Eleições estaduais em Pernambuco em 1966

As eleições estaduais em Pernambuco em 1966 ocorreram em duas etapas conforme o Ato Institucional Número Três e assim a eleição indireta do governador Nilo Coelho e do vice-governador Salviano Machado foi em 3 de setembro e a escolha do senador João Cleofas, 24 deputados federais e 65 deputados estaduais aconteceu em 15 de novembro sob um receituário aplicado aos 22 estados e aos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima.[1][2][nota 1]

1965 Brasil 1970
Eleições estaduais em  Pernambuco em 1966
3 de setembro de 1966
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1966
(Eleição direta)


Candidato Nilo Coelho


Partido ARENA


Natural de Petrolina, PE


Vice Salviano Machado
Votos 49
Porcentagem 76,57%

Natural de Petrolina, o governador Nilo Coelho é graduado em Medicina na Universidade Federal da Bahia e fez política no PSD sendo eleito deputado federal em 1950 alternando seu mandato com o cargo de secretário de Fazenda no governo de Etelvino Lins. Empresário, foi reeleito em 1954, 1958 e 1962, migrou à ARENA e chegou ao governo de Pernambuco como aliado do Regime Militar de 1964.[3]

Para senador a vitorioso foi o engenheiro civil João Cleofas. Nascido em Vitória de Santo Antão e formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro,[4] ele atuava como industrial e usineiro antes de ingressar na política. Eleito prefeito de sua cidade natal em 1922 e deputado estadual em 1926, apoiou a Revolução de 1930 e secretário de Agricultura no governo Carlos de Lima Cavalcanti. Eleito deputado estadual em 1934, permaneceu fora da política durante o Estado Novo e com o fim do regime filiou-se à UDN sendo eleito deputado federal em 1945 e 1950. Vencido por Agamenon Magalhães ao disputar o governo estadual no mesmo ano,[nota 2] foi ministro da Agricultura no segundo governo Getúlio Vargas e em 1954 perdeu a eleição para o governo de Pernambuco para Cordeiro de Farias. Foi reeleito deputado federal em 1958 e conquistou um novo mandato em 1965 numa eleição extraordinária ante a cassação de Francisco Julião, filiando-se depois à ARENA.[5] Eleito senador em 1966, chegou a presidir o Senado Federal.[6][7]

Resultado da eleição para governador editar

O processo de eleição indireta referendou o resultado da convenção estadual da ARENA que homologou os candidatos ao Palácio do Campo das Princesas em 15 de julho sob a presidência de Arruda Câmara. A eleição do governador e do vice-governador coube à Assembleia Legislativa de Pernambuco sob controle da ARENA em eleição onde houve quatorze abstenções do MDB e mais a do deputado Francisco Figueira, sem filiação partidária.[8]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Nilo Coelho
ARENA
Salviano Machado
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
49
76,57%
Fontes:[9]
  Eleito

Resultado da eleição para senador editar

Dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral informam a existência de 598.483 votos nominais (84,48%) houve 62.545 votos em branco (8,83%) e 47.379 votos nulos (6,69%) totalizando um comparecimento de 708.407 eleitores.[2]

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
João Cleofas
ARENA
José do Rego Maciel
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
321.915
54,62%
Armando Monteiro Filho
MDB
Otávio Correia
MDB
-
MDB (sem coligação)
271.568
45,38%
Fontes:[2]
  Eleito

Deputados federais eleitos editar

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[10][11][2][12]

