Epidemiologia da perturbação de hiperatividade/déficit de atenção

Estima-se que a perturbação de hiperatividade/déficit de atenção (PHDA) afete cerca de 6 a 7 por cento das pessoas com 18 anos ou menos quando diagnosticadas usando os critérios do DSM-IV.[1] A perturbação hipercinética, quando diagnosticada pelos critérios da CID-10, fornece taxas entre os 1 e 2 por cento nessa mesma faixa etária.[2]

As crianças na América do Norte parecem ter uma taxa mais alta de PHDA do que as crianças na África e no Oriente Médio - no entanto, isso pode ser devido aos diferentes métodos de diagnóstico usados nas diferentes áreas do mundo.[3] Se os mesmos métodos de diagnóstico são usados, as taxas são mais ou menos as mesmas entre os países.[4]

África editar

Em 2020, uma meta-análise de estudos descobriu que 7,47% das crianças e adolescentes em toda a África têm PHDA.[5] A PHDA foi encontrada com mais frequência em meninos, a uma taxa de 2:1.[5] A forma mais comum de PHDA foi a desatenta (2,95% da população total), seguido da hiperativa/impulsiva (2,77%) e combinada (2,44%).[5] Embora diferenças na taxa de prevalência tenham sido encontradas internacionalmente, não está claro se isso reflete diferenças reais ou mudanças na metodologia.[5]

Europa editar

Alemanha editar

Uma avaliação de 2008 da pesquisa “KiGGS”, monitorando 14.836 meninas e meninos (entre os 3 e os 17 anos), mostrou que 4,8% dos participantes tinham um diagnóstico de PHDA. Enquanto que 7,9% de todos os meninos sofriam de PHDA, apenas 1,8% das meninas também. Outros 4,9% dos participantes (6,4% meninos e 3,6% meninas) eram casos suspeitos de PHDA, pois apresentaram uma taxa ≥7 na escala Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ). O número de diagnósticos de PDAH foi de 1,5% (2,4%: 0,6%) entre crianças pré-escolares (3-6 anos), 5,3% (8,7%: 1,9%) na idade deos 7–10 anos, e teve o seu pico em 7,1% (11,3%: 3,0%) na faixa etária dos 11–13 anos. Entre os adolescentes dos 14 aos 17 anos a taxa foi de 5,6% (9,4%: 1,8%).[6]

Espanha editar

As taxas na Espanha são estimadas rondar os 6,8% entre pessoas menores de 18 anos.[7]

Reino Unido editar

Nalgumas partes da Inglaterra, havia listas de espera de cinco anos ou mais para uma avaliação diagnóstica de adultos com PHDA em 2019.[8]

América do Norte editar

 
Percentagem de jovens dos Estados Unidos dos 4 aos 17 anos alguma vez diagnosticados com PHDA em 2007
  14%–15.9%
  11%–13.9%
  9.6%–10.9%
  8.0%–9.5%
  5.6%–7.9%
 
Percentagem de jovens dos 4 aos 17 anos nos Estados Unidos alguma vez diagnosticados com PHDA em 2003[9]

Nos Estados Unidos, é diagnosticado em 2 a 16 por cento das crianças em idade escolar.[10] As taxas de diagnóstico e tratamento da PHDA são muito mais altas na costa leste dos Estados Unidos do que na costa oeste.[11] A frequência do diagnóstico difere entre crianças do sexo masculino (10%) e do sexo feminino (4%) nos Estados Unidos.[12] Essas diferença entre os géneros pode refletir uma diferença na suscetibilidade ou que as mulheres com PHDA tenham menos probabilidade de serem diagnosticadas do que os homens.[13] Os meninos superam as meninas em todas as três categorias de subtipos, mas a magnitude exata dessas diferenças parece depender tanto do informante (pai/mãe, professor/a, etc.) quanto do subtipo. Em duas investigações baseadas na comunidade, conduzidas pela DuPaul e associados, os meninos superaram as meninas em apenas 2,2:1 em amostras geradas pelos pais e 2,3:1 em contribuições com professores.[14]

Mudança das percentagens editar

As taxas de diagnóstico e tratamento da PHDA aumentaram tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos desde a década de 1970. Acredita-se que isso se deva principalmente às mudanças no modo como a condição é diagnosticada[15] e à rapidez com que as pessoas estão dispostas a tratá-la com medicação, ao invés de uma mudança real na frequência.[2] No Reino Unido, cerca de 0,5 em cada 1.000 crianças tinham PHDA na década de 1970, enquanto que 3 em cada 1.000 receberam medicação para a PHDA no final da década de 1990. No Reino Unido, em 2003, 3,6 por cento das crianças do sexo masculino e menos de 1 por cento das crianças do sexo feminino receberam o diagnóstico.[16]:134 Nos Estados Unidos, o número de crianças com o diagnóstico aumentou de 12 em cada 1.000 na década de 1970 para 34 em cada 1.000 no final da década de 1990,[16] para 95 em cada 1.000 em 2007,[17] e 110 em cada 1.000 em 2011.[18] Acredita-se que as mudanças nos critérios diagnósticos em 2013 a partir do DSM-4T-R para o DSM-5 aumentará o número de pessoas diagnosticadas com PHDA, especialmente no que se refere aos adultos.[19]

