Música tonal: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Rjbot (discussão | contribs)
m Checkwiki (090) + Ajustes
Linha 1:
O termo '''música tonal''' pode admitir dois sentidos, de acordo com o contexto e a acepção desejada para o termo:
 
* Em sentido lato, música tonal é toda música que apresenta uma tonalidade definida, ou seja, uma hierarquia entre as notas utilizadas, girando em torno de uma principal. Assim, pode-se entender como tonal a música [[escala pentatônica|pentatônica]], a [[música modal]] e mesmo a [[música ficta]]. Em outros termos, esse conceito engloba toda a música ocidental não [[Música atonal|atonal]].
* Mais estritamente, diz respeito à música que adota o chamado ''sistema tonal'', que se baseia em estruturas [[Função (música)|funcionais]] determinadas, gerando um “percurso”"percurso" harmônico e melódico com tensões e repousos mais complexos, por exemplo, que os da música modal.
 
*Mais estritamente, diz respeito à música que adota o chamado ''sistema tonal'', que se baseia em estruturas [[Função (música)|funcionais]] determinadas, gerando um “percurso” harmônico e melódico com tensões e repousos mais complexos, por exemplo, que os da música modal.
 
==Sistema tonal==
 
{{revisão}}
 
== Sistema tonal ==
{{revisão|data=setembro de 2009}}
A música fundamentada no sistema tonal (ver a segunda definição logo acima), de caráter tipicamente ocidental, tem suas origens no fim da [[Idade Média]]. Foi predominantemente utilizado até a segunda metade do [[século XIX]]. Sobretudo no século XX o sistema tonal passou por várias rupturas, tendo sido abolido da prática de alguns compositores e "relativizado" na de outros. Ainda é largamente utilizado, inclusive na música popular e passa por uma reintrodução na música erudita por parte de alguns compositores, como [[Penderecki]] e [[Arvo Pärt]].
 
Linha 18 ⟶ 15:
 
Cada grau da escala recebe um nome especial:
# '''tônica'''
# '''sobretônica'''
# '''mediante'''
# '''subdominante'''
# '''dominante'''
# '''sobredominante'''
# '''subtônica''' ou '''sensível''' (este último nome só é aplicavel em alguns momentos)
 
Assim, na escala de ré maior, ré é a tônica, fá sustenido é a mediana, lá é a dominante.
Linha 98 ⟶ 95:
|}
 
É preciso deixar bem claro que a tonalidade sozinha não determina o caráter de um trecho musical. Assim, por exemplo, a Quinta Sinfonia de [[Beethoven]] tem um caráter dramático e violento, assim como a [[Sonata Patética]], o Concerto para Piano no. 3 e outras peças de Beethoven e [[Mozart]] escritas nessa mesma tonalidade (dó menor). No entanto, o Concerto para piano no. 2 de [[Rachmaninoff]] é uma peça romântica clara e luminosa, onde não há o menor sinal de angústia ou qualquer sentimento opressivo - e está escrito em dó menor, a mesma tonalidade da Quinta Sinfonia de Beethoven.
 
A tonalidade de ré menor tinha um significado dramático especial para Mozart, que escreveu nesta tonalidade a ária da Rainha da noite no segundo ato de [[A Flauta Mágica]], ''Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen'' (A vingança do inferno coze no meu coração) e a ária de Electra em [[Idomeneo]], ''Tutte nel cor vi sento, furie del crudo averno'' (Eu sinto no peito todas as Fúrias do inferno), nas quais predomina o ódio e o desejo de vingança. A tonalidade de ré menor também está intimamente associada à ópera [[Don Giovanni]], em que ela aparece logo no começo da abertura, e na cena final, em que o espírito do comendador aparece para arrastar a alma de Don Giovanni para o inferno. Por fim, ré menor é a tonalidade da última obra de Mozart, a Missa de Requiem.
Linha 110 ⟶ 107:
O musicólogo Sir Denis Forman, autor de ''A Night at the Opera'', ao comentar a cena pastoral no segundo ato de Orfeu e Eurídice de Gluck (''Dança dos Espíritos Abençoados''), nota que ela está escrita em fá maior, "o que era ''de rigueur'' para todas as cenas pastorais" naquela época, "ninguém sabe por que". A ''Sinfonia Pastoral (6a)'' de Beethoven também está escrita na mesma tonalidade.
 
