Eleições estaduais em Santa Catarina em 1998

Fato Histórico

As eleições estaduais em Santa Catarina em 1998 foram realizadas em 4 de outubro, como parte das eleições gerais no Brasil. Os cidadãos aptos a votar elegeram o Presidente da República, o governador e um senador, além de deputados estaduais e federais.[1]

1994 Brasil 2002
Eleições estaduais em  Santa Catarina em 1998
4 de outubro de 1998
(Decisão em primeiro turno)
Candidato Esperidião Amin Paulo Afonso Vieira
Partido PPB PMDB
Natural de Florianópolis, SC Teresina, PI
Vice Paulo Bauer Arnaldo Schmitt
Votos 1.429.982 561.155
Porcentagem 58,92% 23,12%
Resultado da eleição por município no 1º turno

Eleição parlamentar em  Santa Catarina em 1998 (Senado)
4 de outubro de 2002
(Turno único)
Líder Jorge Bornhausen Valdir Colatto
Partido PFL PMDB
Votos 1.087.512 580.437
Porcentagem 47,79% 25,51%

Titular(es)
Esperidião Amin
PPB

Eleito(s)
Jorge Bornhausen
PFL

Nas eleições de 1994, Paulo Afonso Vieira furou uma fila de políticos tradicionais – inclusive no próprio partido – e chegou ao governo do Estado com apenas 37 anos. O peemedebista era fiscal de carreira da Secretaria da Fazenda, havia cumprido um mandato como deputado estadual e disputou duas vezes o cargo de governador em eleições que pareciam perdidas e, por isso, afugentaram os caciques. Na segunda tentativa, em 1994, surpreendeu a favorita Ângela Amin (na época PPR, atual PP) e venceu no segundo turno.

A euforia do governo que prometia promover uma política municipalista e que construiu uma ligeira maioria parlamentar durou cerca de dois anos. A segunda metade do mandato de Paulo Afonso foi de crise permanente até o dia 8 de outubro de 1997, quando o governador escapou de um processo de impeachment na Assembleia Legislativa. Precisava de 13 dos 40 votos para continuar no mandato. Recebeu 14. Continuou no antigo Palácio de Governo, em frente à Praça Tancredo Neves, até o fim de um mandato que ficou marcado pela polêmica emissão de títulos públicos que motivou o pedido de impeachment, pelo constante atraso de salários do funcionalismo e pela derrota para Esperidião Amin (PPB) ainda em primeiro turno na tentativa de reeleger-se em 1998.

Abertura de processo de impeachment de Paulo Afonso editar

Em 1997, o governo Paulo Afonso enfrentou uma grave crise política, motivada pela denúncia feita no final de 1996 pelo então senador Vilson Kleinübing (PFL), que acusou Paulo Afonso de haver emitido irregularmente, na época em que era titular da pasta da Fazenda, 605 milhões de reais em títulos públicos para o pagamento de dívidas judiciais do governo (precatórios). Essa e outras denúncias — envolvendo também os governadores Miguel Arraes (PSB), de Pernambuco, e Divaldo Suruagy (PMDB), de Alagoas — levaram à instalação, em novembro de 1996, de uma Comissão parlamentar de inquérito (CPI), no Congresso Nacional, para apurar irregularidades na emissão e negociação de títulos estaduais entre 1995 e 1996. Os trabalhos da CPI dos Precatórios desvendaram parte de um complexo esquema montado por corretoras de valores, com a conivência de governos estaduais e prefeituras, para ganhar milhões de reais às custas dos cofres públicos.

No entanto, foi em Santa Catarina que a questão ganhou contornos mais nítidos de disputa política regional. O empenho dos dois senadores catarinenses — Kleinübing, do PFL, e Esperidião Amin, agora no Partido Progressista Brasileiro (PPB), agremiação surgida em agosto de 1995 a partir da fusão do PPR com o PP — nas investigações denunciava a estratégia oposicionista para desestabilizar o governo do PMDB que, com apoio das forças progressistas do estado, configurava-se o principal obstáculo à hegemonia das tradicionais oligarquias políticas catarinenses.[parcial?] No início de 1997, o PFL, que havia apoiado Paulo Afonso no segundo turno das eleições de 1994 e ocupava algumas secretarias do governo, recompôs sua aliança com o PPB e, retirando-se do governo, passou a exigir na Assembléia Legislativa o impeachment do governador.

