Antroponímia japonesa: diferenças entre revisões

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Muitos outros nomes são lidos especificamente como nomes (''nanori''), como o nome feminino ''Nozomi'' (希). A maior parte dos nomes se compõem de um ou dois ''kanjis''; alguns são compostos por três caracteres, como ''Sasaki'' (佐々木), ''Igarashi'' (五十嵐), ''Shoji'' (東海林), ''Gushiken'' (具志堅), ''Yosano'' (与謝野) e ''Kindaichi'' (金田一); uns poucos sobrenomes são compostos por quatro ''kanjis'' como ''Teshigawara'' (勅使河原), ''Kutaragi'' (久多良木) e ''Kadenokoji'' (勘解由小路).
 
Os nomes próprios femininos geralmente terminam com a sílaba ''ko'', escrita com o ''kanji'' que significa "filha" (子). Isto era habitual até a [[década de 80]], mas na prática isto continua até os dias de hoje. Os nomes própios masculinos ocasionalmente terminam com a sílaba ''ko'', pero é muito raro que o façam com o ''kanji'' 子; se um nome masculino termina em ''ko'' na realidade termina en ''hiko'', empregando o ''kanji'' 彦).
 
Os nomes masculinos generalmentegeralmente terminanterminam enem ''-shi'' ou ''-o''; sendo que os nomes que terminam em ''-shi'' são na maioria verbos. Por exemplo, ''Atsushi''. Antigamente (antes da Segunda Guerra Mundial), os nomes femininos escritos en ''katakana'' eram comuns, mas esta tendência parece ter perdido motivação. Os nomes femininos escritos em ''hiragana'' são bastante frequentes. Nomes masculinos escritos en ''kana'', especialmente em ''hiragana'', têm sido historicamente raros. Isto se deve em parte devido à escrita em ''hiragana'' ter conotação feminina: no Japão medieval, as mulheres comumente não aprendiam a escrever ''kanji'' e só empregavam o silabário ''hiragana''.
 
Uma grande parte dos sobrenomes pode ser categorizada em sobrenomes com ''-tō''. O ''kanji'' 藤, cujo significado esé glicínia, tem como ''on'yomi'' a sílaba ''-tō'' (ou com ''rendaku'', ''-dō''). Muitas pessoas no Japão têm sobrenomes que contam com esse ''kanji'' como segundo caracter. Isto se deve ao fato do clã ''Fujiwara'' (藤原家) ter dado a seus ''samurais'' sobrenomes que terminavam com o primeiro ''kanji'' do sobrenome do clã para dar a conhecer sua posição social em uma época em que os plebeus não podiam ter sobrenomes. Exemplos desses sobrenomes são ''Atō'', ''Andō'', ''Itō'' (se bem que também é comum o uso de outro ''kanji'' no final), ''Udō'', ''Etō'', ''Endō'', ''Gotō'', ''Katō'', ''Kitō'', ''Kudō'', ''Kondō'', ''Saitō'', ''Satō'', ''Shindō'', ''Sudō'', ''Naitō'', ''Bitō'' e ''Mutō''.
 
=== Dificuldades na leitura de nomes ===
 
Um nome escrito em ''kanji'' pode ter mais de uma pronúncia, mas só uma delas é correta para um determinado indivíduo. De modo inverso, um nome pode ser representado com muitos ''kanjis'' diferentes, mas, novamente, só uma delas é correta para um determinado indivíduo. Por exemplo, o ''kanji'' 一, quando usado em nomes próprios masculinos, se emprega como a forma escrita de ''Hajime'', ''Ichi'', ''Kazu'', ''Hitoshi'' e outros mais. O nome ''Hajime'' se pode escrever também com os ''kanjis'' 始, 治, 初 e muitos outros.
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Esta maneira ''muitos para muitos'' entre a maneira de pronunciar um nome e a maneira como se escreve faz com que a transliteração de nomes para a escrita alfabética seja bastante difícil. Por este motivo, os formulários e documentos japoneses sempre contam com espaços entre linhas para escrever a pronúncia correta do ''kanji'' usando o silabário ''hiragana'' ou ''katakana'' e, em particular, a pronúncia do nome próprio.
 
Um exemplo disto é o sobrenome ''Saitō''. Se bem que há mais de 100 caracteres que se leem como ''sai'' e mais de 200 que se leem como ''tō'', sómentesomente quatro destes ''sai'' podem ser empregados para um sobrenome.
O problema está em que cada um destes caracteres tem um significado diferente: o ''sai'' de oito traços (斉) significa "juntos" ou "paralelo", o ''sai'' de 11 traços (斎) significa "purificar".
 
Para muitos japoneses, a escrita do nome tem um caráter idiossincrático. As pessoas "sentem" o nome tanto pela forma particular em que ele é escrito quanto pela maneira com que ele é pronunciado.
 
== Nomes de outros grupos étnicos no Japão ==
 
Muitas minorias étnicas que emigraram para o Japão após a [[II GM]], principalmente coreanos e chineses, adotam nomes japoneses para facilitar as comunicações e também como uma maneira de evitar serem discriminados. A origem desse costume remonta à política da era colonial que permitiu a muitos coreanos trocar seus nomes para nomes japoneses. Uns poucos mantêm seus nomes na língua materna. Entre eles, ''[[Chang Woo Han]]'', fundador e presidente de [[Maruhan]] Corp., uma enorme cadeia de ''[[patinko]]'' no Japão.
 
