Eleições estaduais no Rio Grande do Sul em 1962

As eleições estaduais no Rio Grande do Sul em 1962 ocorreram no dia 7 de outubro como parte das eleições gerais em 22 estados e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima.[1] Foram eleitos o governador Ildo Meneghetti, os senadores Mem de Sá e Daniel Krieger, além de 29 deputados federais e 55 estaduais.[nota 1][nota 2] Foi a última eleição antes da deposição do presidente João Goulart e instalação do Regime Militar de 1964.[2]

1958 Brasil 1966
Eleições estaduais no  Rio Grande do Sul em 1962
7 de outubro de 1962
(Turno único)
Candidato Ildo Meneghetti Egídio Michaelsen
Partido PSD PTB
Natural de Porto Alegre, RS São Sebastião do Caí, RS
Vice Não havia Não havia
Votos 502.356 480.131
Porcentagem 39,47% 37,72%
Candidato mais votado por município (157):
  Ildo Meneghetti (112)
  Egídio Michaelsen (40)
  Ferrari (5)

Responsável pelo desempate em favor do PSD nas disputas pelo Palácio Piratini, o engenheiro civil Ildo Meneghetti nasceu em Porto Alegre e graduou-se na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disposto a erigir uma marca de renome, criou sua própria empresa e com ela trabalhou na construção de ferrovias em solo gaúcho e em razão disso foi convidado a ingressar na Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul. Sua indiferença quanto à vida política terminou quando o ex-interventor Cylon Rosa encorajou sua candidatura vitoriosa à Câmara Municipal de Porto Alegre em 1947. Em junho do ano seguinte foi nomeado à prefeitura da cidade graças a uma escolha feita pelo governador Walter Jobim mantendo o cargo até 1951, quando Ernesto Dorneles assumiu o executivo estadual. No mesmo ano foi eleito prefeito da capital gaúcha ao derrotar Leonel Brizola. Em 1954 Ildo Meneghetti foi eleito governador pela primeira vez e agora retoma o posto favorecido por uma cisão no trabalhismo que patrocinou as candidaturas de Egídio Michaelsen e Fernando Ferrari.

Nascido em Porto Alegre e formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o advogado Mem de Sá exerce ainda a profissão de jornalista e sob essa égide trabalhou no Diário de Notícias.[3] Serviu ao interventor Flores da Cunha como chefe de gabinete de Raul Pilla, então secretário de Agricultura. Professor de Economia Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dirigiu o Departamento de Estatística e o Departamento Administrativo do Serviço Público na interventoria de Cordeiro de Farias. Sempre filiado ao Partido Libertador, venceu as eleições para deputado estadual em 1947 e 1950. Eleito suplente de senador em 1954, herdou a cadeira devido a renúncia de Armando Câmara em 1956 e agora foi reeleito.

Gaúcho de São Luiz Gonzaga, o advogado Daniel Krieger militava no Partido Republicano Rio-grandense e apoiou Revolução de 1930, mas discórdias quanto aos rumos da mesma fizeram-no romper com Getúlio Vargas. Formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi consultor jurídico do Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul, funcionário do Banco do Estado do Rio Grande do Sul e promotor de justiça em Porto Alegre e Santo Antônio da Patrulha. Eleito deputado estadual pela UDN em 1947, foi suplente de deputado federal no pleito seguinte, mas em 1954 tornou-se senador, mandato renovado em 1962.[4]


Resultado da Eleição Para Senador
Líder Mem de Azambuja Sá Daniel Krieger
Partido PL UDN
Natural de Porto Alegre, RS São Luiz Gonzaga, RS
Votos 572.334 567.882
Porcentagem 26,09% 25,89%
  Mem de Sá
  Daniel Krieger
  Brochado da Rocha
  Mariano Beck

Resultado da eleição para governador editar

Com informações extraídas do Tribunal Superior Eleitoral que certificou 1.272.871 votos nominais.[1][5]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Ildo Meneghetti
PSD
Não havia[nota 2]
-
41
Ação Democrática Popular
(PSD, UDN, PL, PDC, PRP)
502.356
39,47%
Egídio Michaelsen
PTB
Não havia
-
14
PTB (sem coligação)
480.131
37,72%
Fernando Ferrari
MTR
Não havia
-
30
MTR (sem coligação)
290.384
22,81%
  Eleito

Resultado da eleição para senador editar

Com informações extraídas do Tribunal Superior Eleitoral que certificou 2.193.482 votos nominais.[1][nota 3]

Candidatos a senador da República
Primeiro suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Mem de Sá[nota 4]
PL
Gay da Fonseca[nota 4]
PL
200
Ação Democrática Popular
(PSD, UDN, PL, PDC, PRP)
572.334
26,09%
Daniel Krieger
UDN
Nestor Pereira
UDN
222
Ação Democrática Popular
(PSD, UDN, PL, PDC, PRP)
567.882
25,89%
Brochado da Rocha[nota 5]
PTB
João Carlos Gastal
PTB
144
PTB (sem coligação)
539.665
24,60%
Mariano Beck
PTB
Alter de Oliveira
PTB
141
PTB (sem coligação)
513.601
23,42%
  Eleito

