Eugênia Ana dos Santos: diferenças entre revisões

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Em 1921, ''Eugenia Anna Santos'' foi para a casa de ''José Theodório Pimentel'', Balé Xangô<ref>Na África, os "balés" são os chefes de grandes famílias.</ref>, em Itaparica. Mãe Aninha era muito amiga da família Pimentel. ''José Theodório Pimentel'' ajudava Mãe Aninha desde os tempos da Ladeira da Praça. Essa viagem foi muito importante porque é a evidência de que Mãe Aninha fez a ponte entre o Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador e o culto aos Eguns em Itaparica e nessa casa fez a iniciação tanto de Mãe Senhora quanto de Mãe Ondina, filhas do mesmo barco<ref>Segundo Vivaldo da Costa Lima, barco significa o grupo de iniciação e não deve ser entendido como sinônimo de embarcação, embora o sentido figurado não deva ser ignorado.</ref>, suas sucessoras no Ilê Axé Opô Afonjá. ''Deoscóredes Maximiliano dos Santos'', Mestre Didi, em seu livro '''''História de Um Terreiro Nagô''''', escreve<ref name="Didi"/>:<blockquote>"Em 1921, Iyá Obú Biyi , Aninha, foi para a casa de José Theodório Pimentel (Balé Xangô), em Itaparica, fazer a iniciação da filha do dono da casa, Ondina Valéria Pimentel, filha de Oxalá - mais tarde, Iyá Kekerê do Axé; de Senhora, filha de Xangô; de Filhinha, de Oxun; de Túlia, de Iemanjá, e de Vivi, de Obaluaiyê. Tirou esse barco de iyawôs com a ajuda de sua irmã lesse-orixá Fortunata de Oxossi (Dagan), mãe legítima de Silvânia, filha de Airá, a Iyámorô do Axé Opô Afonjá."</blockquote>
 
Mãe Aninha estava cercada de pessoas de sua confiança e sabia delegar. Em 1934, Mãe Senhora também já demonstrava grande espírito de liderança, conforme segue o relato de ''Deoscóredes Maximiliano dos Santos'', Mestre Didi, em seu livro '''''História de Um Terreiro Nagô'''''<ref name="Didi" />:<blockquote>"Mesmo na ausência de Aninha, prosperava o Axé, dirigido por pessoas de sua confiança. Assim, em 1934, por ocasião das festas de ano das Águas de Oxalá, estando Iyá Obá Biyi no Rio, foi feita a remodelação de um barracão de palha que havia em frente a casa de Oxalá, e Senhora, a então Osi Dagan, mandou construir uma casa para Oxun, seu cledá, ao lado da casa de Oxossi, para que os festejos fossem realizados conforme o calendário.</blockquote>
 
Em junho de 1935 , ''Eugenia Anna Santos'' voltou do Rio de Janeiro para Salvador. Mandou desmanchar o barracão de palha em frente a casa de Oxalá para construir outro bem maior, mais acima, ao lado da atual porteira de acesso ao terreiro.
 
No dia 29 de junho de 1936, instituiu o Corpo de Obá (ou Ministros de Xangô), tradição só conservada na Bahia no Ilê Axé Opô Afonjá. Mestre Didi comenta:<ref name="Didi" /ref><blockquote>"O restabelecimento da antiga tradição dos Obás de Xangô veio dar ainda maior prestígio ao Opô Afonjá e demonstrar as qualidades e conhecimentos da Iyalorixá Aninha Iyá Obá Biyi."</blockquote>
 
No dia 8 de novembro de 1936, Mãe Aninha, Obá Biyi, fundou a Sociedade Cruz Santa no Ilê Axé Opô Afonjá.
 
''Mãe Stella'' escreve sobre os tempos de ''Mãe AninhAninha''a:<ref name="Santos" /><blockquote>"Iyá Oba Biyi era muito zelosa com coisas de hierarquia e awo. Tinha um grupo de filhas-de-santo mais velhas, e umas tantas quantas senhoras idosas, as Àgba, responsáveis pela educação direta das filhas-de-santo. Depois da iniciação, mãe Aninha as deixava aos cuidados das velhas senhoras.<br>
 
Tia Catú-Ayrá Tolá, filha-de-santo de mãe Aninha, na força de seus noventa e dois anos, nos conta muitas histórias. Ai da filha-de-santo que resolvesse passar por cima da hierarquia, indo queixar-se diretamente à Mãe-de-Santo! Não tinha nem graça... O grupo de Àgba, a que me referi, tinha de educar as iniciadas. Se estas não se comportassem muito bem, a culpa era atribuída à incompetência das mestras. O professor responde pelos discípulos, não é assim mesmo? Daí o zelo das mais velhas em transmitir conhecimentos que tinham recebido de seus mais velhos, aos mais moços. Ninguém ia querer receber uma advertência da Mãe-de-Santo, tendo a satisfação de mostrar que davam conta do recado, sabiam das coisas! Se a Iyalòrisa entregava seu filho a uma Ojúbòna, para tomar conta, é que confiava naquela pessoa, sentindo-se, até, desmoralizada em caso de falhas da mãe-pequena do Iyawó. Por tal motivo, procurou preencher seu Egbé com os cargos inerentes a um Ase. Sendo ela mestra maior, orientou a todos com sua força de caráter e disciplina."</blockquote>