Eixo Rodoviário de Brasília

via bastante reta em torno da qual se distribuem órgãos governamentais e culturais, o Eixo Rodoviário tem forma de arco e tem em seu perímetro quadras residenciais da Asa Norte e da Asa Sul

O Eixo Rodoviário de Brasília (DF-002), mais conhecido pela alcunha informal de Eixão, é uma longa avenida que fica no Plano Piloto de Brasília, a capital do Brasil. Foi inaugurada com a cidade, no dia 21 de abril de 1960. Estende-se por cerca de treze quilômetros, ligando a Ponte do Bragueto, no norte do Plano Piloto, a Estrada Parque Aeroporto (EPAR ou DF-047), ao sul, já próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília.

Eixo Rodoviário de Brasília
Brasília,  Distrito Federal,  Brasil
Eixo Rodoviário de Brasília
Mergulho do Eixão na Rodoviária do Plano Piloto
Nome popular Eixão
Identificador  DF-002 
Tipo Rodovia
Extensão 13,8 km[1]
Início Trevo de Triagem Sul
Cruzamentos Eixo Monumental
Rodoviária do Plano Piloto
Fim Ponte do Bragueto

O Eixo Rodoviário foi criado por Lúcio Costa em seu projeto para o Plano Piloto, e é um dos dois grandes eixos da proposta de Lúcio, sendo o Eixo Monumental, o outro - enquanto o Monumental segue no sentido leste-oeste, o Rodoviário segue no sentido norte-sul. No primeiro esboço, ele era reto também, perpendicular ao Eixo Monumental, porém Lúcio o torna arqueado para se adaptar melhor ao terreno. Os dois eixos se cruzam na Rodoviária do Plano Piloto, que por isso é considerada o local do Marco Zero de Brasília. Em torno do Eixo Rodoviário ficam a Asa Norte e a Asa Sul - o eixo forma "as asas do avião" conforme a errônea crença popular que a cidade teria sido projetada com esse formato.

Conforme o planejado, a avenida reúne tem em seu perímetro quadras residenciais da Asa Norte e da Asa Sul. É uma das principais vias de Brasília.

História

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A corrida inaugural aconteceu em um circuito de rua no Eixão Sul.
 
Eixão e "eixinhos" sendo construídos na Asa Sul.

O Eixo Rodoviário surge junto como a proposta urbanística de Lúcio Costa para o Plano Piloto, entregue a comissão do Concurso do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil em 1957. No famoso relatório justificativo de Lúcio, ele descreve como chegou ao desenho: no item 1, ele faz uma cruz, segundo ele, um "gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse". Nos itens seguintes, ele curva um dos eixos e atribui a esse eixo curvado uma função circulatória, com vias centrais de velocidade e vias marginais - que ficaram conhecidos como eixinhos - a esta para tráfego local, com essa região ficando com a maior parte das habitações: nascia ali tanto o Eixo Rodoviário quanto as Asas Norte e Sul.

O relatório também descreve outras características como o trânsito livre de cruzamentos, as passagens para pedestres e as superquadras, ladeadas por vegetação, com fácil acesso ao eixo e as suas vias paralelas. No item 22, ele estabelece a divisão da cidade em norte e sul a partir do Eixo Monumental, o que nomeará as vias paralelas norte-sul com N e S e as quadras. As vias paralelas ao Eixo Rodoviário acabaram seguindo uma lógica parecida, recebendo um L ou W (de leste e west, oeste em inglês) conforme a posição e o afastamento do Eixão.[2][3]

O Eixo Rodoviário foi inaugurado junto com a cidade em 21 de abril de 1960, recebendo alguns eventos no três dias de celebrações, como a corrida inaugural no dia 23.[4][5]

Por ser acesso ao Aeroporto Internacional de Brasília, eventos que envolvam a chegada, como em casos de eventos esportivos, tem seus desfiles passando pelo Eixão Sul.[6]

Características

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O Eixão e suas vias laterais nos primeiros anos de Brasília.

