Cravo (instrumento musical): diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
Linha 1:
{{Infobox Instrumento
|nome =Cravo
|nomes =''Cembalocembalo'', ''Clavicenbaloclavicembalo'' (italiano), ''Harpsichordharpsichord'' (inglês), ''Clavecinclavecin'' (francês)
|imagem =[[Ficheiro:Clavecin flamand.png|right|250px]]
|som =
Linha 9:
|instrumentos =[[Virginal]]<br />[[Espineta]]<br />[[Clavicórdio]]
|artigos =[[Bach]]<br />[[Variações Goldberg]]<br />[[Wanda Landowska]]<br />[[Ralph Kirkpatrick]]<br />[[Johann Gottlieb Goldberg]]<br />[[Johann Christian Bach]]<br />[[Mozart]]
}}'''Cravo''' é a designação dada a qualquer dos membros de uma família europeia de [[instrumento musical|instrumentos musicais]] de [[Instrumento de teclas|tecla]], incluindo os grandes instrumentos comumente chamados de ''cravos'', mas também os menores: '''[[virginal''']], oso '''virginaisvirginal muselares'''muselar e a '''[[espineta''']]. Todos esses instrumentos pertencem ao grupo das cordas beliscadas, ou seja, geram o som tangendo ou beliscando uma [[corda (música)|corda]] ao invés de percuti-la como no [[piano]] ou no [[clavicórdio]]. Acredita-se que a família de instrumentos desse tipo se originou quando um teclado foi anexado a um [[saltério]], fornecendo um meio mecânico para tanger as cordas. O tipo de instrumento que em português, é chamado de ''cravo'' é geralmente chamado de '''clavicembalo''' ou simplesmente '''cembalo''' em italiano, e esta última palavra também é geralmente utilizada em alemão. A palavra francesa tipicamente usada é '''clavecin'''. Confusamente, a palavra mais utilizada na Espanha para o cravo é '''clavicordio''', gerando confusão com o [[clavicórdio]]. Por essa razão, nos círculos musicais espanhóis, os locutores utilizam a palavra italiana ou, mais comumente, a palavra francesa.
 
Um cravista é um músico que toca o cravo.
Linha 18:
 
=== Itália ===
O cravo mais antigo, completo, ainda preservado, veio da [[Itália]], o exemplar mais velho tendo sido datado de 1521. A [[Royal Academy of Music|Real Academia de Música]] em Londres possui um instrumento de curiosa forma vertical. Infelizmente, ele não funciona. Entretanto, esses primitivos instrumentos italianos não lançam qualquer luz sobre a ''origem'' do cravo uma vez que representam uma forma já bastante aperfeiçoada do instrumento. Os fabricantes italianos do cravo construíram instrumentos de manual simples (um único teclado), de construção muito leve e relativamente pouca tensão nas cordas. Este desenho sobreviveu entre os fabricantes italianos durante séculos, com muito pouca alteração. Os instrumentos italianos são considerados agradáveis mas discretos quanto ao seu [[tom]] e são apropriados para [[acompanhamento]] de cantores ou outros instrumentos. Próximo ao final do período histórico, instrumentos maiores e mais elaborados foram construídos, principalmente por [[Bartolomeo Cristofori]].
 
=== Flandres ===
Linha 39:
No ponto máximo de seu desenvolvimento, o cravo perdeu para o [[piano]] o favoritismo que desfrutava. O piano rapidamente evoluiu a partir de suas origens semelhantes ao cravo e o conhecimento tradicional, acumulado, dos construtores de cravo gradualmente se dissipou.
 
No início do século XX, um interesse despertado por interpretações de época, tendo a renomada, energética e atualmente, algumas vezes, controversa [[Wanda Landowska]] como sua porta-voz, resultou no renascimento do cravo. Nas primeiras décadas de seu renascimento, os cravos então construídos foram fortemente influenciados pelo moderno piano de cauda, principalmente quanto ao uso de pesadas armações de metal, de longe muito mais robustas do que o necessário para suportar a tensão das cordas do cravo. Este foi o instrumento que os fabricantes [[paris]]ienses de piano, [[Pleyel]] construíram para Mme. Landowska. Os construtores incluíram registros de 16 pés nesses instrumentos para abafar o som, uma prática relativamente incomum dos construtores alemães do século XVIII.
 
A partir de meados do século XX, a construção de cravos tomou um novo ímpeto quando uma nova geração de fabricantes procurou os métodos de projeto e construção dos séculos passados. Este movimento foi liderado, entre outros por [[Frank Hubbard]] e [[William Dowd]], trabalhando em [[Boston]], [[Arnold Dolmetsch]], sediado em [[Surrey]] no [[Reino Unido]] e [[Martin Skowroneck]], trabalhando em [[Bremen]], [[Alemanha]]. Estes peritos-construtores estudaram e inspecionaram muitos instrumentos antigos e consultaram o material escrito no período histórico, disponível, sobre cravos. Hoje os cravos que se baseiam nos princípios redescobertos dos antigos fabricantes dominam o cenário e são construídos em oficinas ao redor do mundo. As oficinas também constroem ''kits'' que são montados na sua forma final por amadores entusiastas.
Linha 91:
=== Virginais ===
[[Ficheiro:Virginal.jpg|thumb|300px|right|Virginal flamengo (Paris, Musée de la Musique)]]
O '''virginal''' ou '''virginals''' é um cravo pequeno de forma retangular (que se parece com um [[clavicórdio]] (ver também [[:en:clavichord|clavicórdio]] - em inglês), com apenas uma corda para cada nota fixada paralelamente ao teclado no lado comprido da caixa. Identificado com esse nome por volta de 1460, era tocado sobre o colo ou, mais comumentoe colocado sobre uma mesa.<ref>''The Ultimate Encyclopaedia of Musical Instruments'', Robert Dearling, ISBN 18586818855 {{Please check ISBN|18586818855 (too long)}}1858681855</ref> embora o nome venha da mesma raíz que o adjetivo "virginal" a razão para lhe ter sido dado este nome é obscura. Observe-se que no [[Período elisabetano]] era utilizado para designar qualquer tipo de cravo não, como acontece hoje, apenas os virginais. Portanto, as obras primas de [[:en:William Byrd|William Byrd]] e seus contemporâneos foram tocadas freqüentemente num cravo, no estilo italiano e não nos instrumentos que hoje chamamos de virginais. Os virginais são descritos como '''espineta virginal''' (o tipo comum) ou '''virginal muselar'''.
 
