João Soares de Albergaria de Sousa: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
LeoBot (discussão | contribs)
Bot: adicionando DEFAULTSORT
m manutenção
Linha 1:
::''Se procura {{minidesambig|o [[capitão do donatário]] na [[ilha de Santa Maria, veja [[]]|João Soares de Albergaria]].''}}
-----------
'''João Soares de Albergaria de Sousa''' ([[Velas]], [[16 de Janeiro]] de [[1776]] – [[Velas]], [[1 de Fevereiro]] de [[1875]]), frequentemente citado apenas por '''João Soares de Albergaria''', foi um político liberal e abastado proprietário rural da [[ilha de São Jorge]], autor da ''[[Corografia Açórica]]'', uma obra publicada em [[1822]], hoje considerada o documento fundador da [[açorianidade]] enquanto consciência política da existência do povo açoriano.
 
'''João Soares de Albergaria de Sousa''' ([[Velas]], [[16 de Janeirojaneiro]] de [[1776]] – [[Velas]], [[1 de Fevereirofevereiro]] de [[1875]]), frequentemente citado apenas porcomo '''João Soares de Albergaria''', foi um político [[liberalismo|liberal]] e abastado proprietário rural da [[ilha de São Jorge]], autor da ''[[Corografia Açórica]]'', uma obra publicada em [[1822]], hoje considerada o documento fundador da [[açorianidade]] enquanto consciência política da existência do povo açoriano.
 
==Biografia==
João Soares de Albergaria de Sousa nasceu na vila das Velas, ilha de São Jorge, [[Açores]], a [[16 de Janeiro]] de [[1776]],Era filho primogénito do coronel de milícias Inácio Soares de Albergaria e Sousa e de sua mulheresposa, Isabel Delfina da Silveira Pereira de Lemos, família da melhor aristocracia da terra e dos mais abastados proprietários da ilha.
 
Terá adquirido a sua educação nas Velas, não se lhe conhecendo o percurso formativo, embora se saiba que, em [[1814]] já era alferes da milícia local. ComEm [[1818]], então com apenas 22 anos de idade, em [[1818]], embarcaembarcou para a corteCorte doentão no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], ao que parece numa tentativa de obter confirmação régia para os privilégios e títulos familiares.
 
Permaneceu nanaquela corte de D. [[João VI de Portugal|João VI]], no Rio de Janeiro,Corte até aos princípios de [[1820]], embarcando-sequando entãoembarcou para [[Lisboa]]. ChegaChegou a [[Portugal]] no auge da revolução[[Revolução liberal dedo 1820Porto]], encontrando as [[Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa]] em plena formação.
 
EnvolveEnvolveu-se nos meios políticos de Lisboa, assumindo-se como membro da esquerda liberal, fazendo-se membro da [[Sociedade Patriótica Filantropia]], e agregaagregando em seu torno de si um grupo de açorianos, entre os quais a maioria dos deputados que, dasdo ilhasarquipélago, tinham sido enviados às Cortes. ÉFoi nesse ambiente que assumeassumiu a liderança do grupo que via o surgimento da [[Constituição Portuguesa de 1822]] como o momento azado para introduzir nos Açores uma governação democrática que pusesse fim à administração colonial existente e à prepotência doda governação na [[capitão-generalCapitania Geral dos Açores]].
 
Foi nesse período de grande efervescência política que escreveuredigiu, em conjunto com outros três [[corografia|corógrafos]], ao que parece eleitos numa reunião política, a "''[[Corografia Açórica]]|Corographia Açorica, obraou queDescripção Phísica, assinaráPolítica e daráHistórica aodos preloAçores, empor um cidadão açorense, M. da Sociedade Patriótica Phylantropya n'os Açores]]''" (Lisboa, Imp. de João Nunes Esteves, [[1822]]). A obra é fruto da reflexão da tertúlia política reunida em torno do autor, constituindo um claro manifesto de orientação política, escrito como programa a seguir pelos deputados às Cortes Constituintes.
 
As posições autonomistas e de unidade açoriana contidas na ''"Corografia Açórica''" acabam por não vingar, já que a unidade açoriana fragmentou-se fragmenta nas disputas pela independência dos governos da [[ilha de São Miguel]], e depois do [[Faial]], face à administração centralizada em [[Angra do Heroísmo|Angra]]. Apesar do fracasso da posição que defendia, João Soares de Albergaria de Sousa permanecepermaneceu em Lisboa até [[1827]], ganhandoadquirindo uma experiência política que marcaria todo o seu percurso posterior.
 
Em [[1827]] regressaregressou a São Jorge, assumindo a direcção dos negócios familiares, e assumeadquirindo grande preponderância na vida política da ilha. Tal contudo seria de pouca dura, já que no ano seguinte ([[1828]]) a situação política inverteinverteu-se e os liberaisLiberais, de que Soares de Albergaria era o líder incontestado, passampassaram a ser perseguidos.
 
A [[16 de Maio]] de [[1828]] rebentarebentou em Angra a contra-revolução, e D. [[Miguel éI de Portugal]] foi aclamado rei absoluto. O [[capitão-general]] [[Manuel Vieira de Albuquerque Tovar]] expedeexpediu de imediato ordens para que todas as ilhas juraremjurassem fidelidade ao novo monarca. Quando a embarcação que trazia as ordens aportaaportou às Velas no diaem [[11 de Junhojunho]] de [[1828]], naquela que deveria ser uma breve escala a caminho das restantesdemais "ilhas de baixo", encontraencontrou as autoridades locais hesitantes e com pouca motivação para a aclamação, com o governador militar, [[José Maurício Rodrigues]], certamente pressionado por Soares de Albergaria, a protelar a convocação da necessária reunião camarária.
 
