António Ginestal Machado: diferenças entre revisões

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'''António Ginestal Machado''' ([[Almeida]], [[3 de Maio]] de [[1874]] — [[Santarém (Portugal)|Santarém]], [[28 de Junho]] de [[1940]]) foi um advogado, professor liceal e político português. Entre outras funções, foi deputado, [[Ministro da Instrução Pública]] e Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) durante a [[Primeira República Portuguesa]].
==Biografia==
António Ginestal Machado nasceu na vila de [[Almeida]], onde realizou os seus estudos primários, tendo-se matriculado em [[1890]] no [[Liceu Nacional da Guarda]], onde concluiu o ensino secundário.
Licenciado em [[Direito]] pela [[Universidade de Coimbra]]. Iniciou a sua actividade política como companheiro de [[Álvaro de Castro]], seguindo uma linha republicana moderada. Fez parte do [[Partido Unionista]], tornando-se um dos seus principais dirigentes após a saída de [[Brito Camacho]]. Promoveu a fusão entre o seu partido e o [[Partido Evolucionista]], com a qual se constituiu o [[Partido Liberal Republicano]], depois renomeado [[Partido Nacionalista]].
 
No ano de [[1892]] matriculou-se na [[Escola Naval (Portugal)|Escola Naval]], frequentando em simultâneo o [[Curso Superior de Letras]], em [[Lisboa]]. Terminado este curso, matriculou-se na Faculdade de Direito da [[Universidade de Coimbra]]. Terminou o curso naval em [[1897]], iniciando funções na [[Armada Portuguesa|Armada]] ao mesmo tempo que concorria para professor liceal do 4.º grupo ([[História]] e [[Geografia]]). Não sendo colocado, continuou a prestar serviço na Armada, formando-se no ano seguinte em [[Direito]] pela [[Universidade de Coimbra]].
Casou em [[1904]] com Maria da Piedade Almeida Topinho, de [[Santarém]], tendo o casal fixado residência naquela cidade, de cujo [[Liceu Nacional de Santarém|Liceu Nacional]] foi nomeado professor de [[Geografia]].
 
No ano de [[1898]] foi colocado como professor do [[Liceu Nacional de Angra do Heroísmo]], nos [[Açores]], abandonando a sua carreira naval. Permaneceu nos Açores até [[1904]], ano em que obteve colocação como professor efectivo de [[História]] e [[Geografia]] do Liceu Nacional de [[Santarém (Portugal)|Santarém]].
Foi deputado eleito nas listas do [[Partido Nacionalista]] e [[Ministro da Instrução Pública]] entre [[24 de Maio]] e [[19 de Outubro]] de [[1921]], no governo presidido por [[António Granjo]].
 
Casou emnesse mesmo ano de [[1904]] com Maria da Piedade Almeida Topinho, de [[Santarém (Portugal)|Santarém]], tendo o casal fixado residência naquela cidade, de cujo [[Liceu Nacional de Santarém|Liceu Nacional]] foi nomeado professor de [[Geografia]]efectivo.
Foi ainda Presidente do Conselho (Primeiro-Ministro), acumulando a pasta de [[Ministro do Interior]], de [[15 de Novembro]] de [[1923]] a [[17 de Dezembro]] de [[1923]], chefiando um governo minoritário na Assembleia, do qual fez parte o General [[Óscar Carmona]].
 
[[Republicanismo|Republicano]] moderado, iniciou a sua actividade política como companheiro de [[Álvaro de Castro]], sendo em [[1909]] eleito presidente da Junta Distrital de Santarém. Após a [[implantação da República Portuguesa]] passou a liderar o movimento republicano no [[Distrito de Santarém]], presidindo à comissão republicana que assumiu o poder a [[6 de Outubro]] de [[1910]] naquela cidade.
 
Em [[1911]] foi nomeado comissário do Governo da República na [[Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses]].
 
Em Fevereiro de [[1912]] aderiu ao [[Partido da União Republicana]]<ref>Partido fundado [[26 de Fevereiro]] de [[1912]] por [[Manuel de Brito Camacho]].</ref>, os ''unionistas'', então fundado por [[Brito Camacho]], amigo por quem nutria especial admiração. Após a saída de [[Brito Camacho]] da cena política, tornou-se num dos mais respeitados dirigentes do partido, membro desde [[1914]] do directório do Partido, distinguindo-se pela sua moderação.
 
Manteve-se activo na política local, sendo em [[1917]] eleito vogal da [[Junta Geral]] do [[Distrito de Santarém]] e em [[1919]] provedor da [[Santa Casa da Misericórdia de Santarém]].
 
Em Outubro de [[1919]], na sequência da formação do ''[[Governo da União Sagrada]]'', foi um dos promotores da fusão entre o seu partido e o [[Partido Republicano Evolucionista]], com a qual se constituiu o [[Partido Liberal Republicano]], depois renomeado [[Partido Nacionalista]] e acolhendo o influente [[Álvaro de Castro]] e o seu grupo de seguidores.
 
