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A maioria das [[denominações cristãs|denominações]] [[protestante]]s (nomeadamente as de caráter [[pentecostalismo|pentecostal]]), não acreditam no culto de veneração aos Santos e à Virgem Maria do catolicismo, sendo que para os integrantes dessas religiões, o culto de veneração seria considerado como [[idolatria]]. Em alguns casos esta acusação provoca atos de intolerância e violência por parte de protestantes<ref>Van der Horst, Han (2000). Nederland, de vaderlandse geschiedenis van de prehistorie tot nu (in Dutch) (3rd ed.). Bert Bakker. pp. 133. ISBN 90-351-2722-6.</ref>, como a [[Controvérsias no Protestantismo#Destruição de imagens na Holanda|destruição de imagens na Holanda]]<ref>Spaans, J. ''"Catholicism and Resistance to the Reformation in the Northern Netherlands".'' In: Benedict, Ph.</ref> e o "[[Chute na Santa]]".<ref>Epstein, Jack (1995-11-24). [http://www.rickross.com/reference/universal/universal3.html "Kicking of icon outrages Brazil Catholics"]. ''The Dallas Morning News''. Visitado em 6 de janeiro de 2009.</ref>
 
Mas, sobre esta questão, os grupos religiosos praticantes da veneração, além de salientar a diferença entre a adoração e a veneração, negam ter qualquer relação com a [[idolatria]], e sustentam que a própria Bíblia oferece exemplos de [[intercessão]] (''[[Livro de Jeremias|Jer]] 15, 1''), [[veneração]] (''[[Livro de Josué|Josué]] 7, 6'') e confecção de imagens (''[[Êxodo|Ex]] 25,18-19'')., Essestambém exemplosargumentam que idolatria é o culto de adoração que se presta a uma criatura, noou entantoidéias, nãoprestando autorizama ele o culto que só se deve a intercessãoDeus. pelosA mortosidolatria, maspara tão-sóos aquelacristãos, únicaestá intercessãoinclusa presentenos entrechamados [[pecado]]s de [[superstição]]. O [[Concílio de Trento]] afirmou que "''São ímpios os membrosque danegam Igrejaque primitivase devam invocar os santos, descritaque nosgozam livros doda NTeterna felicidade no céu. Os que afirmam que eles não oram pelos homens, os que declaram que este pedido por cada um de nós é idolatria, repugna a quepalavra de Deus e se fazopõe a honra de Jesus Cristo, o maior mediador entre Deus e os santos,homens''". uns<ref>[http://www.webtvcn.com/index.php?id=5098 pelosPalestra virtual pela Editora Cléofas de Dr. Felipe Aquino] da [[Canção outrosNova]].</ref>
No exemplo de Jeremias 15.1 até esta intercessão, na verdade, é proibida por Deus ao profeta Jeremias, devido à prostituição do povo.
 
Igualmente, no exemplo de Josué 7.6, em que se diz que “Josué rasgou as suas vestes, e se prostrou em terra sobre o seu rosto perante a arca do SENHOR até à tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre as suas cabeças”, aqui há na verdade uma simples lamentação, similarmente ao que ocorre em Atos 9.36-40. Nesta passagem de Atos, uma mulher, cuja morte é chorada pelos irmãos da Igreja, volta à vida depois de morta, através da oração de Pedro. Aí sim houve uma intercessão (intervenção ou pedido diante de Deus) por um morto, no caso aquela mulher falecida, que tornou a viver, mas não a intercessão que se pretende fazer pelos mortos para mudar-lhes a sorte futura, isso porque a sorte do homem, que vem a passar da condenação para a vida, só se muda com o arrependimento, acompanhado da fé em Jesus Cristo, e isto em vida, não tendo o condão de livrar o homem da condenação o arrependimento após a morte.
 