==== Espineta Virginal ====
Linha 98:
==== Virginais Muselares ====
 
Num virginal muselar, ou(em [[Língua flamenga|flamengo]], muselares''muselaar''), o teclado é colocado á direita ou no meio da caixa, de modo que as cordas são beliscadas no centro de seu comprimento sonoro. Isto produz um som quente e rico, masa um preço, o funcionamento para a mão esquerda é colocado no meio da placa de som do instrumento, resultando que qqualquer ruído originário deste tipo de funcionamento é amplificado. Um comentarista do século XVIII disse que os muselares "grunhem nos baixos como leitões". Em adição ao ruído mecânico, o ponto de vibração no baixo torna a repetição difícil porque o movimeno da corda, que ainda permanece vibrando, interfere com a habilidade do plectro conectar novamente. Portanto o muselar é mais apropriado para [[música]] com [[acorde]]s e [[melodia]]s sem partes complexas para a mão esquerda.
 
Os muselares foram populares nos séculos XVI e XVII mas caíram em desuso no século XVIII.
Linha 108:
 
=== Clavicítero ===
Um clavicítero é um cravo que é montado verticalmente. Foram construídos poucos exemplares. O mesmo conceito de economia de espaço foi posteriormente incorporado ao [[piano]] vertical. Seu funcionamento na vertical foi possibilitado, modificando-se a forma dos saltadores para um corpo curvo, como um setor circular de 45º (um quarto de círculo). Um modelo do século XV pode, por exemplo, ser encontrado no [[Royal College of Music]] en [[Londres]]). O clavicítero foi utilizado até o século XVIII.<ref>The Ultimate Encyclopaedia of Musical Instruments, ISBN 185868188551858681855, {{Please check ISBN|18586818855 (too long)}},p. p138138</ref>
 
=== Variações ===
Linha 117:
Geralmente, os cravos mais antigos têm uma [[Instrumento musical#Tessitura e registro|extensão]] menor e os modelos posteriores têm uma extensão maior embora possa haver exceções.
Em geral, os cravos maiores têm uma extensão acima de cinco [[oitavasoitava]]s e os menores, uma extensão abaixo de quatro oitavas. Usualmente estende-se os menores teclados usando a técnica da "[[pequena oitava]]".
 
No século XVI foram construídos vários cravos com os teclados bastante modificados, como o [[arquicímbalo]], para acomodar sistemas variados de afinação demandados pelas práticas composicionais e experimentação teórica.
Linha 124:
=== Histórico ===
 
A primeira música escrita especificamente para solo de cravo foi publicada em meados do século XVI. Compositores que escreveram solos de cravo foram bastante numerosos durante todo o período [[Barroco]] na Itália, Alemanha, Portugal, Espanha, Inglaterra e França. Os gêneros favoritos para o solo de cravo incluem as [[suitesuíte|suites de danças]] a [[fantasia (música)|fantasia]] e a [[fuga]]. Além das obras solo, o cravo foi largamente utilizado para acompanhamento no estilo de [[baixo contínuo]] (uma função mantida na [[ópera]] mesmo no século XIX). No século XIX o cravo foi considerado como tendo vantagens e desvantagens com relação ao piano.
 
Durante o século XIX o cravo foi ignorado pelos [[compositor]]es tendo sido suplantado pelo piano. No século XX, entretanto, graças aos esforços e pioneirismo de [[Wanda Landowska]], o crescente interesse em [[música antiga]] e a busca dos compositores por novos sons, mais uma vez passou-se a se escrever novamente obras para o cravo. [[Concerto]]s para o instrumento foram escritos por [[Francis Poulenc]] (o ''Concert champêtre'', 1927-28), [[Manuel de Falla]] e mais tarde por [[Henryk Górecki]], [[Philip Glass]] e [[Roberto Carnevale]]. [[Bohuslav Martinů]] escreveu um [[concerto]] e uma [[sonata]] para ele e o ''Double Concerto'' de [[Elliott Carter]] é para cravo, piano e duas [[orquestra]]s de câmara. Na música de câmara, [[György Ligeti]] escreveu um pequeno número de peças solo para o instrumento, incluindo o "Continuum" enquanto que "Les Citations" (1991) de [[Henri Dutilleux]] é uma composição para cravo, oboé, contrabaixo e percussão. Ambos [[Dmitri Shostakovich]] em ''Hamlet'' (1964) e [[Alfred Schnittke]] (Symphonia No.8, 1998) utilizaram o cravo como parte da textura orquestral. Mais recentemente, o cravista [[Hendrik Bouman]] compôs, no estilo dos séculos XVII e XVIII, 75 peças, das quais 37 foram composições para solo de cravo, duas são concertos para cravo, duas composições tinham o cravo [[obligatoobbligato]] e 36 composições incluíam o cravo como baixo contínuo em sua [[música de câmara]] e [[música orquestral]].
 
=== Música popular ===