Batalha das Forcas Caudinas: diferenças entre revisões

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A '''batalha das Forcas Caudinas''' foi um encontro armado que aconteceu em [[321 a.C.]], entre os exércitos [[antigaexército Romaromano|romanosromano]] e [[samnitas|samnita]], no quadro da [[Guerras Samnitas|Segunda Guerra Samnita]].
 
O comandante samnita era [[Caio Pôncio Herénio]], quem conhecia a posição de um importante exército romano perto de ''[[Calatia]]'', pelo qual enviou alguns soldados disfarçados de pastores com ordens de propagar a história de que os Samnitas estavam sitiando a cidade de [[Lucera]], uma colônia romana chave situada na [[Apúlia]], na retaguarda do Sâmnio. Os comandantes romanos, os [[cônsul romano|cônsules]] Espúrio Postúmio Albino e Tito Vetúrio Calvino, foram enganados por este ardil, decidindo pôr-se em funcionamento com várias [[Legião romana|legiões]] (uns 50.000 homens, segundo [[Apiano]]) para emprestar ajuda Lucéria, e escolhendo a via mais rápida para esta cidade através das '''Forcas Caudinas''' sem apenas conhecimento do terreno. Era este um estreito vale que discorria entre os montes Tifata e Taburno, em plenos [[Apeninos]], e situado entre as atuais localidades de [[Arpaia]] e [[Montesarchio]]. Recebia o seu nome (''Furculae Caudinae'') devido à proximidade da cidade samnita de ''[[Caudium]]'', situada a leste de [[Cápua]] e que corresponderia à atual [[Montesarchio]].
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Contudo, os Samnitas não pareciam saber como aproveitar a sua acertada estratagema, pelo qual Pôncio decidiu enviar uma missiva ao seu pai Herénio, quem respondeu que os romanos deviam ser postos em liberdade depressa após serem desarmados. Pôncio recusou este conselho e voltou a mandar outra carta ao seu pai, quem esta vez respondeu que os romanos deviam ser executados até o último homem. Surpreendidos por dois conselhos tão contraditórios, os Samnitas reclamaram a presença de Herénio para que se explicasse; uma vez presente, o ancião respondeu que se deixavam livres aos romanos após desarmá-los, poderiam obter o respeito e ainda a amizade de Roma; embora se executavam todos os romanos, então Roma seria tão débil que não constituiria uma ameaça durante muitos anos. Seu filho perguntou-lhe se não existia uma alternativa intermédia, ao que Herénio respondeu que seria uma completa loucura, pois deixaria os romanos desejosos de vingança sem terem sido enfraquecidos.
 
Porém, Pôncio desouviudesprezou os conselhos do seu pai e acedeu a libertar os romanos, embora em condições humilhantes, algo que foi aceite pelos dois cônsules romanos, pois o seu exército começava a sofrer os estragos da fome. O juramento de rendição foi levado a cabo por Pôncio do lado samnita, e por parte do romano os dois cônsules, dois [[questor]]es, quatro [[legado (Roma)|legados das legiões]] e doze [[tribuno militar|tribunos militares]], que eram toda a oficialidade que sobrevivera ao desastre. [[Apiano]] descreve com pormenor a humilhação sofrida pelo exército romano: os soldados foram desarmados e despojados das suas vestimentasvestes e, unicamente vestidos com uma túnica, foram obrigados a passar um por um por baixo de uma [[lança]] horizontal disposta sobre outras duas cravadas no chão, que obrigavam os romanos a se inclinarem para as cruzar. Deste episódio, também chamado "a passagem sob o [[jugo]]", nasceu a expressão ''passar sob o jugo'' ou ''passar pelas forcas caudinas'', que significa o ter de aceitar irremediavelmente uma situação desonrosa.
 
Assim mesmo, as condições de rendição exigiam a entrega de várias populações fronteiriças como [[Fregelas]], [[Terentino]] e [[Satrico]], a evacuação dos colonos romanos de [[Lucera]] e do vale do [[rio Liris]], a retirada de todas as posições que mantinham no Sâmnio e uma trégua de cinco anos. Para garantir que o [[Senado romano]] ratificava o acordo atingido (''foedus caudinum''), Pôncio enviou os dois cônsules a [[Roma]] para que informassem do mesmo, ao mesmo tempo que retinha 600 cavaleiros romanos como prenda do acordo.
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Contudo, os historiadores romanos trataram de minimizar este descalabro, tecendo a lenda de que quando os cônsules chegaram a Roma, exortaram o Senado para que continuasse a luta devido ao ignominioso trato recebido, não importando a sua própria sorte ou a dos cavaleiros retidos. O certo é que o Senado não teve mais remédio que ratificar o tratado, marcando assim um momento humilhante no devir histórico de [[Roma Antiga|Roma]], e um dia nefasto para a cidade: os senadores despojaram-se das suas [[Toga (vestimenta)|togas]] púrpuras, produziram-se cenas de duelo e proibiram as festas e casamentos durante todo um ano. Muitos dos legionários liberados refugiram-se nos campos ou voltaram de noite para a cidade pelo opróbrio que sentiam, embora os dois cônsules entrassem de dia, pois a lei romana obrigava-os a mostrarem a sua autoridade, que porém não voltaram a exercer durante o restante do seu consulado.
 
Contudo, a sabedoria do conselho de Herénio ficou logo demonstrada, pois esta afrentaafronta ficou marcada no orgulho de Roma, que romperia de novo as hostilidades em [[316 a.C.]], tomando-se a revancharevanche com a captura de Lucera e o resgate das armas, estandartes e reféns perdidos cinco anos antes.
 
=={{Bibliografia}}==
*{{Ref-livro | autor=[[Apiano]] | título=Historia romana : Tomo I - III :4 | ano=1985 | ubicaçãolocalização=Madrid: [[Editorial Gredos]] | pp.=73-78| id=ISBN 84-249-3550-0 }}
*{{Ref-livro | autor=José Manuel Roldán | título=Historia de Roma. Tomo I : La República Romana
| ano=1987 | editorial=Madrid : Ediciones Cátedra, S.A | páginas=107-108 | id=ISBN 84-376-0307-2 }}