Pedro Fernández de Castro e Andrade: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Maañón (discussão | contribs)
m corr cabeçalho (erro 019 - Wikipedia:Projetos/Check Wikipedia) utilizando AWB
Linha 1:
{{Minidesambig|pelo Conde de Lemos do século XIV|Pedro Fernandes de Castro}}
[[Ficheiro:VII Conde de Lemos.jpg|thumb|right|300px|ref|Retrato de Pedro Fernández de Castro e Andrade, VII [[Conde de Lemos]], conservado na [[Biblioteca Nacional de Espanha]].]]
 
'''Pedro Fernández de Castro, Andrade e Portugal''' ([[Monforte de Lemos]], [[1560]] - [[Madrid]], [[1622]]) foi o VII [[Conde de Lemos]], IV Marquês de Sarria, V Conde de Vilalba, III de [[Andrade]] e [[Grande da Espanha]] de primeira classe.
 
==Carreira==
=Esboço e cargos=
 
Conhecido habitualmente como "''O Grande Conde de Lemos''", foi Presidente do [[Conselho de Índias]], [[Vice-rei de Nápoles]], Presidente do [[Conselho da Itália|Conselho Supremo da Itália]] ''(segundo o conde de Gondomar o cargo “maior e útil que dava o Rei na Europa”)'', comendador da [[Ordem de Alcântara]], e famoso estadista e diplomático espanhol. Embaixador extraordinário em Roma e Alguazil-Mor do [[Reino da Galiza]]. Homem de saúde frágil, refugiou-se em [[Monforte de Lemos|Monforte]] para se recuperar das suas crises; destacou-se pelas suas qualidades como estadista, como intelectual e mecenas, consolidando a tradição na família dos [[Castro]], honrada também pelo seu tio [[Rodrigo de Castro]]; é lembrado também pela sua luta em favor dos direitos do [[Reino da Galiza]].
 
===Presidente do Conselho de Índias===
Com 27 anos, tomou posse do seu cargo de Presidente do [[Conselho de Índias]], e [[Filipe III da Espanha|Filipe III]] diria de ele que "''Honrou o cargo e honrou-se a si mesmo''". A esfera de ação deste organismo compreendia todos os âmbitos político-administrativos dos territórios coloniais espanhóis. O Conde instaurou políticas dirigidas à melhora das gentes sob a sua jurisdição, abrindo vias ao comércio e fomentando o progresso; elabora um Memorial solicitando do rei a liberdade dos indianos, fundamentando meticulosamente as razões que o levavam a elevar tal petição; a 26 de maio de 1609, [[Filipe II da Espanha|Filipe II]] promulga a [[real cédula]] promovendo a medida solicitada. Contudo, a disposição promulgada não tinha a precisão e alcance que o conde desejasse, e numa carta escrita a um dos seus serventes, que devia administrar-lhe rendas deixadas nas Índias, disse-lhe, a respeito dos indianos: {{Quote1|Acostumam padecer grandes vexações, tanto por conta dos seus encomendeiros quanto no serviço das obragens. Por reverência de Deus, que vossa mercê mire muito por esses que me tocam e não lhe seja dado nada que venha menos dinheiro a Espanha, a troco de que eles vivam sem agravo e com comodidade.}}
 
Elaborou também durante esse período, a "''Relação de governo de Quijós e Matas''", um extenso aprovisionamento da província de [[Quito]], conservado na [[Biblioteca Nacional de Espanha]].
 
===Vice-rei de Nápoles===
A [[21 de agosto]] de 1608 foi designado [[Vice-rei de Nápoles]], "''cavaleiro muito cordo, embora jovem''", diria dele Cabrera. No mesmo ano esteve a ponto de ser nomeado para o [[Vice-reino de Nova Espanha]] (atual [[México]]); daí os versos de [[Lope de Vega]] :
 
Linha 20 ⟶ 21:
Em outra ordem de coisas, ergueu a Universidade, o edifício de Escolas Públicas, construiu o Colégio de Jesuítas, e criou a famosa [[Academia literária]] "''Degli Oziosi''", ("''Dos ociosos''"), dotando-a de uma vastíssima Biblioteca.
 
===Presidente do [[Conselho da Itália|Conselho Supremo da Itália]]===
A época como presidente do [[Conselho da Itália]], esteve guiada pelo mesmo espírito de tecnocrata e bom administrador ao mesmo tempo que filantropo, mas esteve a vez pontuada pelas intrigas palacianas que se urdiam em torno do conde, e que tinham como protagonista ao seu cunhado, o [[Duque de Uceda]], que, junto ao [[Conde-Duque de Olivares]], conspirava contra o seu pai, o [[Duque de Lerma]], e contra o seu grande protegido, o Conde de Lemos, de tal maneira que conseguia que as contínuas reivindicações do [[Conde de Lemos|Conde]], solicitando o [[voto nas cortes para a Galiza]], foram em vão, o qual provocava a frustração deste último, que acaba renunciando e recluindo-se no seu palácio de [[Monforte de Lemos]], reclusão que mais tarde, voltou-se forçosa, ao perder o favor real, caído em desgraça já o [[Duque de Lerma]].
 
