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Os '''crenaques''' ou '''Krenak''' são um grupo [[Indígenas|indígena]] [[brasil]]eiro que dominou parte do vale do [[Rio Doce]] ([[Minas Gerais]] e [[Espírito Santo]]) até o início do [[século XX]].
 
O POVO INDÍGENA KRENAK
Pertencentes às [[etnia]]s ligadas ao ramo [[macro-jê]] de línguas, esses índios foram denominado pelos [[portugueses]], no início de [[colonização do Brasil]], de [[aimorés]] e, posteriormente, de [[botocudos]].
Por: Douglas krenak/Jornalista
 
1 O PASSADO DO POVO KRENAK
Os crenaques foram definitivamente desterrados e expulsos de sua reserva com a construção da EFVM ([[Estrada de Ferro Vitória a Minas]]) e atualmente estão confinados a pequenas reservas próximas do município de [[Resplendor]], Estado de [[Minas Gerais]].
 
1.1 A VIDA DOS BOTOCUDOS ANTES DA CHEGADA DOS COLONOS
 
Os "Borun", que quer dizer nós, essência do ser, era como se autodenominavam os antigos Botocudos, hoje os atuais Krenak. O nome Botocudo utilizado pelos colonos, advêm de um termo pejorativo para caracterizar os antepassados dos Krenak. Era uma referência aos adornos labiais e ouriculares que utilizavam.
Os Borun possuíam uma cultura materialista reduzida, com poucos objetos para facilitar no deslocamento de um lugar para o outro. A adaptação ao meio em que se encontravam e a sobrevivência ocorriam no máximo aproveitamento dos recursos naturais que tinham a disposição. Utilizavam as próprias técnicas de cura com as plantas medicinais. As consumidas eram a urtiga, arnica, fedegoso, sementes de pau-ferro, cansanção, e demais elementos secretos utilizados pelos pajés na época.
As atividades de subsistência eram a caça, a coleta e a pesca. A coleta era feita no período das secas em que abandonavam os seus acampamentos localizados as margens dos rios e se dirigiam para o interior das matas. As atividades eram mais exercidas pelas mulheres. Nesse tempo, havia uma riqueza alimentar significativa e uma variedade de frutas coletadas pelos Botocudos. Entre os elementos de coleta os mais encontrados e importantes eram o jenipapo, caratinga, jatobá, mamão, imbu e pitomba. Coletavam também material para a confecção do artesanato, para as armas, adereços, enfeites e as tintas utilizadas na pintura corporal. Este era um trabalho realizado por todos os membros da comunidade. A pesca e a caça realizadas na época tinham bastante significância para o Botocudo. Pescavam o surubim, cascudo, curimatã, bagre, traíra, lambari e a curvina, este ultimo era utilizado na medicina como remédio. As caças eram de animais, pássaros e outros bichos, como a capivara, veado, caititu, queixada, tatu, jaboti, quati, tanajuras, larvas de madeira, nhambu, pato selvagem, marreco, jacu, arara, papagaio, e entre outros bichos.
Os Borun eram movidos a caminhar por diversas regiões, não somente pela coleta, mas também pelo auto-espírito guerreiro. Vigiavam e se preocupavam com a invasão dos seus territórios por outro tipo de civilização. A nação dos antepassados dos krenak subdividia-se em várias ramificações de grupos. Cada grupo tinha o seu modo de viver, com seus costumes particulares. As divisões eram causadas também pelos conflitos internos, mas, este não seria o motivo principal do espalhamento por regiões.
Para os mais velhos da aldeia Krenak, a ramificação espalhada dos vários grupos da nação Botocuda era devido ao costume especifico que cada um tinha e gostava. Apesar da divisão, todos os grupos falavam a mesma língua, mas, com dialetos diferentes e que eram compreendido entre os vários grupos de Borun. A religião, as crenças e a cosmovisão que tinham do mundo não eram diferentes de um grupo para o outro.
Na parte da vida religiosa, mantinham um contato constante com o mundo dos espíritos. Os Borun, através de seus cantos, concentrações e visões, teciam uma forte relação entre o mundo em que viviam e o dos "Espíritos Marét", anjos Krenak e "Gyák", Deus força superior. Também relacionavam-se com a natureza através da religião.
Os rituais religiosos eram realizados pelos mais velhos ou pelo pajé. Na cultura religiosa dos Botocudos, os espíritos marét são anjos protetores das suas famílias que pertenciam em vida. O relacionamento entre os Marét e seu protegido manifestava-se por meio de pedidos feitos por um membro da família por intermédio do ancião e do pajé. Os Botocudos acreditavam que através dos seus sonhos era possível visitar o mundo dos Marét, repleto de fartura e riquezas. Por intermédio desse contato, estabeleciam seguimentos de suas vidas humanas e até mesmo previsões futuras relacionadas à comunidade, ou grupo pertencente. Os Borun tinham também o costume de ascender fogueiras e oferecer comidas aos mortos, tudo para que as almas dos mortos não voltassem e buscassem a alma de algum membro da tribo que estivesse doente, ou, triste.
Os Borun levavam uma vida em constante equilíbrio com a natureza e com o parente da sua etnia. Dentro das densas matas atlânticas que existiam, os Botocudos caçavam, coletavam e cultuavam com seus espíritos Marét a Gyák (Deus). Através desta cosmovisão, procuravam sobreviver num mundo em que só existiam os Borun e a natureza.
O modo de ser e viver dos Borun ficaram ameaçados com a chegada dos colonos. A subida dos colonos pela extensão do Rio Doce, em busca das minas de ouro, teve além das matas fechadas, a grande barreira das ultimas tribos bravias do leste brasileiro, particularmente os "Botocudos". O embate entre colonos e os índios marcou a colonização especialmente em Minas Gerais e Espírito Santo.
 
