Engesa
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Engesa | |
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Engesa | |
Razão social | Engenheiros Especializados S.A. |
Atividade | Defesa, Automobilística |
Fundação | 1958 |
Encerramento | 1993 |
Sede | São Paulo, SP, Brasil |
Produtos | Jipe, Veículo blindado, Trator, Carro de combate, Fora de estrada |
Website oficial | engesa |
A ENGESA (Engenheiros Especializados S.A.) foi uma empresa brasileira focada no setor Bélico, fundada em 1958.[1] A Engesa produzia veículos militares como o EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu. Chegou a vender seus produtos para 18 países. A empresa chegou a empregar mais de 20.000 pessoas.
A empresa faliu em outubro de 1993, deixando uma dívida de R$ 1,5 bilhão, em valores atualizados junto ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em empréstimos não pagos.[2]
HistóriaEditar
A Engesa (Engenheiros Especializados S.A.) foi o mais importante produtor de equipamentos militares de uso terrestre do Brasil. Chegou a vender seus produtos para dezoito países. As transações eram feitas no mais alto nível dos governos. Sentavam-se nas mesas de negociação os governantes e seus primeiros escalões financeiros. Depois de vender armas, ficava muito mais fácil oferecer aos presidentes dos governos-clientes o fornecimento de serviços de engenharia, automóveis etc. Fundada em 1958 por um grupo de engenheiros recém-formados liderado por José Luiz Whitaker Ribeiro, a empresa, que nos primeiros anos se dedicou à fabricação de equipamentos para a prospecção, produção e refino de petróleo, acabou por colocar o Brasil na quinta posição entre os maiores exportadores mundiais de material militar.
A indústria de sistemas de defesa produzia veículos militares como o EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu e manteve uma carteira de vendas para as forças armadas de 37 países, como o Iraque, a Líbia, a Arábia Saudita e todos os vizinhos do Brasil na América Latina. Abriu caminho para outros negócios, da engenharia de rodovias à exportação de carne resfriada de frango.
A primeira sede da empresa estava situada na Av. Liberdade, na cidade de São Paulo. A partir de 1975, a empresa mudou-se para a Av. Nações Unidas e em 1985, para um complexo de 65 000 m², sendo destes 26 557 m2 de área construída, na cidade de Barueri, porém, a principal fábrica estava situada em São José dos Campos, em um complexo de cerca de 200 000 m2. Em 2001 as instalações foram vendidas à Embraer e o estoque de peças e veículos semi-acabados, que faziam parte da massa falida foram adquiridos por uma empresa de importação e exportação.[3]
Os produtos mais conhecidos são os veículos blindados EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, os caminhões táticos militares e blindado leve EE-T4 Ogum e o carro de combate EE-T1 Osório. O "jipe" Engesa, um dos produtos, atendia tanto ao mercado militar quanto civil. O grupo de empresas controladas pela Engesa também fabricavam tratores agrícolas e florestais (Engex)(muitos deles premiados internacionalmente), rodas para carros (FNV), comerciais para TV (Engevídeo), trilhos e vagões (FNV), motores para ônibus elétrico (Engelétrica), caminhões de coleta de lixo (FNV), mísseis, foguetes e giroscópios para diversos usos (Órbita), radares de diversos tipos (Engetrônica), possuíam a única fábrica de munição pesada do Brasil e representavam a Casa da Moeda Brasileira em diversos países, principalmente árabes.[4]
A ENGESA foi controladora das empresas Engex; Engesa Elétrica, conhecida como Engelétrica (ex-Bardella-Borriello Eletromecânica), em Jandira, SP); Engesa Eletrônica, conhecida como Engetrônica (ex-Inbelsa, afiliada da Philips do Brasil, em São Paulo, SP); Fábrica Nacional de Vagões - FNV (em Cruzeiro, SP); Órbita, dentre outras. O centro administrativo estava situado em Tamboré, Barueri, SP, onde também encontrava-se a Engepeq, centro de pesquisa e desenvolvimento do grupo.
