Tele Globo: diferenças entre revisões

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O telejornalismo faz parte da programação da TV Globo desde o dia de sua estréia, em 26 de abril de 1965. O primeiro jornal da emissora foi o Tele Globo, criado por Mauro Salles, então diretor do Departamento de Jornalismo, e dirigido por Rubens Amaral. Era um noticiário de meia hora de duração, com cobertura nacional e internacional.
'''Tele Globo''' foi um [[telejornal]] [[brasil]]eiro exibido pela [[Rede Globo]].
O Tele Globo era exibido em duas edições de meia hora de duração: a primeira ia ao ar diariamente, às 12h30, e a segunda era exibida às 19h, exceto aos domingos. A primeira edição tinha um tom leve, com destaque para os temas culturais e de entretenimento. Os assuntos considerados mais sérios eram reservados para a edição noturna, que, a partir de setembro de 1965, passou a ser transmitida às 19h30.
O locutor oficial do Tele Globo era Hilton Gomes, que assumiu o cargo depois que Reinaldo Dias Leme enfrentou problemas pessoais e não pôde ocupar a função, segundo conta o jornalista Mário de Moraes em depoimento ao Memória Globo. Moraes participou da implantação do telejornal como chefe de reportagem. O jornal de meio-dia era apresentado por Paulo Gil e Íris Lettieri, que depois se tornou a voz oficial dos aeroportos. Na edição noturna, Hilton Gomes lia o noticiário internacional, a atriz Nathália Timberg apresentava amenidades e notícias dirigidas às mulheres e Teixeira Heizer fazia a parte de esportes, com Luís Alberto de Carvalho Alves como seu eventual substituto. A edição da noite contava, ainda, com os apresentadores Aluísio Pimentel e Fernando Lopes, este último como “o homem da noite”, por apresentar notícias que ele apurava na noite anterior, nos locais freqüentados pela alta sociedade. Às vezes Paulo Gil também se juntava ao grupo de apresentadores noturnos. A edição de domingo era apresentada eventualmente por Haroldo Costa e Antônio Carlos e tinha na equipe o compositor Catulo de Paula.
A maior parte do material visual do Tele Globo consistia em filmes da CBS news e da European television service, com a cobertura diária dos principais acontecimentos mundiais, incluindo o noticiário esportivo. O telejornal também tinha como fonte as agências de notícia Associated press, United press, International France presse e Deutsche presse agentur, cujos teletipos estavam instalados na redação. Na cobertura do noticiário nacional, eram usados os arquivos do jornal O Globo e da Rádio Globo, com o aproveitamento de muitas fotos, transformadas em slides para a inserção no vídeo.
Além das notícias gerais, o Tele Globo tinha três blocos fixos: uma seção com o noticiário esportivo (subordinada à Divisão de Esporte, chefiada por Waldir Amaral); Teletempo, que apresentava a cobertura meteorológica; e Nossa opinião – editorial de um minuto produzido por Mauro Salles. Uma Divisão de Cinema, comandada por Mário Pajés, foi criada especialmente para assessorar o telejornal, contando com uma equipe de cinegrafistas de larga experiência e material técnico sofisticado, incluindo câmeras sonoras.
Em janeiro de 1966, o Tele Globo passou a ter uma única edição diária, às 13h (exceto aos domingos); e uma outra edição semanal, que durou até o mês de abril, em que foi apresentado todas as segundas-feiras, à meia-noite (na primeira semana de janeiro foi ao ar em uma terça-feira, às 23h30). Entre os apresentadores que se revezaram no comando do telejornal a partir de então estavam Aluísio Pimentel, Paulo Gil, Fernando Lopes, Luís Miranda, Edna Savaget e José Antônio de Lima Guimarães, o Guima. Na primeira semana de fevereiro do mesmo ano, foi criado para a edição de sábado o Tele Globo esportivo, dedicado aos assuntos de esporte. Em março, essa edição esportiva se estendeu aos domingos, no mesmo horário das 13h.