Admitir que o pecador poderia ser livre da condenação após a morte, através de intercessões de vivos, quando em vida ele negara Cristo, isso descaracterizaria mesmo o plano salvífico de Jesus Cristo para a Humanidade. Jesus, nas suas próprias palavras, deixou entrever que todos os homens, cedo ou tarde demais, se arrependerão, mas isso não será suficiente para livrá-los da “ira do Cordeiro”, isso porque não se arrependeram quando lhes era possível:
 
• Mateus 24.30: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.”
 
• Apocalipse 6.15 “E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas;16 E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; 17 Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”.
 
• Sem falar nas inúmeras passagens do AT que convocam os homens ao arrependimento enquanto há tempo: “Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” (Isaías 55.6,7)
 
Já sobre o exemplo de Ex 25,18-19, sobre a confecção de imagens, onde o Senhor ordena: “Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma parte, e o outro querubim na extremidade da outra parte; de uma só peça com o propiciatório, fareis os querubins nas duas extremidades dele”, é notório que aqui haja uma ordem expressa de Deus nesse sentido, e contra isso se dispensam demais argumentos. Porém vale ressaltar que neste caso as imagens dos querubins serviam tão-somente para ornamentar o propiciatório (tampa da Arca), e não como amuletos de proteção, talismãs, com poderes sobrenaturais, como faziam os povos da época, o que sempre faz deslocar a fé dos homens de sobre Deus para tais objetos. A Bíblia diz que até a confiança no dinheiro (avareza) é idolatria. Quanto mais não seria idolatria a confiança que os homens porventura venham nutrir por qualquer Ser que não Deus.
 
(Colossenses 3.5,6 fala da avareza como idolatria: “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência”).
 
Certamente Deus teria mandado destruir aqueles querubins, caso o povo viesse reverenciá-los ou cultuá-los, como foi feito à serpente de metal que o mesmo Senhor ordenou fosse feita em Números 21.8, para livrar os homens da morte pela picada das cobras, mas que foi cultuada:
“Ele [o rei Josias] tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã”. (2Reis 18.4)
 
O Senhor, no mesmo livro de Ex 20.4, dissera: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” Na sua sabedoria o Senhor proibiu ao povo que esses ídolos fossem construídos, porque sabia que ele sempre incorria no erro de depositar neles a confiança de proteção do lar, da família, etc.
O Senhor agrada-se quando a nossa confiança é destinada a Ele, e diz em Jeremias 17:
 
“5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR! 6 Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. 7 Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o SENHOR.”
Ora, se o Senhor chama maldito àquele que confia no homem, quanto mais o que confia na proteção dos “ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar” (Ap 9.20).
 
Também se argumenta que idolatria é o culto de adoração que se presta a uma criatura, ou idéias, prestando a ele o culto que só se deve a Deus. A idolatria, para os cristãos, está inclusa nos chamados [[pecado]]s de [[superstição]]. O [[Concílio de Trento]] afirmou que "''São ímpios os que negam que se devam invocar os santos, que gozam já da eterna felicidade no céu. Os que afirmam que eles não oram pelos homens, os que declaram que este pedido por cada um de nós é idolatria, repugna a palavra de Deus e se opõe a honra de Jesus Cristo, o maior mediador entre Deus e os homens''". <ref>[http://www.webtvcn.com/index.php?id=5098 Palestra virtual pela Editora Cléofas de Dr. Felipe Aquino] da [[Canção Nova]].</ref>
 