OsórioEditar
No inicio dos anos 1980,(1981-1985.) o Exército da Arábia Saudita realizou estudos para escolher um novo carro de combate para o seu inventário. As primeiras avaliações indicaram que o melhor modelo existente no mercado era o Leopard 2. Os sauditas, no entanto, foram surpreendidos pela recusa do governo da Alemanha Ocidental em vender o carro de combate fora do âmbito geopolítico da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A Engesa, que vendia muitos blindados, como o EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu, viu uma oportunidade e decidiu apresenta o projeto do EE-T1 Osório, voltado para o mercado externo. A Engesa descartou ao menos duas exigências do Exército Brasileiro: peso máximo de 36 toneladas e largura de 3,20 metros, já que todos os outros carros de combate fabricados no exterior tinham largura e peso bem maiores. Os sauditas ficaram impressionados com o carro de combate brasileiro. Era um negócio de mais de 1 bilhão de dólares e o Exército Brasileiro receberia um EE-T1 Osório a cada dez vendidos para a Arábia Saudita. Porém o exército brasileiro optou por não adquirir o Osório causando um grande desequilíbrio no projeto de sobrevivência da Engesa. Posteriormente os EUA passaram a pressionar o governo saudita pela compra do Abrams, com isso a Arábia Saudita finalmente desistiu da compra do blindado brasileiro.[5][6]
A empresa faliu no início dos anos 90, deixando dívidas de R$ 1,5 bilhão, em valores atualizados, junto ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em empréstimos não pagos. O engenheiro José Luiz Whitaker Ribeiro viu encolher seu prestígio e patrimônio junto com a decadência da empresa que comandou.[7] Depois deste episódio, o Brasil comprou 87 carros de combate Leopard 1A1 da Bélgica e 91 M60 A3 TTS dos Estados Unidos, estes últimos sem as mínimas condições de tráfego pelas pontes que cruzam o interior do pampa gaúcho. Os dois últimos protótipos do EE-T1 Osório, remanescentes da massa falida da Engesa, foram incorporados ao Exército Brasileiro por autorização judicial.[8]
Segundo dados pesquisados por Ronaldo Schlichting, "a Engesa deixou de vender nada mais nada menos que 702 EE-T1 Osório para o Exército saudita". Um contrato de US$ 7,2 bilhões que acabou conquistado pelo grupo General Dynamics, fabricante do tanque M-1A1 Abrams, que foi o segundo colocado nas provas de desempenho promovidas pela Arábia Saudita, disputadas durante uma semana nas areias do deserto, submetido a temperaturas próximas dos 50 graus Celsius, em que os carros de combate da Engesa superaram o Challenger (inglês), o AMX-40 (francês) e o M-1A1 Abrams em todos os testes. Na época, começou a circular no Senado e na Câmara um documento conclamando senadores e deputados a se envolverem no processo para impedir o fechamento da Engesa, as demissões de trabalhadores e a perda de mercados cativos caso a encomenda do EE-T1 Osório não fosse concretizada com a Arábia Saudita.[9]
A falência da empresa,[10] em outubro de 1993, teve diversos fatores como causa, incluindo a má gestão da empresa, a redução do mercado de armas com o fim da Guera Fria, a situação econômica do Brasil e outros problemas secundários, como o calote de US$ 200 milhões do Iraque e no fracasso de vendas dos tanques pesados Osório, no qual a Engesa investiu recursos consideráveis[11]. Os prejuízos contabilizados após a perda do contrato com o Iraque foram irrecuperáveis. Uma empresa detentora de tecnologia de ponta e mão de obra de alto nível, capaz de desenvolver um projeto, como o EE-T1 Osório, acabaria liquidada. A indústria ainda chegou a receber ajuda financeira do governo, por conta de contratos que tinha com a Força Terrestre. Mas, nessa altura, devido ao volume de dívidas só um contrato como o pretendido com a Arábia Saudita a salvaria da falência. A principal instalação industrial da empresa em São José dos Campos foi vendida em 2001 para a Embraer.[4]
FuturoEditar
Em 2009, o grupo europeu EADS se encontrou com o Governo Federal e discutiu o retorno da Engesa, que poderia voltar com o nome de ENGESAER. Ainda não há previsão para a volta concreta, mas pode ser que o primeiro projeto seja atualizar o EE-T1 Osório. Não houve avanços na negociação com os Franceses e o projeto está parado.
Ver tambémEditar
Referências
- ↑ http://www.lexicarbrasil.com.br/engesa/ Lexicar
- ↑ A doce vida dos caloteiros Arquivado em 29 de dezembro de 2014, no Wayback Machine.. Correio Braziliense e Estado de Minas, 11 de julho de 2004
- ↑ Engesa]
- ↑ a b «O Osório-Uma lição importante». Defesa BR. Consultado em 19 de Janeiro de 2014. Arquivado do original em 1 de julho de 2012
- ↑ «EE-T1 Osório: A Morte e Vida Severina do tanque de guerra brasileiro». GearHeadBanger. Consultado em 4 de abril de 2015
- ↑ O acordo da compra de 315 unidades do M1 Abrams da General Dynamics ao preço de 3,1 bilhões de dólares só foi divulgado em novembro de 1990.
- ↑ «Brasil está de volta ao mercado de armas». O Estado de S. Paulo. 5 de setembro de 2002. Consultado em 4 de abril de 2015
- ↑ Paulo Ricardo da Rocha Paiva (28 de agosto de 2013). «Blindados, uma autossuficiência abortada». Jornal do Brasil. Consultado em 10 de abril de 2015
- ↑ Paulo Ricardo da Rocha Paiva. «Blindados, uma autossuficiência abortada». Jornal do Brasil. Consultado em 10 de abril de 2015
- ↑ «Devo, não nego, mas também não pago». Veja. 15 de agosto de 2001. Consultado em 6 de abril de 2015
- ↑ issuu.com https://issuu.com/expeditobastos/docs/ee-9_cc40a. Consultado em 9 de dezembro de 2019 Em falta ou vazio
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