Representação eleita

  ARENA: 19
  MDB: 5
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Cid Sampaio ARENA 43.925 6,49% Recife   Pernambuco
Costa Cavalcanti[nota 3] ARENA 35.435 5,24% Fortaleza   Ceará
Osvaldo Coelho[nota 3] ARENA 31.749 4,69% Juazeiro   Bahia
Milvernes Lima ARENA 31.290 4,62% Curaçá   Bahia
João Roma ARENA 31.247 4,62% Olinda   Pernambuco
Estácio Souto Maior ARENA 25.025 3,70% Bom Jardim   Pernambuco
Tabosa de Almeida ARENA 21.633 3,20% Caruaru   Pernambuco
Aderbal Jurema ARENA 21.447 3,17% João Pessoa   Paraíba
Osvaldo Lima Filho[nota 4] MDB 21.326 3,15% Cabo de Santo Agostinho   Pernambuco
Thales Ramalho MDB 20.839 3,08% João Pessoa   Paraíba
José Carlos Guerra ARENA 20.310 3,00% Recife   Pernambuco
Carlos Alberto Oliveira ARENA 17.874 2,64% Limoeiro   Pernambuco
Josias Leite ARENA 17.593 2,60% São José do Egito   Pernambuco
Geraldo Guedes ARENA 17.099 2,53% Caruaru   Pernambuco
Augusto Novaes[nota 3] ARENA 15.233 2,25% Escada   Pernambuco
Ney Maranhão[nota 4] ARENA 15.159 2,24% Jaboatão dos Guararapes   Pernambuco
Aurino Valois ARENA 15.004 2,22% Vitória de Santo Antão   Pernambuco
Arruda Câmara[nota 3] ARENA 14.932 2,21% Afogados da Ingazeira   Pernambuco
Paulo Maciel ARENA 14.398 2,13% Recife   Pernambuco
Heráclio Rego ARENA 14.211 2,10% Limoeiro   Pernambuco
Moury Fernandes ARENA 14.107 2,08% Recife   Pernambuco
João Lyra Filho MDB 13.765 2,03% Lagoa dos Gatos   Pernambuco
Antônio Neves MDB 12.713 1,88% Itambé   Pernambuco
Adelmar Carvalho[nota 4] MDB 11.030 1,63% Olinda   Pernambuco

Deputados estaduais eleitos editar

Na disputa pelas 65 vagas da Assembleia Legislativa de Pernambuco a ARENA conquistou 51 cadeiras e o MDB 14 cadeiras.[11][2]

Representação eleita

  ARENA: 51
  MDB: 14
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Antônio Farias ARENA 12.542 1,77% Surubim   Pernambuco
Lael Sampaio ARENA 11.399 1,62%
Olímpio Ferraz ARENA 11.008 1,55%
José Marques da Silva ARENA 10.974 1,55%
Osvaldo Rabelo ARENA 10.933 1,54% Goiana   Pernambuco
Aracy Nejaim ARENA 10.766 1,52% Recife   Pernambuco
Ênio Guerra ARENA 10.134 1,43%
Afrânio Godoy ARENA 9.861 1,39%
Fábio Andrade ARENA 9.687 1,37%
Marco Maciel ARENA 8.271 1,17% Recife   Pernambuco
Paulo Moreira ARENA 8.213 1,16%
Edson Cantarelli ARENA 8.202 1,16%
Audomar Ferraz ARENA 8.131 1,15% Floresta   Pernambuco
Felipe Coelho ARENA 7.944 1,12% Ouricuri   Pernambuco
Antônio Corrêa de Oliveira ARENA 7.937 1,12%
Airon Rios ARENA 7.838 1,11% Recife   Pernambuco
Gonzaga Vasconcelos ARENA 7.411 1,05% Surubim   Pernambuco
Sílvio Pessoa ARENA 7.327 1,03% Recife   Pernambuco
Argemiro Menezes ARENA 7.308 1,03%
Joaquim Coutinho ARENA 7.256 1,02% Nazaré da Mata   Pernambuco
Francisco Perazzo ARENA 7.213 1,02% Tuparetama   Pernambuco
Luis Lócio de Miranda ARENA 6.729 0,95% Jardim   Ceará
Inácio Valadares ARENA 6.700 0,95% São José do Egito   Pernambuco
Antônio Cavalcanti ARENA 6.674 0,94% Nazaré da Mata   Pernambuco
Ivo Queiroz ARENA 6.646 0,94%
João Teobaldo de Azevedo ARENA 6.508 0,92%
Newton Carneiro MDB 6.483 0,92%
Antônio Luiz Filho ARENA 6.460 0,91%
Suetone Barros ARENA 6.450 0,91% Salgueiro   Pernambuco
Nelson Ambrosio da Silva ARENA 6.346 0,90%
Francisco Sampaio Filho ARENA 6.095 0,86%
Edmir Régis de Carvalho ARENA 6.061 0,86%
Joaquim Pereira Lima ARENA 6.007 0,85%
José Petribu ARENA 5.969 0,84%
Egídio Ferreira Lima MDB 5.808 0,82% Timbaúba   Pernambuco
Inaldo Ivo Lima MDB 5.783 0,82%
Liberato Costa Júnior MDB 5.724 0,81% Recife   Pernambuco
José Soares de Andrade ARENA 5.701 0,80%
José Inácio da Silva ARENA 5.664 0,80% Brejo da Madre de Deus   Pernambuco
Aloísio Pinto ARENA 5.502 0,78% Palmeirina   Pernambuco
José Ferreira de Amorim ARENA 5.464 0,77%
Jacques Ferreira Lima MDB 5.434 0,77%
Vital Novaes ARENA 5.421 0,77%
Edgar Moury ARENA 5.406 0,76% Recife   Pernambuco
Carlos Veras ARENA 5.382 0,76%
Francisco Heráclio ARENA 5.372 0,76%
Audálio Tenório ARENA 5.366 0,76%
Fernando Lyra MDB 5.310 0,75% Recife   Pernambuco
José Mendonça Bezerra ARENA 5.276 0,74% Belo Jardim   Pernambuco
Olímpio Mendonça ARENA 5.119 0,72%
Apolinário Siqueira ARENA 5.074 0,72%
Antônio Heráclio ARENA 5.048 0,71%
Romão Sampaio ARENA 4.925 0,69% Salgueiro   Pernambuco
Nivaldo Machado ARENA 4.806 0,68% Olinda   Pernambuco
Luís de Andrade Lima MDB 4.781 0,67%
Edgar Cavalcanti ARENA 4.776 0,67%
Nilson Leal ARENA 4.675 0,66%
Sebastião Inácio Neto ARENA 4.533 0,64%
Dorany Sampaio MDB 4.172 0,59%
Lívio Valença MDB 4.001 0,56%
Harlan Gadelha MDB 3.955 0,56%
Waldemar Borges Filho MDB 3.917 0,55%
Mário de Melo MDB 3.546 0,50%
Geraldo Pinho Alves MDB 3.482 0,49% Olinda   Pernambuco
Clóvis Jatobá MDB 3.375 0,48%

