Transição Espanhola: diferenças entre revisões
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A '''Transição Espanhola''' é o período histórico no qual [[Espanha]] muda do [[ditadura|regime ditatorial]] do general [[Francisco Franco]], para o [[Constituição espanhola de 1978|regime constitucional]] que consagra um Estado [[estado do bem-estar|social]], [[democracia|democrático]] e [[Estado de Direito|de Direito]].
O período que acostuma ser considerado pelos historiadores iniciar-se-ia com a morte do
O [[rei]] manteve o [[Presidente do Governo]] do regime franquista, [[Arias Navarro]]. Porém, pronto se manifestaria a dificuldade de levar a cabo reformas políticas sob o seu Governo, o que produziria um distanciamento cada vez maior entre [[Arias Navarro]] e [[Juan Carlos I]]. Finalmente o Presidente do Governo apresentou a demissão ao rei a [[1 de Julho]] de [[1976]].
[[Arias Navarro]] seria relevado na [[Presidência do Governo]] por [[Adolfo Suárez]],
O caminho utilizado foi a elaboração de uma nova Lei Fundamental, a oitava, a [[Lei para a Reforma Política]] que, não sem tensões, foi finalmente aprovada pelas [[Cortes]] e submetida a [[Referendum sobre a Lei para a Reforma Política|referendum]]
Estas eleições foram celebradas a [[15 de Junho]] de [[1977]]. Eram as primeiras eleições democráticas desde a [[guerra civil]]. A [[União de Centro Democrático]] foi o partido mais votado (ainda que não atingisse a maioria absoluta) e foi encarregue de formar governo. A partir desse momento começou o processo de construção da democracia e da redação de uma nova [[
A [[6 de Dezembro]] de [[1978]] foi aprovado em [[Referendum para a ratificação da Constituição espanhola|referendum a Constituição Espanhola]], entrando em vigor a [[29 de Dezembro]].
A princípios de [[1981]]
As tensões internas da [[União de Centro Democrático (Espanha)|UCD]] provocariam a sua desintegração ao longo de 1981 e [[1982]]. O segmento [[democrata-cristão]] terminaria integrando-se com [[Aliança Popular]], passando assim a ocupar a faixa de centro-direita. Por outro lado, os membros mais próximos à [[socialdemocracia]] unir-se-iam
O PSOE sucedeu a [[União de Centro Democrático (Espanha)|UCD]] após obter maioria absoluta nas [[Eleições gerais espanholas de 1982|eleições gerais de 82]], ocupando 202 das 350 cadeiras, e começando assim a II Legislatura. Pela primeira vez desde as [[eleições gerais espanholas de 1936|eleições gerais de 1936]], um partido considerado de [[esquerda (política)|esquerdas]] ou ''progressista'' ia formar governo.
[[Imagem:President Reagan and Mrs. Reagan greet King Juan Carlos I and Queen Sophia of Spain 1981.jpg|thumb|right|200px|Visita a
==Contexto==
===A Revolução dos Cravos===
{{AP|[[Revolução dos Cravos]]}}
[[Imagem:Grandola Vila Morena.JPG|thumb|Monumento comemorativo em [[Grândola]].]]
A [[25 de Abril]] de [[1974]] em [[Portugal]]
* As ditaduras de Portugal e Espanha eram as mais longevas da Europa, a portuguesa surgida em [[1933]] e a espanhola com o golpe de estado de [[1936]] e a posterior [[Guerra Civil Espanhola|guerra civil]], contando desde o primeiro dia com o apóio do regime português.
* As forças democráticas de [[direita (política)|direita]] ou [[conservadorismo|conservadores]] eram praticamente inexistentes na véspera dos câmbios sociais e políticos que se avizinhavam, apesar de ser quase inexistentes conseguiram 42,9% dos votos nas primeiras eleições democráticas. Em ambos os casos o exército era majoritariamente conservador.
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* Nas [[forças armadas]] surgem organizações novas que apóiam os câmbios, em Portugal o [[Movimento das Forças Armadas]] português, e na Espanha a [[União Militar Democrática]] ou a [[União Democrática de Soldados]].
