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{{minidesambig|a língua dos macu-ihupdes|Língua iuhup}}
#REDIRECT [[Yuhupdeh]]
Os '''macu-iuhupdes''', ou simplesmente '''iuhupdes''', formam um povo indígena minoritário, com cerca de seiscentas pessoas espalhadas em oito comunidades que habitam o noroeste do [[Brasil]], nos afluentes da margem direita do [[Rio Tiquié]] até a região do [[Rio Apapóris]] chegando até a [[Colômbia]]. No Brasil, concentram-se na área indígena do município de [[São Gabriel da Cachoeira]] no estado do [[Amazonas]]. São pescadores profissionais e agricultores incipientes, semi-nômades, idealmente patrilocais, patrilineares, etnicamente endogâmicos e organizados com base na proteção e subsistência. Apesar de tradicionalmente caçadores-coletores, com a aproximação dos grandes rios se adaptaram, tornando-se exímios pescadores, plantadores de [[mandioca]] e frutas, mantendo também a prática esporádica de caça e coleta. Sua base alimentar está nos derivados da mandioca e nos [[peixe]]s. Sendo culturalmente semi-nômades, fazem frequentes incursões de pescaria pelos rios mais próximos, podendo durar semanas ou até meses.
 
Os casamentos ideais devem se dar entre seus clãs, tendo a prima cruzada bilateral como par ideal, portanto, praticam uma exogamia clânica. Mas sendo patrilineares podem casar-se com mulheres de outros povos da região, como os [[hupdás]] e os [[macunas]], já que os filhos sempre pertencerão à etnia do pai, por quem recebem a herança étnica. E, devido à patrilocalidade, geralmente é a mulher quem se desloca, passando a morar na comunidade do marido, ainda que esse faça roça com o sogro e mantenha frequentes contatos. Casamentos dentro do mesmo clã, ainda que entre sibs, são proibidos, caracterizando-se incesto.
 
Mantêm sua religiosidade tradicional animista, tendo os benzimentos como uma das principais práticas [[xamã]]nicas, girando geralmente em torno da doença e da cura. Cosmologicamente, reconhecem sua origem em um local mítico referido como “Lago de Leite”, com uma subsequente dispersão dos clãs por vários rios da região.
 
No território brasileiro, sete das suas comunidades estão espalhadas pelos pequenos afluentes da margem direita do [[Rio Tiquié]]: igarapés Cucura, Castanha, Samaúma, Cunuri e Ira. São caracteristicamente pequenas, variando entre cinco e doze famílias (trinta a setena pessoas). No [[Rio Apapóris]], há uma grande comunidade, com cerca de sessenta famílias, somando mais de duzentos e setenta pessoas, sendo assim uma exceção do padrão cultural de ajuntamento e moradia.
 
Pertencem à família linguística conhecida popularmente como “[[macu]]”, formada pelos povos iuhupde, [[macu-hupdás|hupdá]], [[dâw]], [[nadëb]] e [[nadëb-do-rio-negro]], também chamada de puinave, macu-puinave, uaupés-japurás, nadahup e macu-oriental, de forma ainda não padronizada. Sua complexa língua é totalmente preservada, caracteristicamente isolante e tonal, com alta incidência de glotalização e laringalização. Ágrafa até pouco, recebeu recentemente, em junho de 2007, uma proposta ortográfica elaborada pelos linguistas Cácio Silva e Elisângela Silva, da Associação Pró-Amazônia, estando agora em fase de experimentação e produção de material didático.
 
Na literatura linguística e etnológica, os iuhupdes têm sido chamados de iahup, iohup, iihup, juhup, ijup, iuhupde ou simplesmente iuhup. No entanto, sua autodenominação é iuhupde, palavra que significa “pessoas” (''iuhup'' – “pessoa, gente” + ''deh'' – plural, coletivizador). Esse é o termo que no dia-a-dia é usado para identificar todos aqueles que falam sua língua e pertencem aos seus (pelos menos) catorze clãs. Tem-se, assim, referido ao povo com a palavra no plural e à língua com a palavra no singular, a [[língua iuhup]].
 
==Bibliografia==
*BRANDÃO, Aurise Lopes. Fonologia Yuhup – Uma Análise Não-Linear. Santa Catarina: UFSC, 1995.
*DEL VIGNA, Dalva. Segmentos Complexos da Língua Yuhup. Brasília: UnB, 1991.
*JORE, Daniel & JORE, Cheryl. Análise Preliminar da Língua Yahup. Brasília: SIL, 1980.
*KOCH-GRÜNBERG, Theodor. Dois Anos entre os Indígenas – Viagens no Noroeste do Brasil (1903/1905). Manaus: EDUA, 2005.
*MARTINS, Valteir. Reconstrução Fonológica do Protomaku Oriental. Amsterdam: Vrije Universiteit, 2005.
*OSPINA BOZZI, Ana Maria. Les Strutures Élémentaires du Yuhup Makú – Langue de l'Amazonie Colombienne: Morphologie et Syntaxe. Paris: Université de Paris 7, 2002.
*POZZOBON, Jorge. Isolamento e Endogamia – Observações Sobre a Organização Social dos Índios Maku.
Porto Alegre: UFRS, 1993.
*______. Os Maku – esquecidos e discriminados. In: Carlos Alberto Ricardo (ed.). Povos Indígenas no Brasil 1987/88/89/90. São Paulo: CEDI, 1991, pp.141-2.
*SILVA, Cácio & SILVA, Elisângela. Análise Fonólógica da Língua Yuhup. Manaus: Pró-Amazônia, 2007a.
*______ (orgs.). Yuhupdeh D<s>i<s><s>í</s>d – A Língua dos Yuhupdeh. Caderno de Alfabetização e Proposta Ortográfica da Língua Yuhup. Manaus: Pró-Amazônia/APIARN, Julho de 2007b.
*______. A Escrita dos Yuhupdeh - O Registro Ortográfico de Uma Língua Indígena do Alto Rio Negro. Revista Antropos. Vl.1, Ano 1, Novembro de 2007c.
*SILVERWOOD-COPE, Peter Lachlan. Os Maku – Povo Caçador do Noroeste da Amazônia. Brasília: UnB, 1990.
 
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[[Categoria:Povos macus]]
[[Categoria:Povos nativos da Colômbia]]