==Relação com o [[Século de Ouro]] e mecenato==
 
Em 1598, o conde buscava uma pessoa de valia que lhe ajudasse nos seus assuntos pessoais; deu com [[Lope de Vega]], quem passou ao seu serviço. Assim, um dos escritores de mais relevância do século de ouro tornar-se-ia no secretário pessoal do Conde.''"Eu, que tantas vezes aos seus pés, qual cão fiel, tenho dormido''", diria Lope numa célebre epístola.
Linha 33 ⟶ 34:
Também o economista napolitano [[Antonio Serra]] lhe dedicou a sua obra ''Breve trattato delle cause che possono far abbondare li regni d'oro e d'argento dove non sono minire'' ("Breve tratado das causas que podem fazer abundar o ouro e a prata nos reinos que não têm minas", [[1613]]), escrita em prisão (que compartia com o filósofo [[Tommaso Campanella]], por uma conjura para independentizar [[Calábria]]). O Nápoles dessa época foi um centro cultural de primeira ordem, que contava com a presença de artistas da talha de [[Caravaggio]] e [[José de Ribera]].
 
==Obra literária e luta pelos direitos da [[Galiza]]==
 
O interesse do VII Conde de Lemos pela literatura levou-o a escrever numerosas cartas de grande valor; mais de duzentas conserva o [[Arquivo Histórico Nacional]], tendo sido perdido a maior parte conhecida por outras fontes, correspondência com os escritores do [[Século de Ouro]]. Conservam-se assim mesmo poemas, e é conhecida a sua autoria de várias comédias e obras de teatro, hoje perdidas; sabe-se com certeza da existência de uma, intitulada "''A casa confusa''", outra "''Expulsão dos Moriscos''", e uma terceira que se conhece por uma crônica anônima conservada na [[Real Academia da História]], e da qual se ignora o título.
Linha 47 ⟶ 48:
"como não sei viver na corte, peço à sua Majestade licença para me retirar à minha casa da Galiza. E se tiver ofendido à sua majestade, presente está a minha cabeça''"; ao que o rei respondeu "''Conde, se quereis retirar-vos, podeis fazê-lo quando quiserdes". O Conde beijou as mãos do rei e sem mais palavra, e após passar, caminho da câmara real, frente do seu cunhado e artífice da conspiração, o [[Duque de Uceda]], sem nem sequer saudá-lo, retirou-se para [[Monforte de Lemos|Monforte]], a entregar-se aos seus livros e tertúlias; não isento de amargura, embora o seu autêntico sentir figure em cartas remetidas a [[Bartolomé Leonardo de Argensola]], ao que afirma : "Se não podes o que queres, quererás o que podes." "Belos momentos passo com os livros e com encomendar-me a Deus. Tudo é riso." e "Crê-me, assim viverei contente." Durante o seu retiro em [[Monforte de Lemos|Monforte]], mantém-se afastado da vida cortesã e diplomática, e, após perder o favor real, dedica-se à melhora das gentes dos seus [[Terra de Lemos|estados de Lemos]], centrando-se em melhorar os ofícios existentes; ferreiros, sapateiros, padeiros ou oleiros. Introduz a indústria da seda em [[Monforte de Lemos|Monforte]], e visita o restante das vilas da sua jurisdição, como [[Vilalba]], além de se entregar à atividade literária. Até [[1622]], quando recebe a notícia da gravidade do estado de saúde da sua mãe.
 
==Falecimento==
 
A morte do Conde aconteceu em [[Madrid]], aonde acudia para visitar a sua mãe, gravemente enferma. Mas enquanto a sua mãe experimentou melhoria, a débil saúde de D. Pedro deteriorou-se, até o ponto de a [[18 de setembro]] lhe dar a extrema-unção no seu paço da Praça de Santiago.
Linha 56 ⟶ 57:
Atualmente, ignora-se o paradeiro dos restos do Conde de Lemos e a sua esposa Catalina. Sabe-se que foram ocultados em algum lugar do Convento de Santa Clara, em [[Monforte de Lemos|Monforte]], para salvá-los das pilhagens, saques e destroços em igrejas e conventos durante a [[Guerra da Independência Espanhola|invasão francesa]].
 
==Bibliografia==
* ''Los Señores de Galicia'', Eduardo Pardo de Guevara y Valdés, ISBN 84-98748-71-3
* ''Pedro Fernández de Castro, O Gran Conde de Lemos'', Mónica Martínez García, ISBN 84-453-3763-7