Música ficta: diferenças entre revisões

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A forma exata da performance de música ficta, quando e onde era usada, é objeto de intensa investigação e controvérsia entre os pesquisadores de [[musicologia]]. Teóricos da Música de [[Odon de Cluny]], no século X, até [[Zarlino]], no século XVI, ditam regras e situações altamente diferentes para a aplicação da ficta. A controvérsia não só reside entre os musicólogos contemporâneos; teóricos da [[baixa Idade Média]] nunca entravam em acordo com as regras da ficta também. Um teórico do século XIII, chamado [[Johannes de Garlandia]] e o teórico do século XIV, [[Philippe de Vitry]], ambos escreveram que ficta era essencial no canto [[polifonia|polifônico]], mas resistiam ao seu uso no [[cantochão]], enquanto o teórico do sécuclo XIV, [[Jacques de Liège]] insistia qua as notas no cantochão precisavam ser alteradas com aplicação criteriosa de musica ficta.
 
O uso de ficta originou-se com a diferença entre o Si-bemol e o Si-natural, que foi integrado à teoria medieval e no ensino prático como parte de um sistema de [[Policorde#Hexacorde|hexacordes]]. Entretanto, regras de cadenciamento e evitação do trítono poderiam também requerer que outras notas fossem alteradas sob determinadas circunstâncias.
 
Teóricos do século XIII dividiam o uso de ficta em duas categorias: ''causa necessitatis'' (ficta acrescido pela necessidade, por exemplo, para evitar um intervalo dissonante) e ''causa pulchritudinis'' (ficta acrescida por razão de beleza). Às vezes, uma frase simplesmente soa melhor, ou soa melhor para um ouvido treinado do século XIII, quando é suavizado por uma criteriosa aplicação de ficta.
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Inicialmente, acreditava-se que esses tratados eram endereçados a compositores; hoje, por um exame mais minucioso dos textos latinos, muitos musicólogos chegaram à conclusão que tais textos eram, na verdade, dirigidos a executantes, tanto a polifonia escrita quanto a improvisada.
 
Como exemplo de um prática de performance contemporânea relacionada, o stilo de canto ''[[Sacred Harp]]'' norte-americano contém uma situação semelhante no conceito de ficta, envolvendo a não-escrita elevação do 6º grau no modo menor (resultando numa inflexão [[Modo dórico|dórica]]); os novos cantores devem ser ensinados a fazer isso de ouvido.
 
Com efeito, qualquer [[cantor regional]] de diferentes partes do mundo poderia usar o mesmo modo de pensar, que conduz ao fato interessante de que musica ficta existiu séculos antes do princípio do [[Temperamento musical|temperamento]].