Deputados federais eleitos editar

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[6][7][nota 6]

Representação eleita

  PTB: 14
  PSD: 7
  PL: 3
  PDC: 2
  PRP: 1
  UDN: 1
  MTR: 1
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Brito Velho PL 71.853 Porto Alegre   Rio Grande do Sul
Floriceno Paixão PTB 69.035 Taquara   Rio Grande do Sul
Paulo Mincarone[nota 7] PTB 60.416 Bento Gonçalves   Rio Grande do Sul
Tarso Dutra PSD 57.185 Porto Alegre   Rio Grande do Sul
Peracchi Barcelos[nota 8] PSD 55.114 Porto Alegre   Rio Grande do Sul
Jairo Brum MTR 42.095 Guaporé   Rio Grande do Sul
César Prieto[nota 9] PTB 37.762 São Borja   Rio Grande do Sul
Euclides Triches PDC 34.450 Caxias do Sul   Rio Grande do Sul
Flores Soares UDN 32.726 Porto Alegre   Rio Grande do Sul
Ortiz Borges[nota 7] PTB 28.413 Soledade   Rio Grande do Sul
Pedro Anschau PRP 27.802 Três Passos   Rio Grande do Sul
Luciano Machado PSD 27.278 Palmeira das Missões   Rio Grande do Sul
Adílio Viana PTB 25.166 Rio Grande   Rio Grande do Sul
Daniel Faraco[nota 10] PSD 24.944 Florianópolis   Santa Catarina
Temperani Pereira[nota 7] PTB 24.927 Santa Maria   Rio Grande do Sul
Zaire Nunes PTB 23.772 Taquara   Rio Grande do Sul
Unírio Machado PTB 23.494 Santo Ângelo   Rio Grande do Sul
Giordano Alves PTB 22.575 Itaqui   Rio Grande do Sul
Raul Pilla PL 20.858 Porto Alegre   Rio Grande do Sul
Clóvis Pestana PSD 20.172 Porto Alegre   Rio Grande do Sul
Rubem Alves PTB 19.164 Caxias do Sul   Rio Grande do Sul
Clay Araújo[nota 7] PTB 18.277 Riachuelo   Sergipe
Osmar Grafulha PTB 18.271 Rio Grande   Rio Grande do Sul
Lauro Leitão[nota 11] PSD 18.192 Soledade   Rio Grande do Sul
Antônio Bresolin PTB 18.031 Cruz Alta   Rio Grande do Sul
Milton Dutra[nota 7] PTB 18.001 Santiago   Rio Grande do Sul
Cid Furtado PDC 17.943 Pelotas   Rio Grande do Sul
Norberto Schmidt PL 16.224 Santa Cruz do Sul   Rio Grande do Sul
Ary Alcântara PSD 13.452 Pelotas   Rio Grande do Sul

Deputados estaduais eleitos editar

Estavam em jogo as 55 cadeiras da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.[2]