* Muitos [[mídia]] de ambos os países foram [[censura]]dos pela sua defesa dos novos câmbios sociais e políticos.
* A acelerada descolonização do [[Saara Ocidental]] esteve influenciado pela rápida descolonização portuguesa que, porém, sofrera muito mais as
A queda do regime português provocou uma enorme inquietude nas forças que apoiavam o regime [[franquismo|franquista]], com manifestações multitudinárias em favor da revolução, a persecução da polícia política ou o entusiasmo pelos militares rebeldes, que eram situações que provocavam fortes reações repressivas.
Contudo, a deriva quase revolucionária de Portugal e a crítica situação espanhola causou
===Outros acontecimentos===
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A morte de Franco converteu dois dias depois, a [[22 de Novembro]] de 1975, em [[Chefe de Estado]] a D. Juan Carlos de Bourbon, proclamado como rei em virtude da Lei da Sucessão na Chefatura do Estado. Até então o príncipe mantivera-se num discreto segundo plano seguindo as pautas pontuadas por Franco. Mas o desaparecimento do geral ia permitir a Dom Juan Carlos facilitar, como [[rei da Espanha]], a implantação de um sistema político democrático no país. Este projeto contava com amplos apoios dentro e fora da [[Espanha]]: os países ocidentais, um setor importante do [[capitalismo]] espanhol e internacional, a grande maioria da oposição ao franquismo e uma parte crescente do próprio regime franquista.
Porém, a transição teve de superar as resistências
A realização desse projeto exigia que a oposição controlasse os seus partidários para evitar qualquer provocação e que o exército não caísse na tentação de intervir no processo político para salvar as estruturas franquistas. Nesta dupla direção moveu-se a atuação política de Dom Juan Carlos e
Frente da nova etapa histórica
* Os partidários do regime franquista (conhecidos como ''ultras'' ou ''o búnker''), defensores do mantimento da legalidade franquista, ou no máximo, a sua atualização. Apesar do seu escasso apóio social, dominavam o [[exército]] e um órgão fundamental dentro da organização do Estado, o [[Conselho do Reino]].
* A oposição democrática, organizada primeiro em duas associações de partidos políticos, a [[Junta Democrática de Espanha]] e a [[Plataforma de Convergência Democrática]], que acabaram fusionando-se na associação [[Coordenação Democrática]], conhecida como ''Platajunta''. Esta defendia a ruptura legal com o regime franquista para passar diretamente a um Estado democrático.
* [[Torcuato Fernández Miranda]], ex presidente interino do governo em 1973, professor de Direito Político de Juan Carlos I, partidário de reformar as [[Leis Fundamentais do Movimento]] mediante as suas próprias disposições para chegar assim à democracia evitando vazios legais. Em palavras do próprio Fernández Miranda, tratava-se de ir "''da lei à lei através da lei''".
D. Juan Carlos iniciou o seu reinado sem sair da legalidade franquista. Assim, jurou fidelidade aos Princípios do ''[[Movimiento Nacional|Movimiento]]'', tomou posse da coroa ante as [[Cortes|Cortes franquistas]] e respeitou a ''Lei Orgânica do Estado'' de [[1966]] para a nomeação do seu primeiro [[Chefe de Governo]]. Contudo já no seu discurso ante as Cortes se mostrou aberto a uma transformação do sistema político espanhol.
