Epodos é como se conhece uma das obras de Horácio, poeta romano do século I antes de Cristo, que reúne versos escritos em forma de epodo (e também de iambos), com 17 pequenos poemas versando sobre assuntos de Roma. A obra divide-se em duas partes (Epodos 1-10 e 11-17).[1]

Fruto da juventude do poeta, foram escritos ao mesmo tempo que o primeiro volume de suas Sátiras, entre os anos 41-30 a.C., à moda do poeta grego Arquíloco.[2]

Análise da obra editar

Neste trabalho, como nos demais de Horácio, notam-se várias narrativas autobiográficas: o autor usa seguidamente a primeira pessoa, construindo em seus livros (às vezes de forma não tão clara ao leitor moderno) suas idades, de tal forma que este é um elemento que serve de ligação entre as suas obras.[1]

Embora essas afirmações sejam aceitas de forma controversa, Horácio parece ter sofrido influência dos trabalhos de Catulo (na divisão da obra em duas partes, por exemplo) e de Calímaco, apresentando-se como seguidor de Lucílio, poeta satírico (tal como se declararam ainda Safo e Alceu).[1]

Este tipo de poesia, originário da Grécia, a chamada "poesia iâmbica" ou "iambos", era conhecida pelo seu tom coloquial e invectivo, tendo casos como o de Arquíloco, em que era uma invectiva ofensiva.[3]

Exemplo - o Epodo X editar

Neste epodo Horácio lança suas invectivas contra um indivíduo da Gália chamado Mérvio, por ele dito como mau versejador, contrário às suas preferências pelo classicismo antigo.[2]

Assim, nos seus versos, evoca Horácio as forças da natureza para que, estando Mérvio ao mar, tudo ocorra para seu fim em um naufrágio; na linguagem empregada serve-se de metáforas e prosopopeias.[2]

Excerto:[2]

Sai do porto, com mau auspício, a nau,
levando o fétido Mévio.
Lembra-te, ó Austro,
de bater ambos os lados com terríveis ondas.
Revolvendo o mar, que o tenebroso Euro
disperse os cabos e os remos quebrados.
que Aquilão surja quão grande os altos montes
que destrói as agitadas azinheiras.
Que não apareça astro favorável na sombria noite
em que o irado Órion se põe,
nem que seja levado em mar mais tranquilo
que tropa Grega dos vencedores, quando, incendiada Troia,
Palas voltou sua ira contra
a ímpia nau de Ájax.

Traduções ao português editar

  • HORÁCIO. Odes e Epodos. Tradução de Bento Prado de Almeida Ferraz e organização de Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 269 páginas. ISBN 85-336-1920-0 (esta obra, contudo, é uma seleção à qual faltam 54 odes e 6 epodos)

Referências

  1. a b c Alexandre Pinheiro Hasegawa (2010). «Dispositio e distinção de gêneros nos Epodos de Horácio: estudo acompanhado de tradução de versos». São Paulo: USP. Consultado em 10 de novembro de 2015 
  2. a b c d Vivian de Azevedo Garcia Salema (n.d.). «Análise do Epodo X de Horácio». UERJ. Consultado em 11 de novembro de 2015 
  3. «Latin literature». Encyclopædia Britannica (em inglês)