembro de 1981, pp. 578. ISBN 9780231042031. Columbia University Press
  10. Sala, Ilaria Maria (22 de janeiro de 2015). «Eileen Chang's 'Half a Lifelong Romance' Gets an English-Language Translation». Wall Street Journal (em inglês). Consultado em 5 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2022 
  11. «Written on Water». New York Review Books (em inglês). Consultado em 5 de março de 2022 
  12. a b c ALMEIDA, Lucas (9 de setembro de 2020). «Cineasta Ann Hui sobre protestos em Hong Kong: 'Artista não grita slogan'». Revista Veja. Consultado em 5 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2022 
  13. «Programme 1995». Festival Internacional de Cinema de Berlim. Consultado em 5 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2022 
  14. JAIN, Mayura (31 de maio de 2021). «Revisiting "Lust, Caution," Ang Lee's Severely Underappreciated Spy Drama». Radii China (em inglês). Consultado em 5 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2022 
  15. «Sexo explícito pode dar a Ang Lee segundo Leão de Ouro». G1. 31 de agosto de 2007. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2022 
  16. VAN HOEIJ, Boyd (15 de setembro de 2020). «'Love After Love' ('Di Yu Lu Xiang'): Film Review». The Hollywood Reporter (em inglês). Consultado em 5 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2022 
  17. Foy, Carly (28 de novembro de 2020). «Saying Theatre presents 'Red Rose, White Rose' adaptation in Chinese». The Badger Herald (em inglês). Consultado em 5 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2022 
  18. Chua, Shu-Ling (23 de dezembro de 2020). «A Lifelong Romance: Reflections on Eileen Chang's life, work, and legacy» [Um romance ao longo da vida: reflexões sobre a vida, obra e legado de Eileen Chang]. Asian American Writers' Workshop (em inglês). Consultado em 5 de março de 2022. Cópia arquivada em 14 de março de 2022 

Ligações externas editar

  Eileen Chang no Wikiquote em inglês.