Polaridade nas relações internacionais: diferenças entre revisões

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Grande parte dos problemas relacionados à classificação da polaridade do sistema internacional está relacionado aos diferentes critérios utilizados para se clasificar uma potência. Alguns autores diferenciam aspectos como a capacidade de atuação ou a capacidade de [[projeção de poder]] de uma potência (potência global, continental, [[potência regional]], local) da dimensão ou "tamanho" do poder ([[superpotência]], [[grande potência]], [[potência média]] e pequenas potências). O grande problema que aparece neste caso é que, dependendo dos critérios utilizados para se mensurar poder, o número de pólos de poder muda. O tipo de poder a ser considerado também muda o resultado da classificação, pois é diferente considerar o [[poder]] real ou de uso imediato (geralmente político-militar), do [[poder]] potencial, que geralmente inclui economia, finanças, capacidade industrial, demografia e tamanho da população, tamanho do território, recursos naturais, capacidade de engenharia e de desenvolvimento tecnológico, além de aspectos diplomáticos, como o padrão de alianças e inimizades regionais.
 
Considerando critérios de poder real, por exemplo, autores americanos como Lieber & Press (1996), chegaram a defender que a supremacia nuclear americana era suficiente para garantir a supremacia militar global e, portanto, a unipolaridade do sistema internacional. Isto foi contextadocontestado diretamente por Cepik, Avila e Martins (2007 e 2009), que defendem que os Estados Unidos não possuem supremacia nuclear incontestável (seria apenas superioridade nuclear), e que mesmo que tivesse supremacia, isto não significaria necessariamente capacidade para impor e manter a unipolaridade no sistema mundial.
 
Este tipo de controvérsia envolve claramente definições distintas do que vem a ser poder, como mensurar o poder de um país, quais os elementos de [[poder]] (real e imediato ou potencial) mais relevantes e em que hierarquia de importância este devem ser considerados. Simplesmente não há concenso a respeito desta hierarquização em nenhuma grande corrente teórica das [[relações internacionais]], de estudos da [[geopolítica]] ou de [[estudos estratégicos]].
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Uma das definições interessantes é a de [[John. Mearsheimer]], que considera que o primeiro critério para definir as grandes potências ou [[superpotências]], é verificar se estas possuem capacidade nuclear de segundo ataque (ver [[Destruição Mútua Assegurada|MAD]]), ou seja, a capacidade de sobreviver a um [[ataque nuclear]] e retaliar o país agressor com um outro [[ataque nuclear]]. Somente Estados Unidos, Rússia e China teriam esta capacidade, portanto seriam as únicas três grandes potências mundiais. Hierarquicamente abaixo deste critério principal, um segundo conjunto de critérios levantados por Mearsheimer envolveria o tamanho do [[Exército]], como principal capacidade dissuasória de um país após a capacidade nuclear. Uma terceira categoria, mais complexa e difícil de ser mensurada envolve a capacidade política e econômica de sustentar uma [[estratégia]] de [[grande potência]], ou "logística de grande potência". O primeiro critério desta categoria, portanto, seria a capacidade de uma potência de manter seu arsenal nuclear em pronto uso (incluindo os meios de lançamento como bombardeios estratégicos, mísseis balísticos intercontinentais e submarinos nucleares lnaçadores de mísseis) e também de manter e sustentar por longo período um grande exército. Pode-se considerar, por exemplo, que na segunda metade da [[Guerra Fria]], a [[URSS]] não coseguiu manter sua estratágia de grande potência e sucumbiu frente às pressões estratégicas impostas pelo seu maior competidor, os [[Estados Unidos]].
 
Mesmo uma categorização simultaneamente clara e complexa como esta é questionável, pois novas categorias de [[armas estratégicas]], ou armas de uso estratégico (como canhões a laser e armas de energia direta, aeronaves aeroespaciais hipersônicas), tenderiam a substituir com vantagens as atuais [[armas nucleares]] e a tríade de lançadores nucleares, formada pelos bombardeios estratégicos, mísseis balísticos intercontinentais e submarinos nucleares lançadores de mísseis (AVILA, CEPIK & MARTINS, 2009).
 
 
== Polaridade e estabilidade do Sistema Internacional ==