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[[Imagem:Uniform - Fusilier - Royal Scotch Fusiliers (1742 Cloathing Book).jpg|thumb|200px|Soldado dos Fuzileiros Reais Escoceses do Exército Britânico, em [[1742]].]]
[[Imagem:Fusilero del regimiento de Asturias (Años de 1780 á 1789).jpg|thumb|200px|Fuzileiro do Regimento das Astúrias do [[Exército Espanhol]], em [[1780]].]]
O aparecimento dos fuzileiros está diretamente ligado ao desenvolvimento das armas de fogo de pederneira e da [[baioneta]]. O fecho de pederneira foi desenvolvido a partir de meados do [[século XVI]], sendo aplicado a vários tipos de [[armas ligeiras]], inclusive aos [[mosquete]]s. Este tipo de fecho consistia num mecanismo no qual um [[cão (arma de fogo)|cão]] com uma pedra de [[sílex]] na ponta ([[pederneira]]) percutia numa peça móvel de metal ([[fuzil]]), provocando uma faísca que deflagrava a [[pólvora]], provocandooriginando o disparo da arma. No [[século XVII]], surgiu a baioneta, umaque consistia numa [[adaga]] que era colocada na ponta do mosquete transformando-o numa espécie de [[lança]]. Inicialmente colocada no interior do tubo da [[arma de fogo]], mais tarde a baioneta foi aperfeiçoada, passando a ser colocada no exterior do tubo, o que permitia que a arma pudesse ser disparada mesmo com aquela montada. Com a adição do fecho de pederneira e da baioneta, o mosquete transformou-se na espingarda de pederneira. De observar que, em alguns países, a espingarda de pederneira continuou a ser referida como "mosquete" e em outros passou a ser conhecida como "fuzil".
 
Até à adopção generalizada da espingarda de pederneira, as unidades de infantaria dos exércitos [[Europa|europeus]] eram compostas por [[mosqueteiro]]s e [[piqueiro]]s. Os primeiros - que haviam substituído os antigos [[arcabuzeiro]]s - efetuavam disparos de mosquete contra o inimigo. Os piqueiros, - armados com um [[pique]] (uma espécie de lança longa), - combatiam pelo choque, protegendo os mosqueteiros enquanto estes recarregavam as suas armas.
 
Aparentemente, as primeiras tropas designadas "fuzileiros" foram criadas pelo Rei [[Luís XIV de França]] em meados do [[século XVII]] e consistiam em companhias montadas, armadas com espingardas de pederneira, destinadas à escolta e disciplina da [[artilharia]], cujos soldados estavam armados com espingardas de pederneira. Como era perigoso manter as [[pavio|mechas]], dos vulgares mosquetes, acesas perto das [[boca de fogo|bocas de fogo]] e, das suas [[munição|munições]] e da [pólvora]], foi decidido equipar estas tropas com armas de fecho de pederneira. Em [[1671]], as companhias de fuzileiros de escolta de artilharia dariam origem ao ''Regiment de Fusiliers du Roi'' (Regimento de Fuzileiros do Rei), o qual seria já equipado com espingardas de pederneira e baioneta. Este regimento seria, posteriormente, transformado em regimento de artilharia, mas a designação "fuzileiros" seria aplicada aos soldados armados com espingarda de outras unidades.
 
Na transição do século XVII para o século XVIII, o uso da espingarda de pederneira tinha-se alargado, sendo a mesma empregue por todos os soldados de infantaria, em substituição tanto do mosquete de mecha como do pique. Os soldados assim armados podiam agora combater à distância como os anteriores mosqueteiros, bem como atuar pelo choque combatendo com baionetas, como os anteriores piqueiros. Seguindo o modelo francês, na maioria dos exércitos europeus, os soldados regulares armados de espingarda de pederneira passaram a ser conhecidos como "fuzileiros". Os fuzileiros constituiam a maioria dos efetivos de um regimento de infantaria, formando as suas companhias do centro. Como o nome indica, estas companhias ocupavam o centro das formações de combate de infantaria, constituídas por linhas cerradas que avançavam em direção ao inimigo, efetuando sucessivas descargas de fuzilaria até se aproximarem o suficiente para efetuarem uma carga final à baioneta. Além das companhias de fuzileiros, os regimentos integravam também uma ou mais companhias de flanco, compostas por "granadeiros", "atiradores" ou "caçadores", cujos soldados, apesar das designações diferentes, normalmente estavam também armados com espingardas de pederneira, tendo no entanto um treino superior e usando táticas diferentes.
 
