Empresa Simples de Crédito

Figura jurídica brasileira criada durante o governo de Jair Bolsonaro

A Empresa Simples de Crédito (ESC) é uma figura jurídica brasileira criada no dia 24 de abril, após a sanção a tramitação do projeto no Congresso Nacional. Segundo o Ministério da Economia, pessoas físicas poderão abrir uma ESC em suas cidades e emprestar dinheiro para pequenos negócios. Não há exigência de capital mínimo necessário para a abertura da empresa, mas a receita bruta anual permitida será de no máximo 4,8 milhões de reais.[1] Outras limitações incluem ainda a impossibilidade dessas empresas de serem um banco ou de usarem o nome de instituição financeira; a criação de filiais; ou a participação de uma pessoa física em mais de uma ESC.[2][3]

Presidente Jair Bolsonaro sanciona em abril de 2019 a Lei da Empresa Simples de Crédito

As ESCs, apesar do nome, terão regime tributário de empresa convencional, não podendo enquadrar-se no sistema de tributação simplificado (SIMPLES), que é o regime aplicado exclusivamente às micro e pequenas empresas.[1][4]

Criação e tramitação editar

O projeto de Lei da ESC foi construído e articulado pela Frente Parlamentar Mista das micro e pequenas empresas (MPE), com o apoio do Ministério da Economia, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o Banco Central do Brasil.[5]

O projeto que cria a ESC foi aprovado pelo Senado com grande sucesso, por 62 votos favoráveis e um contrário, no dia 18 de março.[6] Houve participação direta de Guilherme Afif Domingos, ex-presidente do Sebrae e assessor de Paulo Guedes, o atual ministro da economia.[7]

Houve apenas um veto de Bolsonaro ao sancionar a lei. Segundo o sítio eletrônico do Senado: "no dispositivo que previa tratamento diferenciado entre startups e demais pessoas jurídicas, inclusive microempresas e empresas de pequeno porte, foi vetado trecho relacionado às garantias de recuperação do crédito tributário. Com isso, elas passam a ter que cumprir as mesmas regras previstas na legislação."[8]

Reações editar

Favoráveis editar

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apoiou a lei, afirmando que a criação da ESC contribuirá para a ampliação do crédito para micro e pequenas empresas, mas que é preciso avançar também em outros pontos da agenda de competitividade do setor.[1]

O ex-presidente nacional do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, elogiou a medida em cerimônia de comemoração da aprovação, ironizando privilégios de bancos e a burocratização sobre a abertura de empresas no Brasil, dizendo: "A empresa simples de crédito é aquele indivíduo que, sem autorização nenhuma, porque não precisa de autorização, simplesmente registra uma empresa, que é simples de crédito, e passa a emprestar na sua comunidade, a um juro que vai ser com certeza menor do que [aquele que] é oferecido na região, porque hoje os grandes bancos captam de todos, mas só emprestam para alguns".

Contrárias editar

Um consultor ouvido pelo O Globo viu a implementação da lei como a regulamentação da agiotagem; ele afirmou: "Em vez do agiota trabalhar de forma irregular e ser pego pelo Coaf, ele se transformará em ESC. Para um empresário desesperado, que não consegue dinheiro no banco, se o agiota oferece uma taxa de 4% a 5%, fecha negócio. É fácil vender dinheiro e, agora, vai vender legalmente."[9]

Ver também editar

Referências

  1. a b c «Bolsonaro sanciona lei de criação da Empresa Simples de Crédito». Agência Brasil 
  2. «Empresa Simples de Crédito facilita operações de crédito entre pequenos negócios». Planalto 
  3. «Bolsonaro sanciona lei que cria a Empresa Simples de Crédito». Poder360. 24 de abril de 2019. Consultado em 12 de maio de 2019 
  4. «Lei 9317/96 | Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996». Portal Tributário - Receita Federal. 5 de dezembro de 1996. Consultado em 10 de julho de 2019 
  5. «Empresa Simples de Crédito pode injetar R$ 20 bilhões por ano nos pequenos negócios». www.brasil.gov.br. Consultado em 12 de maio de 2019 
  6. «8 respostas sobre a Empresa Simples de Crédito, que ajudará empresários a conseguir empréstimos». Pequenas Empresas Grandes Negócios. Consultado em 12 de maio de 2019 
  7. «Senado aprova criação da Empresa Simples de Crédito (ESC)». Valor Econômico. 19 de março de 2019. Consultado em 21 de maio de 2019 
  8. «Empresa Simples de Crédito vira lei». Senado Federal. Consultado em 21 de maio de 2019 
  9. «Empresa Simples de Crédito: conheça a lei polêmica de empréstimo para pequenos empresários». O Globo. 13 de maio de 2019. Consultado em 15 de maio de 2019 

Ligações externas editar