Mandarim (burocrata): diferenças entre revisões

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A China Antiga criou a burocracia leiga dos mandarins e instituiu o sistema de concursos para selecioná-los
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O símbolo mais característico da sua dignidade é o grande botão que colocam na parte traseira do seu chapéu. Os mandarins mais importantes ou de primeiro grau usam este botão feito de [[rubi]]s e os outros que lhes sucedem na hierarquia usam o botão feito de [[coral]], [[safira]]s, [[lápis-lazúli]], [[cristal]], [[madrepérola]], [[ouro]] ou [[prata]].
 
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O sistema de concursos na China imperial
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Estes funcionários eram escolhidos em concursos públicos que, como regra geral, não testavam os conhecimentos do candidato em áreas específicas do conhecimento humano, mas, de uma forma geral, avaliavam seu conhecimento de textos clássicos do confucionismo, o que, supostamente, daria uma medida de sua capacidade intelectual geral (quase se poderia dizer abstrata). Isto é coerente com o fato de que os mandarins não eram especialistas, mas funcionários supostamente aptos a resolver todos e quaisquer problemas da administração pública com que se defrontassem. Por muito tempo, o sistema funcionou melhor que qualquer uma das alternativas existentes: a melhor prova disto encontra-se no fato de que, nas raras oportunidades em que a China foi conquistada por etnias estrangeiras, seus senhores voltaram a utilizar os indispensáveis serviços dos mandarins pata manter em funcionamento a máquina do Estado.
 
Examinaremos aqui alguns aspectos desta precoce meritocracia que, bem ou mal, foi aplicada com maior ou menor sucesso na China.
 
== O contexto histórico ==
Quando o primeiro imperador da dinastia Ch’in unificou o império chinês (221-207 a.C.), traçaram-se as linhas gerais da instituição imperial e do sistema de governo que seguiriam as dinastias posteriores para governar aquele vasto império. Embora o reinado da dinastia Ch’in tenha sido breve, pela primeira vez o país se colocou sob uma única administração, um Estado centralizado que tinha poder sem precedentes, controlava grandes recursos e mostrava tal magnificência que inspirava um sentimento de respeito e temor tanto a seus habitantes quanto ao exterior. Ao desaparecer, a dinastia Ch’in deixou como legado mais importante à dinastia Han, que a sucedeu (202 a.C.-220 d.C.), a concepção do império e a estrutura de governo que o mantinha. Os quatro séculos que durou essa dinastia constituíram um período de consolidação, durante os quais se moldaram todos os aspectos da vida chinesa, inclusive os da esfera intelectual. Os reflexos deste período perduraram até a época moderna não apenas na China, mas também na Coréia, Vietnam e, ainda, no Japão.
 
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Nada escapava à a regulamentação oficial. A vida econômica, os ritos, a música, a educação, em suma, toda a vida pública e grande parte da vida privada estavam sob seu domínio.
 
== A base filosófica ==
 
Os intelectuais do império Han formularam o mais importante e permanente dos conceitos filosóficos da China: o de que o céu, a terra e o homem formavam uma trindade eterna. O homem deveria estudar as leis do céu, tanto em seu sentido metafísico quanto físico. E o governo, feito pelos homens, devia atender sempre aos assuntos relacionados com a terra, em especial os que se relacionavam à irrigação, seu uso, controle e de inundações, etc. Os sábios Han insistiam em que o bem-estar econômico era a base da moralidade popular. As pessoas desejavam ter riqueza e bem-estar, e, se não fosse possível obtê-os por meios honestos, iriam buscá-los por outros modos. Portanto, o governante devia fazer com que todos obtivessem, por meios honestos, aquilo de que necessitavam para viver, pois o mesmo caminho levaria à prosperidade e à virtude. Por essa razão, o governo e o próprio imperador eram responsáveis pela conduta moral do povo. Se um homem pobre roubava, era porque não podia viver honestamente. Logo, esse homem não era culpado de sua situação, mas sim o sistema econômico e social, na figura do imperador; se este corrigisse os próprios erros, então permitiria a seu povo ser virtuoso.
 
Nesse processo, o primeiro passo era promover a paz e a prosperidade; o segundo, era o treinamento moral ou educação. Os graus mais elevados de cultura só eram acessíveis os homens inteligentes e que não estivessem dedicados à agricultura: o produto final de todo esse processo era o sábio, o homem bem educado, que, por seus conhecimentos, possuía o sentido moral mais agudo e refinado possível. Assim, seu lugar na sociedade estava no serviço público.
 
== O funcionamento do funcionalismo ==
 
Aliando-se com o sistema imperial da dinastia Han, os eruditos tiveram vários êxitos significativos: conseguiram que o confucionismo fosse declarado filosofia oficial do Estado, fundaram uma universidade estatal, estabeleceram um sistema de concursos públicos e, em tempos de paz, ocuparam a posição socialmente dominante. O conceito do Estado e da função do governante, que abarcava todos os aspectos da vida da nação e de sua gente, expresso nos termos mais elevados, foi um dos maiores sucessos do pensamento chinês. Os teóricos políticos da época Han, para deixar claro o repúdio total as experiências e teorias da centralização do poder autocrático e total do imperador, vigentes na dinastia Chin, rodearam com habilidade a pessoa imperial com um aura de mistério divino e insistiram em que o governante não devia incomodar-se em tomar decisões específicas o levar a cabo atos de governo, mas deixar essas questões em mãos de seus ministros, os quais, ao menos em teoria, haviam sido selecionados com base em sua virtude e habilidades pessoais.
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A administração quotidiana era levada a cabo pelos eruditos-funcionários. Na época da unificação da dinastia Han, século II a.C., a ideologia confucionista converteu-se em doutrina estatal, mantendo-se em vigor ao longo dos séculos. Eventualmente, os mandarins eram afastados da cena política; nestes casos, eles se retiravam em silêncio para lugares solitários ou pouco importantes e preparavam seu inevitável retorno: afinal, eles eram indispensáveis. Se não fosse por seu trabalho, exercendo um controle férreo sobre a unidade do império e mantendo os aristocratas locais em sues lugares, o particularismo teria terminado com a soberania, e a civilização chinesa teria perecido.
 
 
== O sistema de concursos ==
Em um dos livros clássicos do confucionismo, havia uma sentença atribuída a Confúcio: ''“Quando os homens adequados estão disponíveis, o governo floresce. Quando os homens adequados não estão disponíveis, o governo decai […] a administração do governo depende dos homens adequados”''