O Eixo Rodoviário é uma via de sete faixas, com três em cada sentido e uma, no meio delas, que não é usada como via e é conhecida como "faixa presidencial".[7] Como previsto em projeto, não há cruzamentos diretos, com todas as rodovias que a cruzam passando sob a via. A Rodoviária do Plano Piloto, onde o Eixo Monumental passa sob o Eixão, divide a via em duas partes, o Eixão Norte e o Eixão Sul, que correspondem a área da via nos bairros Asa Norte e Asa Sul, respectivamente. Mais de oitenta mil veículos circulavam todos os dias em 2011, e em 2020, já eram mais de 120 mil.[8][9]

A via começa em dois Trevos de Triagem: o Trevo de Triagem Norte, vindo da Ponte do Bragueto e da Estrada Parque Torto (EPTT ou DF-007), é o limite norte da via, e ao sul, ela parte do Trevo de Triagem Sul, onde encontra a Estrada Parque Aeroporto (EPAR ou DF-047). A velocidade máxima é de oitenta quilômetros por hora, com uma parte com redução próximo a Rodoviária, e caminhões são proibidos.[10]

Faixa presidencial

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A faixa central do Eixão não é usada para o trânsito, servindo apenas para dividir as seis faixas nos dois sentidos. É conhecida como faixa presidencial pois estaria livre sob a justificativa de ter sido usada por comboios oficiais como o do Presidente do Brasil, visto que o Eixão é caminho entre a Residência Oficial da Granja do Torto e o Palácio do Planalto, nos primeiros anos da cidade.

Entretanto, moradores antigos afirmam que o trânsito no Eixo Rodoviário era tranquilo nos primeiros anos, não havendo necessidade disso, levando a crer que a a história não é verdadeira, apesar do nome ter ficado. Segundo o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), trata-se apenas de uma faixa de separação - apesar de que, de fato, ela pode ser usada por veículos oficiais e ambulâncias. Propostas para tornar a faixa presidencial um canteiro central, que tornaria a passagem de pedestres mais segura, já aconteceram, mas devido ao tombamento da cidade, não vão pra frente.[8][7]

Passagens subterrâneas

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Como o tráfego de veículos no Eixo Rodoviário é intenso, existem passagens subterrâneas para que os pedestres atravessem. Essas passagens não são completamente fechadas, parte delas é a céu aberto.

16 passagens subterrâneas estão distribuídas a cada duas quadras no Plano Piloto de Brasilia, 8 na Asa Norte e 8 na Asa Sul. Algumas passagens já sofreram vandalismo e estão recebendo melhorias na iluminação.[11]

Não é incomum que as pessoas resolvam, ao invés de usar as passagens, atravessar as sete faixas do Eixão por cima, já que há uma sensação de insegurança ao utilizar essas passagens.[12] Já aconteceram propostas para tornar a faixa presidencial um canteiro central para os transeuntes.[7]

Conservação

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A via teve sua última manutenção rotineira, com recuperação do asfalto e da sinalização e restauro da faixa presidencial, feita em 2020.[13]

Um desabamento de um dos viadutos do Eixão, perto da Galeria dos Estados, aconteceu em 2018, e trouxe a tona os problemas estruturais de vários viadutos similares do Eixo Rodoviário.[14] O trecho da rodoviária e passagens de pedestre estão entre os locais críticos.[15]

 
Eixão fechado para pedestres e ciclistas nos domingos, no chamado Eixão do Lazer.

Eixão do Lazer

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Considerado como um dos maiores lazeres de várias gerações de brasilienses, o Eixão fecha para os carros aos domingos desde junho de 1991, se tornando um lar para os apreciadores de caminhadas e patins, ciclistas, skatistas e outros pedestres.[8]

O Eixão fica fechado aos domingos e feriados, das 6h às 18h.[16]

Metrô

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 Ver artigo principal: Metrô do Distrito Federal (Brasil)

