Academia Real de Arquitetura: diferenças entre revisões

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Seu primeiro diretor, [[François Blondel]], foi incumbido com a tarefa de criar um currículo, codificando os princípios do projeto clássico, de forma semelhante ao que acontecia na [[Academia Real de Pintura e Escultura]]. Também deveria disseminar o conhecimento através de duas palestras semanais. O cerne da doutrina acadêmica eram os princípios do arquiteto da [[Roma Antiga]] [[Vitrúvio]], com alguma inspiração nos tratadistas renascentistas como [[Leon Battista Alberti]]. Seu trabalho contribuiu para disciplinar o que se percebia como excessos da [[arquitetura barroca]], estabelecendo uma filosofia de clareza, harmonia e equilíbrio. Em seu discurso inaugural, Blondel convocou os estudantes para a missão de restaurar a arquitetura ao seu antigo esplendor, e enfatizou a necessidade de um estudo sólido e de amplo horizonte. Seu tratado teórico ''Cours d'Architecture'' (1675) foi o primeiro a ser escrito na França.<ref name="Mallgrave">Mallgrave, Harry Francis. [http://books.google.com/books?id=qlpM14cWNhQC&pg=PA70&dq=%22royal+academy+of+architecture%22+louis+xiv&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=%22royal%20academy%20of%20architecture%22%20louis%20xiv&f=false ''An Anthology from Vitruvius to 1870'']. Wiley-Blackwell, 2006. pp. 70-82</ref>
 
Suas idéias foram corroboradas por [[René Ouvrard]] no tratado ''Architecture harmonique'' (1677), acrescentando que a Beleza deriva de um sistema claro de proporções, similar ao que era encontrado na música, insistindo ainda mais que Blondel na estrita observância das regras clássicas. O rigor da sistematização não demorou a ser atacadaatacado por um arquiteto que permanecia à margem da academia, [[Claude Perrault]]. Perrault elaborou uma nova tradução de Vitrúvio e, aproveitando passagens em que o antigo mestre louvava a liberdade de um arquiteto helenista, defendeu uma flexibilização no programa acadêmico e afirmou que sua época não seguia o mesmo gosto dos romanos, dizendo que uma aderência estrita às regras antigas impediria todo o progresso. Isso logo deu nascimento a uma prolongada polêmica entre os "antigos" e os "modernos", que se estendeu por um século inteiro. Seu irmão, [[Charles Perrault]], que se tornou um acadêmico influente, continuou na sua linha, advogando a liberdade de criação sem a necessidade da sanção do passado. Os Perrault também foram importantes por darem início à revalorização da [[arquitetura gótica]].<ref name="Mallgrave"/>
 
A academia, contudo, norteou a grande parte das mais importantes obras realizadas nesse período e a revestiu de uma ''[[gravitas]]'' característica, submetendo os projetos a uma hierarquização rigorosa. Somente edifícios públicos e os de posse da casa real podiam ostentar toda a panóplia das [[ordens arquitetônicas|ordens maiores]], diferenciando-os da edificação mesmo da alta nobreza, que ficava limitada a um esquema menos imponente, com pouca variação, mas os interiores contrastavam com a austeridade externa, sendo muito luxuosos e diversificados em seus espaços. Os princípios acadêmicos foram repetidamente questionados ao longo dos anos, mas a academia pôde mostrar uma flexibilidade suficiente para absorver inovações e continuar como uma instância normativa prestigiada e influente até ser dissolvida na [[Revolução Francesa]].<ref>Goode, Patrick. [http://books.google.com/books?id=S7iJpekO1G8C&pg=PA334&dq=%22royal+academy+of+architecture%22+louis+xiv&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=8#v=onepage&q=%22royal%20academy%20of%20architecture%22%20louis%20xiv&f=false ''The Oxford companion to architecture'']. Oxford University Press, 2009. Volume 1, pp. 134-135</ref>