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'''E outros artigos na mesma PE'''. [[Usuário:FilRB|Filipe Ribeiro]]<sup>[[Usuário Discussão:FilRB|Msg]]</sup> 22h21min de 17 de abril de 2009 (UTC)
 
== Re: Externato Papião, em São Pedro do Estoril é a primeira escola a adotar o AO ==
 
Caro, é natural que o que eu escrevi lhe pareça "no mínimo parcial". Não é um artigo, é uma opinião. E as opiniões são, por natureza, subjetivas.
 
Você acha que as mudanças propostas em 1945 não faziam "o menor sentido" no Brasil, acima de tudo porque você está a ver as questões a partir de hoje e tendo em consideração os hábitos ortográficos bem sedimentados que hoje existem. Mas em meados da década de 1940 as coisas não deviam parecer assim tão absurdas.
 
Deixe-me fazer uma breve resenha da situação ortográfica no Brasil na primeira metade do século passado:
*Início do século: não havia uma ortografia definida e unanimemente aceite. Reinava a escrita ''pseudoetimológica''.
*1907: tentativa de simplificação, com pouca aceitação.
*1915: ortografia reformada portuguesa de 1911 é oficializada.
*1919: revoga-se a decisão tomada quatro anos antes, voltando-se à escrita pseudoetimológica.
*1931: assina-se o primeiro AO luso-brasileiro procurando juntar as propostas de 1907 (brasileira) e de 1911 (portuguesa).
*1934: revoga-se a decisão tomada três anos antes, voltando-se às regras ortográficas "de 1891" (pseudoetimológicas)!
*1938: regressa-se à grafia de 1931.
*1945: acorda-se em Lisboa o AO que conhecemos, adotado por decreto-lei no mesmo ano.
*1955: revoga-se a decisão tomada dez anos antes, voltando-se às regras ortográficas de 1931, conforme interpretação do Formulário de 1943.
 
Isto tudo para demonstrar que, naquele tempo, o Brasil (e, até certo ponto, tb Portugal) vivia um período de instabilidade ortográfica, pelo que a reposição de algumas consoantes mudas e a adoção do acento agudo para marcar a tonicidade das vogais, em vez do timbre, não devia parecer tão descabido como hoje se poderá supor.
 
Repare que o AO-1945 visava a unificação total da ortografia, não permitindo grafias duplas. Como é sabido, a ortografia é uma convenção e, por isso, é aceitável o que for convencionado que é. Por isso, os responsáveis brasileiros que aceitaram este AO em 1945, negociando-o em Lisboa e aprovando-o por decreto-lei no Rio de Janeiro, devem ter entendido que estas cedências eram aceitáveis, em nome de uma unificação total da ortografia.
 
O seu uso no Brasil não traria uma "insegurança linguística tremenda", como você diz, porque durante três períodos -- num total de 30 anos -- usou-se no Brasil a grafia pseudoetimológica, completamente pulverizada de consoantes mudas e duplas, y, ph, th, etc. Como é evidente, a grafia de 1945 era (e é) extraordinariamente mais simples do que a tradicional.
 
Ainda a propósito das consoantes geralmente não articuladas no Brasil, deixe-me dizer-lhe que foi com surpresa que verifiquei que o VOLP brasileiro aceita como válidas grafias como: "accepção", "accessível", "afectar", "antárctico", "baptismo", "contacto", "dactilografia", "eléctrico", "facto", "óptimo", "tacto". As duas primeiras nem sequer são válidas em Portugal, mas todas elas são grafias oficialmente corretas no Brasil!
 
Quanto aos acentos, só mais uma observação: como saberá, os acentos na língua portuguesa são praticamente uma novidade da reforma portuguesa de 1911, mantida em 1931 e em 1945. Mas como o Brasil, na primeira metade do séc. XX, viveu mais tempo sob a vigência das grafias pseudoetimológicas tradicionais do que sob as reformadas, não seria um bicho de sete cabeças, interiorizar que ''António'' se escreveria assim, apesar de se pronunciar ''Antônio''.
 
Como disse e repito, tenho para mim que o que tem impedido uma unificação (total ou aproximada) da ortografia entre Portugal e Brasil têm sido, acima de tudo, motivações nacionalistas. Mesmo que, muitas vezes, travestidas de argumentos da tradição lexicográfica, dos hábitos adquiridos, das particularidades fonológicas ou outras.
 
Acredito piamente que a unificação da escrita da língua é uma componente essencial da sua afirmação internacional. E acredito tb que um maior reconhecimento internacional da nossa língua se traduzirá em benefícios para os nossos países. Benefícios não apenas simbólicos, mas tb económicos, diplomáticos e culturais. Num mundo cada vez mais globalizado, estandardizado e homogeneizado temos que defender a nossa identidade lusófona e torná-la um fator de diferenciação e uma vantagem competitiva internacional. Por tudo isso, acho que vale a pena sacrificar uma pequena parte, para conquistar o todo. Não sei se consegui transmitir corretamente a minha ideia... Um abraço, [[Usuário:Manuel de Sousa|Manuel de Sousa]] ([[Usuário Discussão:Manuel de Sousa|discussão]]) 22h48min de 20 de abril de 2009 (UTC)