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Potiguara da Paraíba
Os '''potiguaras''' ("comedores de caramão", de ''pety'', "camarão" e ''guara'', "comedor") são um grupo indígena que habita o litoral norte do estado brasileiro da [[Paraíba]], junto aos limites dos municípios de [[Rio Tinto (Paraíba)|Rio Tinto]], [[Baía da Traição]] e [[Marcação]] (na Terra Indígena Potiguara, Terra Indígena Jacaré de São Domingos e [[Terra Indígena Potiguara de Monte-Mor]]) e no Ceará, nos municípios de [[Crateús]] (na Terra Indígena Monte Nebo); [[Monsenhor Tabosa]] e [[Tamboril]] (Terra Indígena Mundo Novo / Viração ou Serra das Matas). Falam o [[Língua potiguara|potiguara]], um idioma da família [[Línguas tupis-guaranis|tupi-guarani]]. Vários descendentes da tribo dos potiguares adotaram, ao serem submetidos ao batismo [[Cristianismo|cristão]], o sobrenome ''Camarão'', sendo o mais famoso deles o combatente [[Felipe Camarão]].
 
Os '''potiguarasPotiguaras''' ("comedores de caramão", de ''pety'', "camarão" e ''guara'', "comedor") são um grupo indígena que habita o litoral norte do estado brasileiro da [[Paraíba]], junto aos limites dos municípios de [[Rio Tinto (Paraíba)|Rio Tinto]], [[Baía da Traição]] e [[Marcação]] (na Terra Indígena Potiguara, Terra Indígena Jacaré de São Domingos e [[Terra Indígena Potiguara de Monte-MorMór]]) e no Ceará, nos municípios de [[Crateús]] (na Terra Indígena Monte Nebo); [[Monsenhor Tabosa]] e [[Tamboril]] (Terraterra Indígenaindígena Mundo Novo novo/ Viraçãoviração ou Serra das Matas). Falam o [[Língua potiguara|potiguara]], um idioma da família [[Línguas tupis-guaranis|tupi-guarani]]. Vários descendentes da tribo dos potiguares adotaram, ao serem submetidos ao batismo [[Cristianismo|cristão]], o sobrenome ''Camarão'', sendo o mais famoso deles o combatente [[Felipe Camarão]].
 
'''As informações contidas nesta página dizem respeito aos [[Potiguara da Paraíba]].'''
 
Veja mais a respeito dos [[Potyguara do Ceará]]
 
Verbete sobre [[povos indígenas na Paraíba]]
 
==Distribuição==
 
[[Imagem:MapaetniasNordesteHistrico.jpg|thumb|Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendaju]]
 
Atualmente, são o único povo [[indígena]] oficialmente reconhecido no estado da [[Paraíba]]. Sua população gira em torno de 13.547 pessoas, sendo uma das maiores do [[Brasil]] e a maior do [[Nordeste]] etnográfico (estados do [[Piauí]], [[Ceará]], [[Rio Grande do Norte]], [[Paraíba]], [[Pernambuco]], [[Alagoas]], [[Sergipe]] e a parte setentrional da [[Bahia]]. Estão distribuídos em 37 localidades sendo que 29 delas são consideradas aldeias, além da forte presença nas áreas urbanas dos municípios de [[Baía da Traição]], [[Marcação]] e [[Rio Tinto]]. Processos migratórios também levaram contingentes significativos dos Potiguara a habitarem cidades como [[Mamanguape]], [[João Pessoa ]] e mesmo o [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]]. Outros locais importantes nas suas rotas migratórias são as cidades de [[Cabedelo]], [[Bayeux]] e [[Santa Rita]], na Paraíba, e [[Canguaretama]], [[Baía Formosa]] e [[Vila Flor]], no [[Rio Grande do Norte]].
 
[[Imagem:Potiguara.JPG|thumb|Brasília - O cacique potiguara Antonio Pessoa - Caboquinho - chora ao falar da homologação das terras indígenas durante reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista]]
[[Imagem:MapaetniasNordesteHistrico.jpg|thumb|Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendaju]]
 
[[Imagem:Para%C3%ADba_1.jpg|thumb|Mapa com a distribuição dos povos indígenas na Paraíba, adaptado do de Curt Nimuendaju]]
 
==Organização==
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Neste contexto, os povoados que são considerados aldeias são aqueles que possuem um líder ou representante, geralmente chamado de cacique, não importando necessariamente a quantidade de pessoas que neles habitem.
 
 
[[Imagem:APA.jpg|thumb|terras indígenas e áreas de proteção ambiental no litoral norte da Paraíba]]
 
 
==Aldeias==
As aldeias potiguaras são: [[Galego]], [[Forte]], [[Lagoa do Mato]], [[Cumaru]], [[São Francisco]], [[Vila São Miguel]], [[Laranjeiras]], [[Santa Rita]], [[Tracoeira]], [[Bento]], [[Silva]], [[Borel]],[[Acajutibiró]], [[Jaraguá]], [[Silva de Belém]], [[Vila Monte-Mor]], [[Jacaré de São Domingos]], [[Jacaré de César]], [[Carneira]], [[Estiva Velha]], [[Lagoa Grande]], [[Grupiúna]], [[Grupiúna de Cima]], [[Brejinho]], [[Tramataia]], [[Camurupim]], [[Caieira]], [[Nova Brasília (Ibiquara)]] e [[Três Rios]].
 