O gramado oeste do Eixão Sul foi usado para a passagem dos túneis do Metrô do Distrito Federal. A Asa Sul é a única parte do Plano Piloto plenamente servida pelo Metrô, que percorre toda a extensão do Eixo Rodoviário no bairro, indo até a Estação Central, próxima a Rodoviária do Plano Piloto. Além da Central, sete estações ficam no Eixão Sul e outra está em planejamento. O plano de expansão do Metrô inclui a chegada de linhas e instalações de estações na Asa Norte, seguindo o caminho do Eixão.[10][17]

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Uma música do Legião Urbana, banda brasileira de rock que surgiu na cidade, se chama Travessia do Eixão. A música, cuja letra parodia uma oração, fala sobre o perigo da travessia da via, rumo a "casa da Noélia" - Noélia Ribeiro era a então namorada de Nicolas Behr, e os dois andavam com Renato Russo e seus amigos. Nicolas fez um poema para a namorada, do qual foi baseada a música, que o vocalista da Legião usava para aquecer o vocal antes dos shows. Ele acabou gravando a música quando procurava uma canção que representasse Brasília, e os amigos sugeriram essa, já que ele já cantava com frequência. A gravação acabou sendo incluída no último álbum da banda, Uma Outra Estação, lançado após a morte de Renato.[18]

Referências

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  1. Chini, Vanessa Schnabel Fragoso (12 de julho de 2019). «Eixão do lazer de Brasília : o Eixo Rodoviário Residencial e seu uso como espaço público». Consultado em 11 de agosto de 2022 
  2. «Brasília, 55 anos: conheça os projetos que pensaram a capital do país». EBC. 21 de abril de 2015. Consultado em 21 de julho de 2020 
  3. «Relatório para o Plano Piloto». (texto integral). brazilia.jor.br. Consultado em 30 de julho de 2020 
  4. Tavares, Jeferson (julho de 2007). «50 anos do concurso para Brasília – um breve histórico (1)». vitruvius. Consultado em 22 de julho de 2020 
  5. «A grande corrida de inauguração de Brasília». Jornal de Brasília. 21 de abril de 2017. Consultado em 29 de julho de 2020 
  6. «Brasília aguarda a chegada da seleção brasileira». Agência Brasil. 1 de julho de 2002. Consultado em 1 de agosto de 2020 
  7. a b c «Canteiro central para o exião». Jornal do Brasil. 4 de setembro de 2005. Consultado em 1 de agosto de 2020 
  8. a b c «Perto de completar 20 anos, Eixão do Lazer muda a rotina dos brasilienses». Correio Braziliense. 22 de maio de 2011. Consultado em 5 de agosto de 2020 
  9. «Atenção, motoristas: Eixão sofrerá alterações no trânsito». Agência Brasília. 7 de fevereiro de 2020. Consultado em 5 de agosto de 2020 
  10. a b «Eixo Rodoviário». brazilia.jor.br. Consultado em 1 de agosto de 2020 
  11. Mariana Damaceno (11 de março de 2015). «Passagens subterrâneas ao longo do eixão ganham iluminação». Agência Brasília. Consultado em 11 de março de 2015 [ligação inativa]
  12. Samara Schwingel (20 de julho de 2023). «Maioria dos brasilienses já presenciou roubos e furtos em passagens subterrâneas». Metrópoles. Consultado em 19 de junho de 2024 
  13. «Obras de revitalização do Eixão são concluídas». Agência Brasília. 11 de maio de 2020. Consultado em 1 de agosto de 2020 
  14. «Parte do Eixão Sul desaba no centro de Brasília». G1. 6 de fevereiro de 2018. Consultado em 1 de agosto de 2020 
  15. «TCDF alerta: viadutos receberam "pouca ou nenhuma intervenção"». Metrópoles. 21 de maio de 2019. Consultado em 1 de agosto de 2020 
  16. «Eixão do Lazer - Fim do horário de verão». Site do DER/DF. 15 de fevereiro de 2019. Consultado em 22 de julho de 2020 
  17. «GDF avança no projeto de expansão do Metrô para a Asa Norte». Metrópoles. 27 de dezembro de 2019. Consultado em 1 de agosto de 2020 
  18. «Personagem da música Travessia do Eixão relembra história com Renato Russo». 1 de agosto de 2020. Consultado em 10 de outubro de 2014 
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