Na filosofia e na retórica, a erística (de Éris, a deusa grega do caos, contenda e discórdia) refere-se a argumentos que visam contestar com êxito o argumento de outra pessoa, em vez de procurar a verdade. Segundo T. H. Irwin, "é característico dos erísticos pensar em alguns argumentos como uma maneira de derrotar o outro lado, em se mostrando que um oponente deve concordar com a negação daquilo em que ele inicialmente acreditava".[1] Erística está em argumentar em prol do conflito, em vez de resolvê-lo.[2]

Uso na educação editar

A erística era um tipo de método de ensino de "perguntas e respostas"[3] popularizado pelos sofistas, como Eutidemo e Dionisiodoro. Os alunos aprendiam argumentos erísticos para "refutar seu oponente, independentemente de ele ter dito sim ou não em resposta à sua pergunta inicial".[4]

Platão contrastou esse tipo de argumento com os métodos dialéticos e outros métodos mais razoáveis e lógicos (por exemplo, na República 454a). No diálogo Eutidemo, Platão satiriza a erística. É mais que persuasão, e é mais que discurso. É uma combinação que vence uma discussão sem considerar a verdade. Platão acreditava que o estilo erístico "não constituía um método de argumentação", porque argumentar eristicamente é usar conscientemente argumentos falaciosos, o que enfraquece a própria posição.[5]

Ao contrário de Platão, Isócrates (muitas vezes considerado sofista) não distinguia a erística da dialética.[6] Ele sustentava que ambas careciam de uma "'aplicação útil' ... que criava cidadãos responsáveis",[7] que professores inescrupulosos usavam para "enriquecer-se às custas dos jovens".[8]

Erística filosófica editar

Schopenhauer considera que apenas a lógica busca a verdade. Para ele, dialética, sofística e erística não têm uma verdade objetiva em vista, mas apenas a aparência dela, e não prestam atenção à própria verdade porque visa à vitória. Ele nomeia esses três últimos métodos como "dialética erística (argumento contencioso)".[9]

Segundo Schopenhauer, a Dialética Erística se preocupa principalmente em tabular e analisar estratagemas desonestos,[10] para que possam ser reconhecidos e derrotados de uma só vez, a fim de continuar com um debate dialético produtivo. É por essa mesma razão que a dialética erística deve admitir ter vitória, e não verdade objetiva, por seu objetivo e propósito egoístas.

Teoria da argumentação editar

A teoria da argumentação é um campo de estudo que faz perguntas críticas sobre argumentos erísticos e outros tipos de diálogo.

Ver também editar

Referências

  1. Irwin, T.H. "Plato's Objection to the Sophists." The Greek World. London: Routledge, 1995. P. 585. Print.
  2. H.D. Rankin (1983). Sophists, Socratics and Cynics. Pp. 233–237.
  3. Alexander Nehamas. "Eristic, Antilogic, Sophistic, Dialectic: Plato's Demarcation of Philosophy from Sophistry". (page 6)
  4. Irwin, T.H. "Plato's Objection to the Sophists." The Greek World. London: Routledge, 1995. 583. Print.
  5. Alexander Nehamas. "Eristic, Antilogic, Sophistic, Dialectic: Plato's Demarcation of Philosophy from Sophistry". (page 7).
  6. «Plato, Republic, Book 5, section 454a». www.perseus.tufts.edu 
  7. Marsh, Charles. Classical rhetoric and modern public relations: an Isocratean model. New York: Routledge, 2013. P. 121.
  8. «Isocrates, Antidosis, section 45». www.perseus.tufts.edu 
  9. Controversial Dialectic on CoolHaus.de accessed at January 19, 2008
  10. In his Dialectica Eristica Schopenhauer presents 38 eristic stratagems

Bibliografia editar