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'''Guarda pretoriana''' era o grupo de [[legionário]]s experientes encarregados da proteção do ''praetorium'', parte central do acampamento de uma [[legião romana]], onde ficavam instalados os oficiais. Com a tomada do poder por [[Otávio AugustoOtaviano]], transformou-se em guarda pessoal do [[imperador romano|imperador]].
 
== Origem ==
 
[[Ficheiro:Praetorian GuardSoldiers basrelief cropped.jpg|thumb|300px350px|A guarda pretoriana de [[Otávio Augusto]]., [[Museu do Louvre]]]]
 
Foi criada por [[Otávio AugustoOtaviano]], após a conquista do [[Egito (província romana)|Egito]] e seu retorno a [[Roma]], onde recebeu do [[senado romano|senado]] o título de ''princeps'', ficando seu governo conhecido como [[principado romano|principado]] ([[30 a.C.]]- [[14|14 d.C.]]). Como ''princeps'', isto é, o primeiro cidadão da [[República Romanaromana|Repúblicarepública]] e líder do senado; como imperador assumiu o comando supremo do exército e criou a guarda pretoriana, encarregada de sua proteção pessoal; como [[tribuno da plebe]] possuía o poder de veto sobre decisões do senado; como [[Pontifex maximus]], controlava a religião romana.
 
A partir de [[Augusto]], todos os imperadores tiveram uma guarda pretoriana, de tamanho variável. [[Tibério]] foi o construtor de uma fortificação que serviu de base para a guarda pretoriana e, por isso, foi adotado o escorpião (signo zodiacal de Tibério) como símbolo da guarda.
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== História ==
A história da guarda pretoriana começa nos últimos anos do [[século I a.C.]] e nos primeiros do [[século I|século I d.C.]] com [[Otávio AugustoOtaviano]], mas sua real história é muito mais antiga. Ao construir-se um acampamento, que em maior parte dos casos era semelhante a uma pequena cidade, com ruas e uma praça pública (fórum), marcava-se primeiro o local onde se localizaria o ''praetorium'', desenhando-se depois a disposição do acampamento em função desse ponto.
 
Durante a [[República Romana|Repúblicarepública]], a escolta dos comandantes do exército estava a cargo dos ''extraordinarii'', uma unidade especial selecionada de entre as unidades das [[legião romana|legiões]]. A noticia convenientemente documentada que temos de uma guarda pessoal criadas ''ad hoc'', especialmente para o caso, é do ano de [[138 a.C.]], ano em que [[Públio Cornélio Cipião Emiliano]] foi para [[Numância]] com seu exército e uma coorte formada por 500 amigos que formaram sua escolta pessoal. Desde que eles acamparam próximo ao [[Pretório]], eles receberam o nome de guarda pretoriana. Embora depois da guerra a unidade tenha sido dissolvida junto com o resto do exército, a partir de então os comandantes romanos alistados para as campanhas, formaram unidades especiais para sua proteção. Estas guardas pretorianas não tinham características distintivas especiais e eram formadas por legionários romanos ou auxiliares.
 
Diante da morte de [[Júlio César]], [[Otávio AugustoOtaviano]] e [[Marco Antônio]] conservaram a guarda pretoriana que de acordo com [[Apiano]] alcançou 8.000 homens, o que nos dá 16 coortes. Mesmo em um tempo em que havia dúzias de legiões espalhadas pelo mundo, esse é um número considerável. Depois da vitória sobre Antônio, Octávio fundiu o seu exército como de Antônio em um ato simbólico que pretendia retomar a situação anterior a morte de César, ou seja um exército unido e sem discórdias.
 
Pelo ano [[13 a.C.]], Otávio Otaviano, agora [[Augusto (título)|augusto]], imperador de Roma, regulamentou a guarda pretoriana como uma unidade especial militar, cuja função era a proteção da família imperial. Um legionário tinha que servir naquela época por 16 anos nas legiões, porém se completasse serviço na guarda o tempo era baixado para 12 anos. De acordo com [[Tácito]], no ano [[5|5 d.C.]] foi adotado 20 anos nas legiões e 16 anos na Guardaguarda. Depois da vitória de OctávioOtaviano, agora "dono do mundo", foi desmobilizado a maioria do gigantesco exército que tinha participado nas guerras civis deixando umas trinta legiões para operação e reduzindo o número de coortes pretorianas a nove, de acordo com Tácito. Segundo [[Suetônio]], três dessas coortes era para os ambientes de [[Roma]] enquanto as outras seis eram distribuídas pela [[Itália (província romana)|Itália]].
 
Até o ano [[2|2 d.C.]], o comando de cada coorte da guarda pretoriana estava a cargo de um [[tribuno]] da ordem eqüestre, um cavalheiro, mas Augusto unificou o controle em dois tribunos, os prefeitos pretorianos. O tribuno de serviço ia todas as tardes a casa de Augusto, por volta da hora oitava, para receber do imperador em pessoa, a senha do dia.
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Uma vez que a guarda era uma unidade militar, sua organização era parecida com a de uma [[legião romana|legião]], visto que poderia entrar em combate a qualquer momento.
 