 
1.2 O CONTATO E AS GUERRAS
 
Mattos (1996) apresenta em sua pesquisa que o contato dos Portugueses com os índios do interior de Minas Gerais, Bahia e Espírito era conhecido desde o século XVI.
 
Desde o século XVI, contatos entre portugueses e índios do interior de Minas, Bahia e Espírito Santo são noticiados. As entradas de Francisco Bruzza de Spinoza e do Jesuíta padre de Azpilcuelta Navarro (1555) e de Salvador Correa de Sá (1577) já encontrava índios Aimoré nas mediações dos rios Pardo, Jequitinhonha e Doce, chegando a aprisioná-los para serem levados para aldeamentos jesuíticos no Espírito Santo. Consta que, após tentativas de aldeamentos por parte das autoridades portuguesas, os indivíduos dos grupos Aimoré que conseguiam sobreviver às epidemias , se refugiavam para o interior das matas, embreando-se pelos sertões do Leste - faixa territorial que compreendia os vales dos rios Doce, Jequitinhonha e Mucuri. Já em Minas Gerais, as nascentes povoações mineradoras de Vila Rica e Mariana não ficaram imunes aos ataques daqueles povos que, posteriormente, passaram a ser conhecidos pelo designativo de Botocudos de Minas. (Mattos; 1997, p.4 e p.5)
 
De acordo com a história do povo Krenak e com base em recentes pesquisas acadêmicas sobre a história dos Borun, a nação dos índios "Botocudos" (atuais Krenak) vivia e comandava grandes extensões de densas matas atlânticas, dos atuais estados como Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Em 1808, as guerras travadas nessas terras entre Botocudos e os colonos já eram conhecidos até na Europa.
O contato entre os colonos e os Borun foi muito forte. Devido a não pacificação com relação aos interesses e os objetivos dos Kraí (não indígena), a nação Botocuda chegou a ser considerada dizimada. Durante esse período colonial, várias guerras foram travadas entre os Borun e os Kraí.
Em 1755, os Botocudos do Vale Jequitinhonha atacaram as populações luso-brasileiras das frentes de ocupação que avançaram desde Minas Novas. Causando grandes danos sobre os povos da conquista. Depois do ataque foi mandada contra os índios uma força de homens. Os Borun eram hábeis guerreiros e tinham uma habilidade muito eficaz com o arco e a flecha. Nas guerras faziam trincheiras e armadilhas, os mais jovens faziam a barreira de frente, protegendo os mais velhos, mulheres e as crianças. Sempre eram feitas rondas a alguns quilômetros de distância do acampamento erguido, para dar tempo de avisar a aldeia e se refugiar dentro as matas e nas grutas.
O contato dos Portugueses e os Borun foi marcado pela violência e muitas mortes. Depois de várias tentativas de redução e imposição cultural aos índios é declarada a "Guerra Justa" através da Carta Régia, com o objetivo de desocupar as margens do Rio Doce da presença dos Botocudos, garantindo a segurança da navegação fluvial que se pretendia implementar e a liberação do território extrativistas e mercantis. "Em 13 de maio de 1808, no mesmo ano da instalação da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, o príncipe Dom João declarou a Guerra Ofensiva aos Botocudos".(Espíndola, 2000).
D. João VI declarou Guerra Justa aos Botocudos oficialmente, porque estariam inviabilizando os Projetos desenvolvimentistas de interesse nacional para a região. Como a finalidade era ocupar as terras, na qual se encontravam os índios, foi criada uma manobra militar, uma política de militarização para combater os Botocudos, especificadas na Carta Régia.
As principais divisões militares que se localizavam na região do médio Rio Doce foram Figueira, hoje Governador Valadares e Natividade, hoje Aimorés. Chefiada por um militar chamado Teófilo Otoni, a Companhia do Mucuri também se empenhou na manobra militar contra os Botocudos.
 