Há que se considerar que a obtenção da cidadania japonesa requer o uso de um nome japonês. Nas últimas décadas o governo tem permitido a alguns indivíduos simplesmente adotar versões em ''katakana'' de seus nomes quando postulam a cidadania. O membro do parlamento ''Tsurunen Marutei'' (ツルネン マルテイ), chamava-se ''Martei Turunen''. Outras pessoas transliteram seus nomes foneticamente para o silabário japonês e depois compõem um nome em ''kanji'' como David Aldwinckle, que se converteu em ''Arudou Debito'' (有道 出人). Há inclusive aqueles que decidiram adotar nomes japoneses tradicionais, como ''[[Lafcadio Hearn]]'', que empregava o nome de ''Koizumi Yakumo'' (小泉 八雲). -À sua época, para obter cidadania japonesa se exigia ser adotado por uma família japonesa (no caso ''Hearn'', a de sua esposa) e tomar seu sobrenome.
 
O romaji não é utilizado em documentos oficiais do Japão, sendo adotado apenas para elaboração de versões internacionais de documentos oficiais.
 
Aqueles indivíduos nascidos no exterior, com um nome ocidental e sobrenome japonês (no caso, [[Nikkei]]s), recebem um nome que é escrito em ''katakana''. Por exemplo, ''Eric Shinseki'' é referido como エリック シンセキ (''Erikku Shinseki''). Porém nem sempre é assim. Pais japoneses podem ter preferência pela precedência do sobrenome antes do nome e também pela adoção de nomes em ''kanjis'', especialmente se o filho já tiver um nome japonês.
 
Desde 2001, existe uma restrição à adoção de nomes que iniciam com o caracter "v" em nomes pessoais, a menos que um de seus pais seja de origem estrangeira. O silabário japonês não contempla as sílabas ''va'', ''ve'', ''vi'', ''vo'' e ''vu'' do português, tendo o ''ba'', ''bi'', ''bu'', ''be'' e ''bo'' dos ''[[kanas]]'' como suas melhores aproximações. Na romanização, a (re)transliteração do nome japonês nomes como ''Vanda'' (バンダ) e ''Viviane'' (ビビアネ) seriam escritos como ''Banda'' e ''Bibiane''.
 
Os sistemas internacionais ISO 3602 estrito e ISO 3602 são homologações dos sistemas de transliteração [[Nihon-shiki]] e [[Kunrei-shiki]], respectivamente, para transliteração em escrita ''kana'' usados no Japão, mas que são desrecomendados pela representação oficial no Brasil para efeito de transliteração de nomes pessoais<ref name="nomes">[http://www.sp.br.emb-japan.go.jp/pdf/lista_hebon.pdf Convenção Hepburn para romanização do silabário japonês]</ref>.
 
== Transliteração (ou romanização) de nomes japoneses ==
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Houveram e há vários sistemas de transliteração do japonês para o alfabeto romano. Alguns são usados exclusivamente no Japão, mas o [[sistema Hepburn]], desenvolvido pelo reverendo [[James Curtis Hepburn]], é um sistema adotado também no Japão para romanizar nomes em passaportes e em outras situações que envolvem relações com estrangeiros como sinais de trânsito, avisos e informações.
 
No Brasil, o sistema Hepburn costuma ser adotado quando se elabora dicionários japonês-português quando não há maiores preocupações com a fidelidade da pronúncia<ref>Dicionário japonês-português - coord. Furukawa, Sueli H. e Toyama, Susan M. H., 1990, São Paulo, ed. Rideel Ltda.</ref>. Já a transliteração de nomes japoneses pode ser feita em convenção Hepburn seguindo uma sugestão da representação oficial do governo japonês<ref>[http://www.sp.br.emb-japan.go.jp/pdf/lista_hebon.pdf Convençãoname="nomes" Hepburn para romanização do silabário japonês]</ref>, mas uma transliteração baseada na fonética é uma recomendação nativa e é a que prevalece na ausência de um sistema oficial brasileiro de transliteração para este caso.
 
O jornal ''O Estado de São Paulo'' provavelmente adota o sistema Hepburn indiretamente quando reproduz os nomes japoneses distribuídos pelas agências de notícias internacionais. Para este jornal já há muitas palavras japonesas comuns que se escrevem na forma aportuguesada, como saquê, quimono e camicase, mas Tóquio é o único [[topônimo]] aportuguesado pela redação do jornal<ref>Martins, Eduardo - O Estado de São Paulo - Manual de Redação e Estilo, 3ª ed. São Paulo</ref>.
 
Uma transliteração baseada na fonética e acentuada de acordo com as normas gramaticais é uma recomendação nativa fundamental e é a que prevalece na ausência de um sistema oficial de transliteração, mas uma versão romanizada de nomes japoneses, tendo por base a pronúncia, gera muitas versões fonéticas e diminui apouca redundância. Para maior uniformidade o recomendável é que a transliteração secontinue baseiebaseando na pronúncia escrita em japonês (''furigana'') em ''katakana'' ou ''hiragana'' e se utilize preferencialmente o sistema de transliteração Hepburn que foi criado para transliterar o japonês para ocidentais, mas sem perder de vista a ocorrência de eventuais transgressões gramaticais e infidelidades fonéticas.
 
No sistema Hepburn, as consoantes têm pronúncia inglesa e as vogais pronúncia latina. Uma conveniência do sistema está no ''h'' que é aspirado no inglês e a ausência de sinais de acentuação que melhor representam a tonicidade (ou a não tonicidade) das palavras japonesas; alguns inconvenientes estão nos dígrafos ''chi'' que em português é mais similar ao ''shi'' do que ''ti'', e nos dígrafos ''ge'' e ''gi'' que, no Japão, são sempre pronunciados como ''gue'' ou ''gui'' do português.
 
Assim, Shigueru soa melhor em português do que Shigeru em Hepburn; Mitiko soa melhor que Michiko; e assim costuma ser feito no Brasil.
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== {{Ver também}} ==
* [[Sistema Hepburn]]
* [[Romaji]]
 
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