Tratado de Paris (1229): diferenças entre revisões

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Desde que em [[1209]] o Papa [[Inocêncio III]] declarara a [[Cruzadas|cruzada]] contra os [[Catarismo|cátaros albigenses]], o sul da França vinha sendo palco de uma luta entre senhores feudais do Norte e Sul (partidários respectivos do Rei [[Filipe II da França]] e da família Saint-Gilles, Condes de Tolosa).
 
A princípio os vassalos do Rei da França conseguiram rápidos avanços que se veriam plasmados com a tomada de Toulouse e a morte do rei [[Pedro II de Aragão]] (a quem os ocitanos deviam vassalagem) na [[Batalha de Muret]] e a condenação do catarismo no [[Concílio de Latrão IV]] ([[1215]]). Mas a morte do Papa ao ano seguinte provoca uma sublevação geral em todo o [[Languedoque]] que se traduz num desembarque [[Raimundo VI de Tolosa|Raimundo VI]] em [[Marselha]] e uma sequência de batalhas que culmina na reconquista de Toulouse em [[1217]] e a morte ao ano seguinte do general cruzado [[Simão de Montfort]] durante um assédio enquanto intentava recuperar a [[Toulouse|cidade rosa]]. Consolidaria-se assim a resistência ocitana da mão do novo conde [[Raimundo VII de Tolosa|Raimundo VII]] (o 9779seuseu pai falecefaleceu em [[1221]]) que com apoio da [[Coroa de Aragão]] e do [[Conde de Foix|Condado de Foix]] recuperará parte dos territórios arrebatados à sua família voltando a um ''status quo'' similar ao do princípio da Cruzada.
 
Para forçar a buscarprocura umaduma saída ao conflito e evitar um rebrote da heresia, o novo [[Papa Honório II]] excomungaexcomungou o conde tolosano no Concílio de Bourges ([[29 de novembro]] de [[1225]]) ao conde tolosano. Isto, unidoligado à renúncia do filho de Simão, Amaury VI de Montfort, dos seus direitos sobre o Condado e a vitória militar em [[1226]] dos exércitos franceses no comando do filho de [[Luís VIII da França|Louis VIII]] sobre os ocitanos, favorecefavoreceu o clima para que em 1229 o legado papal (Cardeal de Saint-Ange) idearaideasse um acordo de paz que seria finalmente redigido pelo [[Teobaldo I de Navarra|Conde de Champagne]] e o AbadAbade de Grandselve e assinado em março desse ano em [[Meaux]].
 
==A assinatura==
O tratado foi assinado a [[12 de abril]] de [[1229]] pelos representantes do reino da França (então regido por [[Branca de Castela]] mãe do futuro [[Luís IX da França|Luís IX]]) e a [[Igreja Católica]] por um lado, e pela outra o Conde de Tolosa Raimundo VII.
 
As condições do tratado foram particularmente duras para o Condado de Toulouse que à longa veria em ele a sua própria desaparecimento. Ademais vieram acompanhadas por uma penitencia pública do conde Raimundo que antes de assinalo deveu peregrinar até [[Paris]] onde foi flagelado sobre os degraus de [[Catedral de Notre-Dame de Paris|Notre-Dame]].
 
==O acordo==
O acordo compreendia 22 clausulas que comprometiam ao cesse das hostilidades entre o conde de Tolosa e a nobreza feudal francesa em troca de que o primeiro prestã-seprestasse a sua fidelidade à Igreja Romana e ao rei da França, abandonando o seu apoio a causa dos seus vassalos albigenses enfrentados à Igreja à que devia simultaneamente compensar com uma série de indenizações econômicas.
 
Para isso Raimundo VII devia entregar a metade dos seus territórios, começando pelos pertencentes aos viscondes de [[Trencavel]] e os senescais de [[Beaucaire (Gard)|Beaucaire]] e [[Carcassonne]] que passam ao Reino da França.
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Assim mesmo o conde comprometia-se a retirar as suas pretensões sobre os territórios do vale do [[Ródano]] (passando o marquesado de [[Provença]] às mãos da Igreja com o nome de [[Condado Venaissin]]), desmantelar as defesas de várias vilas (entre elas Toulouse), fundar e custear durante 10 anos uma universidade em Toulouse e a participar diretamente nas cruzadas de Oriente.
 
Contudo, as cláusulas que se revelariam de maior importância para o devir da história medieval foram a 12ª e 13ª que estipulava por um lado, o matrimônio entre a filha do conde e um dos filhos do rei Luís, e por outraoutro, a transmissão à coroa real francesa das posses remanescentes do conde caso falecimento sem descendência:
{{Quote1|12° ''A filha de Raymond VII será entregue ao rei, quem por dispensa da Igreja a dará em matrimônio a um dos seus filhos;<br />13° ...após a morte do conde, Toulouse e o seu bispado pertencerão ao irmão do rei; se este morressemorrer sem deixar filhos os seus domínios voltariam à coroa sem que os demais herdeiros ou descendentes de Raymond VII puderampuder reclamar direito algum.|[http://www.archives.mairie-toulouse.fr/fonds/inventaire/articles/AA5/aa5_004.htm Texto do tratado de Paris, conservado nos Arquivos de Tolosa]}}
 
==Consequências==
A aplicação do artigo 12º teve não obstante quede aguardar até [[1237]], quando se materializou oao matrimônio entre [[JuanaJoana de Tolosa]] e [[Alfonso de Poitiers]]. Raimundo faleceu em [[1249]] e as suas posses passaram a Alfonso, não sem antes forçar um novo confronto direto com este, o seu genro, e a coroa ao dar o seu apoio às pretensões inglesas emna [[Aquitânia]].
 
Alfonso faleceu sem descendência em [[1271]] e as suas posses tolosanas vincularam-se definitivamente ao devir do reino da França, que anularia a sua autonomia alao mesmo tempo que afastava sobre elas as pretensões de outras potências como a da [[Coroa de Aragão]]. Séculos mais tarde, a maior parte dos territórios do antigo condado de Tolosa formariam as regiões francesas de [[Languedoque-RosilhãoRossilhão]] e de [[Meio-dia-Pirineus]].
 
Pela sua vez as posses provenzaisprovençais que deveriam passar à Igreja nesse mesmo ano foram retidas durante 3 mais (até [[1274]]) pelo Reino da França que finalmente se submeterá aos termos do tratado entregando o marquesado de Provença ao Papado. Estas chegarão a albergar a sede da Igreja Católica de [[1309]] a [[1377]] ([[Papado de Avinhão]]) até serem reincorporadas em [[1797]] à França do [[Diretório (FrançaRevolução Francesa)|Diretório]] mediante o [[Tratado de Tolentino]].
 
=={{Bibliografia}}==