A ação de Teófilo Otoni, em 1858, relacionava como rotinas de guerra contra os Botocudos os seguintes Procedimentos:
a) cães especialmente treinados na caça aos Botocudos, alimentados inclusive com carne de indígenas assassinados;
b) bandeiras especialmente preparadas para 'matar uma aldeia', assassinando-se indiscriminadamente homens, mulheres, velhos, moços, reservando-se apenas as crianças para o trafico e alguns homens para carregadores;
c) índios recrutados como soldados estimulados a cometerem violências contra os Botocudos, dando provas de renegar suas origens;(...)
d) comércio de crianças - 1Kruk valendo uma espingarda - e de cabeças de Botocudos mortos em combate - dezesseis delas foram vendidas a um francês que disse têlas comprado para o museu de Paris em 1846;
e) índios sob o regime de trabalho escravo, espoliados de suas terras, doentes e mal alimentados;
f) contaminação proposital de comunidades inteiras através de agentes patogênicos letais para o indígena - sarampo, por exemplo. (Marcato, 1979:18 apud Mattos, 1996, p.71)
 
 
Com o fim da Guerra justa por volta 1823, o francês Guido Thomaz Marliére assumiu o cargo de inspetor de todas as Divisões Militares do Rio Doce, com a missão de contatar e pacificar os Borun. O francês acreditava que a "civilização" só seria concretizada a partir da incorporação dos mesmos na sociedade nacional. Com isso, incentivava casamentos de índios e não índios. A tentativa era a de integrar totalmente os Borun a sociedade não indígena. Mas essa atitude de Marliére não foi bem aceita pelos colonos, que continuavam com as manobras militares. Em função disso, anos depois Marliére foi afastado do cargo. O governo imperial realizou várias tentativas de pacificação, até missões com missionários Capuchinhos fizeram, mas, fracassaram.
Depois de várias tentativas de exploração e domínio fracassado, a ocupação do Vale do Rio Doce aconteceu de fato no início do século XX, a partir da construção da estrada de ferro Vitória-Minas, pela atual Companhia Vale do Rio Doce.
 