Por solicitação da seção catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o processo contra Paulo Afonso Vieira foi instalado na Assembléia, mas acabou sendo definitivamente arquivado no dia 8 de outubro, quando a maioria dos deputados negou apoio à deposição do governador. Porém, em julho de 1999, a Justiça colocou os bens de Paulo Afonso em indisponibilidade, por conta da questão dos precatórios.

Resultado da eleição para governador editar

Candidatos a Governador do estado Candidatos a Vice-Governador Número Coligação Votação Percentual
Esperidião Amin
PPB
Paulo Bauer
PFL
11
Mais Santa Catarina
(PPB, PFL, PSDB, PTB, PL, PAN, PGT, PRN, PRTB, PSDC, PSL, PST, PTdoB)
1.429.982
58,92%
Paulo Afonso Vieira
PMDB
Arnaldo Schmitt
PMDB
15
561.155
23,12%
Milton Mendes
PT
Ricardo Baratieri
PDT
13
Frente Popular
(PT, PDT, PSB, PPS, PCdoB, PCB, PMN, PSN)
386.332
15,92%
Joaninha de Oliveira Johnson
PSTU
César Pacheco
PSTU
16
24.330
1,00%
Rogério Portanova
PV
Stênio Vieira
PV
43
18.588
0,77%
Carlos Alberto Machado
PSC
Antônio Bittencourt
PSC
20
6.420
0,26%

Resultado da eleição para senador editar

Candidatos a Senador da República Candidatos a Suplente de Senador Número Coligação Votação Percentual
Jorge Bornhausen
PFL
Vasco Furlán
PPB
Aristorídes Stadler
PPB
25
Mais Santa Catarina
(PPB, PFL, PSDB, PTB, PL, PAN, PGT, PRN, PRTB, PSDC, PSL, PST, PTdoB)
1.087.512
47,79%
Valdir Colatto
PMDB
Vilibio Pereira
PMDB
Haroldo Neitzke
PMDB
15
580.437
25,51%
Sérgio Grando
PPS
Manoel Dias
PDT
Libera Sachet
PDT
23
Frente Popular
(PT, PDT, PSB, PPS, PCdoB, PCB, PMN, PSN)
521.351
22,91%
Luiz Carlos Baretta
PV
Hilton Borba
PV
Francisco Souza
PV
43
27.793
1,22%
Gilmar Salgado
PSTU
Iara Machado
PSTU
Carlos Rogério Müller
PSTU
16
25.409
1,12%
Marcos Roza
PSD
Evaldino Leite
PSD
Roberto Martins
PSD
41
18.647
0,82%
João Mendes
PSC
Idevan Alves
PSC
Ivone Mateus
PSC
20
14.270
0,63%

Deputados federais eleitos editar

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[2][3]

Representação eleita

  PPB: 4
  PMDB: 4
  PFL: 3
  PT: 2
  PDT: 2
  PSDB: 1
Número Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
1130 Hugo Biehl PPB 91.815 3,92% Piratuba   Santa Catarina
1112 Leodegar Tiscoski PPB 83.622 3,57% Sombrio   Santa Catarina
1122 Eni Voltolini PPB 82.418 3,52% Corupá   Santa Catarina
2580 Gervásio Silva PFL 79.791 3,41% São José   Santa Catarina
2511 Antônio Carlos Konder Reis PFL 75.497 3,23% Itajaí   Santa Catarina
1111 João Pizzolatti PPB 75.144 3,21% Blumenau   Santa Catarina
2555 Paulo Gouvêa PFL 72.804 3,11% Cachoeira do Sul   Rio Grande do Sul
1598 João Batista Matos PMDB 56.226 2,40% Ituporanga   Santa Catarina
1312 Carlito Merss PT 53.608 2,29% Porto União   Santa Catarina
1555 Edison Andrino PMDB 50.386 2,15% Florianópolis   Santa Catarina
1333 Luci Choinacki PT 48.737 2,08% Descanso   Santa Catarina
1210 Serafim Venzon PDT 47.945 2,05% Botuverá   Santa Catarina
4578 Vicente Caropreso PSDB 47.890 2,05% Blumenau   Santa Catarina
1515 Edinho Bez PMDB 46.352 1,98% Gravatal   Santa Catarina
1236 Fernando Coruja PDT 46.136 1,97% Lages   Santa Catarina
1567 Renato Vianna PMDB 45.043 1,92% Blumenau   Santa Catarina