A maioria dos profissionais do primeiro telejornal da Globo foi recrutada nas redações dos jornais, e não tinha nenhuma experiência em TV. Mário de Moraes, que já havia trabalhado na revista O Cruzeiro e na TV Tupi, ficou encarregado de preparar uma espécie de manual dos redatores. Ele conta que o editor internacional Otávio Bonfim assumiu a direção de Jornalismo depois que Mauro Salles foi alçado a diretor de programação da emissora. A editoria internacional passou, então, para Jaime Dantas.
Entre os profissionais da redação do Tele Globo citados por Mário de Moraes, estavam os repórteres Mauro Ivan, Mário Luís Frank, Roberto Porto, Roberto Dantas (filho de Jaime Dantas), Luís Augusto e Eduardo Ramalho. Também faziam parte da equipe os redatores Alfredo de Belmont Pessôa e Edson Braga, responsáveis pelo noticiário nacional; Fernando Leite Mendes, Sylvan Paezzo e Guima, responsáveis por assuntos de cultura e entretenimento; Carlos Lima e Jaime Dantas, que se encarregavam das notícias internacionais. Ney Duque Estrada fazia a produção.
Histórias curiosas aconteciam nos bastidores do Tele Globo. Segundo Moraes, havia um homem rico, chamado Renha, que contratou seis cinegrafistas para filmar tudo que acontecesse no Rio de Janeiro, mas ele tinha que aparecer na filmagem. Era o chamado “papagaio de pirata”. O cinegrafista não tinha como cortá-lo, e ele aparecia em todas as cenas. Já que, devido aos recursos da época, não era possível cobrir tudo, as estações de TV normalmente recorriam ao Renha em busca de imagens, e ele fornecia o material completo. Mas, quem o conhecia, via que ele sempre estava lá na imagem, até em desastres.
Outra curiosidade envolve o apresentador Hilton Gomes. Mário de Moraes conta que, quando um repórter chegava à redação com alguma informação de última hora, ele – sem se importar se o telejornal já estava no ar – redigia o texto na máquina, arrastava-se pelo chão do estúdio e batia na perna do Hilton. O apresentador abaixava a mão, pegava a notícia e dizia: “Notícia de última hora”. E lia a nota tranqüilamente, com a maior naturalidade.
O então departamento de jornalismo funcionava no prédio da emissora, no Jardim Botânico, em uma pequena sala de 6m x 6m. No mimeógrafo era rodado o esqueleto do programa, que depois era distribuído aos apresentadores para que cada um marcasse as suas entradas. O arquivo de filmes e slides ficava em uma sala em frente. O telejornal só passou a ter mais recursos, segundo Mário de Moraes, após ganhar o patrocínio do Banco Panamericano.
O cenário do Tele Globo era composto por uma única bancada e um fundo escuro com vários monitores de vídeo; acima deles, o nome do telejornal em letras grandes. Em setembro de 1965, o diretor Maurício Sherman foi convocado para a colaborar para a apresentação visual do telejornal. Foi dele a idéia de fundir as imagens quando a câmera cortava do locutor para as matérias. Para que o recurso funcionasse o noticiário passou a ser mais sucinto e objetivo. – Nesse período, a equipe do telejornal era formada por Almeida Santos (assistente de direção), Baleixe Filho (chefe de reportagem), Alfredo Pessoa, Édison Braga, Fernando Leite Mendes e Sylvan Paezzo (redatores), Antônio Carbone, Luís Augusto, Mauro Ivan, Roberto Dantas, Fernando Lopes (repórteres), Teixeira Heizer e Luís Alberto (esportes), Mário Pagés e Fernando Stamato (divisão de cinema).
As notícias exclusivas divulgadas pelo Tele Globo iam desde acontecimentos políticos importantes – como o primeiro pronunciamento feito pelo Marechal Lott na televisão e, depois de seu impedimento, o primeiro pronunciamento de Negrão de Lima – até curiosidades como uma matéria sobre a Cheeta, o chipanzé dos filmes de Tarzã.
No final de agosto de 1966, a edição diurna do Tele Globo foi substituída pelo Show da cidade. À noite, de agosto a setembro, durante algumas semanas, foi ao ar no seu lugar um noticiário intitulado Manchetes (notícias).
 
==Apresentadores==