Era pós-clássica

Na história mundial, a era pós-clássica normalmente se refere ao período entre os anos 500 e 1500 DC (correspondendo à Idade Média da Europa). O período é caracterizado pelas expansões geográficas de civilizações e o desenvolvimento do comércio entre civilizações.[1][2]

O Sutra do Diamante, o primeiro livro impresso do mundo
O Sutra do Diamante, de Dunhuang em China foi publicado em 868 DC sendo o primeiro livro impresso que usa técnicas de impressão xilográfica [en]. Esta imagem é a parte da frente do livro que foi importante na propagação do Budismo da Ásia Oriental (Budismo Mahayana). Os tempos pós-clássicos eram uma era de religião. Questões sobre a fé tiveram lugar no desenvolvimento de poder político e nas vidas pessoais da maior parte das pessoas em ambos os Velho e Novo Mundos. Regiões geográficas eram muitas vezes divididas com base na afiliação religiosa de um local.

Na Ásia, a propagação do Islã criou um novo império e a idade de ouro islâmica efetuando comércio entre a Ásia, África e Europa, e avançando na ciência islâmica. Na Ásia Oriental, a China Imperial toma todo o estabelecimento do poder, o que influenciou as dinastias da Coreia, Vietnam e Japão. Religiões como o Budismo e o Neoconfucionismo se espalham na região.[3] A pólvora foi desenvolvida na China durante a era pós-clássica. O Império Mongol conectou Europa e Ásia, criando um comércio seguro e estabilidade entre as dois regiões.[4] A população mundial dobrou de 210 milhões em 500 D.C. para 461 milhões em 1500 DC,[5] crescendo de forma constante com alguns declínios causados por eventos tais como a Praga de Justiniano, as conquistas e invasões mongóis e a Peste Negra.[6]

Historiografia editar

Terminologia e periodização editar

A era pós-clássica é uma periodização usado por historiadores designando uma abordagem da história mundial à história, especificamente a escola desenvolvida durante o fim do século XX e o início do século XXI.[2] Fora da história mundial, o termo é também às vezes usado para evitar pré-conceções por volta dos termos Idade Média, Medieval e a Idade das trevas (ver Medievalismo), no entanto, o uso do termo pós-clássico numa escala global é também problemático, e pode ser considerado eurocêntrico.[7]

A época pós-clássica corresponde aproximadamente ao período entre 500 DC e 1450 DC.[2] As datas do início e do fim podem variar dependendo da região, com o período começando no fim do período clássico anterior: Dinastia Han (acabando em 220 DC), Império Romano do Ocidente (em 476 DC), o Império Gupta (em 543 DC), e o Império Sassânida (em 651 DC).

O período pós-clássico é um dos cinco ou seis períodos principais usados por historiadores mundiais:

  1. civilização primitiva,
  2. sociedades clássicas,
  3. pós-clássico,
  4. moderno, e
  5. contemporâneo (por vezes dividido em dois: "Longo século XIX" [en] e contemporâneo).[2]

Apesar de pós-clássico ser sinónimo da Idade Média na Europa Ocidental, o termo não é necessariamente um membro da periodização tripartite tradicional da história da Europa Ocidental em clássico, médio e moderno.

Principais tendências editar

A era pós-clássica sofreu vários desenvolvimentos ou temas comuns. Houve a expansão e crescimento da civilização em novas áreas geográficas, a propagação das três principais religiões mundiais (Budismo, Cristianismo e Islão) e o período da rápida expansão do comércio e rede de comércio.

Crescimento da civilização editar

 Ver artigo principal: Civilização

Primeiro houve a expansão e o crescimento da civilização em novas áreas geográficas por Ásia, África, Europa, Mesoamérica, e o oeste da América do Sul. Porém, conforme notado por Peter Stearns, não houve tendências políticas globais comuns durante o período pós-clássico, pelo contrário, foi um período de estados não bem organizados e outros desenvolvimentos, mas nenhum padrão político comum surgiu.[2] Na Ásia, a China continuou o seu histórico ciclo dinástico e tornou-se mais complexo, melhorando a burocracia. A criação dos Impérios Islâmicos estabeleceu um novo poder no Médio Oriente, África do norte e Ásia Central. A África criou os impérios Songai e Mali no oeste. A queda da civilização romana não só deixou um vácuo de poder no Mediterrâneo e Europa, como também forçou certas áreas a construir o que alguns historiadores poderiam chamar de novas civilizações.[8]

Referências editar

  1. The Post‐Classical Era (em inglês) por Joel Hermansen. Arquivado em 2014-10-31 no Wayback Machine
  2. a b c d e Stearns, Peter N. (2017). «Periodization in World History: Challenges and Opportunities». In: R. Charles Weller. 21st-Century Narratives of World History: Global and Multidisciplinary Perspectives (em inglês). [S.l.]: Palgrave. ISBN 978-3-319-62077-0 
  3. Thompson, John M. (19 de outubro de 2010). The Medieval World: An Illustrated Atlas (em inglês). [S.l.]: National Geographic Books. p. 82. ISBN 9781426205330 
  4. Times Books (Firm), cartographer., Harper Collins atlas of world history, ISBN 9780723010258, p. 128, OCLC 41347894 
  5. Klein Goldewijk, Kees; Beusen, Arthur; Janssen, Peter (22 de março de 2010). «Long-term dynamic modeling of global population and built-up area in a spatially explicit way: HYDE 3.1». The Holocene. 20 (4): 565–573. Bibcode:2010Holoc..20..565K. ISSN 0959-6836. doi:10.1177/0959683609356587 
  6. Haub (1995): "A taxa média anual de crescimento foi, na verdade, menor entre 1 DC e 1650 do que a taxa sugerida acima no período entre 8000 AC e 1 DC. Uma razão para este crescimento anormalmente lento foi a Peste Negra. Este temido flagelo não era limitado à Europa no século XIV. A epidemia poderá ter começado em aproximadamente 542 D.C. na Ásia Ocidental, espalhando-se de aí. Acredita-se que metade do Império Bizantino foi destruído no século VI, um total de 100 milhões de mortes." (citação traduzida do inglês)
  7. Catherine Holmes e Naomi Standen, 'Introduction: Towards a Global Middle Ages', Past & Present, 238 (Novembro de 2018), 1-44 (pág. 16).
  8. Birken, Lawrence (1992). «What is Western Civilization?». The History Teacher. pp. 451–461. JSTOR 494353. doi:10.2307/494353. Consultado em 24 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 1 de abril de 2021