==Governo de Arias Navarro==
Em meados de Novembro com Franco hospitalizado, [[Carlos Arias Navarro]] apresentou a sua demissão ao então príncipe, o que o situou numa posição difícil. A princípios de Dezembro D. Juan Carlos confirmou Arias Navarro para presidir o seu primeiro governo. O rei pediu-lhe ajuda, ao qual acedeu, para conseguir a nomeação de [[Torcuato Fernández Miranda]] à frente da presidência do Conselho do Reino e das Cortes. Para isso ajustou-se às pautas pontuadas pela ''Lei Orgânica do Estado'' em que o Conselho do Reino propôs uma terna de candidatos afins ao franquismo: além de Torcuato Fernández-Miranda, estavam [[Licinio de la Fuente]] e [[Emilio Lamo de Espinosa]]
A nomeação de Arias Navarro oferecia um panorama claramente continuísta e não augurava grandes transformações políticas. Contudo, por iniciativa real e do presidente do Conselho do Reino, entraram
A tímida reforma política promovida por este gabinete limitou-se às leis de Reunião e Manifestação, e de Associações Políticas. A lei de Reunião e Manifestação ampliava a liberdade para se reunir sem que fosse necessária uma autorização. A lei de Associações Políticas permitia a criação de grupos políticos, embora sem o caráter legal de partidos políticos; aliás, deviam aceitar os princípios do ''[[Movimiento Nacional|Movimiento]]'' e as "Leis Fundamentais". Somente se inscreveram sete associações.
A situação que tinha de afrontar o novo governo era
===Acontecimentos de Vitória===
Durante o mês de Janeiro cerca de seis mil trabalhadores iniciavam uma [[greve]] em [[Vitoria-Gasteiz|Vitória]] contra o decreto de topes salariais e em defesa de melhores condições de trabalho. Dois meses depois convocavam por terceira vez uma greve geral que foi massivamente seguida a [[3 de Março]]. Esse mesmo dia a [[Polícia Armada]] entrou na [[Igreja San Francisco de Vitoria]], na que estava previsto realizar uma assembléia de trabalhadores e,
O sábado, Manuel Fraga então Ministro da Governação com [[Rodolfo Martín Villa]], Ministro de Relações Sindicais e o General Campano, diretor da [[Guarda Civil]], intentavam, visitando
Ainda proibidos os direitos de reunião, manifestação e de greve, os sindicatos, ilegais também, em Janeiro convocaram greves em toda [[Espanha]]. Tiveram especial importância no cinturão industrial madrileno e em [[Vitoria-Gasteiz|Vitória]]. A resposta do governo foi a repressão policial, que em Vitória produziu quatro manifestantes mortos e vários centenas de feridos a [[9 de Março]] durante uma carga anti-distúrbios. Em vez de solucionar o conflito, as altercações multiplicaram-se e as greves gerais de protesto seguiram-se durante vários meses.
Estes incidentes aceleram a ação da oposição democrática, e a sua unidade de ação. A Junta Democrática e a Plataforma de Convergência fusionam-se na [[Coordenação Democrática]] ou ''Platajunta'' a [[26 de Março]]. Esta nova junta
===Acontecimentos de Montejurra===
{{AP|[[Acontecimentos de Montejurra]]}}
Este ataque armado,<ref>[http://www.eka-partidocarlista.com/JoaquinCubero.htm Carlismo Partido Carlista De Euskal Herria-E.K.A Floren Aoiz; "El Jarrón roto" pp. 225-231. ISBN 84-8136-329-4]</ref> ocorrido em [[Montejurra]] a [[9 de Maio]] de [[1976]], foi organizado desde o SECED (Serviço Central de Documentação) com
Pouco depois, já iniciada a ascensão ao monte, ao chegar ao acesso ao cume, os carlistas toparam com outro grupo armado que, após discutir veementemente, lançou uma série de tiros e rajadas contra os peregrinos. O resultado, um morto por uma bala no coração, e vários feridos por tiros.
A oposição democrática acusou o Governo de conivência com os agressores, baseando-se na incapacidade para manter a ordem pública, apesar da ampla presença policial, a facilidade com a que escaparam os assassinos e o fato de não chegarem a ser submetidos a
===A escalada do terrorismo: ETA, GRAPO e a ultra-direita.===
Os três principais grupos de terrorismo neste momento eram:
*O grupo [[maoísmo|maoísta]]
*O bando ETA, uma mistura política de [[nacionalismo basco]] e [[marxismo-leninismo|marxismo leninismo revolucionário]]. Seu objetivo é atentar contra interesses e pessoas do Estado, com o objetivo final de conseguir a independência.