De observar que o termo "fuzileiro" não foi aplicado da mesma forma em todos os exércitos. Por exemplo, nos exércitos da [[Prússia]] e da [[Rússia]], os soldados das companhias do centro dos regimentos de infantaria de linha continuaram a ser designados "mosqueteiros", sendo o termo "fuzileiros" aplicado aos soldados de determinadas unidades de [[infantaria ligeira]]. Já no [[Exército Britânico]], o termo "fuzileiros" passou a ser aplicado a algumas unidades apenas como designação honorífica.
 
Durante o século XIX, à medida que iam sendo generalizadas as armas de cano de alma estriada, que ia sendo desenvolvido o carregamento pela culatra e que eram introduzidos os sistemas de repetição, as antigas táticas da infantaria de linha em formação cerrada foram-se tornando obsoletas. Os fuzileiros foram adoptando cada vez mais as táticas de formação dispersa em [[linha de atiradores]], anteriormente reservadas aos atiradores e outras tropas de infantaria ligeira. Na segunda metade do século XIX, praticamente tinha desaparecido a distinção prática entre fuzileiros e atiradores. Assim, a maioria dos exércitos aboliu formalmente esssa distinção nas [[década de 1860|décadas de 1860]] e de [[década de 1870|1870]]. Por tradição, no entanto, alguns exércitos continuaram a usar esse termo para designar os soldados pertencentes a determinadas unidades ou, em alguns casos, a totalidade dos soldados de infantaria. No entanto, os novos fuzileiros, apesar da designação, passaram a combater como atiradores.
 
== Fuzileiros por países ==
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=== Brasil ===
No século XVIII e no início do século XIX, as forças terrestre no [[Brasil]] seguiam o modelo de organização em vigor no Exército Português, com os fuzileiros a formarem as companhias ordinárias de cada regimento de infantaria. Além das companhias de fuzileiros, cada regimento tinha ainda as companhias graduadas de granadeiros e, - a partir de [[1796]], - de caçadores.
 
Em [[1818]], por ordem do [[Rei de Portugal|Rei]] [[João VI de Portugal|D. João VI]], a cada um dos três regimentos de infantaria do [[Rio de Janeiro]] são retiradas as companhias de granadeiros e de caçadores, ficando apenas com as de fuzileiros. Sem as companhias graduadas, oscada um dos três regimentos transformamtransforma-se emnum três batalhõesbatalhão de fuzileiros a seis companhias. As companhias de granadeiros e de caçadores dão, respetivamente, origem a um batalhão de granadeiros e a outro de caçadores. Esta organização, em batalhões independentes de fuzileiros, era peculiar no âmbito do Exército Português, mas será posteriormente adoptada no [[Exército Brasileiro]].
 
Pouco depois do [[Grito do Ipiranga]], o [[Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves|Príncipe]] [[Pedro I do Brasil|D. Pedro de Alcântara]] aboliu os batalhões de fuzileiros, transformando-os em batalhões de caçadores. Em [[1831]], os fuzileiros, bem como os caçadoresgranadeiros, são completamente abolidos da infantaria no Exército Brasileiro, que passa a ser composta apenas por caçadores.
 
Em [[1842]], voltam a existir fuzileiros no Exército Brasileiro, sendo criados oito batalhões destas tropas, cada qual com oito companhias. Na [[Guarda Nacional (Brasil)|Guarda Nacional]], são também criados batalhões de fuzileiros. Em [[1880]], acaba a distinção entre fuzileiros e caçadores, passando a infantaria a ser composta exclusivamente por batalhões de infantaria. A [[Guarda Nacional (Brasil)|Guarda Nacional]], segue o modelo do Exércir
 
Hoje em dia, a designação "fuzileiro" é aplicada a todos os soldados de infantaria do Exército Brasileiro. A designação "fuzileiros blindados" ou "fuzileiros mecanizados" é aplicada aos soldados das subunidades dos regimentos de cavalaria que combatem a pé ou em [[viatura blindada de transporte de pessoal|viaturas blindadas de transporte de pessoal]].
 
A designação "fuzileiro naval" é aplicada aos soldados de infantaria da [[Marinha do Brasil]],. queOs formamfuzileiros onavais brasileiros têm origem no contingente da [[CorpoBrigada deReal Fuzileirosda NavaisMarinha]] que chegou ao (Brasil)| em [[1808]], com a [[Família Real Portuguesa]]. Em [[1932]], passaram a constituir o [[Corpo de Fuzileiros Navais]].
 
=== Canadá ===