Além dessas aldeias existe em torno de uma dezena de outros povoados que não possuem representante oficialmente reconhecido e são representados pelo líder da aldeia mais próxima. Monte-Mor e Três Rios passaram a ser consideradas como aldeias há pouco tempo: Monte-Mor quando passou a contar com um representante, saindo da esfera da aldeia Jaraguá, já Três Rios, depois que os índios da zona urbana de Marcação retomaram uma faixa de terras ocupadas por canaviais e refundaram o antigo povoado que havia existido no local. Os índios que moram na Baía da Traição, porém, geralmente recorrem aos representantes das aldeias Forte, São Miguel e Acajutibiró pela proximidade destas com o centro da cidade, quando não, diretamente ao Posto Indígena da FUNAI, localizado no Forte.
 
[[Imagem:Mapa_territorio_poti2.jpg|thumb|terras indígenas dos Potiguara e suas respectivas aldeias]]
 
As terras indígenas ocupam um espaço de 33.757 ha. distribuídos em três áreas contíguas, nos municípios de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação. A Terra Indígena (TI) Potiguara situa-se nos três municípios anteriormente referidos e possui 21.238 ha. Foi demarcada em 1983 e homologada em 1991. A TI Jacaré de São Domingos tem 5.032 ha. nos municípios de Marcação e Rio Tinto, cuja homologação se deu em 1993. Por fim, a TI Potiguara de Monte-Mor, com 7.487 ha, em Marcação e Rio Tinto, está em processo de demarcação, em razão de conflitos com as usinas de cana e a [[Companhia de Tecidos Rio Tinto]].
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==Religião==
Muitos potiguarasPotiguara são [[cristianismo|cristãos]] - [[Igreja Católicacatólica|católicosCatólicos]], [[Igreja Batista|batistasBatistas]], [[Betel|betéis]]Betéis, fiéis da [[Assembléia de Deus]], da [[Igreja Universal do Reino de Deus]], [[Brasil para Cristo]], dentre outras – ou optam por [[Animismo|práticas espirituais]] que veneramacionam entidades e realizam rituais ligados a [[macumba]], ou ao [[catimbó]] e àa [[jurema]].
 
O catolicismo é a religião institucionalizada mais antiga entre os potiguarasPotiguara, remontando ao [[período colonial]] e fonte dos símbolos étnicos, históricos e territoriais representados pelas velhas igrejas de Nossa Senhora dos Prazeres e São Miguel, com seus oráculos e festas anuais. Cada [[aldeia]] possui sua [[capela]] e seu [[santo padroeiro]], em honra do qual se celebram [[novena]]s que são momentos de encontro e aliança entre as comunidades. Nos últimos anos tem crescido a atuação de missionários católicos ligados ao [[Renovação Carismática Católica|Movimento Carismático]], o que tem modificado as feições tradicionais do catolicismo Potiguara. As chamadas igrejas evangélicas, ou de crentes, estão presentes na área desde a [[década de 1960]],<ref>Dados (dados de [[José Glebson Vieira]] em "A Im(pureza do sangue e o perigo da mistura: uma etnografia do grupo indígena Potyguara da Paraíba - dissertação de mestrado em [[Antropologia Social]], [[UFPR]], 2001</ref>), sendo as mais atuantes a Betel, a Batista (Renascer e a Tradicional), a Assembléia de Deus, e as Testemunhas de Jeová. Várias aldeias dispõem de templos para a realização dos cultos e é constante a movimentação de [[pastor]]es nas terras indígenas. Os umbandistas e juremeiros são alvo de muitos estigmas, sendo acusados de [[feitiçaria]]. Sua presença e atuação são discretas, embora existam alguns terreiros e oficiantes publicamente conhecidos residindo nas aldeias. EmNa [[Vila Monte-Mor]] há um centro espírita [[kardecista]] dirigido por um casal formado por uma índia e um não-índio.{{carece de fontes}}
 
Em interação com este universo multifacetado, mas invisibilizados, existem inúmeros rezadores e rezadeiras que curam males físicos e espirituais e se vinculam às práticas mais tradicionais do catolicismo. É com discrição que a maioria dos índios menciona o contato com aqueles que consideram como os espíritos dos antepassados durante o [[Toré]] e outros. Contudo, afirmam que este tipo de contato é real e que seus antepassados ainda hoje estão presentes nas matas e furnas da região. Que os matos, [[manguezal|mangues]] e as águas são habitados por entidades que lhes protegem e que os caboclos velhos tinham a faculdade de conversar com esses seres.
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==Interação com outros povos==
Para aqueles que imaginam os Potiguaras vivendo em relativo isolamento geográfico, social e cultural, a constatação da complexidade das relações nesse campo de ação indigenista é chocante: a extensão da área de ocupação tradicional é muito grande – mais de 30.000 hectares, distribuídos em três municípios; o volume da população nesse território – mais de 35.000 habitantes entre índios e não-índios; a presença das áreas urbanas de [[Rio Tinto]], [[Vila Monte-Mor]], [[Marcação]] e [[Baía da Traição]] e a dispersão da população indígena em vinte e seis aldeias nos mostram o quanto a vida dos índios na Paraíba não é elementar.
 
Outros fatores tornam as ações indigenistas na região mais complicadas: a intensa proximidade entre índios e não-índios, não permitindo uma clara definição dos limites efetivos do grupo social para os “de fora”; apesar da presença antiga do órgão indigenista oficial na região ([[FUNAI]]), atestando as fronteiras geográficas, étnicas e jurídicas. Contudo, a ação indigenista oficial contribui, ela mesma, para a complexificação das fronteiras étnicas na região, na medida em que a distribuição de recursos e as estratégias de controle e repressão da população criam uma instabilidade situacional que abre a possibilidade de os indivíduos transitarem entre identidades possíveis, dentro e fora dos limites da administração indigenista.
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[[Categoria:povos indígenas do Brasil]]
[[Categoria:Povos tupis]]
[[en:PotiguaraPitiguaras]]
 
[[en:Potiguara]]