Embora uma melodia possa ser tocada em qualquer tonalidade, e muitas vezes se '''transporte''' uma melodia de um tom para outro para facilitar sua execução por uma voz ou instrumento diferente, a escolha da tonalidade não é indiferente, e o próprio Beethoven era de opinião que as tonalidades têm sim, cada uma delas, um caráter próprio.
 
Uma outra coisa que deve ficar bem clara é que o caráter expressivo do sistema tonal não implica de maneira nenhuma que seja impossível escrever música altamente expressiva fora dele. Assim, [[Debussy]] escreveu música altamente expressiva fora do sistema tonal. A partitura de [[Tristão e Isolda]] de [[Richard Wagner|Wagner]] é universalmente reconhecida como de alto impacto emocional, no entanto sua tonalidade é altamente duvidosa ou inexistente.
 
== Transporte ==
'''Transportar''' uma peça de música significa executá-la ou transcrevê-la numa tonalidade diferente da original. Isto muitas vezes é feito para permitir a execução de uma peça musical por uma voz diferente ou um instrumento diferente. O transporte pode ser '''escrito''' ou '''mental'''. No transporte mental, que é mais difícil, o cantor ou instrumentista simplesmente lê uma nota mas canta ou executa outra, subindo ou descendo alguns graus. É óbvio que os intervalos entre cada nota e a seguinte da linha melódica têm que ser mantidos, para que a melodia não se altere. No transporte escrito, que é bem mais fácil, alguém já fez isso para ele.
 
== Tonalidades vizinhas ==
Um outro conceito muito importante de se entender quando se aborda a música tonal é o conceito de '''tonalidades vizinhas'''. Definição: Diz-se que duas tonalidades são '''vizinhas''' uma da outra quando ambas têm o mesmo número de alterações, ou uma alteração a mais, ou uma alteração a menos. Exemplo: mi maior e lá bemol maior são vizinhas: a primeira tem 4 sustenidos; a segunda tem 4 bemóis. Mi maior (4 sustenidos) também é vizinha de lá maior (3 sustenidos) e si maior (5 sustenidos). Dó maior não tem nenhuma alteração; suas vizinhas são sol maior (1 sustenido) e fá maior (1 bemol), e suas respectivas relativas menores. Dó maior não é vizinha de ré maior, já que ré maior tem dois sustenidos a mais.
 
Chama-se uma '''modulação''' uma súbita mudança de tonalidade no interior de um trecho musical. Os compositores do [[classicismo]] musical ([[Gluck]], [[Haydn]], [[Mozart]]), ao modularem, modulam geralmente para uma tonalidade vizinha.
 
== A forma de sonata e a música tonal ==
A [[Forma-sonata|forma sonata]] está intimamente relacionada com o conceito de tonalidade. Essa forma simplesmente não poderia existir fora do sistema tonal. Uma peça em forma sonata possui geralmente um tema principal e um segundo tema que
 
Prescindindo ou não de introdução, é exposto o primeiro tema na tonalidade principal. A seguir, ouve-se um segundo tema. Se a tonalidade principal for maior, no segundo tema é comum o emprego da tonalidade da dominante do primeiro. Se a tonalidade principal for menor, costuma-se destacar, no segundo tema, a tonalidade relativa maior.
Linha 133 ⟶ 130:
O estudo das 32 sonatas para piano de [[Ludwig van Beethoven]] fornece abundantes dados sobre a forma de sonata no apogeu do seu desenvolvimento histórico.
 
{{DEFAULTSORT:MúsicaMusica tonalTonal}}
[[Categoria:Teoria musical]]