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*Os grupos de [[terrorismo tardo-franquista]], que adotavam diferentes nomes embora compartilhassem um mesmo discurso e fim, atacavam em especial os comunistas, tanto organizações quanto qualquer pessoa que acreditassem relacionada.
O rei forçou a demissão de Arias Navarro a [[1 de Julho]], pela sua incapacidade para se enfrentar aos graves problemas de ordem pública (terrorismo, greve massiva de Vitória, acontecimentos de Montejurra), bem como a sua negativa a desmontar o regime franquista.
==Governo de Adolfo Suárez==
Foi [[Torcuato Fernández Miranda]], como presidente do Conselho do Reino, que conseguiu que na nova terna de candidatos à presidência do governo entrasse [[Adolfo Suárez González]] e a ele corresponder-lhe-ia realizar uma operação política de evidente dificuldade: convencer
Do novo governo auto-excluíram-se Fraga e Areilza, enquanto a representação militar permanecera invariável. Vários dos novos ministros pertenciam já a associações políticas amparadas pela nova lei. Adolfo Suárez apresentou a [[6 de Julho]] por televisão um programa político muito claro baseado em dois pontos:
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* Elaboração de uma ''Lei para a Reforma Política'' que, uma vez aprovada pelas Cortes e pelos espanhóis em [[Referendum]], permitiria abrir um processo constituinte para implantar na [[Espanha]] um sistema de [[democracia]] liberal.
* Convocatória de [[eleições democráticas]] antes
Para lográ-lo, Suárez devia convencer
==Programa político de Suárez==
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A partir deste momento podia-se abrir já o processo eleitoral, segundo ponto do programa de Suárez, para escolher os deputados das Cortes Constituintes encarregadas de elaborar uma nova Constituição.
Tinha um problema importante, a participação da oposição clandestina no processo que já estava em marcha pelo próprio regime, para isso
A [[8 de Fevereiro]]
Também
*A ''subversão'' da ordem pública ou o ataque à unidade da pátria. Aqui ficavam incluídas todas as de caráter nacionalista periférico, não [[nacionalismo espanhol|espanhol]].
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* Considerados de [[extrema direita]]: os partidos [[fascismo|fascistas]] de [[Falange]] e ''[[Fuerza Nueva]]'' ou o partido pró-[[nazismo|nazi]] [[CEDADE]].
* Considerados de [[direita (política)|direita]] ou conservadores: o principal foi a [[Aliança Popular]] (AP) de Manuel Fraga, que agrupou a parte da direita pós-franquista.
* Considerados de centro ou ''reformistas'': a [[União de Centro Democrático (Espanha)|UCD]], de Adolfo Suárez, aglutinando um heterogêneo conjunto de grupos moderados de direitas e esquerdas de ideologia diversa: [[Democracia cristã|democrata-cristãos]], [[Socialdemocracia|social-democratas]] ou [[Liberalismo|liberais]]), e uma parte do próprio regime que apoiavam as
* Considerados de [[esquerda (política)|esquerda]] ou ''progressistas'': o [[Partido Socialista Operário Espanhol]] (PSOE), de discurso ''exaltado'' e idéias pragmáticas da política e o PCE, legalizado a [[9 de Abril]], são os dois principais partidos.
O PCE teve de recorrer ao Tribunal Supremo, de
Outros partidos relevantes seriam ''[[Esquerra Republicana de Catalunya]]'' (ERC), de ideologia também de corte [[Nacionalismo catalão|nacionalista catalã]] e [[Republicanismo|republicana]], que já governou na deposta ''[[Generalitat de Catalunha]]'' durante a Segunda República; ''[[Euskadiko Ezquerra]]'' (EE), [[Marxismo|marxista]] e nacionalista basco, do antes grupo terrorista de [[ETA político militar]], que anos depois se integraria no [[PSE-PSOE|PSOE]].
