Unidade de vizinhança: diferenças entre revisões

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[[Clarence Arthur Perry]]<ref name="LAMAS317"/><ref name="FERRARI300">FERRARI, 2001, p. 300.</ref> estabeleceu a escola primária como equipamento central e o delimitador espacial de uma unidade de vizinhança: ela se estenderia de forma que sua população não ultrapassasse a capacidade de uma escola primária.
 
== Origem ==
É possível notar no [[Plano de Barcelona]], de [[Ildefonso Cerdá]], preocupações na distribuição dos equipamentos urbanos e suas relações com os habitantes, de certa forma antecipando conceito de unidade de vizinhança.<ref name="LAMAS318">LAMAS, 2004, p. 318</ref> No início do [[século XX]], estudiosos constataram o desaparecimento das relações sociais entre vizinhos com o crescimento das [[metrópole]]s.<ref name="LAMAS317"/> Esses grupos primários seriam importantes para uma vida saudável e a falta de convivência nesses grupos poderia até provocar desordens mentais.<ref name="FERRARI298">FERRARI, 1991, p. 298</ref> A idéia então foi usar o planejamento urbano como forma de recriar essas relações.
 
Em [[1923]], Clarence Perry, inspirado em [[Ebenezer Howard]], pela primeira vez mostra o conceito de unidade de vizinhança.<ref name="FERRARI301" >Citado por FERRARI, 1991, p. 301</ref> Para ele, os equipamentos urbanos deveriam estar próximos às habitações e estas não deveriam ser interrompidas por [[vias]] de [[trânsito de passagem]], mas apenas tangenciadas, preservando a vida comunitária e dando segurança às crianças. Estas poderiam ir à escola sozinhas, já que os caminhos eram seguros e a distância era ideal para não cansá-las. Por isso, a escola primária era o equipamento básico de uma unidade de vizinhança.<ref name="FERRARI301b">FERRARI, 1991, p. 301</ref>
 
Enquanto Perry desenvolvia seus estudos, [[Henry Wright]] e [[Clarence Stein]] aplicaram conceitos parecidos nos conjuntos habitacionais de [[Sunnyside Garden]] e [[Radburn]], próximos a [[Nova Iorque]]. Stein define a unidade de vizinhança como uma área residencial delimitada (mas não cortada) por vias de trânsito de passagem e que seriam projetadas para uma [[população]] que necessitasse de uma escola elementar.<ref name="LAMAS317"/> Queen Carpenter confirma a função da unidade de vizinhança em recriar os laços de contatos primários, onde "os residentes se conhecem pessoalmente e têm o hábito de se visitar" e onde "os membros se encontram em terreno conhecido [...] para desenvolver actividades sociais primárias e contatos sociais espontâneos ou organizados".<ref>Citado por LAMAS, 2004, p. 318</ref>.
 
== Difusão da idéia ==
O conceito de unidade de vizinhança se difundiu após os [[década de 1920|anos 20]]. Após a [[Segunda Guerra Mundial]], os debates sobre a organização habitacional foram bastante influenciados pela unidade de vizinhança e modelos funcionais e organizacionais foram considerados muito importantes. A partir daí a unidade de vizinhança foi amplamente usada.<ref name="LAMAS318"/> Seus conceitos foram usados, por exemplo, em [[Porto Rico]], [[França]], [[Inglaterra]], [[Estados Unidos da América]], [[Brasil]], [[União Soviética]] e [[Áustria]].<ref>FERRARI, 1991, pp. 303-304</ref>
 
Esse conceito pode ser dividido em duas correntes. A primeira, anglo-saxônica, baseia-se nas [[Cidade Jardim (teoria)|cidades jardins]] e em baixas [[densidade demográfica|densidades demográficas]]. É o caso do Plano da Grande Londres (a partir de [[1944]]), de [[Patrick Abercombrie]], e das novas cidades inglesas (da primeira e segunda gerações). A segunda corrente foi influenciada pelo racionalismo europeu e por [[Le Corbusier]]. Nela são explorados os edifícios habitacionais. São os casos das [[superquadra]]s de [[Brasília]] e da ''[[Unité d'Habitation]]''.<ref name="LAMAS320">LAMAS, 2004, p. 320</ref>
 
== Críticas ==
Por cerca de 40 anos a unidade de vizinhança foi idéia corrente no [[urbanismo]], constituindo uma "fórmula mágica de constituir comunidades de habitantes".<ref name="LAMAS320" /> Seu uso intenso e o tempo levariam à reflexão e às primeiras reações contra a unidade de vizinhança. Após anos de experimentação, chegou-se à conclusão de que as unidades de vizinhança não atenderam às expectativas em torno da recriação dos grupos primários.<ref name="FERRARI301b"/><ref name="LAMAS322">LAMAS, 2004, p. 322</ref> As causas de tal fracasso seriam a própria tendência de a população urbana de se isolar (diretamente proporcional ao tamanho da cidade <ref name="FERRARI301b"/>), graças às relações sociais mais alargadas permitidas pelos [[meio de transporte|meios de transportes]] e [[meio de comunicação|comunicação]] e à impossibilidade de evolução da forma urbana concebida, no tocante a oferecer postos de trabalho, tanto no [[setor terciário]] quanto no [[setor secundário|secundário]].<ref name="LAMAS322"/>.
 
Apesar disso, uma das funções da unidade de vizinhança foi alcançada: dar proteção à criança.<ref name="FERRARI301"/>. Suas diretrizes de distribuição de equipamentos e serviços na área urbana também estão presentes hoje, como medidas de planejamento compatíveis com o [[desenho urbano]] <ref name="LAMAS322"/>
 
{{Ref-section|Notas e referências}}
=={{ver também}}==
*[[cidade radiosa]]
*[[polinucleação]]
*[[morfologia urbana]]
*[[planejamento urbano]]
*[[sociologia urbana]]
 
== {{verVer também}} ==
==Notas==
* [[cidade radiosa]]
{{reflist}}
* [[polinucleação]]
* [[morfologia urbana]]
* [[planejamento urbano]]
* [[sociologia urbana]]
 
== Fontes ==
* FERRARI, Celson. ''Planejamento municipal integrado''. 7. ed. São Paulo: Pioneira, 1991.
* LAMAS, José M. Ressano Garcia. ''Morfologia urbana e desenvolvimento da cidade''. 3. ed. Porto: [[Fundação Calouste Gulbenkian]]; Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2004.
 
== Leitura complementar ==
=== {{ligaçõesLigações externas}} ===
* [{{Link||2=http://www.unb.br/fau/pos_graduacao/cadernos_eletronicos/unidade/unidade.htm |3=BARCELLOS, Vicente Quintella. ''Unidade de vizinhança'': notas sobre sua origem, desenvolvimento e introdução no Brasil]}}
 
{{Sem imagem|data=outubro de 2009}}
 
{{DEFAULTSORT:Unidade Vizinhanca}}
[[Categoria:Urbanismo]]