Provavelmente a proporção de cavaleiros na guarda pretoriana era de três ''turmae'' (a unidade de 30 cavaleiros) para cada [[coorte]] durante o reinado de [[Otávio AugustoOtaviano]], de cinco ''turmae'' durante o resto do [[século I|século I d.C.]] e até de dez ''turmae'' durante o [[século III|século III d.C.]] Os melhores cavaleiros eram enviados para um centúria especial e eles formaram a unidade de elite da guarda pretoriana, chamada de ''speculatores augusti'', que formavam a guarda mais próxima do imperador. Eles eram o seu escudo pessoal, sempre a sua volta, os seus homens de extrema confiança.
 
Augusto, como já foi comentado, fixou o serviço em dezesseis anos em vez dos vinte anos das legiões. Com isso se um legionário adquirisse a transferência para a guarda e tivesse servido dez anos na legião, ele só tinha que servir outros seis na guarda.
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Augusto fixou, pelo ano [[27 a.C.]], o salário de seus guardas em duas vezes mais que os legionários comuns recebiam. Além disso, sabemos que, no ano [[14|14 d.C.]], um guarda recebia três vezes mais que um legionário, cerca de 720 denários de prata anuais, contra 225 de um legionário, uma diferença que perdurou até o fim da existência da guarda, e que não agradava muito aos homens das legiões. Tibério, por sua vez, instituiu um hábito ruim: as gratificações.
 
No ano [[31|31 d.C.]], foi descoberto e abortado um complô do prefeito da guarda, [[Sejano]]. Tibério, agradecido pela fidelidade dos seus homens, deu 1.000 denários para a cada guarda. Depois do assassinato de [[Calígula]], a guarda forçou o [[senado romano|senado]] a reconhecer [[Cláudio]] como imperador e este os recompensou com um extra equivalente a cinco anos de pagamento. Este hábito de "presentear" os guardas se tornou uma tradição, o que não é de estranhar, já que para cada posição na guarda, havia milhares de candidatos.
 
O pretorianos geralmente chegavam a guarda através de seus serviços nas legiões. Eles tinham que ser muito bem recomendados, passar em alguns exames, conhecimentos e testes físicos exaustivos e servir como candidato ou ''probatus'' por um certo tempo, antes de ser destinado como dedicado como ''miles gregarius'' para o serviço em uma das ''coortes''. Depois de anos de serviço poderia se tornar ''inmunis'', ou o guarda especializado em tarefas de escritório ou técnico, e dai ascendeu até ''principalis'', com salário dobrado, tesserarius, o guarda que cuidava da senha, optio, o segundo em comando da centúria ou ''signifer'', que quer dizer porta-estandarte.
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Com o tempo, e com a própria natureza ambiciosa dos homens que os levou a desvios por dinheiro e poder. Os membros da guarda começaram a abusar do poder político que detinham, utilizando-o de maneira inescrupulosa para escolher quais os imperadores deveriam permanecer e quais deveriam sair do comando, de acordo com seus interesses. As negociatas internas na guarda passaram a afetar por completo o governo dos imperadores, chegando ao cúmulo de haver assassinatos encomendados e executados pelos membros dentro da própria cúpula do governo. O que antes servia para proteger os imperadores acima de tudo, passou a ser uma ameaça constante contra eles.
 
O maior exemplo de falcatrua cometida pela guarda aconteceu em [[193|193 d.C.]], quando, depois do assassinato do imperador [[Pertinax|Publius Helvius Pertinax]], seus membros colocaram o trono à venda por um preço consideravelmente alto. A guarda pretoriana seria reorganizada e, anos mais tarde, abolida pelo imperador [[Constantino I]], o Grande, em [[312|312 d.C.]] A partir daí, a guarda pretoriana não existia mais como unidade homogenia e histórica, e cada imperador criou o seu próprio corpo de guarda pessoal.
 
Segundo [[Edward Gibbon]], foi [[Diocleciano]] quem, tendo em vista a necessidade de reformas, desmobilizou a guarda pretoriana. Tal ação foi executada de forma deliberada e imperceptível ao longo de vários anos. A guarda foi substituída por um grupo de veteranos fiéis a ele, os chamados "Jovianos". Seu colega [[Maximiano]], tinha uma força similar, os Herculianos. Ambas eram originárias de duas legiões da [[Ilíria]], e sua fidelidade a seus senhores era excepcional. Os nomes atribuídos a elas tem sua origem na identificação de Diocleciano com [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]] - ou ''Jove'' - e de Maximiano com [[Hércules]]. Talvez outros imperadores, como [[Galério]], [[Constâncio Cloro]] e Maximino tenham adotado esse tipo de guarda.