* Considerados de [[extrema esquerda]] ou ''revolucionários'', com a legalização do PCE, do qual procediam vários, ir-se-iam somando uma parte à legalização ou
===O Governo e a oposição===
Para dar credibilidade ao seu projeto,
Com todas estas medidas Suárez ia cumprindo as condições que exigiam os grupos da oposição de 1974. Estas forças reuniram-se em Novembro de 1976 para criar uma plataforma de organizações democráticas. Suárez iniciara os seus contatos políticos com a oposição entrevistando-se com [[Felipe González]],
O PCE cada vez era mais em favor de denunciar a ''Lei para a Reforma Política'' por antidemocrática e solicitar as eleições para as Cortes Constituintes convocadas por um Governo provisório composto também pelos partidos políticos na oposição. Dado que, além disso, a oposição não manifestava nenhum entusiasmo pela ''Lei para a Reforma Política'', Suárez arriscou-se ainda mais para envolver a maioria das forças políticas.
Em Dezembro, o PSOE celebrava em Madrid o seu [[XXVII Congresso do PSOE|XXVII Congresso]] e começava a desmarcar-se das exigências do PCE, afirmando que pensava participar na próxima convocatória eleitoral para as Cortes Constituintes. Ao começar o seguinte ano, o ano previsto para convocar eleições gerais, Suárez
A [[24 de Janeiro]] de 1977
Isto e a atitude mantida por Santiago Carrillo, pressionaram
===O Governo e o exército===
Adolfo Suárez conhecia bem que o chamado ''búnker'', entre outros formado por [[Jose Antonio Girón de Velasco|José Antonio Girón]] e [[Blas Piñar]] e como meio afim o jornal ''El Alcázar'', e tinha
Para salvar esta dificuldade, Suárez tentou apoiar-se em militares liberais do círculo do general [[Manuel Díez-Alegría Gutiérrez|Díez-Alegría]], aos que tentou colocar em postos de responsabilidade, como o general [[Manuel Gutiérrez Mellado]]. Mas em Julho de 1976 o vice-presidente para assuntos da defesa era ainda o
Mas, entretanto, Gutiérrez Mellado agia com habilidade para promover os oficiais partidários da reforma e para substituir os mandos das forças de segurança (Polícia Armada e Guarda Civil) mais partidários de conservar o regime.
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===O acréscimo do terrorismo===
O País Basco manteve-se,
O GRAPO atuou com várias [[bomba]]s e o sequestro de duas importantes pessoalidades do regime: o Presidente do Conselho de Estado, [[José María de Oriol]], e o
Mas pela primeira vez, boa parte dos líderes da oposição reunidos com o [[Presidente do Governo da Espanha|Presidente do Governo]], publicaram um comunicado de denúncia do terrorismo e de apóio à atuação de Suárez. Que porém, as forças do ''búnker'' aproveitaram-se da inquietude do momento para denunciar que o país se estava precipitando no caos.
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As eleições gerais de [[15 de Junho]] de 1977 deram a representação a quatro partidos políticos, os três primeiros de ideologia ''reformista'' ou ''progressista'', primariamente: UCD 31,1%, PSOE: 28,6%, PCE: 9,4% e o partido conservador AP com apenas 8,5%.
Destacaram o forte apóio local de partidos nacionalistas, especialmente na Catalunha com o bloco PDC e no País Basco com o PNV.
==Os governos de UCD==
{{AP|[[Legislatura Constituinte de Espanha]]}}
{{AP|[[I Legislatura da Espanha]]}}
O partido ganhador, UCD, formou governo durante duas legislaturas, em Junho de 1977 e Março de [[1979]], mas teve de contar com o apóio ou o beneplácito de outros partidos ao não contar com a maioria absoluta
===Os regimes pré-autonômicos: Catalunha, País Basco e Galiza.===
Depois das eleições, com os resultados na Catalunha e no País Basco, o governo permitiu a criação de instituições pré-autonômicas. Concedeu autonomia provisória às regiões cujos deputados, constituídos em assembleias parlamentares, assim o
A primeira [[pré-autonomia]] concedida foi a da Catalunha,
No [[País Basco]], a situação política era dominada pelo PNV, que reclamava incorporar
Na [[Galiza]], com maioria da UCD, somaram-se à pré-autonomia com a criação da [[Junta da Galiza]], em Março de 1978.
