Flâmine dial: diferenças entre revisões

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Quando havia uma vaga para o lugar, três pessoas descendentes de [[patrícios]] casados de acordo com a cerimónia do ''[[Confarreatio]]'' (matrimónio tradicional romano) eram nomeadas pela [[Assembleias romanas|Comitia]]. Um dos três era eleito (''captus'') e consagrado (''inaugurabatur'') pelo ''[[Pontifex Maximus]]''.<ref name="Tácito4.16">Tácito, ''[[Annales (Tácito)|Annales]]'' iv.16.</ref>
 
== Privilégios ==
O ''Flamen Dialis'' disfrutava de honras peculiares, como ser considerado emancipado do controlo paterno, tornando-se ''sui juris''.<ref name="Tácito4.16" /><ref>Gayo i.130; Ulpiano frag. x.5.</ref> Era o único de entre todos os sacerdotes que vestia o [[albogalerus]] ([[Apex]]);<ref>Varro, ''Apud Gellius'' x.15.</ref>; tinha o direito a ser escoltado por um [[lictor]],<ref>Plutarco, ''Cuestiones Romanas'' 119 (ed. Reiske).</ref>, a usar a ''[[toga praetexta]]'' e a [[silla curul]], e a sentar-se no [[senado romano]] em virtude do seu ofício. Este último privilégio, depois de ter sido discutido durante um largo período, foi aceite por [[César Valério Flaco]] ([[209 a. C.|209&nbsp;a.&nbsp;C.]]). Segundo [[Tito Lívio]] a demanda foi aceite devido ao seu carácter pessoal e não por se acreditar na justiça do pedido.<ref>[[Tito Livio]] xxvii; cf. i.20.</ref>
 
Outros privilégios e costumes incluíam o facto de se sentarem acima de todos num banquete, à excepção do ''[[Rex Sacrificulus]]''. Se um condenado se refugiasse em sua casa, as grilhetas eram imediatamente abertas e transportadas através do ''[[impluvium]]'' até à rua<ref name="AuloGelio15">Aulo Gelio x.15</ref> e se um criminoso a caminho do seu castigo se encontrasse com o ''Flamen Dialis'' e lhe suplicasse a liberdade a seus pés era perdoado imediatamente.<ref name="AuloGelio15" /><ref>Plutarco, ''Cuestiones Romanas'' 166.</ref>
 
== Obrigações ==
Apesar de todos os privilégios, o ''Flamen Dialis''P tinha uma panóplia de obrigações e restrições ainda mais vasta, compiladas por [[Aulus Gellius]] através das obras de [[Quintus Fabius Pictor]] e [[Masurius Sabinus]], enquanto que [[Plutarco]], no seu Questões Romanas explica a sua importância. Algumas delas são de Era ilegal passar a noite fora da cidade<ref>Tito Lívio v.52.</ref> (uma regra que parece ter sido modificada por [[Augusto]] ao ponto de permitir uma ausência de até duas noites,<ref>Tácito, ''[[Annales (Tácito)|Annales]]'' iii.58, 71.</ref>, e estava proibido de dormir fora da sua própria cama durante três noites consecutivas (de maneira que era impossível governar uma província). Não podia montar a cavalo, nem mesmo tocar num, não podia ver um exército armado sem o ''pomoerium'' e não podia ser eleito para um consulado. Não podia aceitar nenhum tipo de [[magistratura]],<ref>Plutarco, ''Cuestiones Romanas'' 169.</ref>, apesat desta proibição não ter sido respeitada nos últimos anos.
 
O objectivo destas regras era converter o sacerdote num ''Jovi Adsiduum Sacerdotem'', que prestava atenção constante às tarefas do seu sacerdócio e que evitasse as tentações de descuidar as suas tarefas.
 
Também as superstições eram numerosas, embora as que se enumeram de seguida são especulações feitas através das obras de [[Plutarco]],<ref>Plutarco, ''Cuestiones Romanas'' 114, 118, 164–70.</ref>, [[Festo]] e [[Plínio]]:<ref>Plinio, ''[[Naturalis Historia]]'' xviii.30–40.</ref>: não podiam realizar juramentos,<ref>Tito Livio xxxi.50.</ref>, não podiam usar anéis ''nisi pervio et cass'', a menos que não apresente inscrições ou aneis,<ref>Kirchmann, ''De Annulis'' 14.</ref>, não podiam despir-se em espaços abertos, não podiam sair sem o penteado apropriado, não podiam caminhar por um caminho coberto por vinhas.
 
Não podía tocar no chão, nem no pão levedado, nem em cadáveres, cães, cabras, heras, feijões, ou carne crua. Não podia entrar num ''bustum'' (sepulcro) a não ser que fosse para ir a um funeral.
 
Só um homem livre podia cortar o seu cabelo e as unhas, que eram enterradas por baixo dum ''felix arbor''. Ninguém podia dormir na sua cama, cujas pernas eram cobertas por argila fina. Era também ilegal colocar uma caixa com "bolos sacrificiais" em contacto com a cama.
 
== Matrimónio e Flaminica ==
O ''Flamen Dialis'' devía casar-se com uma mulher virgem mediante o rito do ''[[confarreatio]]'', cuja regulação também se aplicava aos otros ''[[Flâmine|Flamines maiores]]''.<ref>Gayo i.112.</ref>. Como a ajuda da mulher era essencial para a realização de alguns ritos, o divórcio não era permitido, e se ela morresse ele era obrigado a demitir-se.
 
O nome que se dava à mulher dos diales era '''Flaminica''' e as restrições do marido eram-lhe também impostas. O seu vestido consistia num traje tingido (''venenato operitur''); o seu cabelo era apanhado acima do pescoço por uma faixa púrpura em forma de cone (''tutulus''). Usava um manto pequeno com um bordado (''rica'') ao qual estava atado um pedaço de ''felix arbor''.<ref>Varro, ''De Lingua Latina'' vii.44.</ref>.
 
Em cada ''[[ciclo nundinal|nundinae]]'' (dia do mercado feito a cada nove dias) um carneiro era sacrificado a [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]] na ''[[regia]]'' pela flaminica.
 
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==Referências==
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{{Roma Antiga}}