Deputados estaduais eleitos editar

Na disputa pelas quarenta cadeiras da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.[4]

Representação eleita

  PPB: 10
  PMDB: 10
  PFL: 9
  PT: 5
  PSDB: 3
  PDT: 2
  PTB: 1
Número Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
25123 Paulo Bornhausen PFL 61.254 2,46% Blumenau   Santa Catarina
25100 Cesar Souza PFL 48.493 1,94% Rio do Sul   Santa Catarina
11222 Gilmar Knaesel PPB 36.986 1,48% Pomerode   Santa Catarina
11233 Reno Caramori PPB 35.136 1,41% Getúlio Vargas   Rio Grande do Sul
15220 Herneus de Nadal PMDB 34.313 1,38% Palmitos   Santa Catarina
25210 Adelor Vieira PFL 33.299 1,34% Blumenau   Santa Catarina
25456 Wilson Wan-Dall PFL 32.811 1,32% Gaspar   Santa Catarina
25200 Onofre Agostini PFL 30.553 1,23% Ipê   Rio Grande do Sul
25211 João Macagnan PFL 30.471 1,22% Água Doce   Santa Catarina
25222 Ciro Roza PFL 29.848 1,20% Blumenau   Santa Catarina
11135 Lício Mauro da Silveira PPB 29.723 1,19% Joinville   Santa Catarina
25777 Nilson Gonçalves PFL 29.423 1,18% Curitiba   Paraná
25999 Heitor Sché PFL 29.334 1,18% Rio do Sul   Santa Catarina
11211 Milton Sander PPB 28.884 1,16% Chapecó   Santa Catarina
15270 Romildo Titon PMDB 28.834 1,16% Tangará   Santa Catarina
15104 Narcizo Parisotto PMDB 27.335 1,10% Concórdia   Santa Catarina
45123 Jorginho Mello PSDB 26.825 1,08% Ibicaré   Santa Catarina
15010 Rogério Peninha PMDB 25.044 1,00% Nova Trento   Santa Catarina
13200 Neodi Saretta PT 24.862 1,00% Jaborá   Santa Catarina
15144 Gelson Sorgato PMDB 24.685 0,99% Antônio Prado   Rio Grande do Sul
11223 Joares Ponticelli PPB 24.557 0,98% Pouso Redondo   Santa Catarina
11271 Ivan Ranzolin PPB 24.471 0,98% Lages   Santa Catarina
11113 Odete de Jesus PPB 24.305 0,97% União da Vitória   Paraná
11245 Odacir Zonta PPB 23.869 0,96% Encantado   Rio Grande do Sul
13111 Volnei Morastoni PT 23.711 0,95% Rio do Sul   Santa Catarina
15157 Manoel Mota PMDB 22.919 0,92% Araranguá   Santa Catarina
15194 Luiz Roberto Herbst (Beto) PMDB 22.380 0,90% Mafra   Santa Catarina
13133 Pedro Uczai PT 22.083 0,89% Descanso   Santa Catarina
15109 Ronaldo Benedet PMDB 21.815 0,87% Criciúma   Santa Catarina
13613 Francisco de Assis Nunes PT 21.677 0,87% Imaruí   Santa Catarina
15140 Ivo Konell PMDB 21.151 0,85% Jaraguá do Sul   Santa Catarina
11166 Valmir Comin PPB 20.918 0,84% Siderópolis   Santa Catarina
11666 Nelson Goetten PPB 20.359 0,82% Taió   Santa Catarina
15180 Moacir Sopelsa PMDB 19.484 0,78% Concórdia   Santa Catarina
13123 Ideli Salvatti PT 15.676 0,63% São Paulo   São Paulo
12234 Jaime Mantelli PDT 15.597 0,63% Chapecó   Santa Catarina
12222 Afonso Spaniol PDT 15.291 0,61% Itapiranga   Santa Catarina
45623 Jaime Duarte PSDB 13.277 0,53% Orleans   Santa Catarina
45611 João Rosa PSDB 12.924 0,52% Ponte Alta   Santa Catarina
14292 Sandro Tarzan PTB 12.309 0,49% São Joaquim   Santa Catarina

Referências

  1. Eleições 1998 - Governador de Santa Catarina. Folha de S. Paulo, 4 de outubro de 1998
  2. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 26 de junho de 2016. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  3. «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 26 de junho de 2016 
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