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{{AP|[[Constituição espanhola de 1978]]}}
O novo Parlamento criou um grupo de relatores (''ponencia'') para trabalhar na redação de uma nova Constituição no verão, com o consenso das principais forças políticas em temas tais como o papel do exercito, os direitos históricos, a situação de [[Navarra]]. Em Julho de 1978 o [[Congresso dos Deputados da Espanha|Congresso dos Deputados]] aprovava o texto constitucional por uma ampla maioria, incluindo os conservadores
A Constituição foi aprovada em sessão conjunta pelo Parlamento e o [[Senado da Espanha|Senado]] no mês de Outubro. A [[6 de Dezembro]] foi submetida a ''Carta Magna'' a referendum com uma aprovação majoritária, excetuando algumas províncias e o [[País Basco]] onde se obteve uma importante abstenção.
A tarefa ordinária de governo que teve de realizar o partido
Com as históricas [[eleições gerais espanholas de 1982|eleições gerais de 1982]], a UCD
A normalização democrática não evitou as contínuas ações violentas de [[ETA]] e, em menor escala, do [[GRAPO]].
====Tentativa de Golpe de Estado de 23 de Fevereiro de 1981====
{{AP|[[Golpe de Estado de 23 de Fevereiro de 1981 na Espanha]]}}
Paralelamente à crise da UCD, detectava-se uma situação de desassossego ou intranquilidade numa parte das [[Forças Armadas]] que podia terminar num golpe militar. O [[Golpe de Estado na Espanha de 1981|golpe de estado de 1981]], a tarde
▲Paralelamente à crise da UCD, detectava-se uma situação de desassossego ou intranquilidade numa parte das [[Forças Armadas]] que podia terminar num golpe militar. O [[Golpe de Estado na Espanha de 1981|golpe de estado de 1981]], a tarde do [[23 de Fevereiro]] por um grupo de guardas civis dirigidos pelo [[tenente coronel]] [[Antonio Tejero]] não conseguiu provocar um Governo militar, mas mostrou o perigo real de um setor do exército.
==Governo do PSOE==
Linha 225 ⟶ 223:
As [[Eleições gerais espanholas de 1982|eleições de Outubro de 1982]] deram a [[maioria absoluta]] pela primeira vez ao PSOE, que fora durante duas legislaturas o principal partido da oposição nos governos da UCD.
No [[XXVIII Congresso do PSOE]] (Maio de 1979) o seu Secretário Geral, [[Felipe González]], não quis assumir
Ao longo de 1982, o PSOE confirmou a sua linha moderada, que aproximou ao grupo social-democrata de [[Fernández Ordoñez]], recém cindido da UCD.
A obtenção da maioria absoluta em três processos eleitorais consecutivos (1982, [[1986]] e [[1989]]) permitiu o PSOE legislar e governar sem ter de pactuar com outras forças políticas.
O triunfo eleitoral do PSOE em 1982 (com mais de 10 milhões de votos) inaugurou uma etapa de governo socialista, com quatro legislaturas, que transformou profundamente a Espanha. Felipe González, secretário geral do PSOE, ocupou a Presidência do Governo, com [[Alfonso Guerra]] como durante muito tempo
Durante o governo do PSOE
Foi levada a cabo a "reconversão industrial", um conjunto de políticas de reconversão do [[setor secundário]], num contexto de saída da [[Crise do petróleo|crise de 1973]]. Esta reconversão fora adiada na Espanha, pelo temor à agitação social derivada, com a coincidência do começo da Transição.