Finalmente, a [[15 de Junhojunho]], a reunião éfoi feita de forma improvisada, mas, quando se preparava o juramento, João Soares de Albergaria, à frente dos liberais locais, intervéminterveio, argumentando que as ordens deveriam constar de cartaCarta régiaRégia, e não de um simples mandato do capitão-general. O estilo exaltado e eloquente, e a influência que Soares de Albergaria, da melhor aristocracia e grande proprietário certamente comandava, impediram o juramento, e a embarcação, face ao atraso entretanto registado, regressaregressou a Angra, não se realizando as aclamações em São Jorge nem nas restantesdemais ilhas para oeste.
 
Poucos dias depois, a [[22 de Junho]], sublevasublevou-se em Angra o [[Batalhão de Caçadores nr. 5]], e a Carta éfoi restaurada, proclamando-se a fidelidade da ilha a "''D. Maria da Glória e ao seu Augusto pai, o Senhor D. Pedro.''".
 
Apesar da vitória liberal na Terceira, infelizmente para João Soares de Albergaria e os seus correligionários em São Jorge, a revolução terceirense não consegueconseguiu sequer dominar toda a ilha Terceira, não se estendendo a São Miguel, onde entretanto se tinham concentrado as forças miguelistas. Recebida, via São Miguel, a cartaCarta régiaRégia de D. Miguel a exigir a aclamação, aos liberais de São Jorge mais não restou que submeter-se, e a [[28 de Outubrooutubro]] de [[1828]], D. [[Miguel I de Portugal|Miguel I]] éfoi jurado nas Velas.
 
Naquele juramento participaparticipou Soares de Albergaria, que perante a força do governador, que convocou entretanto convocara as tropas para garantir o juramento, não resisteresistiu, num episódio que lhe seria no futuro assacado pelos adversário políticos como cobardia.
 
Dado o seu poder e influência local, Soares de Albergaria escapaescapou à [[prisão]] imediata, mas publicado o [[Decreto de 4 de Março de 1829]] e chegado à ilha o corregedor [[Francisco José Pacheco]], com alçada específica para punir os ''[[Maçonaria|pedreiros livres]]'' que se tinham oposto à aclamação, numa devassa que se iniciou a [[6 de Novembronovembro]] de [[1829]], foi um dos primeiros indiciados.
 
Perante a ''publicação da "Corografia Açórica''", pouco podia Soares de Albergaria alegar para se defender e, a [[14 de Novembronovembro]], foi presodetido e enviado para [[Ponta Delgada]], onde se tinha estabelecido um tribunal especial para punir os sediciosos liberais. Julgado sumariamente, recebeu uma pena de 5cinco anos de [[exílio|degredo]] para [[Angola]], de nada lhe valendo a fortuna e influência familiar. Interposto recurso, a [[25 de Maiomaio]] viu a pena ser comutada para 5cinco anos de prisão na [[Praça-forte de Elvas]], para onde foi enviado a [[25 de Junhojunho]] de [[1830]].
 
Entre esse ano e o de [[1834]], esteve presodetido nas praças-fortes de [[Elvas]] e de [[Praça-forte de Almeida|Almeida]], sofrendo grandes agruras, ao mesmo tempo que os seus bens, que haviam sido confiscados, eram malbaratados na ilha. A libertação só chegou em [[1834]], quando as tropas do [[António José de Sousa Manoel de Menezes Severim de Noronha|duque da Terceira]] capturaram aquelas praças.
 
Regressou a São Jorge em [[1835]], encontrando os seus bens em grande desordem, já que as suas propriedades lhe foram devolvidas do sequestro em estado lastimoso.
 
No seu regresso veio encontrar muitos dos que o haviam perseguido instalados no poder municipal, agora metamorfoseados em respeitáveis liberais. A partir daí Soares de Albergaria iniciainiciou um percursospercurso que o manterámanteve sempre na esquerda liberal, militando com os [[Setembrismo|Setembristas]] e no [[Partido Histórico]]. Foi deputado na legislatura de [[1837]] e [[1838]], apoiando a [[Revolução de Setembro]] e a nova Constituição.
 
Em São Jorge exerceu diversos cargos municipais e foi provedor da [[Santa Casa da Misericórdia das Velas]].
 
Após longaprolongada doença, faleceu nas Velas a [[1 de Fevereiro]] de [[1875]], deixando como principal legado político a "[[Corografia Açórica]]", obra que amiúde citada por várias gerações de pensadores açorianos e que, passados 153 anos da sua primeira publicação, ainda foi reeditada em [[1975]], como manifesto político.
 
==Obra publicada==
*''Corographia Açorica, ou Descripção Phisica, Política, e Histórica dos Açores, por um cidadão açorense'', Lisboa, na Impressão de João Nunes Esteves, 133 pp., 1822. A obra foi reeditada em fac-simile em 1975, como parte da campanha fascista-separatista que se seguiu à [[Revolução de 25 de Abril]], e reeditada, com grafia actualizada, prefácio e fixação do texto de José Guilherme Reis Leite, pela editora Jornal de Cultura, Ponta Delgada, 1995 (ISBN 9727550134).
 
=={{Bibliografia}}==
*História e Memórias da Academia Real das Sciencias, tomo X, parte II, p. 227 (nota I), Lisboa, 1830.
*[[José Cândido da Silveira Avelar]], ''Ilha de São Jorge (Açores). Apontamentos para a sua História'', Horta, 1902, pp. 394-395.
Linha 54 ⟶ 58:
[[Categoria:Açorianos]]
[[Categoria:Políticos de Portugal do tempo da monarquia]]
 
{{semiw}}