Notas

  1. Nos referidos territórios o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais, não havendo eleições no Distrito Federal e no Território Federal de Fernando de Noronha.
  2. A legislação da época permitia a candidatura a mais de um cargo por eleição, prática abolida com a chegada dos militares ao poder.
  3. a b c d Houve alterações na bancada devido à montagem do secretariado de Nilo Coelho: Osvaldo Coelho foi secretário de Fazenda e Augusto Novaes secretário de Governo. Além disso houve a passagem de Costa Cavalcanti pelo governo Costa e Silva onde foi ministro de Minas e Energia e ministro do Interior, sendo mantido nesse último cargo até o final do governo Emílio Médici. Outra mudança foi a causada pela morte de Arruda Câmara. Nisso foi efetivado Magalhães Melo e convocados José Meira e Dias Lins.
  4. a b c Durante a legislatura o Ato Institucional Número Cinco cassou os mandatos de Osvaldo Lima Filho em 30 de dezembro de 1968 e Adelmar Carvalho e Ney Maranhão em 7 de fevereiro de 1969 cujo Art. 4º § único impedia a convocação dos suplentes.

Referências

  1. «Subsecretaria de Informações do Senado Federal do Brasil: Ato Institucional Número Três». Consultado em 1º de dezembro de 2013 
  2. a b c d e BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1966». Consultado em 7 de janeiro de 2024 
  3. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Nilo Coelho». Consultado em 4 de abril de 2018 
  4. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado João Cleofas». Consultado em 25 de dezembro de 2014 
  5. Cleofas: 97º deputado da UDN (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 14/07/1965. Geral, p. 06. Página visitada em 4 de abril de 2018.
  6. «Senado Federal do Brasil: senador João Cleofas». Consultado em 4 de abril de 2018 
  7. «Galeria de presidentes do Senado Federal do Brasil pós-1964». Consultado em 4 de abril de 2018 
  8. «Acervo digital de O Estado de S. Paulo». Consultado em 1º de dezembro de 2013 
  9. Redação (4 de setembro de 1966). «Nilo ganha em Pernambuco, mas um da ARENA falhou. Primeiro Caderno – p. 17». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 7 de janeiro de 2024 
  10. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 4 de abril de 2018. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  11. a b BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 4 de abril de 2018 
  12. BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Cinco de 13/12/1968». Consultado em 4 de abril de 2018