O desgaste da imagem pública do partido, nas duas últimas legislaturas, foi devido a uma série de fatores, como as duas greves gerais dos dois principais sindicatos, bem como à crise econômica em 1993. Também apareceriam os autodenominados [[Grupos Antiterroristas de Libertação]] (GAL), organizações ilegais dedicadas à luta contra o terrorismo e herdeiras do terrorismo de Estado tardo-franquista. Finalmente saíram à luz vários casos de corrupção de vários cargos públicos adscritos ao PSOE, entre os que destacaram os chamados ''[[Caso Filesa]]'' e ''[[Caso
Após uns últimos anos de contínuo desgaste social e político, nas [[eleições gerais espanholas de 1996|eleições gerais de 1996]] o principal partido da oposição, o [[Partido Popular]] liderado por [[José María Aznar]],
===Comunidade Econômica Européia===
Linha 245 ⟶ 243:
===OTAN===
Nos últimos momentos do governo UCD, Calvo Sotelo conseguiu que o Parlamento autorizasse o ingresso da Espanha na [[Organização do Tratado do Atlântico Norte]] (OTAN). A [[10 de Dezembro]] de 1981 firmava-se em [[Bruxelas]] o protocolo de adesão, com 43% de espanhóis na contra, segundo algumas pesquisas de opinião.
O PSOE, quando
===Educação===
A aplicação do direito constitucional à educação guiou o trabalho do governo. No
No
===Economia===
A crise econômica, iniciada em parte por fatores internos e externos como a [[crise do petróleo de 1973]], reativada em 1979, criara uma situação de recessão industrial, com fábricas ou maquinaria obsoletas e setores industriais deficitários. Para o trabalhador
A reconversão industrial foi aplicada à indústria naval,
A reforma fiscal perseguiu a economia submergida ou o ''dinheiro negro'',
Para controlar a inflação, o governo restringiu a circulação de capital, com altos [[taxa de juros|tipos de interesse]] bancário, e moderou o crescimento salarial.
Linha 268 ⟶ 266:
===Infra-estruturas===
A necessidade de modernizar as obsoletas infra-estruturas lançou o governo a uma importante despesa pública.
=={{Bibliografia}}==
Linha 275 ⟶ 273:
* CASTELLANO, P.: ''Por Dios, por la Patria y el Rey: una visión crítica de la transición española''. Madrid, 2001.
* CEBRIÁN, J.L.: ''La España que bosteza. Apuntes para una historia crítica de la transición''. Ed. Taurus. Madrid, 1980.
* MARTÍNEZ CUADRADO, M.: ''"El escenario político español en la perspectiva 1975"''. En ''Anuario Económico y social de España''. 1975. Ed. Planeta. Barcelona, 1976.
* PRESTON, P.: ''El triunfo de la democracia en España: 1969-1982''. Plaza y Janés. Ed. Barcelona, 1986.
* ZAMBRANA, J.: ''La alternativa libertaria (Catalunya 1976 - 1979)''. Ed. Fet a mà-CEDALL. Badalona, 2000.
=={{Ligações externas}}==
Linha 289 ⟶ 285:
* [http://www.cidob.org/castellano/Publicaciones/Afers/26powell.cfm ''La dimensión exterior de la transición española''] de Charles T. Powell, Research Fellow, St. Anthony's College, [[Oxford]]. {{es}}
* [http://www.eduvinet.de/eduvinet/es015.htm ''Alguns dados prévios e consequências sobre a transição espanhola''] de Eduardo Díaz, Centro Estudios Alhamar, [[Granada]] ([[1998]]) {{es}}
*[http://www.ucm.es/info/sistema/index2.html
=={{Ver também}}==
* [[Reforma política espanhola de 1977]]
* [[Reforma ou Ruptura]]
* [[Franquismo sociológico]]
* [[Processo de Burgos]], importante conselho de guerra, com a [[pena capital]] para 16 membros relacionados com ETA, que
* [[Movida madrilena]], movimento ou corrente sociocultural da [[década de 1980]] surgido em Madrid.
* [[Marcha verde]], estratégia adotada por [[Marrocos]] para a colonização do [[Saara Ocidental]] sob tutoria da Espanha em 1975
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