 
1.3 A VIDA E TRAJETÓRIA CONTEMPORÃNEA KRENAK
 
Depois das guerras coloniais, tentativas de catequização e pacificação, os Borun Krenak, únicos sobreviventes da nação dos "Botocudos", tiveram que enfrentar anos mais tarde a abertura da estrada de ferro Vitória-Minas, que acarretou ainda mais a diminuição do povo. Com a construção, a urbanização aumentou, e os Krenak tiveram suas terras invadidas e arrendadas.
A idéia da construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas teve sua origem nos Primeiros anos da República, durante o período em que D. Pedro II governou o Brasil como imperador. Depois, quando foi proclamada a República, o estado dava privilégio para as empresas inglesas para que essas construíssem estradas e ferrovias e explorassem o tráfego.
Os Krenak chamavam a Maria-Fumaça que percorria nos trilhos, de "Guapo", que significa monstro que vomita fumaça. Dejanira Krenak lembra que nesta época foram trazidos para a reserva Krenak, grupos de pessoas para conversar com os índios e dizer para não ficarem na frente do Guapó.
Relatos Krenak contam que muitos Borun morreram na linha férrea. Os Krenak não aceitavam de modo algum que seu território fosse invadido e atravessado pelo Guapó dos Kraí. Existiam Borun que tentavam parar o trem com as próprias mãos e acabavam morrendo. Os Krenak perceberam que o trem era muito forte para se parar com as mãos, então, a noite vários homens saiam na extensão da linha férrea para arrancar os trilhos.
A construção da estrada de ferro (EFVM) trouxe consigo grande contingente de trabalhadores para a região que, inauguradas as estações ferroviárias em Minas no ano de 1916, as mesmas tornaram-se ponto de viajantes, agricultores, pecuaristas, madeireiros, exploradores de pedras; propiciando com rapidez os vários surgimentos de vilas e arraiais na região. A ocupação e a EVFM valorizaram as terras do Vale do Rio Doce e aumentou o conflito entre os Krenak e os ocupantes.
De acordo com o professor da Universidade Vale do Rio Doce, Jaider Batista da Silva, por volta de 1911, os Krenak foram agrupados pelo Serviço de Proteção ao Índio -SPI, numa área a 16km da atual cidade de Resplendor, rio Doce acima. Através da instalação de postos de atração do SPI, órgão responsável pela política indigenista da época, foi que os últimos Botocudos foram contatados.
Os postos de atração do SPI eram o meio do governo agrupar os últimos dos "Botocudos", diminuindo os embates com colonos, liberando assim os caminhos para a estrada férrea e a expansão econômica dos seus territórios. Dois Postos de atração foram criados, o de Pancas e o Guido Marliére, atual aldeia Krenak. Já no ano de 1920, o governo do Estado de Minas Gerais e a Assembléia Legislativa doam uma parte do território original Krenak aos Krenak. A demarcação das terras doadas aos Krenak não foi totalmente demarcada, pois o governo na época não tinha uma definição certa para destinar as terras aos Krenak. A demarcação veio acontecer anos depois, em 1923, após o massacre dos seus parentes, os Kuparak.
Nos anos de 1930 a 1950, a extração de madeira e a descoberta de uma possível mina de Mica atraíram ainda mais a invasão de fazendeiros e posseiros pela área dos Krenak. A região do Rio Doce começava a se tornar cobiçada para o crescimento econômico. Na década de 50, os Krenak foram culpados por um atentado à bomba na residência do chefe do Posto Guido Marliére. Sob ameaças da Policia tiveram que abandonar suas terras, sendo transferidos para o posto dos índios Maxacali. Durante esse período ocorreram vários exilamentos do povo Krenak para outros lugares do Brasil.
Na transferência para a aldeia dos índios Maxacali, os Krenak foram obrigados a abandonar suas terras, transportados num caminhão. Muitos resistiram e refugiaram-se nas ilhas do Rio Doce. Os Borun Krenak não se adaptaram a reserva e não se relacionavam com os Maxacali, o que impulsionou no retorno do grupo para a terra de origem. O retorno durou mais de noventa dias de caminhada. Na volta a terra, os Krenak encontraram a reserva ocupada pela Policia Florestal e por fazendeiros. Entretanto, conseguiram ocupar uma pequena parte da terra doada. Os Borun Krenak vêem também nessa época a criação de um centro de Reeducação Indígena do SPI, para agrupamento e controle sobre os únicos sobreviventes no Posto Indígena Guido Marliére.
Nesse mesmo período, foi criada a Guarda Rural Indígena (GRIN), que tinha por objetivo intimidar os Krenak, através de um policiamento feito por outros índios. A Guarda era treinada para vigiar os Krenak, proibí-los de se comunicarem na própria língua e praticar diversas violências físicas. De acordo com a história Krenak, a GRIN juntamente com os comandantes Militares mantiveram esse esquema militar durante um bom tempo.