Referências

  1. Willcutt EG (July 2012). "The prevalence of DSM-IV attention-deficit/hyperactivity disorder: a meta-analytic review". Neurotherapeutics. 9 (3): 490–9. doi:10.1007/s13311-012-0135-8. PMC 3441936. PMID 22976615.
  2. a b Cowen P (2012). Shorter Oxford Textbook of Psychiatry (6th ed.). Oxford University Press. p. 546. ISBN 9780191626753. Retrieved 2014-01-17. Cited source of Cowen (2012): Taylor E (2012). "Attention deficit and hyperkinetic disorders in childhood and adolescence". New Oxford Textbook of Psychiatry (2nd ed.). pp. 1644–1654. doi:10.1093/med/9780199696758.003.0215. ISBN 9780199696758.
  3. Polanczyk G, de Lima MS, Horta BL, Biederman J, Rohde LA (June 2007). "The worldwide prevalence of ADHD: a systematic review and metaregression analysis". The American Journal of Psychiatry. 164 (6): 942–8. doi:10.1176/appi.ajp.164.6.942. PMID 17541055.
  4. Tsuang M, Tohen M, Jones PB, eds. (2011-03-25). Textbook of psychiatric epidemiology (3rd ed.). Chichester, West Sussex: Wiley-Blackwell. p. 450. ISBN 9780470977408.
  5. a b c d Ayano G, Yohannes K, Abraha M (2020-03-13). "Epidemiology of attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD) in children and adolescents in Africa: a systematic review and meta-analysis". Annals of General Psychiatry. 19 (1): 21. doi:10.1186/s12991-020-00271-w. PMC 7071561. PMID 32190100.
  6. "Erkennen – Bewerten – Handeln: Zur Gesundheit von Kindern und Jugendlichen in Deutschland" (PDF) (in German). Robert Koch Institute. 27 November 2008. Archived from the original (PDF; 3,27 MB) on 11 December 2013. Retrieved 24 February 2014. – Kapitel 2.8 Aufmerksamkeitsdefizit-/Hyperaktivitätsstörung (ADHS), S. 57 ISBN 978-3-89606-109-6. See also Schlack R, Hölling H, Kurth BM, Huss M (May 2007). "Die Prävalenz der Aufmerksamkeitsdefizit-/Hyperaktivitätsstörung (ADHS) bei Kindern und Jugendlichen in Deutschland" (PDF). Bundesgesundheitsblatt-Gesundheitsforschung-Gesundheitsschutz. (in German). Robert Koch Institute. 50 (5–6): 827–35. Archived from the original (PDF) on 24 February 2014.
  7. Catalá-López F, Peiró S, Ridao M, Sanfélix-Gimeno G, Gènova-Maleras R, Catalá MA (October 2012). "Prevalence of attention deficit hyperactivity disorder among children and adolescents in Spain: a systematic review and meta-analysis of epidemiological studies". BMC Psychiatry. 12: 168. doi:10.1186/1471-244X-12-168. PMC 3534011. PMID 23057832.
  8. "Clearing ADHD caseload could take 5 years, CCG warns". Health Service Journal. 25 January 2019. Retrieved 2 March 2019.
  9. "CDC – ADHD, Prevalence – NCBDDD". 2017-02-13.
  10. Rader R, McCauley L, Callen EC (April 2009). "Current strategies in the diagnosis and treatment of childhood attention-deficit/hyperactivity disorder". American Family Physician. 79 (8): 657–65. PMID 19405409.
  11. Centers for Disease Control and Prevention (October 17, 2013). "ADHD Home". United States: CDC.gov.
  12. CDC (March 2004). "Summary Health Statistics for U.S. Children: National Health Interview Survey, 2002" (PDF). Vital and Health Statistics. United States: CDC. 10 (221).
  13. Staller J, Faraone SV (2006). "Attention-deficit hyperactivity disorder in girls: epidemiology and management". CNS Drugs. 20 (2): 107–23. doi:10.2165/00023210-200620020-00003. PMID 16478287. S2CID 25835322.
  14. Anastopoulos AD, Shelton, TL (2001). Assessing attention-deficit/hyperactivity disorder. New York, NY: Kluwer Academic/Plenum Publishers.
  15. "ADHD Throughout the Years" (PDF). Center For Disease Control and Prevention. Retrieved 2 August 2013.
  16. a b National Institute for Health and Clinical Excellence (24 September 2008). "CG72 Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD): full guideline" (PDF). NHS.
  17. "Attention-Deficit / Hyperactivity Disorder (ADHD): Data and Statistics". Centers for Disease Control and Prevention. May 13, 2013.
  18. Schwarz A (Mar 31, 2013). "A.D.H.D. Seen in 11% of U.S. Children as Diagnoses Rise". New York Times. Retrieved 2 August 2013.
  19. Dalsgaard S (February 2013). "Attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD)". European Child & Adolescent Psychiatry. 22 Suppl 1: S43-8. doi:10.1007/s00787-012-0360-z. PMID 23202886. S2CID 23349807.

Ligações externas editar