A verdade é que, para a Igreja Católica são justificáveis a honra e o culto de veneração a Maria (''dulia'', do latim), e não o culto de adoração (''latria'', do latim), o qual é prestado unicamente a Deus. Essa é uma distinção meramente terminológica e, portanto, vazia de sentido, com o intuito de omitir a realidade da idolatria que se acerca do tal culto de veneração, que para a Igreja seria uma simples homenagem aos santos (''dulia'') e a Maria (''hiperdulia''). É tão inútil esta distinção que ela nem mesmo chega a ser conhecida, tampouco compreendida, pela maioria dos fieis, que na prática dos rituais, das orações e dos cultos tratam a Virgem Maria como Medianeira/Mediadora, Intercessora, etc, atributos e qualidades da divindade. Os próprios fieis ou sacerdotes da Igreja encontram grandes dificuldades em revelar a real distinção entre uma e outra coisa. Se realmente se tratasse de uma simples homenagem (dedicação de honra), não se tratando de idolatria, (o que custamos a crer, e nesse sentido também se posicionam a maioria dos grupos protestantes), por que os seus fieis suplicariam em suas rezas ou orações a Santos da Igreja por alguma graça, o que só seria cabível caso Deus fosse o destinatário?
 
Essa e outras questões correlatas dividem a Igreja, isso porque os próprios Pais da Igreja não eram unânimes acerca de determinados temas, como é o caso do dogma da Imaculada Conceição (Concepção) de Maria, que tem repercussões no modo como o fiel se posicionará acerca de Maria e se, de fato, é cabível dedicar-lhe orações, cultos e reverências.
 
Na visão do Papa Pio IX, para gerar Jesus Cristo, Maria teria de ser pura, imaculada, sem pecado. Durante onze séculos a crença nesta doutrina foi desconhecida na igreja cristã. Encontramos o primeiro vestígio dela nos meados do século XII, com a instituição da festa da Imaculada Conceição, em 1140, feita por alguns cônegos de Lyon, França. A este respeito, a Enciclopédia de La Religion Católica diz: "Ao introduzir-se a festa em Lyon soou a voz da oposição nada menos que de São Bernardo, por outra parte tão grande Mariólogo (estudioso de Maria); e sua autoridade atraiu outros ao seu parecer." (Los Santos Padres, Edições Desclée, De Brouwer, Buenos Aires, 1946, Tomo II, p. 448.) <ref>[http://cacp.org.br/catolicismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=367&menu=2&submenu=3 ''O dogma da Imaculada Conceição de Maria'' pelo Ministério CACP].</ref>
Daí por diante, vários Papas se posicionaram em sentido contrário à doutrina da Imaculada Conceição de Maria, entre eles:
 
O Papa Leão I (440-461) diz: "''Assim como nosso Senhor não encontrou a ninguém isento de pecado, assim também veio para o resgate de todos''". Se fosse certa a imaculada conceição de Maria, esta afirmação papal seria falsa.
 
O Papa Gregório, o Grande, cuja sabedoria todos reconhecem, comentando a passagem de Jó 14:4, expressa que Jesus Cristo é o único que não foi concebido de sangue impuro e o único também que foi verdadeiramente puro em sua carne. Não faz menção de Maria.
 
O Papa lnocêncio III diz: "''Eva foi formada sem culpa, e engendrou na culpa; Maria foi formada na culpa, e engendrou sem a cuIpa.''"
 
Além dos Papas, e do abade e doutor da Igreja São Bernardo, São Tomás de Aquino, padre, teólogo e proclamado santo e cognominado ''Doctor Communis'' ou ''Doctor Angelicus'' repudiava a ideia da Conceição Imaculada. No mesmo sentido, [http://cacp.org.br/catolicismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=367&menu=2&submenu=3 os ilustres]:
 
a) Sto. Anselmo, Doutor da Igreja, Arcebispo de Canterbury (1033-1109) disse a respeito:
 
"Mesmo sendo Imaculada a Conceição de Cristo, não obstante a mesma virgem, da qual ele nasceu, foi concebida na Iniqüidade e nasceu com o pecado original, porque ela pecou em Adão, assim como por ele todos pecaram." 1
 
b) São Bernardo (1140): "Só o Senhor Jesus Cristo foi concebido do Espírito Santo, porque era o único santo antes da conceição; com sua exceção, se aplica a todos os nascidos de Adão o que Alguém confessou humilde e verazmente de si: Eis que eu nasci em pecado, e em pecado me concebeu minha mãe." 2
 
c) Boaventura, apesar de ser o guia dos teólogos franciscanos, escreveu o testemunho de que "todos os santos que fizeram menção deste assunto com uma só voz asseveraram que a bendita virgem foi concebida em pecado original".
 