Em [[1919]] foi eleito deputado pelo círculo eleitoral de Santarém nas listas do [[Partido Nacionalista]], cargo que manteve ininterruptamente até ao encerramento do Congresso da República após o [[Golpe de 28 de Maio de 1926]]. Na acção parlamentar foi considerado por aliados e adversários um homem de postura requintada e de grande elegância na palavra e na acção, o que lhe granjeou uma respeito e celebridade no mundo político português do seu tempo.
 
A [[23 de Maio]] de [[1921]] assumiu as funções de [[Ministro da Instrução Pública]] do gabinete ministerial presidido por [[Tomé José de Barros Queirós]] , cargo que exerceu até [[30 de Agosto]] daquele ano, data em que o governo caiu. Apesar disso, ocupou o mesmo cargo no Governo presidido por [[António Joaquim Granjo]], o qual colapsou a [[19 de Outubro]], vítima da crónica instabilidade política em que tinha mergulhado a Primeira República Portuguesa<ref>[http://64.233.183.104/search?q=cache:TWfcegv_oAQJ:www.sg.min-edu.pt/ministros/ministros2.htm+Ant%C3%B3nio+Ginestal+Machado&hl=de&ct=clnk&cd=19&gl=de Lista dos Ministros da Educação de Portugal].</ref>.
 
A [[15 de Novembro]] de [[1923]] foi escolhido para formar governo, assumindo as funções de Presidente do Conselho de Ministros (hoje Primeiro-Ministro), sucedendo no cargo a [[António Maria da Silva]]. Era um governo minoritário, que se manteria no poder por 33 dias, até [[17 de Dezembro]] daquele ano. Acumulava as funções de [[Ministro do Interior]] <ref>[http://64.233.183.104/search?q=cache:nsklSti0T80J:www.mai.gov.pt/oldsites/xv/data/mai/002/005/002/index.php%3Fx%3Dgenese+Ant%C3%B3nio+Ginestal+Machado&hl=de&ct=clnk&cd=37&gl=de Lista dos Ministros da Administração Interna de Portugal].</ref>.
 
Como independente, fazia parte do Governo o general [[António Óscar de Fragoso Carmona]], como [[Ministro da Guerra]], que no período da Ditadura Nacional e do [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]] seria Presidente da República<ref>[http://maltez.info/respublica/Cepp/governos_portugueses/i_republica/ginestal_machado_1923.htm O Governo de Ginestal Machado].</ref>.
 
O curto Governo de Ginestal Machado foi marcado pela constante instabilidade política e pelo crónico golpismo que marcou a fase final da [[Primeira República Portuguesa]]. Foi nesse ambiente que a [[10 de Dezembro]] é desencadeada uma tentativa de golpe revolucionário radical, desta feita liderado pelo [[capitão-de-fragata]] [[João Manuel de Carvalho]], antigo [[Ministro da Guerra]] dos governos presididos por [[Maia Pinto]] e [[Cunha Leal]], com o apoio de [[Agatão Lança]], Nuno Simões e vários membros do [[Partido Comunista Português]]. O golpe foi energicamente contido por Óscar Carmona, mas o governo não sobrevive. Depois de tumultuosos debates no Parlamento e de Ginestal Machado ter tentado aproveitar a tentativa de revolta para forçar [[Teixeira Gomes]], então Presidente da República, a dissolver o Parlamento, o que este recusa, o Governo foi obrigado a demitir-se.
 
Para além da ocupação política, foi músico, professor e reitor do [[Liceu de Santarém]].
 
Após a vitória da [[Revolução Nacional]] e a implantação da [[Ditadura Nacional]], Ginestal Machado decide retirar-se da vida pública, considerando que perante o rumo turbulento e extremista que a política seguia em Portugal já nela não tinha lugar. Dedicou-se então às suas funções de professor do Liceu de Santarém e à direcção da Misericórdia daquela cidade. Este afastamento não impediu que em [[1933]] fosse demitido pelo Governo do [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]] do cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém.
Foi nomeado delegado do Governo da República junto da [[CP]].
 
António Ginestal Machado faleceu a [[28 de Junho]] de [[1940]], em Santarém, vítima de ataque cardíaco sofrido quando soube da queda da França frente à Alemanha Nazi.
 
A antiga [[Escola Industrial e Comercial de Santarém]], depois [[Escola Secundária de Marvila]], desde [[2 de Abril]] de [[1987]]<ref>[http://dre.pt/pdf1sdip/1987/04/07700/13391341.PDF Portaria n.º 261/87, de 2 de Abril].</ref> tem como patrono Ginestal Machado, passando a denominar-se [[Escola Secundária Dr. Ginestal Machado]].