Dinis Machado: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Pícaro (discussão | contribs)
m
Pícaro (discussão | contribs)
m
Linha 26:
=== Dennis McShade ===
 
Durante muito tempo, '''Dinis Machado''' refugiou-se à sombra de um pseudónimo americano, inventado para fazer sair na colecção ''Rififi'', que dirigia a convite de Roussado Pinto, uma trilogia de romances policiais com um herói [[Jorge Luis Borges | borgesiano]], Peter Maynard, que deve o nome a [[Pierre Ménard]], a personagem de Borges que tentava reproduzir o ''Dom Quixote''.<ref>Revista Ler, Outono de 2002</ref>. ''Mão direita do Diabo'', ''Requiem para D. Quixote'' e ''Mulher e arma com guitarra espanhola'' foram escritos no período de um ano, quando o autor precisava de angariar 20 contos por ocasião do nascimento da filha<ref>[http://www.spautores.pt/revista.aspx?idContent=540&idCat=0 Página do autor no site da S.P.A]</ref>.
A reedição dos seus romances policiais pela editora [[Assírio & Alvim]], entre [[2008]] e [[2009]], inclui um inédito, ''Blackpot'', publicado em Novembro de 2009.
Linha 34:
O seu maior sucesso literário, tanto junto da crítica como do público, foi ''O que diz Molero'', publicado em 1977. ''O que diz Molero'' marcou o reinício de um processo crítico sobre a necessidade de nos interrogarmos acerca da identidade portuguesa, bem como os caminhos possíveis para a convivência de uma pluralidade de formas artísticas. A linguagem coloquial, humorada e inventiva, a que não é alheia uma oralidade popular, tenta cristalizar figuras, lugares e imagens de um quotidiano que parece perdido. <ref>SEIXO, Maria Alzira e MOURÃO-FERREIRA, David - Portugal, A Terra e o Homem, Antologia de Textos de Escritores do Século XX, II série, FCG, Lisboa, 1980</ref> Sobre este romance de '''Dinis Machado''', afirmou [[Eduardo Lourenço]] tratar-se «de um livro-chave do nosso tempo». [[António Mega Ferreira]] considerou-o o «mais importante texto de ficção que se publicou em Portugal nos últimos anos [...] páginas miraculosamente repletas de sinais da mais bela, inteligente e emocionada escrita produzida por um escritor português na década de 70.» E [[Luiz Pacheco]] fala de «uma cavalgada furiosa de episódios,uma feira, um tropel de gente, uma festa popular de malucos e malucas, tudo chalado, uma alegria enorme quase insensata, o sintimento nos momentos doloridos mas tudo tão próximo de nós e tão naturalmente reproduzido na escrita.»<ref>Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998</ref>
 
''O que diz Molero'' conta a história de um rapaz, nunca referido pelo nome próprio, que, depois de ter sobrevivido a todas as aventuras e desventuras de uma infância e adolescência normais a uma criança que vive inserida numa comunidade pobre, enceta uma viagem para procurar compreender quem é e qual o significado da vida. Molero é encarregue por Austin e Mister Deluxe, seus superiores, de se pôr na pele de detective e procurar traçar o itinerário do rapaz. Os relatórios de Molero vão sendo lidos pelos superiores e é através deles que o leitor vai sabendo o que aconteceu ao herói, os vários países por onde foi passando, os livros que foi lendo, as mulheres que foi amando e os amigos que foi fazendo e reencontrando. Pedaços fragmentários de uma vida que nos dão as pistas necessárias para traçar o perfil de alguém que procura um sentido para a existência.
 
O romance já foi traduzido para cinco idiomas: ([[Língua alemã|alemão]], [[búlgaro]], [[castelhano]], [[romeno]] e [[Língua francesa|francês]]).