São Tomás de Aquino (século XIII), célebre Doutor da Igreja, o mais renomado dos teólogos católicos, foi o paladim dominicano na controvérsia contra a Imaculada Conceição. Em sua famosa obra Suma Teológica, parte III, pergunta XXVII, diz: "Santificação da Bem Aventurada Virgem Maria", art. II. "A bem Aventurada Virgem foi santificada antes de receber vida?" Respondemos que a santificação da bem-aventurada Virgem não pode entender-se antes de receber a vida... se a bem-aventurada Virgem houvesse sido santificada de qualquer modo antes de receber a vida, nunca teria incorrido na mancha do pecado original; e, portanto, não teria necessitado da redenção e da salvação, que é por Cristo, de quem se diz: ...porque ele salvará o seu povo dos seus pecados (Mat. 1.21).
 
Mas é inconveniente que Cristo não seja o salvador de Todos os homens como se diz (I Tm. 4.10). Logo, segue-se que a santificação da bem-aventurada Virgem nunca houvesse sido contagiada do pecado original, isto derrocaria a dignidade de Cristo, que não necessitou ser salvo, como salvador universal, a maior pureza seria a da bem-aventurada Virgem: porque Cristo de maneira alguma contraiu pecado original senão que foi santo em sua mesma conceição segundo o texto (Luc. 1.35)...ao passo que a bem-aventurada Virgem contraiu o pecado original, mas foi purificada dele antes que saísse do seio (materno)."
 
Em suma, o Papa Pio IX pôs termo à discussão, baixando a Constituição Apostólica ''Ineffabilis Deus'', e evitando um cisma entre os romanistas, e consolidou a sua decisão 16 anos depois, quando se torna o primeiro papa a proclamar, por ocasião do Concílio Vaticano I, a Constituição Dogmática ''Pastor Aeternus'', que estabeleceu o primado e a infalibilidade do Papa quando se pronuncia "ex-cathedra", em assuntos de fé e de moral. Isso, no entanto, não torna superados os temas, tanto o da licitude da adoração de Maria, como o da Conceição Imaculada, e agora o da infalibidade papal, que ocasionou inclusive um grande cisma na Igreja Católica, o que fez nascer outro grupo de católicos, sob a denominação de Igreja Vetero-Católica.
 
"Uma leitura cuidadosa das 23 passagens do Novo Testamento que direta ou indiretamente aludem a Maria nos permitirá ver que apesar de, nos Evangelhos, a posição dela não ser em alto grau especial ou proeminente, sua distinção, no entanto, se faz ostensiva em seu caráter humilde e piedoso. Sua pessoa nos está apresentada dentro de um limite impressionantemente humano. Ela é mãe solicita, esposa fiel e uma israelita temente a Deus. Os relatos evangélicos não a rodeiam de adornos artificiosos; não lhe rendem homenagem desnecessária nem a recomendam como salvadora ou milagreira. Seu maior favor recebido foi o de haver sido escolhida do Senhor para abrigar em seu seio virginal a forma humana do Verbo eterno; seu maior gozo foi haver-se submetido voluntariamente aos desígnios misteriosos de Deus; e sua maior glória foi haver crido em seu próprio Filho Jesus como o Salvador de sua alma. Se ela não cometeu pecado durante sua vida terrena, é, sob todo ponto de vista, compreensível o silêncio absoluto que sobre tal coisa guardam os Evangelhos. Por que no caso de Jesus as Escrituras são claras com respeito à sua perfeição moral, mas no caso de sua mãe guarda silêncio? A razão é óbvia." ([http://cacp.org.br/catolicismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=367&menu=2&submenu=3 Ministério CACP])
 
==Referências==