Representação eleita

  PTB: 23
  PSD: 11
  PL: 6
  PDC: 4
  MTR: 4
  PRP: 3
  UDN: 3
  PSB: 1
Fonteː[1]
Deputados estaduais eleitos por ordem alfabética Partido Cidade onde nasceu Unidade federativa
Adolfo Puggina PDC Rio Grande   Rio Grande do Sul
Alberto Hoffmann PRP Ijuí   Rio Grande do Sul
Aldo da Silva Fagundes PTB Alegrete   Rio Grande do Sul
Alexandre Machado da Silva PSD Arroio Grande   Rio Grande do Sul
Álvaro Petracco da Cunha PTB Planalto   Rio Grande do Sul
Antonino Fornari PSD Triunfo   Rio Grande do Sul
Antônio Setembrino Mesquita PRP Arroio do Meio   Rio Grande do Sul
Antônio Visintainer PTB Sinimbu   Rio Grande do Sul
Ariosto Jaeger PSD Porto Xavier   Rio Grande do Sul
Artur Bachini UDN Pelotas   Rio Grande do Sul
Ari da Silva Delgado PSD Itacurubi   Rio Grande do Sul
Airton d'Ávila Barnasque PTB Cachoeira do Sul   Rio Grande do Sul
Beno Orlando Burmann PTB Santa Maria   Rio Grande do Sul
Cândido Norberto dos Santos MTR Bagé   Rio Grande do Sul
Dario Beltrão PL Santiago   Rio Grande do Sul
Euclides Nicolau Kliemann PSD Santa Cruz do Sul   Rio Grande do Sul
Flávio Antônio Lopes Ramos MTR Fontoura Xavier   Rio Grande do Sul
Francisco Solano Borges PL Santa Maria   Rio Grande do Sul
Getúlio Marcantônio PL Canoas   Rio Grande do Sul
Gudbem Borges Castanheira PL Pelotas   Rio Grande do Sul
Gustavo Langsch PSD Santa Maria   Rio Grande do Sul
Harri Alziro Sauer PTB Gravataí   Rio Grande do Sul
Hed Santos Borges PSD Soledade   Rio Grande do Sul
Heitor Silveira Campos MTR Arvorezinha   Rio Grande do Sul
Hélio Ricardo Carneiro da Fontoura PTB Tapera   Rio Grande do Sul
Henrique Henkin PTB Quatro Irmãos   Rio Grande do Sul
Honório Pereira Severo PL Dom Pedrito   Rio Grande do Sul
João Brusa Netto PTB Caxias do Sul   Rio Grande do Sul
João Caruso Scuderi PTB Palermo   Itália
José Arlindo Kunzler PSD Montenegro   Rio Grande do Sul
José Augusto Amaral de Souza PSD Palmeira das Missões   Rio Grande do Sul
José Fidelis Ramos Coelho PTB Seberi   Rio Grande do Sul
José Lamaison Porto PTB Passo Fundo   Rio Grande do Sul
José Sperb Sanseverino PDC Encruzilhada do Sul   Rio Grande do Sul
Justino da Costa Quintana PTB Bagé   Rio Grande do Sul
Marcírio Goulart Loureiro PTB São Borja   Rio Grande do Sul
Marino Rodrigues dos Santos PSB Ronda Alta   Rio Grande do Sul
Mário Mondino PDC São Leopoldo   Rio Grande do Sul
Nelson Marchezan PDC Santa Maria   Rio Grande do Sul
Oscar Westendorff PRP São Lourenço do Sul   Rio Grande do Sul
Osmar Lautenschleiger MTR Guaíba   Rio Grande do Sul
Paulo Brossard de Souza Pinto PL Bagé   Rio Grande do Sul
Pedro Jorge Simon PTB Caxias do Sul   Rio Grande do Sul
Porcínio Borges Pinto PSD Lajeado   Rio Grande do Sul
Poti Irineu de Medeiros UDN Lavras do Sul   Rio Grande do Sul
Reinaldo Cherubini PSD Nova Prata   Rio Grande do Sul
Rubens Dario Porciúncula PTB Ijuí   Rio Grande do Sul
Seno Frederico Ludwig PTB Braga   Rio Grande do Sul
Sereno Chaise PTB Soledade   Rio Grande do Sul
Siegfried Emanuel Heuser PTB Santa Cruz do Sul   Rio Grande do Sul
Sueli Gomes de Oliveira PTB Osório   Rio Grande do Sul
Sinval Guazzeli UDN Vacaria   Rio Grande do Sul
Walter Bertolucci PTB Esteio   Rio Grande do Sul
Wilmar Correia Taborda PTB Palmeira das Missões   Rio Grande do Sul
Wilson Vargas da Silveira PTB Porto Alegre   Rio Grande do Sul

Bancada federal após o bipartidarismo editar

Notas

  1. Não houve eleições no Distrito Federal e no Território Federal de Fernando de Noronha.
  2. a b Diante da inexistência do vice-governador do estado, o substituto constitucional do titular seria o presidente da Assembleia Legislativa.
  3. Conforme dispunha a legislação vigente, a eleição do senador importaria a do suplente com ele registrado.
  4. a b Mem de Sá delegou seu mandato ao suplente ao longo do primeiro semestre de 1966 quando foi ministro da Justiça no governo do presidente Castelo Branco.
  5. Trata-se de Antônio Brochado da Rocha, irmão do também político, José Diogo Brochado da Rocha.
  6. Devido à cassação de parlamentares pelo Ato Institucional Número Um foram efetivados: Croaci Oliveira, José Mandelli, Lino Braun, Matheus Schmidt e Vítor Issler.
  7. a b c d e Teve o mandato cassado pelo Ato Institucional Número Um e a seguir foi efetivado Croacy Oliveira.
  8. Durante sua passagem como ministro do Trabalho no governo Castelo Branco, foi convocado Raimundo Chaves.
  9. Seu mandato foi cassado pelo Ato Institucional Número Dois, instrumento que proibiu a convocação do substituto.
  10. Durante sua passagem como ministro da Indústria e Comércio no governo Castelo Branco, foi convocado Marcial Terra.
  11. Afastou-se do mandato para ocupar a Secretaria de Educação no governo Ildo Meneghetti e assim foi convocado Milton Cassel.

Referências

  1. a b c d BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 9 de julho de 2016 
  2. a b BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. «Banco de dados eleitorais». Consultado em 9 de julho de 2016 
  3. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Mem de Sá». Consultado em 9 de julho de 2016 
  4. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Daniel Krieger». Consultado em 9 de julho de 2016 
  5. «UFRGS» 
  6. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 9 de julho de 2016. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  7. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 9 de julho de 2016