Em 1960, é extinto o SPI sendo criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que reinicia no ano de 1970 a reintegração da posse de terras dos Krenak. Após a reintegração, o presidente da FUNAI negocia a transferência dos Krenak.
Houve muita revolta dos Krenak no exílio para a Fazenda Guarani em Carmésia, área ocupada pela Policia Militar do Estado. Os Krenak tiveram que sair algemados.
Não se adaptando ao clima frio e a infertilidade da terra, retornaram para sua reserva de origem com ajuda de alguns indigenistas em 1980. Contudo, ocuparam apenas 44 hectares, parte das terras doadas pelo Governo do Estado. Nesse período de exilamentos, alguns Krenak morriam e outros se dispersavam levados para outros exílios, como o posto indígena Vanuíre no interior de São Paulo, ilha do Bananal e outros lugares do Estado do Mato Grosso.
As disputas sobre a terra dos Krenak estenderam-se a até a década de 1990. A ação movida pela FUNAI contra a retirada dos fazendeiros do território, somente foi julgada a favor dos Krenak no ano de 1995, mas, a regularização fundiária se deu após dois anos decorridos.
No ano de 1997, os Krenak finalmente são reintegrados no território que lhes havia doado em 1920. No entanto, a maior dificuldade vivida pelos Krenak é a reestabilização no seu "antigo-novo território". Antigo porque já viviam nele desde épocas passadas, e novo devido ao estado em que se encontra, totalmente modificado sem os recursos naturais que existiam e de que precisam os Krenak. As atividades tradicionais como a caça, pesca e coletas sofreram drásticas alterações. Segundo depoimentos dos Krenak, a vida religiosa também sofreu modificações, uma vez que, utilizam a natureza como fonte inspiradora para o contato com os espíritos Marét e Gyák.
Um longo caminho foi percorrido pelos Krenak, desde a chegada dos colonizadores. Enquanto isso foi preciso resistir e sobreviver. Mecanismos, estratégias de resistência foram utilizados. A ocultação e a negação da identidade étnica talvez tenham sido as principais e mais eficientes "armas" na luta contra o etnocídio. Fingindo não ser mais o que eram, o Borun Krenak pertencente de uma determinada etnia conseguia preservar a integridade física, pois dessa forma deixava de ser perseguido pelo poder do Estado, que passava a considerá-lo como "integrado à comunhão nacional, um aculturado".
O que restou de concreto da vida cultural Krenak foi, basicamente, a língua materna, guardada com a sabedoria de pacificação dos mais velhos. Mesmo com o idioma "nacional" (português) penetrado na comunicação entre os membros da tribo, a língua tradicional não deixa de ser passada de pai para filho dentro da aldeia indígena. É através do idioma nativo que os Krenak estão aos poucos buscando reviver outras partes culturais que ficaram adormecidas durante um período de suas vidas.
Situação atual do povo Krenak
Localizado no município de Resplendor-MG, o Posto Indígena Krenak ocupa, atualmente, uma área de 3.983 há que lhes foram doadas em 1920 pelo então Presidente do Estado de Minas Gerais, Sr. Arthur da Silva Bernardes, através da lei nº 788 de 18 de setembro de 1920. O posto indígena Krenak é composto de 45 famílias, com cerca de 200 pessoas entre idosos e crianças, uma escola, um posto de saúde e uma sede da Funai.
As principais atividades econômicas dos Krenak são a pecuária, a agricultura, a pesca e a confecção do artesanato. Com relação à área de saúde, o posto indígena encontra-se num processo de instalação de saneamento básico e água potável nas casas.
Atualmente a área educacional dos índios Krenak está baseada na "Educação Escolar indígena", um projeto criado pelo Governo do Estado junto aos povos indígenas de Minas Gerais.
Os Krenak lutam também para receber indenizações nos impactos causados pela construção da hidrelétrica de Aimorés, e um recurso destinado ao parque Sete Salões para indenização dos fazendeiros, que podem ser destinados aos Krenak por danos morais, nos problemas causados pelo empreendimento das empresas Vale do Rio Doce e Cemig.
O povo Krenak esteve durante anos desterrado e expulso do seu território tradicional. Há indivíduos Krenak dispersos em diversas áreas indígenas, mas existe um grupo numeroso situado na aldeia indígena Vanuíre, juntamente com os índios Kaingang, perto da cidade de Tupã no interior de São Paulo.
 
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