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No fim dos anos 90 e inícios dos 80 a.C., Cícero apaixonou-se pela filosofia, o que iria ter grande importância na sua vida. Eventualmente, ele iria introduzir a filsofia grega ao romanos e criaria um vocabulário filosófico latino. Em 87 a.C., [[Filão de Larissa]], o chefe da [[Academia]] fundada por [[Platão]] em [[Atenas]] 300 anos antes, chegou a Roma. Cícero, "inspirado por um extraordinário zelo pela filosofia",<ref name="Rawson_1975_18">Rawson:"Cicero, a portrait" (1975) p.18</ref> sentou-se entusiasticamente aos seus pés e absorveu a filosofia de Platão, chegando a dizer que Platão era o seu deus. Admirava especialmente a seriedade moral e política de Platão, mas também respeitava a sua imaginação. Mesmo assim, Cícero rejeitou a teoria das Ideias dele.
 
===Família===
 
Cícero provavelmente casou-se com [[Terência]] quando tinha 27 anos, em 79 a.C. De acordo com os costumes da classe alta da altura era um casamento de conveniência, mas existiu harmoniosamente durante uns 30 anos. A família de Terência era rica, provavelmente a casa nobre plebeia dos Terenti Varrones, e preenchendo os requerimentos das ambições políticas de Cícero em termos ambos económicos e sociais. Ela tinha uma meia-irmã (ou talvez prima) chamada Fábia, que em criança se tinha tornado numa [[Virgem Vestal]], o que era uma grande honra. Terência era uma mulher independente e (citando Plutarco) "tinha mais interesse na carreira política do marido do que o deixava a ele ter nos assuntos da casa".<ref>Rawson, E.: "Cicero, a portrait" (1975) p.25</ref> Era uma mulher pia e provavelmente com os pés bem assentes no chão.
 
Nos anos 40 a.C., as cartas de Cícero a Terência tornaram-se mais curtas e frias. Ele queixou-se aos amigos que Terência o tinha traído, mas não explicou em que sentido. Talvez o casamento simplesmente não pudesse aguentar a pressão do tumulto político em Roma, o involvimento de Cícero nele, e várias outras disputas entre os dois. Parece que o divórcio aconteceu em 45 a.C. No fim de 46 a.C., Cícero casou-se com um jovem moça, Publília, de quem ele tinha sido o guardião. Pensa-se que Cícero precisava do dinheiro dela, especialmente depois de ter de pagar de volta o dote de Terência.<ref name="Rawson_1975_225">Rawson, E.: ''Cicero'' p.225</ref> Este casamento não durou muito tempo.
 
Apesar do seu casamento com [[Terência]] ter sido um de conveniência, sabe-se que Cícero tinha grande afeição pela sua filha [[Túlia]].<ref>Haskell H.J.: ''This was Cicero'', p.95</ref> Quando ela ficou doente subitamente em Fevereiro de 45 a.C. e morreu depois de aparentemente ter recuperado de dar à luz em Janeiro, Cícero ficou arrasado. "Perdi a única coisa que me ligava à vida" escreveu ele a Ático.<ref name="Haskell_1964_249">Haskell, H.J.:"This was Cicero" (1964) p.249</ref> Ático disse-lhe para o visitar durante as primeiras semanas depois deste evento, para que ele o pudesse consolar. Na grande biblioteca de Ático, Cícero leu tudo o que os filósofos gregos tinham escrito sobre como vencer a tristeza, "mas a minha dor derrota toda a consolação."<ref>Cicero, ''Cartas a Ático'', 12.14. Rawson, E.: ''Cicero'' p. 225</ref> [[Júlio César|César]], [[Marco Júnio Bruto|Bruto]] e [[Sérvio Sulpício Rufo]] mandaram-lhe cartas de condolência.<ref>Rawson, E.:''Cicero'' p.226</ref><ref>Cicero, ''Samtliga brev/Collected letters''</ref>
 
Cícero esperava que o seu filho [[Marco Túlio Cícero Minor|Marco]] se tornasse num filósofo como ele, mas Marco queria uma carreira militar. Ele juntou-se ao exército de [[Pompeu]] em 49 a.C. e depois da derrota de Pompeu na [[Batalha de Farsália|Farsália]] em 48 a.C., foi perdoado por [[Júlio César|César]]. Cícero enviou-o para Atenas para estudas como um discípulo do filósofo [[Escola peripatética|peripatético]] Cratipo em 48 a.C., mas o jovem usou a ausência "do olho vigilante do seu pai" para "comer, beber e ser feliz."<ref>Haskell, H.J.: ''This was Cicero'' (1964) p.103- 104 </ref> Depois do assassinato de Cícero, ele juntou-se ao exército dos ''[[Liberatores]]'', mas foi mais tarde perdoado por [[Augusto]]. Os remorsos de [[Augusto]] por ter posto Cícero na lista de [[proscrição]] durante o [[Segundo Triunvirato]] fê-lo dar considerável ajuda à carreira de Marco. Tornou-se num [[áugure]], e foi nomeado [[cônsul]] em 30 a.C. juntamente com [[Augusto]], e mais tarde feito [[procônsul]] da [[Síria]] e da província da [[Ásia]].<ref>Paavo Castren & L. Pietilä-Castren: ''Antiikin käsikirja/Encyclopedia of the Ancient World''</ref>
 
===Obras===
Cícero foi declarado um pagão justo pela [[Igreja Católica]], e por essa razão muitos dos seus trabalhos foram preservados. [[Agostinho de Hipona|Santo Agostinho]] e outros citavam dos seus trabalhos "[[De re publica]]" (Da República) e "[[De Legibus]]" (Das Leis), e é devido a isto que podemos recrear muito do seus trabalho usando os fragmentos que restam. Cícero também articulou um concepto abstrato de direitos, baseado em lei antiga e costume. Dos livros de Cícero, seis sobre retórica sobreviveram, assim como partes de oito livros sobre filosofia. Dos seus discursos, oitenta e oito foram registados, mas apenas cinquenta e oito sobreviveram.
 
== {{Ver também}} ==